tag:blogger.com,1999:blog-17059998299621429162024-02-22T13:11:48.253-03:00O PORTA VOZUm espaço para todos que queiram postar seus textos, desde que dentro do perfil editorial do blog.Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.comBlogger2667125tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-4437033850491479602023-10-06T08:52:00.001-03:002023-10-06T08:52:00.153-03:00Como enfrentar o novo regime climático da Terra?<p> <b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><span style="color: #ffa400;">Leonardo Boff</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiULs6oZeqfMlJCYrtVwp5VLa-OvKwIPUHRBgAF_LNm7gbA_LDmuapbsAlSuVoyRpVWdxPASqjUcz-iITd0POm4iM4SGxy8Uj6DtR3rrxOnJMNiqsCN79z135rUGnb2z4c9nSJODbEkRL7i_1j227YLk1hEIeJGfuLoeW2fvXoX1UxJaYU7m90ya0ErC1E/s590/leonardo%20boff.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="590" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiULs6oZeqfMlJCYrtVwp5VLa-OvKwIPUHRBgAF_LNm7gbA_LDmuapbsAlSuVoyRpVWdxPASqjUcz-iITd0POm4iM4SGxy8Uj6DtR3rrxOnJMNiqsCN79z135rUGnb2z4c9nSJODbEkRL7i_1j227YLk1hEIeJGfuLoeW2fvXoX1UxJaYU7m90ya0ErC1E/s320/leonardo%20boff.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Ultimamente muitos me tem
perguntado pelas razões de tantos eventos extremos que estão ocorrendo por todo
o planeta: por que tantos tufões, ciclones, enchentes, nevascas, secas
prolongadas e ondas de calor com cerca de 40C ou mais, seja na Europa e mesmo
em grande parte de nosso país? Até alguns anos atrás os grandes centros científicos
e mesmo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) não tinham
certeza sobre seu caráter, se era algo natural ou consequência da atividade
humana. Lentamente a frequência dos eventos extremos foi crescendo até a
ciência reconhecer que se tratava de um fato antropogênico, quer dizer,
resultado da ação humana devastadora da natureza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Alguns cientistas projetaram a
hipótese que depois se confirmou como teoria (verdade em ciência enquanto não
for refutada) de que uma nova era geológica havia se instaurado. Chamaram-na
com razão de <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">antropoceno</span></i> que seguiu o
holoceno de onde vínhamos já há mais de dez mil anos. Significa que o meteoro
rasante que destrói a natureza e compromete o equilíbrio do planeta é o ser
humano, especialmente, o processo produtivo explorador.Hoje esta compreensão se
naturalizou nos discursos científicos e também no meios de comunicação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Alguns biólogos vendo o
extermínio de espécies vivas em razão da mudança climática começaram a falar
do <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">necroceno </span></i>vale dizer, da morte <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">(necro</span></i> em grego), em grande escala, de vidas;
seria um subcapítulo do antropoceno.A situação tornou-se muito mais grave com a
irrupção de grandes incêndios em muitas regiões do planeta, inclusive naquelas
que se imaginava as mais únidas como a Amazônia e a Sibéria. Para tal evento,
extremamente perigoso para a continuidade da vida na Terra, criou-se a
expressão <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">piroceno</span></i> (em grego piros é
fogo).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Estaríamos neste momento no
interior de várias manifestações de desequilíbrios no sistema-Terra e no
sistema-Vida que nos obrigam a a colocar a pergunta: como será daqui por
diante o curso de nossa história? A não se fazer mudanças corajosas e seguir
pelo caminho percorrido até o momento, poderemos conhecer verdadeiras
tragédias ecológico-sociais. António Guterrez, secretário geral da ONU tem
usado expressões duras, afirmando: “ou reduziremos drasticamente a emissão de
gases de efeito estufa ou iremos ao encontro de um suicídio coletivo. Mais
direto foi ainda o Papa Francisco, na encíclica <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Fratelli
tutti:</span></i> “estamos no mesmo barco, ou nos salvamos todos ou
ninguém se salvará”(n.32).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">O fato é que a Terra não é mais
a mesma. O sistema de sua auto-sustentação em todas as esferas que compõe um
planeta vivo, Grande Mãe ou Gaia, corre risco de entrar em colapso Os que
anualmente calculam a Sobrecarga da Terra (<i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">The Earth Overshoot)</span></i>,
vale dizer, a redução crescente dos elementos mantenedores da vida, ocorreu
neste ano no dia 2 de agosto. Eles nos advertem, que não podemos
chegar a novembro porque aí todo o sistema planetário entraria em colapso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Se tudo mudou, nós que somos
parte da Terra ou, mais corretamente,aquela porção consciente dela,
também teremos que mudar e incorporar aquelas adaptações que nos
permitirão continuar sobre este planeta. Em que se basear para esta adaptação?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Seguramente a tecno-ciência é
indispensável. Mas nela não se encontra a solução. Ela se ocupa com os meios.
Mas meios para que fins? Estes fins constituem aquele conjunto de
princípios e valores que fundam uma sociedade humana e permitem um convivência
minimamente pacífica, pois, largados aos seus próprios impulsos,os seres
humanos podem se entre-devorar (superação da barbárie).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">A fonte destes valores e
princípios não se encontram em utopias conhecidas e superadas, em ideologias ou
religiões. Para serem humanos, tais valores e princípios devem ser buscados na
própria existência humana, quando observada com atenção e profundidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">O primeiro dado: pertence ao DNA
do ser humano como o mostrou um dos decifradores do genoma humano (J.Watson,
DNA:o segredo da vida, 1953) <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">o amor social</span></i>. Por
causa dele nos sentimos parentes com todos os portadores deste código, também
nos seres vivos da natureza. Este amor social funda uma <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">fraternidade sem fronteiras</span></i>,constituindo a comunidade
biótica e a sociabilidade humana. O <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">cuidado essencial:</span></i> desde
a mais alta antiguidade (a fábula 22 de Higino do tempo de César
Augusto) foi visto como a essência do ser humano e de todo e qualquer
vivente. Se não for cuidado, garantindo-lhe os nutrientes necessários, fenece e
morre. A isso pertence manter as florestas em pé e reflorestar as áreas
devastadas. Está também em nosso DNA o sentido da interdependência entre todos.
Todos estamos dentro de uma rede de relações e nada existe e subsiste fora
deste complexo de relações Ele constitui a matriz relacional, perdida no modo
de produção capitalista que privilegia a competição e não a cooperação e
dá a centralidade ao indivíduo, apartado de sua relação para com a
natureza. Cabe também ao nosso substrato humano, a percepção da <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">corresponsabilidade coletiva e universal</span></i>, pois, ou
todos se unem e se salvam ou se dilacera a realidade com o risco de tragédias
ecológico-sociais sem fim. Esse senso de corresponsabilidade coletiva sustenta
o projeto social mais promissor, capaz de salvaguardar a vida que ganhou forma
no <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">ecosocialismo</span></i> (cf. Michael Löwy). Seria a
humanidade junto com a comunidade de vida vivendo dentro da mesma Casa Comum de
forma colaborativa e acolhedora das diferenças. Dentro desta Casa Comum
coexistem os vários mundos culturais com seus valores e e tradições, como o
mundo cultural chinês, indiano, europeu, americano e dos povos
originários entre outros. A espiritualidade pertence também à
existência humana originária que se compõe pela valorização da vida, pela
compaixão pelos mais fracos, pelo cuidado por tudo o que existe e vive e
pela total abertura ao infinito, já que somos um projeto de infinitas
possibilidades a serem realizadas. Esta espiritualidade não se identifica com a
religião, embora esta nasça da espiritualidade, mas nos valores acima referidos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Para alcançar essa forma de
habitar a Terra, os humanos deverão reunciar a muitas coisas, especialmente ao
individualismo, ao consumismo, à busca insaciável de bens materiais e de poder
sobre outros. São adaptações obrigatórias, se decidirmos continuar neste
pequeno e belo planeta ou então enfrentaremos o conjunto das crise acima
referidas que poderão, no seu termo, liquidar com a espécie humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Nesse sentido podemos falar de
uma recriação do ser humano que se adaptou à nova fase da Terra aquecida e
equilibrada num nível mais alto de aquecimento (entre 38-40C?). Ela colocará a
vida em seu centro e tudo o mais a serviço dela. Como já foi dito, será a Terra
da Boa Esperança, finalmente, a antecipação do mito dos povos originários: a
Terra sem Males.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Leonardo Boff é ecoteólogo e
escreveu: <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Dignitas Terra: ecologa, grito da Terra-grito
do pobre</span></i> 1999; <i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">O doloroso parto da Mãe Terra:
uma sociedade de fraternidade sem fronteiras e de amizade social, </span></i>Vozes,
20<i><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">21: Habitar a Terra:</span></i>qual o caminho para a fraternidade
universal, Vozes 2022.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-52926649232364594632023-10-05T10:50:00.000-03:002023-10-05T10:50:01.536-03:00PODER & COMPETÊNCIA<p><b><span style="color: #ffa400;"> <u style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;">Frei Betto</span></u></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><u style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBnwFHbGIk8TjKXiQlpOSlQAEE2339rwm9I-DcqTEB-f2bSK_JV7O8JbdHmbYRvwWUW6vSQG1ZMkQBNkkVVVcBT3eHL8aiwK5r3TsvMo5EL_MLI4M8kpEzFL8L1WRtsXH-jxzg7ZU7Xp-2-lRH1JklYffwxDMl0X7oGFrBIV08tQ9JfolPMFlZlhCe3IU/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBnwFHbGIk8TjKXiQlpOSlQAEE2339rwm9I-DcqTEB-f2bSK_JV7O8JbdHmbYRvwWUW6vSQG1ZMkQBNkkVVVcBT3eHL8aiwK5r3TsvMo5EL_MLI4M8kpEzFL8L1WRtsXH-jxzg7ZU7Xp-2-lRH1JklYffwxDMl0X7oGFrBIV08tQ9JfolPMFlZlhCe3IU/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></u></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><u style="text-align: center;"><br /></u></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Platão,
na <i>República,</i> sonhou com uma cidade-modelo governada por
filósofos, homens competentes por dominarem o mais refinado saber. Assim,
reforçou a ideia de que a competência política e administrativa estaria
associada à formação intelectual. Filhos da plebe não seriam pessoas indicadas
para o poder. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> O
próprio Platão aceitou o convite de Díon para ser o conselheiro de seu
sobrinho, o jovem Dionísio, que por volta de 367 a.C. herdou o reino de
Siracusa, na Sicília. O apreço pelos livros não livrou o governante da suspeita
de que Díon e Platão conspiravam contra ele. Envaidecido de seu saber, baniu
Díon da corte e manteve Platão sob vigilância até que retornasse a
Atenas. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Em
361 a.C., Dionísio convidou o filósofo a voltar a Siracusa. Platão resistiu,
mas Díon alegou que o rei demonstrava um gosto verdadeiro pela filosofia.
Platão rumou para a Sicília, onde esforçou-se para que Dionísio anistiasse o
tio, permitindo que retornasse do exílio. Inabalável, o rei confiscou os bens
de Díon e reteve o filósofo em Siracusa. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Após
um ano, Platão, decepcionado com a obtusidade de seu discípulo, conseguiu
deixar o reino e, em Olímpia, por ocasião dos famosos jogos, reencontrou Díon,
a quem narrou suas desventuras. Díon decidiu vingar-se de seu sobrinho e, após
entrar clandestinamente em Siracusa, apoderou-se do palácio de Dionísio. Uma
vez no poder, aquele a quem Platão depositava a esperança de afirmar-se como
político-filósofo, revelou-se um governante autoritário. Sua prepotência
superava a inteligência. Morreu assassinado por seu amigo Calipo, que o ajudara
a ocupar o trono. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Decepcionado,
aos 75 anos Platão convenceu-se de que a política é capaz de corromper os
homens mais cultos, pois a ética não é necessariamente filha do saber, nem a
competência administrativa resulta da bibliografia consumida. Dedicou-se, então,
a escrever sua última obra, as <i>Leis,</i> onde trata da
institucionalidade política e das normas que devem reger a convivência dos
cidadãos. Preferiu confiar nas estruturas democráticas que na retórica dos
governantes.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> O
Brasil, desde Cabral, sempre foi governado por nobres e doutores, generais e
diplomados, sem que houvesse competência para impedir a crescente miséria e
evitar a perda de nossa soberania. Hoje, impressiona quando se diz que um
homem público é <i>Ph.D. </i>A abreviação significa "doutor
em filosofia", ainda que ele seja formado em economia ou direito. É um
tributo a Platão essa suposição de que o título de doutor torna a pessoa mais
sábia. Ledo engano, infelizmente. A sabedoria reside no coração, onde são
cultivadas as virtudes e os valores. E, felizmente, Lula veio quebrar
o paradigma.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Frei Betto
é escritor, autor de “Por uma educação crítica e participativa” (Rocco), entre
outros livros. Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">freibetto.org</span></a></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <b> </b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Frei Betto é autor de 77 livros
editados no Brasil, dos quais 42 também no exterior. Você poderá adquiri-los
com desconto na Livraria Virtual – </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali
os encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "MS Gothic"; mso-fareast-language: JA; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span></b><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Copyright 2023 – FREI BETTO –
AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR - Favor não divulgar este
artigo sem autorização do autor. S<u>e desejar divulgá-los ou publicá-los </u>em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso<u>, entre em contato
para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m</u></span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">hgpal@gmail.com</span></b></a><b>)<u> </u></b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">http://www.freibetto.org/</span></a>>
twitter:@freibetto.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Você acaba de ler este artigo de
Frei Betto e poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e
espanhol - mediante assinatura anual via </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">mhgpal@gmail.com</span></b></a></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-88740853427824011702023-10-04T10:36:00.001-03:002023-10-05T10:41:15.670-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - #NÃOAOMARCOTEMPORAL<p><br /></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 21.3333px;"><b><span style="color: #ffa400;">Dom Pedro Casaldáliga</span></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 21.3333px;"><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 21.3333px;"><b></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1QFqrVTvfRD40W6v2eEMqlA_XEU1810aYLLjH3ZTvGv0A8peUFDOUTLNPy1taKF-bERHI8w-MeG4I6qhruwL0qwGD8nDkDS9lJCVPyWdWoze-z92c5toH99-NsYNFXtP497ctNER31alcQHDy8BCMAbJ6JR-gkueal5sxratGkX52RmdfEca1J_Fm4Cg/s320/WhatsApp%20Image%202023-10-05%20at%2010.38.37.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="213" data-original-width="320" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1QFqrVTvfRD40W6v2eEMqlA_XEU1810aYLLjH3ZTvGv0A8peUFDOUTLNPy1taKF-bERHI8w-MeG4I6qhruwL0qwGD8nDkDS9lJCVPyWdWoze-z92c5toH99-NsYNFXtP497ctNER31alcQHDy8BCMAbJ6JR-gkueal5sxratGkX52RmdfEca1J_Fm4Cg/s1600/WhatsApp%20Image%202023-10-05%20at%2010.38.37.jpeg" width="320" /></a></b></div><b><br /><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Bem concretamente, definíamos assim os traços maiores
da espiritualidade macroecumênica:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">* a maturidade e liberdade na afirmação da identidade
própria, com base no gênero, cultura, fé religiosa e condição social;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">* a escuta contemplativa do Deus da Vida, que continua
revelando-se, e a paixão por seu projeto de libertação plena;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">* a abertura fraterno-sororal a todas as pessoas e a
todas as culturas e religiões, e o diálogo sincero, autocrítico e crítico, em
pé de igualdade;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">* a sensibilidade misericordiosa e solidariedade
eficaz diante de toda situação de marginalização e morte;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">* a celebração, gratuita e esperançada, do Deus da
Vida, da vida da Humanidade, e da beleza da terra e do cosmos, hoje
dramaticamente ameaçada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Pedro Casaldáliga, Cartas Marcadas <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">#Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente!
#PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #pl2903não #NãoAoMarcoTemporal
#MarcoTemporalNão @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires<o:p></o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-88754945994654013222023-09-29T10:18:00.005-03:002023-10-05T10:20:12.291-03:00 Mudanças climáticas: aprender a fazer as conexões<p><b><span style="color: #ffa400;"> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;">Leonardo Boff</span></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbh-GrUSfPhHpt8qDUmV19p0RyGme3zzbkCvBD15QBFp3pFxP2e5CkF_xrmZj5VDYelzO2RuufKJAS8NiaECyZ-q4FMIqExvhauRhqLw9ZZSnEXhb4sxfKQrZOmJEn9H25A0T0_po_njNbEqGoHGm4jULdjSBySFtQ57O2559j0LhdN7XVere-i2843hE/s590/leonardo%20boff.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="590" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbh-GrUSfPhHpt8qDUmV19p0RyGme3zzbkCvBD15QBFp3pFxP2e5CkF_xrmZj5VDYelzO2RuufKJAS8NiaECyZ-q4FMIqExvhauRhqLw9ZZSnEXhb4sxfKQrZOmJEn9H25A0T0_po_njNbEqGoHGm4jULdjSBySFtQ57O2559j0LhdN7XVere-i2843hE/s320/leonardo%20boff.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Não estamos mais indo ao
encontro do aquecimento global. Estamos já dentro dele, possivelmente de forma
irreversível. Na COP 15 de Paris de 2015 se firmou o acordo de inversão de um
bilhão de dólares anuais para reter o aquecimento e ajudar os países que não
possuem meios suficientes para isso. A perspectiva era de evitar que o clima
crescesse 1,5C até 2030, tendo como referência o começo da era industrial. O
fato é que quase ninguém cumpriu o prometido. Como o aquecimento cresce dia a
dia, chegamos ao ponto de o último relatório do IPCC de ano de 2023 e de outras
fontes oficiais nos revelam que este aquecimento nos chegará antecipado entre
2025 e 2027.Ele poderá alcançar 2graus Celsius.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Temos verificado neste ano de
2023 um aumento assustador do aquecimento atingindo praticamente todo o mundo,
chegando e muitos lugares acima de 40C ou mais. Já não podemos falar
simplesmente de aquecimento global mas de mudança de regime climático da Terra.
Inauguramos uma nova era, com níveis climáticos variáveis conforme as regiões,
mas possivelmente se estabilizando planetariamente por volta de 38-40C.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Neste ano já se fizeram notar as
consequências funestas desta mudança de regime climático: o grande degelo das
calotas polares, incêndios devastadores em muitas regiões do mundo, como no
Canadá e nas Filipinas que incinerou uma inteira ilha com casas e carros e tudo
o que perfaz uma cidade. No Sul do Brasil ocorreram um ciclone devastador e
enchentes em muitas cidades, algumas delas praticamente destruídas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Andando por aquele lugares no
final de setembro e refletindo em vários centros com numerosos grupos sobre
esse fenômeno, sempre de novo surgia a pergunta: por que está ocorrendo esta
devastação, com mortes e milhares de desabrigados? Esforcei-me, o mais que
pude, para lhes conscientizar de que estes fenômenos não são <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">naturais</span></i>,mesmo com a confluência de dois fatores: o el
Niño e o aquecimento global. Estea fenômenos são <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">inaturais</span></i>. Eles obedecem à nova lógica das mudanças do
regime climático. Devemos todos nos preparar porque tais devastações serão cada
vez mais frequentes e mais danosas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Muitos dos mais notáveis
climatólogos atestam que chegamos atrasados com nossa ciência e técnica. Elas,
nas condições atuais da pesquisa, pouco podem fazer, apenas advertirmos da
chegada dos ciclones, dos tufões e das tempestades e minorar os efeitos
danosos. Mas eles virão fatalmente. Quer queiram ou não os negacionistas, os
dirigentes de grandes corporações planetárias e de inteiros governo,o fato
inegável é que entramos num estágio novo da história da Terra. Muitos,
especialment crianças e idosos terão dificuldades de adaptação e morrerão.
Igual devastação ocorrerá na própria natureza com a fauna a flora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">No que se refere às enchentes
tenho explicado que cada rio possui dois leitos: o normal pelo qual ele
normalmente corre e o segundo ampliado que é aquele espaço que lhe pertence e
que acolhe as águas das enchentes. Neste espaço do leito ampliado não podemos
fazer construções e elevar inteiros bairros. Temos que respeitar o que
lhe pertence e reforçar a mata ciliar que margeia seu leito principal. Caso
contrário, enfrentaremos destruições momentosas com muitas vítimas de
pessoas e de animais que pertencem à nossa comunidade de vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Aprendemos pela ecologia não
meramente verde e ambiental mas pela ecologia integral (urbana, social,
política, cultural e espiritual) aquilo que é a tese fundamental da <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">física quântica</span></i> e de todo discurso ecológico:
todos os seres estão interligados. Tudo é relação e nada existe fora da
relação. Isso nos leva a incorporar uma compreensão que identifica as conexões
de todos os fenômenos. O terremoto do Marrocos, a enchente na Líbia, os
incêndios no Canadá e a onda quase insuportável de calor que tomou conta da
Europa e em quase todo o nosso país, tem a ver com as enchentes no Sul do
país.Pois o problema é sistêmico, afeta todo o planeta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">A maioria das audiências
públicas organizadas pelos organismos do governo federal e estadual geralmente
é hegemonizada pelo discurso dos cientistas. Ele não são os melhores
conselheiros pois trabalham os meios técnicos,sugerem medidas dentro do sistema
no qual estamos encerrados, mas não se colocam a questão dos fins.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">O discurso é dos fins e não dos
meios: que tipo de Terra queremos? Que mudanças devemos fazer no modo de
produção e consumo? Como diminuir a vergonhosa desigualdade social
mundial?A maioria cai na ilusão de que dentro do atual sistema produtivista
seja capitalista seja socialista, notoriamente devastador dos bens e recursos
da natureza, pode-se chegar a soluções que resultam da diminuição de gazes de
efeito estufa. Ledo engano. Dentro desta bolha que ocupou todo o planeta não há
solução contra a mudança de regime climático. Pois são exatamente eles que
sugam os recursos escassos da natureza que consequentemente produzem milhões de
toneladas anuais de CO2 e de metano (28 vezes mais danoso que o CO2)lançadas na
atmosfera.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">É urgente, se queremos ainda
permanecer neste planeta, fazer uma “conversão ecológica fundamental” como o
diz a encíclica do Papa “como cuidar da Casa Comum”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 19.2pt; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Os grandes conglomerados e
aquela pequeníssima porção de pessoas que controla o sistema de produção e o
fluxos financeiros de onde tiram seus fabulosos lucros, jamais aceitam tal
mudança. Perderiam seus ganhos, privilégios, poder econômico e político.
No entanto, seguir por este caminho tornaremos a Terra cada vez mais
inabitável, com milhõe se refugiados climáticos e emigrantes que já não podem
mais viver em seus lugares queridos. Engrossaremos o cortejo daquele que rumam
na direção de sua própria sepultura. Se quisermos evitar este destino,
devemos mudar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Qual a alternativa necessária?
Não é aqui o espaço pra detalhar esta complexa resposta. Mas refiro apenas duas
palavras-chaves: passar do ser humano, hoje dominante, como “<i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">dominus</span></i>”, senhor e dono da natureza e não sentindo-se
parte dela, explorando-a sem limites para o o ser humano como <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">“frater</span></i>” irmão e irmã entre todos os humanos e também
com os demais seres da natureza da qual é a parte consciente, porque possuímos
com eles e mesma base biológica e cuidamos dela. Somos de fato irmãos e irmão,
por um dado de ciência mais do que pela mística cósmica de São Francisco.
O fato é que não nos tratamos como irmãos e irmãs. Somos antes
insensíveis e até cruéis.Sobre tal tema remeto aos meus próprios escritos que
tentam detalhar este novo rumo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Leonardo Boff escreveu <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">O doloroso parto da Mãe Terra:uma sociedade de fraternidade sem
fronteiras e de amizade social</span></i>, Vozes 2021; <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Habitar a Terra: qual o caminho para a fraternidade
universal, </span></i>Vozes, 2021<i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">; Cuidar da Terra e proteger a
vida: como escapar do fim do mundo</span></i>, Record 2014; <i><span style="border: 1pt none windowtext; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">A busca da justa medida como fator para o equilíbrio da Terra,</span></i> Vozes
2023.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; vertical-align: baseline;"><span style="color: #5e5e5e; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Anúncios<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-54353452554597204242023-09-28T10:11:00.004-03:002023-10-05T10:13:17.889-03:00RELIGIÃO LIBERTADORA<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: center;"><br /></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><span style="color: #ffa400;">Frei Betto</span></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijwhRlXFdtowMViAi4JHejyhXdyZxHr9MaWRegEjnCmj974Obb2veOQRPtwtEt9m1kX-fxDNA3f5UM2GeITkKaEJP2-RXTn7HRp45R34wnfk_Q3PkM78TgNj3h5T1vPaYtmsh2UGX2nxYS7290y6YcgD4tPnymLLc6BT3DC5tRLECgRQFMIjlrvniwFYw/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijwhRlXFdtowMViAi4JHejyhXdyZxHr9MaWRegEjnCmj974Obb2veOQRPtwtEt9m1kX-fxDNA3f5UM2GeITkKaEJP2-RXTn7HRp45R34wnfk_Q3PkM78TgNj3h5T1vPaYtmsh2UGX2nxYS7290y6YcgD4tPnymLLc6BT3DC5tRLECgRQFMIjlrvniwFYw/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Se
a religião, como assinalou Karl Marx, é “o coração de um mundo sem coração” e
“o suspiro da criatura oprimida”, é, portanto, uma forma de protesto diante do
mundo real. É, para a pessoa religiosa, sua teoria geral do mundo, seu
compêndio enciclopédico, sua lógica dentro da cultura popular.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Pergunte a qualquer trabalhador sem escolaridade –
cozinheira, camponês, faxineiro -, o que pensa do mundo, da vida e da morte.
Com certeza lhe dará uma resposta tecida em categorias religiosas. Afirmação
semelhante seria feita anos depois por Nietzsche, para quem o Cristianismo é um
platonismo para o povo.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Fidel
me afirmou na entrevista que relato no livro <i><u>Fidel e a
religião</u></i>: “Se você me diz que nas atuais condições da América Latina é
um erro acentuar as diferenças filosóficas com os cristãos que, como parte
majoritária do povo, são as vítimas massivas do sistema, então eu diria que
você tem razão. Embora o prioritário fosse, a meu ver, concentrar o esforço em
conscientizar para unir em uma mesma luta todos os que carregam uma mesma
aspiração de justiça.’ <b> </b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">“</span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">E muito mais lhe dou razão quando se observa a
tomada de consciência dos cristãos ou de importante parcela deles na América
Latina. Se partimos desse fato e das condições concretas, é absolutamente correto
e justo exigir que o movimento revolucionário tenha um enfoque adequado da
questão e evite, a todo custo, uma retórica doutrinal que entre em choque com
os sentimentos religiosos da população, inclusive de trabalhadores, de
camponeses e de setores médios, o que só serviria para ajudar o próprio sistema
de exploração.’</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> “Eu diria que, frente a uma nova realidade,
deveria haver uma mudança no tratamento da questão e nos enfoques da esquerda.
Nisso concordo inteiramente com você. Para mim, é inquestionável. Mas durante
um longo período histórico, no qual a fé foi utilizada como instrumento de
dominação e de opressão, há lógica no fato de os homens que desejaram mudar
esse sistema injusto terem entrado em choque com as crenças religiosas, com
aqueles instrumentos e com aquela fé.”</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">“Creio que a grande importância histórica do que
você denomina Teologia da Libertação, ou Igreja da libertação – como preferir
-, é precisamente sua profunda repercussão nas concepções políticas dos
cristãos. E eu diria algo mais: significa o reencontro dos cristãos de hoje com
os cristãos de ontem, dos primeiros séculos, quando surgiu o cristianismo
depois de Cristo.”</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Com
o objetivo de resgatar o Cristianismo primitivo, valorizado por Engels e Fidel,
publiquei, em agosto de 2022, o livro <i><u>Jesus militante – o Evangelho
e o projeto político do Reino de Deus,</u></i> no qual defendo, baseado em
análise detalhada do Evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, que Jesus
não veio fundar uma religião, o Cristianismo, ou uma Igreja, a cristã. Veio nos
propor um novo projeto civilizatório, político, fundado em dois pilares: nas
relações pessoais, o amor; nas relações sociais, a partilha dos bens da
natureza e daqueles produzidos pelo trabalho humano. A esse projeto,
ele denominava Reino de Deus em oposição ao reino de César, sob o qual vivia.
Por isso, acusado de sedição, sofreu prisão política e foi condenado à pena de
morte na cruz. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> A
experiência socialista comprovou, entretanto, que mesmo combatendo a “miséria
real” a religião não desaparece. Como não desaparecem outros fatores que
transcendem a razão humana: a arte e o amor. Até porque tanto o marxismo quanto
as religiões são <i>sistemas de sentido</i>. Pretendem explicar a vida e a
história humanas, assim como o capitalismo. A diferença é que as
religiões são sistemas de sentido mais abrangentes, vão além do que pode
ser esclarecido pela ciência e pelos paradigmas da estética; explicam
desde a importância do perdão na reconciliação de duas pessoas que se
desentenderam até a origem do Universo e da vida e o que se passa após a
morte. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Fidel
declarou na entrevista: “Quando Marx criou a <i>Internacional </i>dos
trabalhadores, havia entre eles muitos cristãos. Também na Comuna de Paris
havia muitos cristãos entre os que lutaram e morreram. Não há uma só frase de
Marx excluindo aqueles cristãos, dentro da linha ou da missão histórica de
levar adiante a revolução social. Se vamos mais além e recordamos todas as
discussões em torno do programa do Partido Bolchevista, fundado por Lênin, você
não encontra uma só palavra que exclua os cristãos do Partido. A principal
exigência é a aceitação do programa do Partido como condição para ser
militante. De modo que aquela frase tem valor histórico e é absolutamente justa
em determinado momento.’</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">“Neste momento, podem existir circunstâncias em que
ela ainda seja expressão de uma realidade. Em qualquer país no qual a
hierarquia católica ou a de outra Igreja esteja estreitamente associada ao
imperialismo, ao neocolonialismo, à exploração dos povos e dos homens e à
repressão, não devemos nos surpreender que alguém repita que “a religião é o
ópio do povo”.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Ao
contrário de todas as previsões iluministas, o fenômeno religioso não apenas
impregna a cultura de povos do mundo inteiro, como se mostra em ascensão. E as
forças de direita se apegam resolutamente a ele por reconhecerem seu
alcance popular, o que facilita a manipulação das consciências rumo à
naturalização das desigualdades sociais, à exaltação da meritocracia individual
e à abnegação em situação de opressão. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Neste
sentido, a religião disseminada pela direita é, sim, um ópio que tem por
objetivo desmobilizar as forças populares potencialmente revolucionárias, de
modo a postergarem para a eternidade o direito a uma vida digna e feliz.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Na
América Latina, o fenômeno se apresenta sobretudo pelo fundamentalismo cristão
de Igrejas evangélicas e setores do catolicismo. Os dados mostram que nosso
Continente, tradicionalmente católico, tende a ser, agora, predominantemente
evangélico de perfil protestante neopentecostal. Portanto, devidamente
legitimador do sistema capitalista.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> O
progressismo das Comunidades Eclesiais de Base e de seu fruto mais expressivo,
a Teologia da Libertação, tão vigentes entre as décadas de 1970-1990, refluiu
sob os 34 anos de pontificados conservadores de João Paulo II e Bento XVI. O
papa Francisco se empenha em recuperar o terreno perdido, embora saiba que,
hoje, ele é a cabeça progressista de um corpo estruturalmente conservador.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Por
sua vez, a esquerda mundial se viu abalada sob os escombros do Muro de
Berlim. Na Europa, ela se esfacelou e amplos segmentos foram absorvidos pelo
neoliberalismo. Na América Latina, ela abandonou os propósitos revolucionários
para se adaptar a programas políticos sociais-democratas assumidos por partidos
e governos progressistas. O pensamento marxista ficou recolhido às bibliotecas
e o socialismo, à exceção de Cuba, deixou de ser um objetivo histórico.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> A
questão que me parece mais importante, na atual conjuntura, é a politização,
organização e mobilização dos amplos setores populares, quase sempre
impregnados de forte religiosidade cristã. Numa palavra: retornar ao trabalho
de base, tão intenso na América Latina nas décadas de 1960 a 1990. Retirar
Paulo Freire das prateleiras de livros. Desafio nada fácil considerando que,
hoje, esses setores em muitos países estão sob o comando de pastores e padres
fundamentalistas, braços do narcotráfico, milícias ou grupos
paramilitares. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Se
em nosso povo a porta da razão é o coração e a chave do coração a religião, a
esquerda terá que necessariamente abraçar a pedagogia do trabalho popular que
leva em conta o fator religioso. O discurso político<b> </b>nem sempre
encontra eco nas camadas populares, muitas delas decepcionadas com partidos e
governos. A hermenêutica religiosa terá que entrar na pauta da militância de
esquerda. Não para manipular consciências, como faz a direita, e sim para
reaprender a valorizar a fé das pessoas mais simples e ajudá-las a fazer uma
leitura libertadora da Bíblia, considerada por elas Palavra de Deus.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Se
em países como Brasil e México a esquerda, para ter êxito, deverá sempre contar
como aliadas a Virgem de Aparecida e a Virgem de Guadalupe, em toda a América
Latina não há como avançar para superar o capitalismo e implantar uma sociedade
socialista sem ter como aliado o companheiro Jesus de Nazaré. </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Frei Betto
é escritor, autor de “Paraíso perdido – viagens pelo mundo socialista”, entre
outros livros. Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">freibetto.org</span></a></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "MS Gothic"; mso-fareast-language: JA; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span></b><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Copyright 2023 – FREI BETTO –
AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR - Favor não divulgar este
artigo sem autorização do autor. S<u>e desejar divulgá-los ou publicá-los </u>em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso<u>, entre em contato
para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m</u></span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">hgpal@gmail.com</span></b></a><b>)<u> </u></b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <b>Frei Betto é
autor de 77 livros editados no Brasil, dos quais 42 também no exterior. Você
poderá adquiri-los com desconto na Livraria Virtual – </b><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali os
encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">http://www.freibetto.org/</span></a>>
twitter:@freibetto.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Você acaba de ler este artigo de
Frei Betto e poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e
espanhol - mediante assinatura anual via </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-color-alt: windowtext; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-color-alt: windowtext;">mhgpal@gmail.com</span></b></a></span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-15338902512952711212023-09-27T09:12:00.000-03:002023-09-27T09:12:00.148-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - Estenda a sombra da Tua Mão<p><b><span style="color: #ffa400; font-size: medium;"><br /></span></b></p><p><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b>Dom Pedro Casaldáliga</b></span></p><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3KGfOUFT7Pz7rUG6nB117PkQXzyAXS4_Kbp3yN9f2fjpBs1wh__xf3QLB1D5hEqK0JuD08mLTjVY9rmSvp5mkyYd2n9GZAmQYzBuk5j5K0_IDEJGuUuK_KRYFqWhLQdDZhlctHiNwgHg5Px9adwKUMIybi3spTSpyq-Cs5Qi_DDItUasN-6W7kvH8QA/s262/images.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="262" data-original-width="193" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhB3KGfOUFT7Pz7rUG6nB117PkQXzyAXS4_Kbp3yN9f2fjpBs1wh__xf3QLB1D5hEqK0JuD08mLTjVY9rmSvp5mkyYd2n9GZAmQYzBuk5j5K0_IDEJGuUuK_KRYFqWhLQdDZhlctHiNwgHg5Px9adwKUMIybi3spTSpyq-Cs5Qi_DDItUasN-6W7kvH8QA/s1600/images.jpeg" width="193" /></a></div><br /><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></div><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Estenda a sombra da Tua Mão</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Estenda a sombra da tua Mão</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">para que possa ver sem me deslumbrar</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">todo o sol do caminho.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Aproxima tua voz, no tumulto </span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">e no turvo silêncio,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">para que eu saiba te ouvir</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">entre tantas verdades e omissões.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Alcança-me o rosto com teu Alento</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">para que sinta sempre a tua presença,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">mesmo quando te proíbam,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">mesmo quando não te vejam meus olhos espantados.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Pedro Casaldáliga, Fogo e Cinza ao vento #Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente! #PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #pl2903não #NãoAoMarcoTemporal #MarcoTemporalNão @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-16595562577585129482023-09-26T08:26:00.001-03:002023-09-26T08:26:00.152-03:00 Encontro do Povo de Deus – Junto na Caminhada<p><b><span style="color: #ffa400;">Marcelo Barros</span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfqNUHOpcG6a0mAwn39eHc7CDAcMG-VBbfDCNGsS9fj5Q2YGBmc0Erc0bJcfiqnVAvdNGTp4FlsG29vBN2qwBJD_qQtHStYnbgS3Us7alXRo_WLnCCnV5AS5DKYrF9zTWXA7I_A5uidrNgob_-U4C2JSbFhTAhPNGhKIzw2GpYq8W_v9clhnOP833jfA/s425/MARCELO%20BARROS.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="377" data-original-width="425" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIfqNUHOpcG6a0mAwn39eHc7CDAcMG-VBbfDCNGsS9fj5Q2YGBmc0Erc0bJcfiqnVAvdNGTp4FlsG29vBN2qwBJD_qQtHStYnbgS3Us7alXRo_WLnCCnV5AS5DKYrF9zTWXA7I_A5uidrNgob_-U4C2JSbFhTAhPNGhKIzw2GpYq8W_v9clhnOP833jfA/s320/MARCELO%20BARROS.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p><p><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">A comunidade ecumênica de Taizé na França e mais 60 </span><span style="font-family: times; font-size: large;">organizações ecumênicas, assim como várias federações de igrejas </span><span style="font-family: times; font-size: large;">evangélicas estão convidando juventudes de todo o mundo para se unir em </span><span style="font-family: times; font-size: large;">oração e vigília em um projeto chamado em inglês Togheter (juntos). É um </span><span style="font-family: times; font-size: large;">processo de diálogo e de caminho em comum que jovens de 18 a 35 anos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">são chamados a percorrer. Enquanto em Roma, no dia 4 de outubro, se abre </span><span style="font-family: times; font-size: large;">a primeira sessão mundial do Sínodo dos Bispos sobre o caminho da </span><span style="font-family: times; font-size: large;">sinodalidade que a Igreja deve percorrer, as mais diversas juventudes da </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Igreja e do mundo são convidadas a se reunirem para ensaiarem caminhos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">para a unidade e a paz da humanidade, no cuidado com a Mãe-Terra, nossa </span><span style="font-family: times; font-size: large;">casa comum.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">O início desse processo acontecerá no sábado 30 de setembro e </span><span style="font-family: times; font-size: large;">foi convocado pelo papa Francisco. No domingo, 15 de Janeiro deste ano, </span><span style="font-family: times; font-size: large;">em Roma, no final da oração do Angelus, o Papa Francisco anunciou que </span><span style="font-family: times; font-size: large;">os trabalhos da próxima assembleia do Sínodo da Igreja Católica serão </span><span style="font-family: times; font-size: large;">recedidos por uma vigília ecumênica de oração, a ser realizada, no sábado </span><span style="font-family: times; font-size: large;">30 de Setembro na Praça de São Pedro. Ele afirmou:</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">«<i>O caminho da unidade dos cristãos e o caminho da conversão </i></span><i><span style="font-family: times; font-size: large;">sinodal da Igreja estão ligados. Gostaria de aproveitar esta oportunidade </span><span style="font-family: times; font-size: large;">para anunciar que no sábado 30 de Setembro haverá uma vigília de oração </span><span style="font-family: times; font-size: large;">ecuménica na Praça de São Pedro, onde confiaremos a Deus os trabalhos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Para os jovens </span><span style="font-family: times; font-size: large;">que virão à vigília, haverá um programa especial durante todo o fim-de-</span><span style="font-family: times; font-size: large;">semana, animado pela Comunidade de Taizé. Desde já, convido os irmãos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">e as irmãs de todas as confissões cristãs a participar neste "Encontro do </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Povo de Deus»</span></i></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Esse Encontro do Povo de Deus está sendo preparado há vários </span><span style="font-family: times; font-size: large;">meses por representantes de cerca de 50 organizações e entidades de várias </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Igrejas e de caráter ecumênico. Ao mesmo tempo que jovens de 18 a 35 </span><span style="font-family: times; font-size: large;">anos, vindos de toda a Europa se encontrarão na noite do sábado, 30 de </span><span style="font-family: times; font-size: large;">setembro, na Praça de São Pedro, em Roma, as organizações desse projeto </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Togheter propõem que nas mais diferentes regiões, por todo esse mundo de </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Deus, jovens e adultos se encontrem em vigílias de oração e de caminhada </span><span style="font-family: times; font-size: large;">para formar uma rede de energia amorosa e de paz que inunde o mundo.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Na escuridão de nossas noites, vamos acender velas que </span><span style="font-family: times; font-size: large;">simbolizem luz para os caminhos a seguir. Assim, poderemos retomar a </span><span style="font-family: times; font-size: large;">profecia do projeto divino da Paz e da Justiça, de forma não violenta, a </span><span style="font-family: times; font-size: large;">partir da organização de pequenas comunidades de Pastoral de Juventude </span><span style="font-family: times; font-size: large;">(PJ), de redes ecumênicas de jovens ou de grupos independentes que </span><span style="font-family: times; font-size: large;">possam ser células e laboratórios que ensaiem um novo mundo possível.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Quem quiser seguir as informações sobre a vigília em Roma, </span><span style="font-family: times; font-size: large;">veja:</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">https://together2023.net/pt/info-page/genese-do-projecto/</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Quem desejar se inscrever, aí vai o site para a inclusão: </span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">https://together2023.net/pt/info-page/carta-de-inclusao/</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Nesse momento do mundo, para enfrentarmos os desafios atuais, </span><span style="font-family: times; font-size: large;">as guerras, conflitos e divisões que ferem a família humana, precisamos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">escutar de modo novo e diferente os gritos dos povos crucificados pelo </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Capitalismo e pela desumanidade da elite que se apodera para si dos bens </span><span style="font-family: times; font-size: large;">de toda a terra.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">É o Espírito de Deus, a Divina Ruah, que nos chama e nos abre </span><span style="font-family: times; font-size: large;">um caminho para avançarmos com o Cristo, como companheiros de </span><span style="font-family: times; font-size: large;">viagem, juntamente com a multidão dos/das excluídos/as que vivem à </span><span style="font-family: times; font-size: large;">margem das nossas sociedades. Nessa viagem, num diálogo que reconcilia, </span><span style="font-family: times; font-size: large;">queremos recordar que precisamos uns dos/as outros/as, não para que</span><span style="font-family: times; font-size: large;">possamos ser mais fortes juntos, mas como contribuição para a paz na </span><span style="font-family: times; font-size: large;">família humana.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Queremos juntos escutar os gritos e gemidos da Mãe Terra e, </span><span style="font-family: times; font-size: large;">assim, no encontro e na escuta mútua, caminhemos juntos como o povo de </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Deus, profecia de uma humanidade reconciliada e unida. E aí </span><span style="font-family: times; font-size: large;">experimentaremos a verdade do que escreveu o apóstolo Paulo: “Onde </span><span style="font-family: times; font-size: large;">estiver o Espírito de Deus, aí haverá a liberdade” (2 Cor 3, 6).</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-36778090424124353072023-09-23T08:00:00.003-03:002023-09-23T19:17:08.264-03:00Tua Face<p class="MsoNormal"><br /></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"><b><span style="color: #ffa400;"></span></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBygcqnTWO7YWEnNnTfSAd14UiPGiAKnY3G02pld0gp7xW0leppWMlKZcP6I0MydTaKuRlTzaW7sTSVfHLQPWskZA0w_fMTirzt6bYO8-uFdw7ykVdIFyM9JrGboWUbIYDCL4JcjsQ1va0kltW-JtkEel4f7XMOmgb4AdIgf96YwM66RwI8LRG6ODfdPE/s1280/WhatsApp%20Image%202023-05-29%20at%2011.48.57.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="960" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBygcqnTWO7YWEnNnTfSAd14UiPGiAKnY3G02pld0gp7xW0leppWMlKZcP6I0MydTaKuRlTzaW7sTSVfHLQPWskZA0w_fMTirzt6bYO8-uFdw7ykVdIFyM9JrGboWUbIYDCL4JcjsQ1va0kltW-JtkEel4f7XMOmgb4AdIgf96YwM66RwI8LRG6ODfdPE/s320/WhatsApp%20Image%202023-05-29%20at%2011.48.57.jpeg" width="240" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br />Goretti Santos</span></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Vejo Tua Face no grito desesperado de dor de meu
irmão,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Tua Face que vejo na mão que se estende em minha
direção pedindo socorro, clamando a retirada desse cálice amargo que agora a vida apresenta…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Teu Rosto Sereno que vejo na gentileza do gesto de
apoio que ampara…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Tua Face que vejo, na vontade de ser melhor, não
para mim, mas para o outro… para harmonizar com Tua Criação…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Você, Senhor,
Inteiro Presente na doação do tempo, da vida, das mãos a dividir o peso
do cansaço do caminho percorrido até aqui.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Verei Tua Face Senhor, no sorriso exausto depois de tanta
dor…sabendo cumprida a missão…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Tua Face que vejo na superação da mágoa para resgate da fraternidade, da amizade, da
esperança. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">É Tua Face que vejo na gratuidade da solidariedade…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Irei a Teu encontro Face a face<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">A cada passo em direção ao Amor,<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">A Tua Verdadeira Face!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 115%;">Goretti Santos <o:p></o:p></span></p>
<p><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;">04/09/2023</span> </p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-65404685480102581222023-09-21T08:43:00.000-03:002023-09-23T18:48:12.255-03:00MARX PREGOU O ATEÍSMO?<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><b><span style="color: #ffa400;">Frei Betto</span></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghblp8RPUmHAMWCGJ1n-q7vzbpzgPNYVpf2r3KIIBJhY2-6HdpViUXU8NIwHjLf2JT6SZzsw4MInZ0soPfFLhPUCtUwCnw3Ve0Jex666oQXLSAj4oUIpQ4NY4OlD-jpfFigmC_dJ-g2osY6ceQaKI5yKJFHu_fqmcLoDcDR1sIil_dBauh8Gbq9ohz_S4/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghblp8RPUmHAMWCGJ1n-q7vzbpzgPNYVpf2r3KIIBJhY2-6HdpViUXU8NIwHjLf2JT6SZzsw4MInZ0soPfFLhPUCtUwCnw3Ve0Jex666oQXLSAj4oUIpQ4NY4OlD-jpfFigmC_dJ-g2osY6ceQaKI5yKJFHu_fqmcLoDcDR1sIil_dBauh8Gbq9ohz_S4/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Ao
chegar a Paris, em outubro de 1843, Marx, pela primeira vez, se declarou ateu.
Ali escreveu <i><u>Introdução à crítica da filosofia do direito de
Hegel, </u></i>no qual afirma que “a crítica da religião chegou, no
essencial, ao fim na Alemanha, e a crítica da religião é a premissa de toda
crítica (...).”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">E continua: “O fundamento de toda crítica
irreligiosa é que o homem cria a religião (...). A religião é uma consciência
do mundo invertida (...). A miséria religiosa é, por um lado, a expressão da
miséria real e, por outro, o protesto contra a miséria real (...).”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> “A
religião é o suspiro da criatura assediada, o coração de um mundo sem
coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Chegou
um momento em que Marx já não considerava o ateísmo necessário: “O ateísmo,
enquanto negação desta carência de essencialidade, carece agora totalmente de
sentido, pois o ateísmo é a negação de deus e afirma, mediante esta negação, a
existência do homem; mas o socialismo, enquanto socialismo, já não necessita de
tal mediação (...). É autoconsciência positiva não mediada pela religião.” (<i><u>Manuscritos
econômicos políticos de 1844</u></i>). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> O
socialismo traria a superação prática da religião. Esta é a posição definitiva
de Marx e, por isso, jamais concordará com o ateísmo militante - como
posteriormente se implantou na União Soviética –, o que o levou a criticar
Bakunin, porque este “decretava o ateísmo como dogma para seus membros”
(da <i>Internacional</i>). (Carta de Marx a Bolte 23/11/1871)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Na carta a
Bolte, Marx também escreveu: “Em fins de 1868, ingressou na <i>Internacional</i> o
russo Bakunin com o propósito de criar, em seu seio e sob a sua própria
direção, uma <i>Segunda Internacional</i> denominada “Aliança da
Democracia Socialista”.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Bakunin,
homem sem nenhum conhecimento teórico, exigiu que esta organização particular
dirigisse a propaganda científica da <i>Internacional</i>. (...) Seu
programa era composto de retalhos superficialmente extraídos de ideias
pequeno-burguesas captadas aqui e ali: igualdade de classes (!), abolição do
direito de herança como ponto de partida do movimento social (estupidez
saintsimonista), o ateísmo como dogma obrigatório<i> </i>para os
membros da<i> Internacional</i> etc. e, como dogma principal, a
abstenção proudhonista do movimento político”.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Uma
pergunta que se nos impõe hoje, à luz dos 70 anos de socialismo na União
Soviética e mais de 60 anos em Cuba: o socialismo tem sido a superação prática
da religião? </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Marx
considerava a religião “ópio do povo”<i>?</i><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><i><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></i><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">“A angústia religiosa é, ao mesmo tempo, a
expressão da verdadeira angústia e o protesto contra esta verdadeira angústia.
A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração,
tal como ela é o espírito de uma sociedade sem espírito. Ela é o ópio do povo.”
(Marx, 1844).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Em
seu artigo intitulado “Marx e Engels como sociólogos da religião”, Michael Löwy
afirma que a frase “a religião é o ópio do povo” não é criação de Marx. Tal
afirmação é anterior à obra de Marx, com diferentes matizes “em Kant, Herder,
Feuerbach, Bruno Bauer e muitos outros.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
frase “a religião é o ópio do povo” aparece como uma citação de Marx em sua
obra <i><u>Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel</u></i> (1844),
não sendo uma afirmação paradigmática. Löwy observa que a frase precisa ser
compreendida em sua complexidade, destacando que Marx se refere à religião em
“seu duplo caráter” contraditório e dialético: “às vezes legitimação da
sociedade existente, às vezes protesto contra tal sociedade.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Sobre
isso me disse Fidel em nosso livro, <i><u>Fidel e a religião</u></i>: “Em
minha opinião, a religião, sob a ótica política, não é, em si mesma, ópio ou
remédio milagroso. Pode ser ópio ou maravilhoso remédio, na medida em que sirva
para defender os opressores e os exploradores ou os oprimidos e os explorados.
Depende da forma que aborde os problemas políticos, sociais e materiais do ser
humano que, independentemente de teologias ou de crenças religiosas, nasce e
tem que viver neste mundo.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Portanto,
a frase “a religião como ópio do povo” não é sua mais importante afirmação
sobre a religião. Mas se popularizou e passou a ser entendida como uma
condenação política paradigmática da religião, usada para justificar o ateísmo
político de certas tendências de esquerda, para as quais não haveria
possibilidade de conciliação entre religião e revolução. Nesse modo de
entender, quem quiser ser revolucionário marxista deve abandonar suas
convicções religiosas; e quem quiser praticar uma religião deve repudiar o
marxismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Foi
preciso esperar décadas para que Fidel superasse tal preconceito com seu
lapidar pensamento: “De um ponto de vista estritamente político – e penso que
conheço algo de política -, considero que se pode ser marxista sem deixar de
ser cristão e trabalhar unido ao comunista marxista para transformar o mundo. O
importante é que, em <i>ambos os casos</i>, sejam sinceros revolucionários
dispostos a erradicar a exploração do homem pelo homem e a lutar pela justa
distribuição da riqueza social, pela igualdade, pela fraternidade e pela
dignidade de todos os seres humanos. Isto é, sejam portadores da consciência
política, econômica e social mais avançada, ainda que se parta, no caso dos
cristãos, de uma concepção religiosa.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto
é escritor, autor de “O marxismo ainda é útil?” (Cortez), entre outros livros.
Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">freibetto.org</span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto
é autor de 77 livros editados no Brasil, dos quais 42 também no exterior. Você
poderá adquiri-los com desconto na Livraria Virtual – </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali os
encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Gothic"; mso-fareast-language: JA; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">®</span></b><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Copyright 2023 – FREI BETTO –
AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR - Favor não divulgar este
artigo sem autorização do autor. S<u>e desejar divulgá-los ou publicá-los </u>em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso<u>, entre em contato
para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m</u></span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">hgpal@gmail.com</span></b></a><b>)<u> </u></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.freibetto.org/</span></a>>
twitter:@freibetto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Você acaba de ler este artigo de
Frei Betto e poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e
espanhol - mediante assinatura anual via </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">mhgpal@gmail.com</span></b></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-56472478277613771472023-09-20T09:08:00.000-03:002023-09-23T19:11:32.193-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - Equívocos<p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b>Dom Pedro Casaldáliga</b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivP7j9PzTn2iJp53uoH5teXmpBCZOV9BAAhy1NAcgZEvwK_6nKrYyJgRs_wJN2cXDbrR0YF-3o1HCfaKnuE_ZewVHiUluu4d71efFvhtvE_vh_lgq0-i7lw498gWXW7KA1IIWsIMjwVZHFm659QyfG56ZoSOEdwG7xNEjb9kcNzQyBPKJmwokGc2oTGj8/s800/image_processing20200808-7169-10lkdnt.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="535" data-original-width="800" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivP7j9PzTn2iJp53uoH5teXmpBCZOV9BAAhy1NAcgZEvwK_6nKrYyJgRs_wJN2cXDbrR0YF-3o1HCfaKnuE_ZewVHiUluu4d71efFvhtvE_vh_lgq0-i7lw498gWXW7KA1IIWsIMjwVZHFm659QyfG56ZoSOEdwG7xNEjb9kcNzQyBPKJmwokGc2oTGj8/s320/image_processing20200808-7169-10lkdnt.jpeg" width="320" /></a></b></span></div><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Equívocos</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Onde você diz lei,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">eu digo Deus.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Onde você diz paz,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">justiça,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">amor,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">eu digo Deus!</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Onde você diz Deus,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">eu digo liberdade,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">justiça,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">amor!</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Pedro Casaldáliga, Fogo e Cinza ao Vento</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Foto: José María Concepción R.#Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente! #PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #pl2903não #NãoAoMarcoTemporal #MarcoTemporalNão @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-63927554781265616512023-09-15T09:25:00.003-03:002023-09-23T19:30:25.160-03:00A Mãe Terra possui surpresas desagradáveis<p> <b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><span style="color: #ffa400;">Leonardo
Boff</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde
a mais alta a</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAOf2IIzz5enke_faQahe4JHWV4-MmkHpQ_2c8ROKnWL6DH36eq69mVHrWJPHDxQTfwdal26e2crMHhq8-eWKcghwEwlhGV59B2bHYjEYh2uEL9ynPiFvxoilqxdAhEcaYmLMhVaIKm_AX6zg2XG-dPmc-spGeU2JwH05QliEFGKFFq1F0OtA77dbsJk/s590/leonardo%20boff.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="590" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXAOf2IIzz5enke_faQahe4JHWV4-MmkHpQ_2c8ROKnWL6DH36eq69mVHrWJPHDxQTfwdal26e2crMHhq8-eWKcghwEwlhGV59B2bHYjEYh2uEL9ynPiFvxoilqxdAhEcaYmLMhVaIKm_AX6zg2XG-dPmc-spGeU2JwH05QliEFGKFFq1F0OtA77dbsJk/s320/leonardo%20boff.jpg" width="320" /></a></span></div><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />ntiguidade a Terra sempre foi tida com Mãe que junto com outras
energias cósmicas, nos fornece tudo o que a vida sobre o planeta precisa. O
gregos chamaram-na de Gaia ou Demeter,os romanos Magna Mater, os orientais
Nana, os andinos de Pachamama. Todas as culturas a consideravam-na com um super
Ente vivo que, por ser vivo, produz e reproduz vida.<o:p></o:p></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Somente
na modernidade europeia a partir do século XVII a Terra foi considerada com uma
“mera coisa extensa”, sem propósito. A natureza que a cobre, não possui valor
em si, somente quando for útil ao ser humano.Este não se considera parte da
natureza ,mas seu “seu senhor e dono”.Fizeram de tudo com ela,sem qualquer
respeito,umas boas e outras letais. Essa modernidade arrojada criou o princípio
de sua própria autodestruição com armas de podem destruir totalmente a si mesmo
e a vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Deixemos
de lado este modo fúnebre de habitar a Terra ecocida e geocida, por mais
ameaçador que possa ser em qualquer momento.Deixemo-nos desafiar (sem a
pretensão de explicar) os últimos eventos extremos ocorridos:grandes enchentes
no sul do país e na Líbia, terremoto arrasador no Marrocos, fogos
indomáveis no Canadá, nas Filipinas e alhures.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Em
grande parte se está criando um consenso entre a comunidade científica (menos
na política e nos grande oligopólios econômicos dominantes) de que a causa
principal,não única, se deve à mudança do regime climático da Terra e os
limites de insustentabilidade do planeta. É a famosa Sobrecarga da Terra (Earth
Overshoot Day):consumimos mais do que ele nos pode oferecer.E ele já não
esquenta mais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Como
é um Super Ente vivo, reage, enviando-nos aquecimento global,ondas de eventos
extremos, terremotos, furacões, vírus letais etc. Chegamos a um ponto de que se
não trocarmos o modo devastador dos ecossistemas, podemos ir ao encontro de
nosso extermínio como espécie humana. O últimos fatos são prenúncios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">De
tudo deve-se tirar lições. Hoje conhecemos, o que era negado às gerações
anteriores, como funcionam as placas tectônicas que compõem o solo da
Terra.Conhecemos suas fendas perigosas, quais placas podem estar se movendo. A
consequência é se construirmos nossas cidades e casas sobre estas fendas,poderá
chegar um dia em que ocorre um deslocamento ou entrechoque de fendas,produzindo
um terremoto com sacrifícios humanos e culturais incalculáveis. Lá se vão
obras da genialidade humana. A consequência que hoje devemos tirar: não podemos
construir nossas habitações e cidades sobre estes lugares. Ou devemos
desenvolver tecnologias, como os japoneses o fizeram, que edifícios tendo por
base metais que equilibram todo o prédio a ponto de suportar os movimentos de
terremotos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Algo
semelhante vale para as grandes enchentes de magnitude avassaladora. Sabemos
que todo o rio tem seu leito por onde correm as águas. Mas a natureza previu
que deve haver espaços suficientemente grandes em suas bordas que suportem
alagamentos. Estes espaços são parte de se leito alargado. Neles em vão se
edificam prédios e inteiras cidades. Ao chegar a enchente, as águas reclamam o
seu espaço por onde elas escorrem.Então ocorrem as calamidades. Cientes destes
dados, impõem-se medidas de contenção ou simplesmente não permitir que nesses
lugares se construam casas, fábricas e bairros. Em termos mais radicais, estas
partes da cidade devem encontrar um outro lugar seguro para não sofrerem sua
danificação ou sua destruição.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Estes
são conhecimentos que os governantes e operadores do poder público devem
tomar em conta. Caso contrário, por falta de conhecimento que beira à
irresponsabilidade, deverão, de tempos em tempos, enfrentar catástrofes que
matam pessoas, destroem casas e tornam certa região inabitável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Estas
catástrofes pertencem à história da Terra. Chegamos a conhecer 15 grandes
extinções em massa. Uma das mais importantes ocorreu há 245 milhões de anos por
ocasião da formação dos continentes (a partir do único Pangeia). Nela
desapareceram 90% das espécies da vida animal,marinha e terrestre. A Terra
precisou de alguns milhões de anos para refazer sua biodiversidade. A segunda
maior extinção em massa ocorreu há 65 milhões de anos quando um asteroide de
quase 10 km de extensão caiu em Yucatan, no sul do México. Isso provocou
um imenso maremoto,com grande volume de gás venenoso e uma treva imensa que
obscureceu o sol e assim impediu a fotossíntese e 50% de todas as espécies
pereceram.Os dinossauros que por 130 milhões de anos vagavam por parte da Terra
foram as principais vítimas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Curiosamente,
depois de cada extinção em massa, a Terra conheceu uma floração fantástica de
novas espécies. Depois da última, apareceram especialmente os
mamíferos, dos quais nós mesmos descendemos.Mas misteriosamente começou
também uma terceira extinção em massa. A atual não é como as duas anteriores
que ocorreram de golpe. Ela se faz lentamente, por diversas
fases, começando na era glacial há 2,5 milhões de anos. Constata-se
nos últimos tempos uma aceleração desta extinção. O regime climático está
aumentando dia a dia e eventos extremos se multiplicam como temos
descrito. Entramos num alarme ecológico, pois, como disse severamente o Papa
na Fratelli Tutti: “Estamos no mesmo barco,ou nos salvamos todos ou
ninguém se salva”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Como
diz Peter Ward, em seu livro “O fim da evolução”(Campus 1997):”Há 100 mil anos
atrás, outro grande asteroide atingiu a Terra, dessa vez na África. Este
asteroide chama-se homo sapiens”. Quer dizer, é o ser humano moderno que
inaugurou o antropoceno,o necroceno e piroceno. Se grande é o risco,dizia um
poeta alemão, grande também é a chance de salvação. É nessa que espero e
confio,não obstante as calamidades descritas acima.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-fareast-language: PT-BR;">Leonardo
Boff, escreveu O doloroso parto da Terra, Vozes 2021; Habitar a
Terra 2022.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-87035072083857218732023-09-14T07:30:00.001-03:002023-09-23T18:51:46.044-03:00NOVO OLHAR SOBRE O UNIVERSO<p><b><span style="color: #ffa400;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC2-P_LDwVhR_url934yuVsuF8lhChKthfUQlsl2uaS0rqdwU_o5fq9ujFGMivtEuR6l06SvKYIpAjrNu8HEhYzoD6imnuFZMTiSQkvF1ZxyxHksiy4xpoRXZgTeKJoZhENb4WrTvj9sorclle-zPcsQwFU1ialfQdjjiFNorcgUmL-qyUEvjOyjdnZyc/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiC2-P_LDwVhR_url934yuVsuF8lhChKthfUQlsl2uaS0rqdwU_o5fq9ujFGMivtEuR6l06SvKYIpAjrNu8HEhYzoD6imnuFZMTiSQkvF1ZxyxHksiy4xpoRXZgTeKJoZhENb4WrTvj9sorclle-zPcsQwFU1ialfQdjjiFNorcgUmL-qyUEvjOyjdnZyc/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /> <span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: center;">Frei Betto</span></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Carlos
Mesters, o mais popular biblista do Brasil, sublinha que há no Antigo
Testamento dois decálogos, o da Aliança e o da Criação. O da Aliança surgiu
primeiro, embora o outro já existisse. Ocorre que o povo hebreu, por não
levar a sério o Decálogo da Aliança, não tinha olhos para perceber o Decálogo
da Criação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Ao
longo dos 400 anos de monarquia em Israel (de 1000 a 600 a.C.), Javé, o Deus
libertador do Êxodo, foi reduzido a um ídolo manipulado pelos poderes civil e
religioso para legitimar a corrupção e a ganância dos reis. E ninguém dava
ouvidos às denúncias dos profetas. Até que Nabucodonosor, rei da Babilônia,
invadiu a Palestina em 587 a.C. e destruiu Jerusalém.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> O
choque da dominação e do exílio abriu os olhos do povo hebreu para o Decálogo
da Criação: “O ritmo da natureza, do sol, da lua, das estações, das chuvas, das
estrelas, das plantas, revela o poder criador de Deus” – afirma Mesters. “É a
expressão do bem-querer do Deus Criador, da pura gratuidade! É uma certeza que
não falha. É a prova de que Deus não rejeitou seu povo. Nossa fraqueza pode
levar-nos a romper com Deus (como de fato aconteceu), mas Deus não rompe
conosco, pois cada manhã, através da sequência dos dias e das noites, ele nos
fala ao coração”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
visão que temos do mundo interfere em nossa visão de Deus, assim como o modo de
concebermos Deus influi em nossa visão da vida e do mundo. Ao longo de um
milênio predominou no Ocidente a cosmovisão de Ptolomeu, que considerava a
Terra centro do Universo. Isso favoreceu a hegemonia espiritual, cultural e
econômica da Igreja, encarada pela fé como imagem da Jerusalém celeste. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Com
o advento da Idade Moderna, graças à nova cosmovisão de Copérnico, logo completada
por Galileu e Newton, constatou-se que a Terra é apenas um pequeno planeta que,
qual mulata de escola de samba, dança em torno da própria cintura (24 horas,
dia e noite) e do mestre-sala, o sol (365 dias, um ano). O paradigma da fé deu
lugar à razão, a religião à ciência, Deus ao ser humano. Passou-se da visão
geocêntrica à heliocêntrica, da teocêntrica à antropocêntrica.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Agora,
a modernidade cede lugar à pós-modernidade. Mais uma vez, a nossa visão do
Universo sofre radicais mudanças. Newton cede lugar a Einstein, e o advento da
astrofísica e da física quântica nos obriga a encarar o Universo de
modo diferente e, portanto, também a ideia de Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Se
na Idade Média Deus habitava “lá em cima” e, na Idade Moderna, “aqui embaixo”,
dentro do coração humano, agora conhecemos melhor o que o apóstolo Paulo quis
dizer ao afirmar: "Ele não está longe de cada um de nós, pois nele
vivemos, nos movemos e existimos, como alguns dentre os poetas de vocês
disseram: 'Somos da raça do próprio Deus'" (<i>Atos dos Apóstolos</i> 17,
27-28).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
física quântica, que penetra a intimidade do átomo e descreve a dança das
partículas subatômicas, nos ensina que toda matéria, em todo o Universo,
não passa de energia condensada. No interior do átomo, a nossa lógica cartesiana
não funciona, pois ali predomina o <i>princípio da indeterminação</i>, ou
seja, não se pode prever com exatidão o movimento das partículas subatômicas.
Essa imprevisibilidade só predomina em duas instâncias do Universo: no interior
do átomo e na liberdade humana.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Em
que a física quântica modifica nossa visão do Universo? Ela nos livra dos
conceitos de Newton, de que o Universo é um grande relógio montado pelo divino
Relojoeiro e cujo funcionamento pode ser bem conhecido ao estudar cada uma de
suas peças. A física quântica ensina que não há o sujeito observador (o ser
humano) frente ao objeto observado (o Universo). Tudo está intimamente
interligado. O bater de asas de uma borboleta no Japão desencadeia uma
tempestade na América do Sul... Nosso modo de examinar as partículas que se
movem no interior do átomo interfere no percurso delas... Tudo que existe
coexiste, subsiste e preexiste. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Há
uma inseparável interação entre o ser humano e a natureza. O que fazemos à
Terra provoca uma reação da parte dela. Não estamos acima dela, somos parte e
resultado dela; ela é Pacha Mama ou, como diziam os antigos gregos, Gaia, um
ser vivo. Deveríamos manter com ela uma relação inteligente de
sustentabilidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Esse
novo paradigma científico nos permite contemplar o Universo com novos olhos.
Nem tudo é Deus, mas Deus se revela em tudo. Nossa visão religiosa é agora
pananteísta. Não confundir com panteísta. O panteísmo diz que todas as coisas
são Deus. O pananteísmo, que Deus está em todas as coisas. “Nele vivemos, nos
movemos e existimos”, como disse Paulo. E Jesus nos ensina que Deus é amor,
essa energia que atrai todas as coisas, desde as moléculas que estruturam uma
pedra às pessoas que comungam um projeto de vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 18.0pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Como
dizia Teilhard de Chardin, no amor tudo converge, de átomos, moléculas e
células que formam os tecidos e órgãos do nosso corpo às galáxias que se
aglomeram múltiplas nesta nossa Casa Comum que chamamos, não de Pluriverso, mas
de Universo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Frei Betto es escritor,
autor de “A Obra do Artista – uma visão holística do Universo” (José
Olympio/Record), entre outros livros. Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">freibetto.org</span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto é autor de 77 livros
editados no Brasil, dos quais 42 também no exterior. Você poderá adquiri-los
com desconto na Livraria Virtual – </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali
os encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Gothic"; mso-fareast-language: JA; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></b><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Copyright 2023 – FREI BETTO –
AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR - Favor não divulgar este
artigo sem autorização do autor. S<u>e desejar divulgá-los ou publicá-los </u>em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso<u>, entre em contato
para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m</u></span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">hgpal@gmail.com</span></b></a><b>)<u> </u></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.freibetto.org/</span></a>>
twitter:@freibetto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Você acaba de ler este artigo de
Frei Betto e poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e
espanhol - mediante assinatura anual via </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">mhgpal@gmail.com</span></b></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-91272212367674921632023-09-13T09:04:00.000-03:002023-09-23T19:07:35.234-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - Solidariedade<p><br /></p><p><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: large;"><b>Dom Pedro Casaldáliga</b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: large;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGJONiengQDTFx8C-T2POdiPtmLA2az0IaAj27oU5Ln41j67sfcGhQDXAPqAVOHQCZsKMhC9WBC5s0wkIZqpDIwgclDO6Q7ZuKn2unV-nrHx4inErvHfeM-ZlMRPK0MFwFJbrxZCnjkuT88pw46sS5K3Wc27BSk0Q8n18ID_AtdGjCIP9gMlo5LhorHV4/s300/WhatsApp%20Image%202023-08-30%20at%2017.52.34.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGJONiengQDTFx8C-T2POdiPtmLA2az0IaAj27oU5Ln41j67sfcGhQDXAPqAVOHQCZsKMhC9WBC5s0wkIZqpDIwgclDO6Q7ZuKn2unV-nrHx4inErvHfeM-ZlMRPK0MFwFJbrxZCnjkuT88pw46sS5K3Wc27BSk0Q8n18ID_AtdGjCIP9gMlo5LhorHV4/s1600/WhatsApp%20Image%202023-08-30%20at%2017.52.34.jpeg" width="300" /></a></b></span></div><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: large;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#NÃOAOMARCOTEMPORAL</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Solidariedade</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Para acender a vossa espera.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Para ajudar-me a ajudar</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Porque é a única maneira</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">que às vezes tenho de amar:</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">simplesmente ser e estar,</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">onde Sois e Estás agora.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Esse nenúfar cor de limão</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">debaixo da névoa que chora</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">não aposta meu coração</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">para dar fé da aurora?</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Pedro Casaldáliga, O Tempo e a Espera </span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente! #PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #pl2903não #NãoAoMarcoTemporal #MarcoTemporalNão @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-23580170499287719792023-09-12T17:47:00.008-03:002023-09-23T17:49:27.172-03:00 No grito dos excluídos, o Mutirão da Profecia<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b>Marcelo Barros</b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_HT1C7ddxQW8Mx9N7m-Ibg7zFLgCXaKJ9jX6h8oMp_B1wtm62v7ba8mAoFMZZhte8dfns4b0v974WMst8IcBuzm3bKZs9x8gylUORSOaP5hBLrL3a2FRgjpkli-acuj4UkBpSXBkvBRl1IWak5uGB-ungz4wRDXrUKucKo1vgMY_NnVVGaHFyD-kllyo/s425/MARCELO%20BARROS.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="377" data-original-width="425" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_HT1C7ddxQW8Mx9N7m-Ibg7zFLgCXaKJ9jX6h8oMp_B1wtm62v7ba8mAoFMZZhte8dfns4b0v974WMst8IcBuzm3bKZs9x8gylUORSOaP5hBLrL3a2FRgjpkli-acuj4UkBpSXBkvBRl1IWak5uGB-ungz4wRDXrUKucKo1vgMY_NnVVGaHFyD-kllyo/s320/MARCELO%20BARROS.jpg" width="320" /></a></b></span></div><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><br /></b></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Nesta próxima semana, ao mesmo tempo que, por todo o Brasil,</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">acontecem cerimônias e eventos que recordam a independência do nosso</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">país, também as categorias mais pobres expressarão o seu grito por Vida e</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">por Libertação. Desde 1995, as comemorações da independência do Brasil</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">têm sido marcadas pelas manifestações populares que se chamam Grito dos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Excluídos. Esse evento teve origem em meio às pastorais sociais ligadas à</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">CNBB na realização da 2ª Semana Social Brasileira. E embora tenha sido</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">iniciativa das pastorais sociais, desde o começo, o Grito dos Excluídos e</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">excluídas se abriu à participação dos movimentos populares e de entidades</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">cristãs ecumênicas como o CONIC, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Neste ano, o 29º Grito tem como sempre o tema: “Vida em</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Primeiro Lugar” . O lema é a pergunta: “Você tem Fome e Sede de Quê?”.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">A ideia é provocar entre o povo o diálogo baseado na escuta sobre essas</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">questões. O objetivo é responder quais as fomes e sedes que o nosso povo</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">sente. Assim, a partir dos anseios do povo mais empobrecido, poderemos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">buscar soluções que acabem com toda forma de exclusão e violência.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Atualmente, de norte a sul, em todo o país, há mobilizações do</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Grito dos Excluídos. Realiza-se como manifestação coletiva que se soma à</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">construção em processo da 6ª Semana Social Brasileira. Estão mobilizadas</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">as pastorais de Igrejas cristãs, movimentos populares e pessoas de boa</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">vontade sensíveis aos sofrimentos dos mais pobres para que possamos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">defender e garantir os direitos dos pobres e marginalizados. Desde os seus</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">inícios, o Grito dos Excluídos e excluídas nos confirma que não há</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">verdadeira independência do país, se a imensa maioria do povo vive em</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">condições de pobreza injusta e de insegurança alimentar. Só poderemos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">considerar o país independente no dia em que conseguirmos superar a</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">imensa desigualdade social e garantir os direitos fundamentais à Vida, à</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">alimentação, à educação, à moradia e à saúde para todos os brasileiros e</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">brasileiras.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Essa realidade que vivemos hoje tem profundas raízes no sistema</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">da colonização que se instalou em nosso continente há mais de 500 anos e</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">se fortaleceu através das tentativas de extermínio dos povos indígenas e da</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">escravização dos povos sequestrados na África. Infelizmente, ao legitimar</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">essa estrutura iníqua, a Igreja Católica e outras Igrejas cristãs contraíram</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">uma dívida histórica com as populações vítimas desse sistema. Cumpre</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">agora saldar essa dívida.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Desde tempos imemoriais, os impérios usaram as religiões e os</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">cultos para se perpetuarem no poder. Por isso, durante toda a história, em</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">diversas culturas e nas mais diferentes linguagens espirituais, surgiram</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">profetas e profetizas que protestaram contra a religião usada como</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">instrumento do poder para dominar as pessoas. Na Bíblia, os antigos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">profetas e profetizas sempre insistiram que o nome de Deus é Justiça</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">libertadora. Maria, mãe de Jesus cantou que se Deus é Deus, derruba do</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">trono os poderosos e eleva os pequenos. Na sinagoga de Nazaré, Jesus</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">afirma que o Espírito Divino desceu sobre ele para realizar a libertação de</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">todas as pessoas oprimidas. Não foi por engano que os funcionários do</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">templo e da religião ritual o prenderam e o entregaram aos militares</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">romanos para ser condenado a morrer na cruz!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Atualmente, Francisco, bispo de Roma, propõe uma Igreja em</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">saída que cuida dos migrantes, dos pobres e das populações excluídas,</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">apesar de um grande número de padres e bispos se agarrarem a uma</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">religião autocentrada e tentarem reativar o Catolicismo barroco de tempos</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">passados.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Diante disso, cristãos de várias Igrejas têm sentido o chamado divino para</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">reafirmar o caráter profético da fé cristã e querem unir as suas vozes ao 29º</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Grito dos Excluídos através do Mutirão da Profecia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">É preciso dizer claramente ao mundo que a fé e a espiritualidade</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">devem tornar as pessoas mais humanas e atentas ao cuidado dos pobres.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">Para isso, temos os sacramentos da Igreja, que, ou são sinais de partilha e</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">comunhão de vida para todos e todas, ou não são de Jesus Cristo. Assim, a</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">fé no Evangelho que Jesus anunciou como boa nova de libertação para toda</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: times; font-size: medium;">a humanidade nos levará a clamar que ninguém passe fome nem sede.</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-23487790136432870782023-09-08T09:28:00.011-03:002023-09-23T19:29:40.519-03:00C.G.Jung: a espiritualidade como dimensão essencial da alma<p><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"><b><span style="color: #ffa400;">Leonardo
Boff</span></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihbi3XACgQYreqoZUEf_SqSl220GVlYuUnIoyfpOQobgma9IpxT5FlDfEjZH2lkx8Ab5jOIXGIcpsfag_HttXmieLK5iUIT9O7xN-7NVWOxuaHul4AjbQkEYD-Cy88Wg3FcIWNKzgs4ZtKDxWeoM2ezdM5viyOxjvNPBxvUfQibavmrMhmFOcgm42P7u0/s590/leonardo%20boff.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="443" data-original-width="590" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihbi3XACgQYreqoZUEf_SqSl220GVlYuUnIoyfpOQobgma9IpxT5FlDfEjZH2lkx8Ab5jOIXGIcpsfag_HttXmieLK5iUIT9O7xN-7NVWOxuaHul4AjbQkEYD-Cy88Wg3FcIWNKzgs4ZtKDxWeoM2ezdM5viyOxjvNPBxvUfQibavmrMhmFOcgm42P7u0/s320/leonardo%20boff.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Hoje
vige uma preocupação fundamental: o resgate da razão sensível ou cordial (do
coração) para equilibrar o excesso desastroso da razão instrumental-analítica
Temos que harmonizar o logos com o pathos a anima e
o animus se quisermos equacionar os problemas sociais e enfrentar o
alarme ecológico.A mente é sempre incorporada, portanto, sempre impregnada de
sensibilidade e não apenas cerebrizada. Jung vivia esta profunda conexão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Em
suas Memórias diz:”há tantas coisas que me repletam: as plantas, os
animais, as nuvens, o dia, a noite e o eterno presente nos homens. Quanto mais
me sinto incerto sobre mim mesmo, mais cresce em mim o sentimento de meu
parentesco com o todo”(p. 361).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Neste
contexto afirma:”importa projetar-nos nas coisas que nos cercam. O meu eu não
está confinado ao meu corpo. Estende-se a todas as coisas que fiz e a todas as
coisas à minha volta. Sem essas coisas, não seria eu mesmo, não seria um ser
humano, seria tão-só um símio humano, um primata. Tudo o que me rodeia é parte
de mim… Estou profundamente comprometido com a ideia de que a
existência humana deve estar enraizada na Terra”(pp.189;190).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Para
Jung, as coisas todas, são mais que coisas. Penetram-nos na forma de símbolos e
arquétipos, carregados e emoções e vão compondo a constelação de nosso eu
profundo. Vale lembrar a confissão de C.G. Jung:”minha vida é a história da
autorrealização do inconsciente”. Não diz do “meu inconsciente”. Mas do
inconsciente coletivo que possui dimensões humanas, cósmicas, animais e
vegetais. A culminância do processo de individuação reside na integração do
todo do qual nos sentimos parte e parcela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Poucos
estudiosos da alma humana deram mais importância à espiritualidadade do
que Jung. Via na espiritualidade uma exigência arquetípica fundamental da
natureza humana na escalada rumo à sua completa individuação. A imago Dei ou
o arquétipo “Deus” ocupa o centro do Self: aquela energia poderosa, no mais
profundo de nossa psiqué, que atrái todos os arquétipos e os ordena ao
seu redor como o sol o faz com os planetas (cf. o livro clássico de R. Hostie,
C.G.Jung und die Religion, Karl Alber, Freiburg/München 1957).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Sem a
integração deste arquétipo axial, o ser humano fica manco e com uma
incompletude abissal. Por isso escreve:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">“Entre
todos os meus clientes na segunda metade da vida, isto é, com mais de 35 anos,
não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão
da sua atitude religiosa. Todos em última instância estavam doentes por terem
perdido aquilo que uma religião viva sempre deu, em todos os tempos, aos seus
seguidores. E nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que
lhe fosse própria. Isto está claro. Não depende absolutamente de uma adesão a
um credo particular, nem de tornar-se membro de uma igreja, mas da necessidade
de integrar a sua dimensão espiritual.”<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">A função
principal da religião ou da espiritualidade é nos religar a todas as coisas e à
Fonte donde promana todo o ser, Deus. Esse é o propósito básico do Mysterium
Conjunctionis que Jung considerava seu opus magnum. Pois nele se
trata de realizar a conjuntio, quer dizer, a conjunção do homem
integral com o mundus unus, o mundo unificado, o mundo do primeiro dia
criação quando tudo era um e não havia ainda nenhuma divisão e diferencição.
Era a situação plenamente urobórica(de Uroboros, a serpente enrolada em si
mesma) do ser. Essa fusão é o anseio mais secreto e radical do ser humano e o
permanente chamado do Self.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">O drama
do homem atual é ter perdido a espiritualidade e sua capacidade de viver
um sentimento de pertencimento. O que se opõe à religião ou à espiritualidade
não é o ateísmo ou a negação da divindade. O que se opõe é a incapacidade de
ligar-se e religar-se com todas as coisas. Hoje as pessoas estão desenraizadas,
desconectadas da Terra, da anima e por isso sem espiritualidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Para
Jung o grande problema hoje é de natureza psicológica. Não da psicologia
entendida como disciplina ou apenas uma dimensão da psiqué. Mas psicologia no
sentido abrangente que lhe dava, como a totalidade da vida e do universo,
enquanto percebidos e articulados com o ser humano seja pelo consciente seja
pelo inconsciente pessoal e coletivo. É neste sentido que escreve:“É
minha convicção mais profunda de que, a partir de agora, até a um futuro
indeterminado, o verdadeiro problema é de ordem psicológica. A alma é o
pai e a mãe de todos as dificuldades não resolvidas que lançamos na
direção do céu”(Cartas III, p.243).Sempre teve uma preocupação pelo futuro
da humanidade. Previu,em suas visões,a partir do inconsciente coletivo,a
primeira e a segunda guerra mundial. Ocorreram como previra.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Estaria
curioso em saber que visões teria Jung sobre o atual alarme ecológico. Mas
deixou-nos uma dica:uma semana antes de sua morte em 6 de junho de 1961 teve
uma terrível visão que a revelou à Marie-Louise von Franz que o acompanhou até o
fim:”grande parte do mundo seria destruído. Mas acrescentou:”Graças a Deus não
todo”(Jung vida e obra:uma memória biográfica por Barbara
Hannah,Vozes,2022 p.478). É o que grandes analistas preveem,caso não mudarmos
de rumo de nossa cultura consumista e materialista.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">O fato é
que a Terra está doente porque nós estamos doentes.O Covid-19 bem o
mostrou. Na medida em que nos transformamos, transformamos também a Terra. Jung
buscou esta transformação até a sua morte. É o único caminho que nos pode
livrar de sua visão terrível de destruição de grande parte de nosso mundo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">C.
G.Jung se mostra um mestre e um guia que nos desenha um mapa apto a nos
orientar nestes momentos dramáticos em que vive a humanidade. Ele acreditava
profundamente no Transcendente e no mudo espiritual. Não será seguramente o
capital material mas o capital espiritual, agora colocado no centro de nossas
buscas, que nos permitirá evitar um Armagedom ecológico. Então, assim creio e
espero,poderemos viver uma fase nova da Terra e da Humanidade, a fase
planetária e ecoespiritual.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Leonardo
Boff é co-editor da tradução da obra completa de C.G.Jung (19 vol) pela Editora
Vozes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-64055558543648535732023-09-07T18:55:00.001-03:002023-09-23T18:56:32.746-03:00 CRACOLÂNDIA E SUBJETIVIDADE<p><b><span style="color: #ffa400;"> <span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;">Frei Betto</span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHifwRmdySdsRSzONvLZUbg-7vAIEhG_WU4GIUtAIbrdKCRMD7lSV2LYXjIezXcKtrJhh23unb75heZbQf8pACkWKMqBsESbelEVBuvUqvuWPyaD5-0yN9Wc1m4A2KcoOmP2i-5QY7LgADLRIrlLf7S3qUzvMROxnqGEGI22cChDhmv3tfx4tNKWHlPQg/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHifwRmdySdsRSzONvLZUbg-7vAIEhG_WU4GIUtAIbrdKCRMD7lSV2LYXjIezXcKtrJhh23unb75heZbQf8pACkWKMqBsESbelEVBuvUqvuWPyaD5-0yN9Wc1m4A2KcoOmP2i-5QY7LgADLRIrlLf7S3qUzvMROxnqGEGI22cChDhmv3tfx4tNKWHlPQg/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></div><br /><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Várias
cidades brasileiras já contam com redutos onde os usuários de crack se reúnem –
as Cracolândias. Na capital paulista, se situa na região central. Em Brasília,
no “Buraco do Rato”, no Setor Comercial Sul. Em Fortaleza, no bairro Moura
Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Em
São Paulo, onde moro, chega a reunir cerca de duas mil pessoas por dia. A
Unifesp constatou, em pesquisa recente, que 43% dos usuários ali se encontram
devido a conflitos familiares; 9,5%, violência doméstica; e 7%, extrema
pobreza.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Tanto
a prefeitura paulistana quanto o governo estadual já tentaram várias medidas
para erradicar a Cracolândia. Todas ineficazes. É fato que os usuários
prejudicam o comércio local, dificultam a circulação de moradores e veículos,
sujam as ruas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Como
o capitalismo adota a lógica analítica e, portanto, só atua sobre os efeitos
dos fenômenos, as medidas tomadas pelo poder público são sequer paliativas. Uma
delas é o combate ao tráfico de drogas, que só serve para enxugar gelo. Se a
repressão ao narcotráfico funcionasse, os EUA não seriam o maior mercado
mundial de consumo de drogas ilícitas. Segundo o CDC (Centro de Controle e
Prevenção de Doenças) dos EUA, durante a pandemia, em um ano, mais de 100 mil
usamericanos morreram de overdose.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Sou
a favor da descriminalização das drogas e da liberação de seu uso controlado,
desde que todo o processo, da fabricação ao consumo, esteja sob administração
da saúde pública e tenha, por objetivo, livrar o usuário da dependência e
erradicar o narcotráfico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Quero
aqui, entretanto, retomar o que falei para cerca de 1.500 profissionais do SUAS
(Serviço Único de Assistência Social), em Salvador, dia 14/8, no
23º Encontro Regional Nordeste de Colegiados de Secretários(as) Municipais
da Assistência Social (Congemas).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Uma
das medidas equivocadas adotadas pelo poder público de São Paulo foi alocar
usuários em hotéis. Ora, essa gente vive na miséria. E precisa de dinheiro para
alimentar o vício. Resultado: os hotéis foram depredados, pois arrancaram as
pias dos banheiros, as lâmpadas do teto, as cadeiras do quarto, para vender e
obter recursos. Tivessem as autoridades um pouco mais de conhecimento da
história da assistência social, saberiam que na década de 1950, na Cruzada São
Sebastião, no Rio, moradores de favelas, trasladados para prédios no Leblon,
“depenaram” os apartamentos para fazer dinheiro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Qual
a solução? Uma delas reside no fator pedagógico, no resgate da autoestima dos
frequentadores da Cracolândia. Como eles são tratados pela polícia? Como indesejados,
viciados, vagabundos e nojentos. E pelos comerciantes e vizinhos? Do mesmo
modo que a polícia os trata, como estorvo. Como são tratados pela
assistência social? Como anônimos, invisíveis, meros objetos desprezíveis de um
trabalho burocrático?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Aquele
é um aglomerado de pessoas. Ali, cada ser humano tem um nome, parentes,
história de vida. Não merece ser encarado como mero “viciado” ou, como canta
Chico Buarque, “E tropeçou no céu como se fosse um bêbado / E flutuou no ar
como se fosse um pássaro / E se acabou no chão feito um pacote flácido /
Agonizou no meio do passeio público<br />
/ Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego.” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Se
eles se drogam é porque não suportam a própria realidade – como acontece a todo
dependente químico. Todo viciado em drogas é um místico em potencial. Alguém
que descobriu a verdade: a felicidade é uma experiência subjetiva. Não resulta
da soma de prazeres, como tenta nos convencer a sociedade de consumo. Nem da
conta bancária gorda ou dos títulos que a pessoa ostenta (e a eles se agarra
como carrapato na pele), pois, ao perder os títulos ou a função, a pessoa entra
em depressão por não ter suficiente autoestima. Ela necessita de adornos para
fazer reluzir sua presença no mundo, como inúmeros políticos. Raros
os que, como Fidel Castro, têm a ousada humildade de determinar, em seu
testamento, a expressa proibição do uso de seu nome em ruas e avenidas,
universidades e hospitais, estátuas, placas e monumentos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
diferença entre o místico e o viciado é que o primeiro entra pela porta do
Absoluto e o segundo, pela do absurdo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Quem
lida com pessoas em situação de rua precisa ter capacitação pedagógica. Saber
encará-las em sua dignidade, em seus direitos humanos, em sua condição de
filhos e filhas de Deus. É preciso ter paciência, saber escutar, deixar que
cada um conte a sua história de vida familiar e profissional, e expresse seus
sonhos e desejos. Somente através desse processo “terapêutico”,
essencialmente paulofreiriano, é possível ajudá-los a tomar a iniciativa de se
submeter a tratamento, abandonar o vício e mudar de vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> É
graças à autoestima que uma pessoa se sente feliz e realizada, seja faxineiro,
astrofísico, operador de máquina ou porteiro de prédio. Ela necessita emergir
da invisibilidade, se sentir socialmente reconhecida, útil, enfim, cidadã. A
política do descarte e da repressão só agrava o sentimento de revolta e
humilhação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> As
Cracolândias não podem ser tratadas como caso de polícia, e sim como caso de
política. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 5.0pt; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto
é escritor, autor do romance policial “Hotel Brasil” (Rocco), entre outros
livros. Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">freibetto.org</span></a>
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto é autor de 77 livros editados no Brasil,
dos quais 42 também no exterior. Você poderá adquiri-los com desconto na
Livraria Virtual – </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali
os encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b></span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-74454127643086863842023-09-06T19:02:00.000-03:002023-09-23T19:07:48.182-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - #NÃOAOMARCOTEMPORAL<p><br /></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmLo59nbwgOsbiXUcDTWBQ86PqJWxHfqFgX8pz33lnKZPoHmOt9Blv82Nx0uaNNItHxQaZVxm7OgivpNpJONwQS4dG0nvJ5ni8phavhJws32mmxL-_hY9SaBXYifzLCom5vcWYN8hU4cexDXa71xE-o4TGi8z7g3bY6SmdYZGKEgsZwr_YM9uT2C7GkX0/s1148/WhatsApp%20Image%202023-08-31%20at%2013.58.42.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1137" data-original-width="1148" height="317" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmLo59nbwgOsbiXUcDTWBQ86PqJWxHfqFgX8pz33lnKZPoHmOt9Blv82Nx0uaNNItHxQaZVxm7OgivpNpJONwQS4dG0nvJ5ni8phavhJws32mmxL-_hY9SaBXYifzLCom5vcWYN8hU4cexDXa71xE-o4TGi8z7g3bY6SmdYZGKEgsZwr_YM9uT2C7GkX0/s320/WhatsApp%20Image%202023-08-31%20at%2013.58.42.jpeg" width="320" /></a></div><b><span style="color: #ffa400;">Dom Pedro Casaldáliga</span></b><br /><p><br /></p><p><br /></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">“A problemática indígena continua sendo a demarcação e a garantia das terras. E também evitar a ameaça que supõe a hidrovia e certas hidrelétricas. É preciso possibilitar a educação bilíngue e o atendimento à saúde, rever formalmente a situação da Funai, e possibilitar em nível federal o novo Estatuto do Índio, que depende do congresso”.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Pedro Casaldáliga, entrevista para o Diário de Cuiabá, fevereiro de 2003</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#Casaldàliga! #PedroCasaldáligaPresente! #PereCasaldàliga #NãoQueremosGuerraQueremosPaz! #pl2903não #NãoAoMarcoTemporal #MarcoTemporalNão @fperecasaldaliga @irmandadedosmartires</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-36248966656458467332023-09-04T08:59:00.001-03:002023-09-23T19:01:32.763-03:00Vida em primeiro lugar! Você tem fome e sede de que?<p> </p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 11.25pt; mso-outline-level: 1;"><br /></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 11.25pt; mso-outline-level: 1;"><b><span style="font-family: Nunito;"><span style="color: #ffa400; font-size: medium;">Pe. Francisco Aquino Júnior</span></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400; font-size: medium;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA9j6AgEhCaNA-5cnxloNfzWPe2gSaxHwBQLADOIAoGaRM_YSkIjuFZ7qa0sablmVnb8SA23tGL75Tv1udMybU-mx1mS-58wC9rMrXWoKaM94yq-nF7Nlx1BgOAMY8ODpJTlHsmAaLznpcr2q_3apAAcurGdmFV7w83BOVXH9s7o3_JqZQwQKFyxCDdgY/s301/AQUINO%20JR.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="301" data-original-width="301" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA9j6AgEhCaNA-5cnxloNfzWPe2gSaxHwBQLADOIAoGaRM_YSkIjuFZ7qa0sablmVnb8SA23tGL75Tv1udMybU-mx1mS-58wC9rMrXWoKaM94yq-nF7Nlx1BgOAMY8ODpJTlHsmAaLznpcr2q_3apAAcurGdmFV7w83BOVXH9s7o3_JqZQwQKFyxCDdgY/s1600/AQUINO%20JR.jpg" width="301" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400; font-size: medium;"><br /></span><span style="color: black; font-size: 31pt;"><o:p></o:p></span></b><p></p>
<p style="background: white; line-height: 19.5pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>
<p style="background: white; line-height: 19.5pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">No dia 07 de
setembro, dia da pátria, celebramos o <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Grito dos Excluídos/as</span></em>. Igrejas, organizações
populares e setores diversos da sociedade saem às ruas em todo o país, não para
marchar como “soldado cabeça de papel”, mas para gritar como cidadãos e como
pessoas de fé: <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">Vida em primeiro lugar</span></em>. É tanto um <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">grito de protesto</span></em> contra
as várias formas de negação de direitos a amplos setores da sociedade, quanto
um <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">grito de</span></em> <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">afirmação e resistência populares</span></em> nas lutas por
direitos no campo e na cidade, quanto ainda um <em style="box-sizing: border-box; outline: none;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">grito de alegria e celebração</span></em> das
conquistas populares. <o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">É muito significativo que essa manifestação aconteça no dia 07 de
setembro. Uma forma de dizer – no protesto, na resistência e na festa – que o
verdadeiro patriotismo e a verdadeira unidade nacional se dão na luta e
afirmação da dignidade de todas as pessoas, mediante conquista e garantia de
direitos. O Grito é ocasião privilegiada de expressão e animação das lutas e
organizações sociais: celebração das lutas e conquistas; animação e
fortalecimento das resistências e lutas populares. Como bem recorda Frei Carlos
Mesters: “Luta sem festa, derrota na certa. Festa sem luta, vitória falsa”.<o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">O Grito dos Excluídos/as acontece desde 1995. Nasce como fruto da 2º
Semana Social Brasileira – “Brasil: Alternativas e Protagonistas”, em sintonia
com a Campanha da Fraternidade daquele ano que tinha como tema “Fraternidade e
Excluídos” e como lema “Eras Tu, Senhor?”. Em 1996, a Assembleia Geral da CNBB
insere essa atividade no Projeto de Evangelização da Igreja no Brasil: “O Grito
dos Excluídos será celebrado anualmente, em nível nacional, no dia 07 de
setembro, retomando preferentemente o tema da Campanha da Fraternidade”
(Documentos da CNBB 56, n. 129). Desde o início, o Grito foi uma atividade
promovida com movimentos e organizações populares. Em alguns lugares,
articulado pelas pastorais sociais. Em outros lugares, por movimentos e
organizações populares. Mas sempre como atividade conjunta.<o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">O tema do primeiro Grito foi “Vida em primeiro lugar”. Nos anos
seguintes, isso se tornou o tema permanente do Grito, colocando sempre o
desafio e a possibilidade de reconstrução do país: “Reconstrução que vai além
de atender as demandas tão urgentes com políticas públicas, seja de combate à
fome, à violência contra o povo preto e pobre nas periferias, contra os povos
indígenas, à violência contra as mulheres e à população LGBTQIA+. Mas que passa
também pelo respeito aos territórios indígenas e quilombolas e pela garantia
dos direitos à moradia digna, reforma agrária e urbana, ao trabalho, à
educação, saúde, cultura e lazer. Reconstrução que, sobretudo, promova o
fortalecimento da democracia e da soberania e aponte para a construção de um
projeto de sociedade onde a economia esteja a serviço da vida” (CNBB – Comissão
Episcopal para a Ação Sociotransformadora. Carta de apoio ao Grito dos
Excluídos 2023).<o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">O lema desse ano é: “Você tem fome e sede de que?”. Uma pergunta que faz
ecoar os muitos gritos que vêm do campo e dos becos e periferias das cidades,
ao mesmo tempo que exige de todos nós, como cidadãos e pessoas de fé, respostas
concretas que atendam às necessidades e direitos de nosso povo. É claro que
isso não dá a toque de mágica nem cai do céu. Exige muita luta e organização.
Direitos se conquistam na luta. Não podemos cair na ilusão de que determinados
governos vão garantir os direitos da população. Todos sabemos que os governos,
por melhores que sejam ou pareçam, estão muito mais alinhados e amarrados aos
grandes grupos econômicos do que parece…<o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">Importa manter viva a esperança ativa do nosso povo: “esperança do verbo
esperançar” que compromete e mobiliza; esperança fundada e dinamizada pelo
Espírito de Deus que, a partir de baixo, consola, anima, desperta e mobiliza o
povo na luta cotidiana pela sobrevivência e na organização e mobilização
populares por direitos.<o:p></o:p></span></p>
<p style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background: white; box-sizing: border-box; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; line-height: 19.5pt; margin-bottom: 18.75pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; orphans: 2; outline: none; text-align: justify; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-decoration-thickness: initial; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;">Que Deus abençoe os movimentos e organizações populares no campo e na
cidade. E que o Gritos dos Excluídos e Excluídas anime nossas comunidades,
pastorais e organizações populares na luta e conquista de direitos – sinal e
instrumento do reinado de Deus nesse mundo que é um reinado de fraternidade,
justiça e paz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 18.0pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 16.0pt; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-55714892266180806152023-08-10T17:54:00.005-03:002023-09-23T17:56:07.246-03:00NECROPOLÍTICA<p> <span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><b><span style="color: #ffa400;">Frei Betto</span></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl0YLXbnXIpbx1Ccb43kBw753KFGGARIP4jGPKlNs1NjCwZn0o_RJvXKm7NBq_1wL9NYHZ1TCb6cfYv7gqDKrgs3VdU3gHtwtiG2_Uu-3es2nRidUPSy3GJjZnXD4gIUH-GJqecpqQiHVo7s6k5adbT9Fy9lW2_FrrO9VrRIfiE2ea00vnmGTTcLCqkgQ/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl0YLXbnXIpbx1Ccb43kBw753KFGGARIP4jGPKlNs1NjCwZn0o_RJvXKm7NBq_1wL9NYHZ1TCb6cfYv7gqDKrgs3VdU3gHtwtiG2_Uu-3es2nRidUPSy3GJjZnXD4gIUH-GJqecpqQiHVo7s6k5adbT9Fy9lW2_FrrO9VrRIfiE2ea00vnmGTTcLCqkgQ/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><o:p></o:p><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> O
capitalismo se pauta pela necropolítica, vocábulo derivado do grego antigo “</span><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">nékros”,
que significa "morto". Em suma, a política que produz morte. Morte
das pessoas e da natureza. Basta verificar como a maioria dos governos se
comporta diante da desigualdade social e da crise ambiental. São raros os que,
como o atual do Brasil, implementam políticas sociais para proteger e promover
a população mais vulnerável, e adotam medidas eficazes contra a destruição do
meio ambiente.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
necropolítica não enche vagões ferroviários de segmentos populacionais
descartados pela política vigente rumo a campos de extermínio, como fizeram os
nazistas. Ela é mais sutil. Promove a concentração de riqueza como valor
supremo e empobrece milhões para que uma minoria possa usufruir das fortunas
acumuladas. Investe mais em artefatos bélicos do que no combate à fome. E se
fantasia de “economia verde ou sustentável” para desmatar florestas e extrair
minerais preciosos.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Dotada
de poderosa máquina de persuasão ideológica, a necropolítica suscita indignação
frente à anexação da Crimeia pela Rússia, mas encobre de silêncio a apropriação
usamericana da base naval de Guantánamo, em Cuba, e dos territórios palestinos
pelos colonizadores judeus antissemitas. Ergue a voz para acusar a Rússia de
apoderar-se da Ucrânia, mas nada diz da anexação de Porto Rico pelos EUA. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
necropolitica não usa câmaras de gás; ela destila o preconceito – a pobres,
negros, gays, refugiados etc. – até que a exclusão os induza à privação da
vida. Promove a precarização das condições de trabalho. Sobretudo, se apoia da
indiferença diante dos vulneráveis, como fez o governo Bolsonaro ao não tentar
impedir a morte de mais de 700 mil vítimas da Covid-19.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Como
denuncia Saskia Sassen, cientista social holandesa, nas últimas décadas
passamos de um sistema que, ao menos em parte, se preocupava com a inclusão da
população no mercado de consumo (social-democracia), a um sistema de deliberada
exclusão, agora acelerada pelas inovações tecnológicas que dispensam mão de
obra.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
pandemia foi um alerta da natureza de que a espécie humana pode ser facilmente
erradicada da face da Terra, como ocorreu aos dinossauros, caso se aprofunde a
destruição ambiental. Curioso o fato de nenhuma outra espécie ser contaminada
pela Covid-19, somente a humana. Ora, a natureza, cuja idade passa de 13,7
bilhões de anos, evoluiu milhares e milhares de séculos sem a nossa existência.
Em nada necessita dos humanos. Pode prosseguir a sua jornada nas estrelas sem a
nossa incômoda presença. Nós, no entanto, em tudo dependemos dela, da
alimentação que nos mantém vivos à matéria-prima de todos os nossos artefatos,
da roupa aos computadores.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Quando
se vive em um sistema que promove a morte coletiva em função do lucro (guerras,
drogas, seletividade, apropriação privada, exclusões etc.), isso provoca
profunda insegurança, como no naufrágio do Titanic, quando cada um se agarrou à
própria sobrevivência sem se importar com aqueles que não tinham acesso aos
botes salva-vidas. É essa insegurança que, hoje, reforça a nova face da
necropolítica: o autoritarismo. Ele produz a erosão dos valores democráticos
que, em tese, se propõem a oferecer botes em que caibam todos. Agora se trata
de salvar a elite, a primeira classe, aqueles que podem pagar pelo direito à
vida. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Imagine
um casal que leva o filho criança a um parque de diversões. O menino corre,
brinca, interage com outras crianças, usufrui de uma liberdade e um espaço que
não tem no pequeno apartamento em que mora. Súbito, ouvem-se o estampido de um
tiro e a notícia de que um criminoso está à solta. A criança, apavorada, se
agarra ao pai e à mãe, em busca de proteção e segurança. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> É
essa síndrome da insegurança que reforça o autoritarismo da necropolítica. E um
bom exemplo, na América Latina, é o atual governo de Nayib Bukele em El
Salvador. Em nome do combate à criminalidade, passou a dominar o Legislativo e
o Judiciário e criou megaprisões, verdadeiros campos de concentração, que hoje
abrigam mais de 100 mil presos, muitos deles sem provas ou culpa formada. A
megaprisão inaugurada em Tecoluca, em fevereiro de 2023, comporta 40 mil
detentos! É a maior do mundo. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Outro
exemplo de necropolítica é a rejeição dos países europeus aos refugiados
africanos e árabes, milhares deles naufragados no Mediterrâneo por falta de
socorro. O capitalismo criou um estilo de vida tão bem moldado pelos filmes de
Hollywood, que retrata uma “seleta espécie humana” que merece o direito à vida:
branco, cristão e rico. Os demais são todos encarados como subprodutos da
espécie e não merecem os mesmos direitos do núcleo seleto, como dignidade,
saúde e educação. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Esse
preconceito nos é incutido de tal modo que perdemos a capacidade de nos
indignar. Já não nos perturba ver imagens de crianças latino-americanas
fechadas em jaulas na fronteira do México com os EUA; famílias palestinas
cercadas por soldados israelenses que as observam de marretas na mão,
destruindo as próprias casas; corpos negros boiando no Mediterrâneo. Nem causa
estupor ver países ricos revacinarem quatro ou cinco vezes suas populações e
recusarem vacinas a países pobres. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> A
humanidade não é dada a autocrítica. É muito difícil os países europeus
admitirem os genocídios praticados na África, na América Latina e na Ásia
durante séculos, para explorar seus povos e riquezas. Agora, fecham as portas
às suas próprias vítimas. Os EUA não admitem sequer a derrota que lhes foi
imposta pelos vietnamitas; os genocídios atômicos de Hiroshima e Nagasaki (que
Obama visitou, mas se recusou a, ao menos, pedir desculpas); a anexação a seu
território de quase metade do México; as ditaduras sanguinárias emplacadas pela
Casa Branca na América Latina, e outros tantos crimes de lesa-humanidade.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Só
podemos enfrentar a necropolítica com a biopolítica. Não no sentido que Michel
Foucault empregou a este termo, mas sim como projeto de redução da desigualdade
social, defesa intransigente do meio ambiente, combate aos preconceitos,
sobretudo ao racismo, misoginia, homofobia e fundamentalismo religioso.</span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> Como
alertava Marx, o caminho à humanização da humanidade é longo. Ou como diria
Thomas Hobbes, filósofo do século XVI, ainda hoje “o homem é o lobo do homem”.
Bem faz o papa Francisco ao propor uma economia alternativa ao
capitalismo. </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto é escritor, autor de “Por uma
educação crítica e participativa” (Rocco), entre outros livros. Livraria
virtual: </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="http://freibetto.org/" target="_blank"><span lang="PT" style="color: black; mso-ansi-language: PT; mso-themecolor: text1;">freibetto.org</span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Frei Betto é autor de 77 livros editados no Brasil,
dos quais 42 também no exterior. Você poderá adquiri-los com desconto na
Livraria Virtual – </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">www.freibetto.org</span></b></a><b> Ali
os encontrará a preços mais baratos e os receberá em casa pelo
correio. </b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 21.0pt; margin-bottom: 14.0pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "MS Gothic"; mso-fareast-language: JA; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">®</span></b><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Copyright 2023 – FREI BETTO –
AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR - Favor não divulgar este
artigo sem autorização do autor. S<u>e desejar divulgá-los ou publicá-los </u>em
qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso<u>, entre em contato
para fazer uma assinatura anual. – MHGPAL – Agência Literária (m</u></span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">hgpal@gmail.com</span></b></a><b>)<u> </u></b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 14.0pt;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank"><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">http://www.freibetto.org/</span></a>>
twitter:@freibetto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;">Você acaba de ler este artigo de
Frei Betto e poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e
espanhol - mediante assinatura anual via </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank"><b><span style="color: black; mso-themecolor: text1;">mhgpal@gmail.com</span></b></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"> </span></b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none; mso-themecolor: text1;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-47155201810170380542023-07-31T07:51:00.009-03:002023-09-23T17:52:47.749-03:00MARIELLE FRANCO: O PODER DE UMA VIDA<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCvDvwyshAJ7BNJv7WsMwlJILa2xfy1Ua0KFzlhH8JgH2VvQBY5nRmvLNS7UZK2MTW8UM7Aqdz8l5rk9lTXUcy4wDhC_CFbxdx4IrsNWCV-5av-kpD83EJvnNwEVkn07RZTaJAmK3aCW0halRZZazV0-jQg2qlpqOIPWDucmgrOwJbCSFVIT7cSZzA_k/s88/MARIA%20CLARA.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; float: right; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; font-weight: bold; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center; text-indent: 35.4pt;"><img border="0" data-original-height="88" data-original-width="88" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKCvDvwyshAJ7BNJv7WsMwlJILa2xfy1Ua0KFzlhH8JgH2VvQBY5nRmvLNS7UZK2MTW8UM7Aqdz8l5rk9lTXUcy4wDhC_CFbxdx4IrsNWCV-5av-kpD83EJvnNwEVkn07RZTaJAmK3aCW0halRZZazV0-jQg2qlpqOIPWDucmgrOwJbCSFVIT7cSZzA_k/w200-h200/MARIA%20CLARA.jpg" width="200" /></a><b><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span></b></p><p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><span style="color: #ffa400;"><br /> </span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><b><span style="color: #ffa400;">Maria Clara Lucchetti Bingemer</span></b><span style="color: #222222;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Quem tem medo de Marielle
Franco? Essa parece ser a pergunta que voltou a ressoar aos ouvidos do Brasil
de hoje após um tempo longo demais de silêncio grávido e pesado. O estampido
dos quatro tiros que interrompeu a vida da jovem vereadora do Rio de Janeiro e
os três que atingiram seu motorista Anderson Gomes se faz ouvir novamente,
perfurando desta vez os ouvidos moucos que insistiam em não escutar
afirmações que se iam impondo sempre mais fortemente sobre o caso cuja solução
fora apenas parcial e incompleta. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Agora surge nova narrativa que
vem abrir outra parte de um cenário que se adivinhava, mas ao qual faltavam
elementos para afirmar. E o depoimento promete, porque anuncia direções e
pistas com as quais talvez não se contasse na difícil elucidação do caso, em
suas raízes mais antigas, ou seja: as cabeças que decidiram o assassinato,
arquitetado e minuciosamente planejado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Um ano depois do crime –
portanto em 2019 - a Polícia chegou a prender dois acusados de executar o
crime. São eles: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o
ex-policial militar Élcio de Queiroz. Ambos teriam envolvimento com
grupos de milícia. Mas os mandantes não foram identificados até o presente
momento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">No entender da Ministra da
Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, cinco anos é um tempo mais
do que longo para elucidar um caso como este. Isso só demonstra como foi
cuidadosamente arquitetado, planejado em todos os detalhes. A localização do
crime, em uma rua escura e deserta; o horário, noturno e tardio; a não proteção
das vítimas, que transitavam sem segurança e foram pegas de surpresa, segundo
depoimento da assessora da vereadora Marielle, Fernanda Chaves. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Depois do choque da notícia,
que provocou manifestações de indignação e protesto no Brasil e no
mundo inteiro, as investigações correram sob sigilo. Não se
conseguia acompanhar o ritmo delas. Os responsáveis pela condução do
processo foram mudados uma e outra vez o que, junto com a experiência dos suspeitos
presos – dois ex-policiais que sabem como se desenrola uma investigação –
tornavam a apuração dos fatos ainda mais difícil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Recentemente, Elcio de Queiroz
resolveu falar. E seu depoimento espalhou suspeitas sobre vários
personagens do mundo policial e político brasileiros que indicam que
ainda há muita investigação a fazer neste caso. Mas é alentador ver que
se está prosseguindo na tentativa de identificar todos os mandantes e o motivo
do assassinato. A reparação de uma injustiça é sempre uma lufada de ar puro e
purificador no horizonte da vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Até aqui seria mais um caso de
crime não solucionado como há tantos outros. O que traz de diferente o
fato de a investigação do assassinato de Marielle Franco estar novamente sob os
holofotes e revelação de movimentos antes ignorados? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Creio que a resposta está na
própria pessoa de Marielle e de seu entorno: sua família, sua vida, seu
testemunho, sua história. A jovem vereadora de sorriso ensolarado e
radiante é uma figura símbolo de inúmeras vítimas de injustiça em nosso país:
mulher, negra, sexualidade na categoria de “diversidade sexual”. Ao mesmo
tempo é alguém que mesmo morta continua viva. Viva pelo que é, pelo que
fez e ainda faz. Viva porque a morte não anulou seu poder de fazer vibrar
corações e mobilizar consciências. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Viva na história e brutalmente
assassinada e empurrada prematuramente para fora da história. Marielle
continua viva em Deus. Não significa que está viva “em outro plano” , não
sendo mais por nada atingida e não alcançando nada mais neste mundo.
Os vivos em Deus estão mais vivos que muitos que se consideram vivos e são
nossos companheiros de existência. E o poder de seu testemunho e legado é
como um vento que movimenta a história e a faz tornar-se eloquente como
nunca. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Desde que novos fatos foram
despejados pela boca de um dos suspeitos de seu assassinato, a história do
Brasil espera, atenta e vigilante. E aguarda que seja escrito um novo e
fundamental capítulo de seu transcurso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">-- <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 13.5pt; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Maria Clara Bingemer, professora
do Departamento de Teologia da PUC-Rio e autora de<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> “Viver como crentes no
mundo em mudança” (Editora Paulinas), entre outros livros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 5.0pt; mso-line-height-alt: 14.65pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span lang="EN-US" style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> </span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 27.0pt; margin-bottom: 5.0pt;"><span style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Copyright 2023 – MARIA CLARA
LUCCHETTI BINGEMER – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio
de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. </span><span lang="EN-US" style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Contato: </span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:agape@puc-rio.br" target="_blank"><span lang="EN-US" style="color: #0a3b9e; mso-ansi-language: EN-US;">agape@puc-rio.br</span></a></span><span lang="EN-US" style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">></span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-78835540367904563792023-07-18T10:28:00.005-03:002023-10-05T10:34:47.242-03:00 O Caminho espiritual da solidariedade compassiva<p><br /></p><p><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b>Marcelo Barros </b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB5DiiS59-TdyWwwkZi2UmEKaOy3pijqZTwpf-_Y1iTTyuEDT2IAiI2RsOAboYn2lp0xbg8w1Z9RSuXHhVOMPPUvmov4pJBVCzLTofSzyWTqlL_l3PNqlxBihK-ZYlh2yriCDo9phbJf21655JJy3095YPHhoWej4qsI_ISvSrf5qv28t_D9sc0vHwovU/s425/MARCELO%20BARROS.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="377" data-original-width="425" height="284" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB5DiiS59-TdyWwwkZi2UmEKaOy3pijqZTwpf-_Y1iTTyuEDT2IAiI2RsOAboYn2lp0xbg8w1Z9RSuXHhVOMPPUvmov4pJBVCzLTofSzyWTqlL_l3PNqlxBihK-ZYlh2yriCDo9phbJf21655JJy3095YPHhoWej4qsI_ISvSrf5qv28t_D9sc0vHwovU/s320/MARCELO%20BARROS.jpg" width="320" /></a></b></span></div><span style="color: #ffa400; font-family: times; font-size: medium;"><b><br /></b></span><p></p><p><span style="font-family: times; font-size: medium;">Para os povos da América Latina e movimentos populares, o mês </span><span style="font-family: times; font-size: large;">de julho traz recordações importantes. No dia 24 de julho de 1783, nasceu</span><span style="font-family: times; font-size: large;">Simon Bolívar, o libertador. Em julho, países como Cuba e Nicarágua</span><span style="font-family: times; font-size: large;">celebram dias importantes no processo de sua libertação. No 17 de julho,</span><span style="font-family: times; font-size: large;">recordamos a páscoa de Bartolomeu de las Casas, que, no século XVI,</span><span style="font-family: times; font-size: large;">atuou no Caribe, no sul do México e na América Central. Era frade</span><span style="font-family: times; font-size: large;">dominicano que, ao ver o sofrimento dos índios se converteu e se tornou</span><span style="font-family: times; font-size: large;">missionário e teólogo para lutar contra a escravidão. Defendeu a dignidade</span><span style="font-family: times; font-size: large;">dos índios junto ao rei da Espanha e escreveu o primeiro tratado de teologia</span><span style="font-family: times; font-size: large;">e espiritualidade que ensina: nos corpos dos índios escravizados, é o </span><span style="font-family: times; font-size: large;">próprio Jesus Cristo que é explorado pelos que se dizem cristãos.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Atualmente, quase cinco séculos depois, podemos lamentar que</span><span style="font-family: times; font-size: large;">ao protestar contra a escravidão indígena, Las Casas não tenha sabido </span><span style="font-family: times; font-size: large;">denunciar o próprio sistema colonizador em si mesmo. E há quem o acuse </span><span style="font-family: times; font-size: large;">de ter aceito o tráfico e a escravidão dos africanos para substituir os índios </span><span style="font-family: times; font-size: large;">nas minas e engenhos da colonização. Não há provas disso. De fato, ao </span><span style="font-family: times; font-size: large;">morrer em 1566, Las Casas não chegou a antever esse problema. O tráfico </span><span style="font-family: times; font-size: large;">de africanos sequestrados para ser escravos na América floresceu mais em </span><span style="font-family: times; font-size: large;">época posterior, a partir das últimas décadas do século XVI. Seja como for </span><span style="font-family: times; font-size: large;">mesmo com suas contradições, os escritos desse grande missionário são </span><span style="font-family: times; font-size: large;">referência para nova concepção intercultural de missão e de leitura da </span><span style="font-family: times; font-size: large;">história a partir das vítimas e não dos vencedores.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">A espiritualidade lascasiana sustenta que a missão cristã não </span><span style="font-family: times; font-size: large;">pode ter como objetivo conquistar adeptos para a fé. Deve valorizar a </span><span style="font-family: times; font-size: large;">presença divina em toda realidade humana e respeitar a diversidade das </span><span style="font-family: times; font-size: large;">culturas. Se não for assim, as missões católicas e evangélicas levam às </span><span style="font-family: times; font-size: large;">comunidades indígenas não a boa notícia do evangelho de Jesus e sim </span><span style="font-family: times; font-size: large;">destruição das culturas, colonialismo e morte.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Ainda em nossos dias, no Brasil, povos indígenas continuam </span><span style="font-family: times; font-size: large;">massacrados, vítimas de um modelo de progresso que olha os índios como </span><span style="font-family: times; font-size: large;">estorvo para a concentração de terras, o agronegócio e os lucros das </span><span style="font-family: times; font-size: large;">grandes empresas. Na Amazônia, os Ianomami e vários outros povos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">continuam perseguidos e massacrados.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">A memória de Las Casas nos chama a defender a vida e a </span><span style="font-family: times; font-size: large;">liberdade dos índios pelas razões humanas e sociais, mas também como </span><span style="font-family: times; font-size: large;">exigência espiritual da nossa fé. Não podemos aceitar projetos como o </span><span style="font-family: times; font-size: large;">Marco Temporal que nega aos povos originários o direito a suas terras </span><span style="font-family: times; font-size: large;">ancestrais. Em 1815, em sua “Carta a Jamaica”, Simon Bolívar considera o </span><span style="font-family: times; font-size: large;">elemento religioso como aglutinante da alma americana e formula “a </span><span style="font-family: times; font-size: large;">necessidade urgente de uma união de nossos povos, ligados por elementos </span><span style="font-family: times; font-size: large;">culturais e religiosos comuns”.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Nestes dias, de 18 a 22 de julho, em Rondonópolis, MT, se reúne </span><span style="font-family: times; font-size: large;">o XV Encontro intereclesial de comunidades eclesiais de base com o tema: </span><span style="font-family: times; font-size: large;">CEBs; Igreja em saída, na busca da vida plena para todos e todas!” O </span><span style="font-family: times; font-size: large;">lema do encontro é a palavra bíblica: “Vejam! Eu vou criar Novo Céu e </span><span style="font-family: times; font-size: large;">uma Nova Terra” (Is 65, 17). O Amor Divino quer realizar essa renovação </span><span style="font-family: times; font-size: large;">da vida e do mundo através de nós. Essa deve ser a nossa espiritualidade.</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-45543688251935219752023-06-26T08:12:00.005-03:002023-06-26T08:12:00.150-03:00 RITA LEE : UM TALENTO EM FORMA DE MULHER<p><b><span style="color: #ffa400;"></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZneVYPNZRWMun9dNg0kKLhUuKqP2weL0tfAADh-lk86MVzrNb8EVhq_GNDIy2EKcp8tMihBf6RwflKeOOSYHnSjhOoYnlXERLdG4SA0QtdrVdqPB8mFJu3ulFGnF2UbEL11U8-hWF9s3U6UkKZG5xpzzg0sCMKlca8WrVSTiFM-I_4IQ6Wu3wARVXx7Q/s88/MARIA%20CLARA.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="88" data-original-width="88" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZneVYPNZRWMun9dNg0kKLhUuKqP2weL0tfAADh-lk86MVzrNb8EVhq_GNDIy2EKcp8tMihBf6RwflKeOOSYHnSjhOoYnlXERLdG4SA0QtdrVdqPB8mFJu3ulFGnF2UbEL11U8-hWF9s3U6UkKZG5xpzzg0sCMKlca8WrVSTiFM-I_4IQ6Wu3wARVXx7Q/w200-h200/MARIA%20CLARA.jpg" width="200" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /> <span style="background-color: white; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: center;"> Maria Clara Bingemer</span></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
A luz dos cabelos ruivos e um par de olhos verdes foi subtraída de nossas
retinas e sua voz de nossos ouvidos. Rita Lee partiu e faz o Brasil chorar de
saudade. Sobretudo as mulheres. E por que o público em geral e
muito especialmente o público feminino tem esse carinho e essa paixão
pela cantora que hoje nos deixou? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
A primeira razão seguramente é seu talento. No momento em que o rock se firmava
no Brasil, ela começou a brilhar como cantora e compositora. Foi a primeira
mulher a liderar uma banda de rock. Originalidade, humor, crítica
de bom gosto eram a tônica de suas músicas e performances. E além disso,
graça, beleza, simpatia. Talento para dar e vender foi fazendo Rita Lee subir
no gosto do público e ser líder de vendas de discos no tempo em que ainda se
ouviam discos nas vitrolas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
A segunda razão é sua paixão libertária, de perfil rebelde e ruidoso.
Rita Lee não teve medo de nada e não deixou de defender nenhuma
liberdade. Pode-se não aderir a algumas bandeiras que a ruiva desfraldou
ao longo da vida. Mas não se pode deixar de respeitar a coerência com que
viveu. Por trás desse compromisso com tudo que fosse humano havia uma
consistência ética inegável. A roqueira enfrentou várias ditaduras: a dos
costumes, a do pensamento, a do patriarcalismo e não menos, a
militar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
Foi presa em casa, na Vila Madalena, por porte de maconha. Rita estava grávida
e negou que a droga fosse sua, pois como alegou à polícia, havia
parado de fumar devido à gravidez. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> O
período em que isso aconteceu, com o país em ditadura militar e mergulhado em
um obscuro conservadorismo, colaborou para sua prisão. Ela simbolizava
tudo que era rejeitado pelo regime que vigorava então no país. Hippies e
roqueiros eram tratados como bandidos. Além disso, Rita Lee simbolizava a
liberdade de gênero e a emancipação feminina. Sua prisão era
emblemática e representou uma espécie de troféu. Foi um momento
difícil, agravado pela gravidez. Depois de passar duas semanas na
cadeia, a artista foi condenada a um ano de prisão domiciliar e multa de 50
salários-mínimos. Isso não impediu que continuasse com seu estilo crítico e
irreverente, enfrentando todas as censuras e violências. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> A
terceira razão – e para o público feminino talvez a mais importante – é a
genialidade com a qual introduziu pautas feministas em suas criações
musicais. Ao cantar a mulher, Rita Lee imortalizou afirmações que traziam
um feminismo bem-humorado e verdadeiro para dentro dos lares e das vidas
daquelas que viviam sob o tacão do machismo da sociedade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
Foi ela quem nos ensinou que “nem toda feiticeira é corcunda” em clara alusão à
suspeita milenar que paira sobre as mulheres de serem bruxas, e que já levou
muitas à fogueira. E que há mulheres – entre as quais a mesma Rita – que “é
mais macho que muito homem”. Anunciou em alto e bom som “ que um dia
resolveu mudar e fazer tudo que queria fazer”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
Mas é na canção <i>Cor de rosa choque</i> que se encontram as mais
belas verdades do pensamento desta mulher livre e talentosa sobre seu próprio
gênero. Ali ela diz que a mulher é um bicho esquisito, que todo mês
sangra e “tem um sexto sentido maior que a razão”. Desmitologizando a categorização
do sexo feminino como sexo frágil, Rita afirmou que essa fragilidade toda não
foge à luta homenageando assim todas as mulheres do Brasil e do mundo que cada
dia se levantam ao mesmo tempo que o sol e saem em busca da vida para si e
os seus. Com ela, os dias de luta das Gatas Borralheiras teve fim, porque
são Princesas, e Dondoca é uma espécie em extinção. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
Em suma, nas composições da roqueira, o rosa bebê foi banido da paleta de cores
femininas como a cor por excelência para significar a mulher, pálido e
desbotado. Se for rosa, é rosa choque. Cor viva, pujante,
provocante, que não aceita provocações machistas e conservadoras, assim como a
própria Rita com seu rosto brejeiro de sorriso alegre, olhos verdes encimado
por uma cabeleira ruiva que brilha como o sol. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
O feminismo de Rita não é da primeira onda e não trava lutas antiéticas com os
homens. Pelo contrário, eles foram sempre muito benvindos em suas
criações e em sua companhia. Sua vida foi povoada intimamente por essa
espécie chamada homem que, ao lado de uma mulher forte, pode dar toda a sua
medida. Testemunho disso é seu casamento de quase 50 anos com Roberto,
companheiro na alegria e na tristeza, na saúde e quão dedicadamente na doença
até o fim. Assim como os três filhos Antônio, Beto e João. Alegre e
encantadoramente, ela proclamou a liberdade da mulher e deixou uma marca
original e particular na história do feminismo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">
Mulher que não se enquadra nos padrões sociais mais conservadores, Rita foi
sobretudo livre e alegre. Seu legado é testemunho dessa liberdade e dessa
alegria. Seja de que credo for, de que proveniência, de que pertença, a
liberdade é um dos pontos identitários mais constitutivos e dignos do ser
humano. A vida de Rita foi toda ela um canto à liberdade. A alegria
que vivia e espalhava ao seu redor era um dom cuja fonte mais originária é o
Espírito que sopra sobre a argila e cria a vida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Agora
Rita vive a plenitude dessa liberdade e a alegria sem limites. Sua vida
foi plena e bonita. Sua morte é sentida com saudades. Seu legado
permanece. Em todo lugar onde se cantar a justiça e a liberdade, sua
presença ali estará, fazendo “um monte de gente feliz”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 19.5pt; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> Maria Clara Bingemer
é professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio e autora de </span><b><span style="color: #36436d; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Crônicas de cá e de lá (Edições Subiaco)</span></b><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">, entre outros livros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 0cm;"><span style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Copyright 2023 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER –
Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização. </span><span lang="EN-US" style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">Contato: </span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><a href="mailto:agape@puc-rio.br" target="_blank"><span lang="EN-US" style="color: #0a3b9e; mso-ansi-language: EN-US;">agape@puc-rio.br</span></a></span><span lang="EN-US" style="color: #000239; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;">></span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: 5.0pt;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt; mso-ligatures: none;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-44223532627080042912023-06-25T11:22:00.001-03:002023-06-25T11:22:14.237-03:00MUNDÚTERO<p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt;"><b><span style="color: #ffa400;">Kinno
Cerqueira [1] </span></b></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5XnqB9cYcay9nJKqYYigJsMe2-QYmExQ0F1CQn_XgIBixs78sPbgHB6La_Be69ifmJNqL8xfi554-iVk7V6a0TX6AkbXcXpkqDXIUfe-rB2y8o5iwBbHlYDVdoUwg3X0NtF-mgrvMYyYsc-u2zGKrzbB5bPnyXc5-88KaW5xfi1YcXaN63T9NLBKYXEw/s640/KINO%20CERQUEIRA.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5XnqB9cYcay9nJKqYYigJsMe2-QYmExQ0F1CQn_XgIBixs78sPbgHB6La_Be69ifmJNqL8xfi554-iVk7V6a0TX6AkbXcXpkqDXIUfe-rB2y8o5iwBbHlYDVdoUwg3X0NtF-mgrvMYyYsc-u2zGKrzbB5bPnyXc5-88KaW5xfi1YcXaN63T9NLBKYXEw/s320/KINO%20CERQUEIRA.jpeg" width="320" /></a></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><br /></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">Tenho
a sensação de que vivemos tempos mortos. Não é um tempo de paixões. É um tempo
de marasmos. É um tempo de contínuos. É um tempo de distrações. Há algo que
ainda faz nosso coração arder? Onde estão os temas que habitam a nossa carne e
fazem nossa língua tremer? O tempo dos autores preferidos passou. Procuro, e
quase nunca encontro, pessoas que tenham sido abaladas por um texto, por uma
música, por uma peça teatral ou por uma história que tenham ouvido em alguma
esquina. Parece que vivemos tempos sem acontecimentos. É um tempo em que quase
nada vai além da esfera do estritamente banal e costumeiro. É um tempo em que
rareiam olhos capazes de brilhar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">Sou
um teólogo: é assim que me sinto e é esta a única designação que não me causa
desconforto. Sou teólogo porque me vejo ininterruptamente às voltas com as
questões em relação às quais as teologias foram sendo fabricadas. Fernando
Pessoa, no <i>Livro do desassossego</i>, escreveu que “existam ou não existam
os deuses, deles somos servos”. Não sou teólogo porque professo fé na
existência ontológica de um ser divino. Sou teólogo porque minhas angústias e
meus prazeres são inelutavelmente atravessados por Deus, quer ele exista ou
não. Pensei em grafar seu nome com inicial minúscula. Mas eu seria hipócrita se
o fizesse. Afinal, como dar uma minúscula a quem, exista ou não, teve e tem um
papel tão maiúsculo na composição de minha biografia? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">Eu
paro e sento e miro o horizonte pela janela e pergunto-me se não seria hora de
escrever alguns de meus pensamentos e deixar que o jorrar de seu fluxo
interrompa a sequência de tempos mortos em que nos metemos todos. Mas os
pensamentos meus são simples e calmos e decerto, uma vez fora de mim, não
sobreviveriam às condições inóspitas desses tempos mortos que são incapazes de
se alegrar com o nascimento do que quer que seja. Estes tempos mortos matam
tudo o que não seja sua réplica e sua duplicação pura e simples. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">Sofri
terrivelmente ao descobrir que amo mais os mortos que os vivos. A minha vida
tornou-se doce como o mel de flor quando aceitei minha orientação passional. A
minha descoberta foi a maior de toda a minha vida: entre os mortos não há
tempos mortos. Eu não trocaria essa minha descoberta por nada. Ela é meu único
tesouro. Descobri um mundo abandonado ao qual me posso abandonar numa conversa
sem fim. Falo de um “mundútero”: um mundo que não mata nem se entristece com
nascimentos, um mundo que abraça e fecunda. Um mundo que existe para produzir
os frutos da sedução e do prazer. O único mundo que me interessa. O mundútero é
um mundo de tempos vivos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;">[1] Teólogo e Pastor Batista.
Assessor de coletivos ecumênicos na área dos estudos bíblico-teológicos. <o:p></o:p></span></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><i><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-72338509528753627392023-06-25T11:20:00.001-03:002023-06-25T11:20:14.438-03:00DEMOCRACIA CULTURAL<p><b><span style="color: #ffa400;"> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;">Frei Betto</span></span></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span style="color: #ffa400;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTGV5eTjCk99hHoLqPZk2Er4WvUBMb7sTppW27hx4a1td4uCpO6yYZHCumCw-EpqSd0TtkHjDEuK3fa29nzkWb-FAAeXkXlHL3N4XS7UkV2e_2nvPU0jcNiXkCYOG3jh_57fY6Jfj232Jy9-Sis5v6VdKfJyaTEYg_Dd1ITkHEGCm3ULovt3xm6o_Xemw/s567/FREI%20BETTO.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="567" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTGV5eTjCk99hHoLqPZk2Er4WvUBMb7sTppW27hx4a1td4uCpO6yYZHCumCw-EpqSd0TtkHjDEuK3fa29nzkWb-FAAeXkXlHL3N4XS7UkV2e_2nvPU0jcNiXkCYOG3jh_57fY6Jfj232Jy9-Sis5v6VdKfJyaTEYg_Dd1ITkHEGCm3ULovt3xm6o_Xemw/s320/FREI%20BETTO.jpg" width="320" /></a></span></span></b></div><b><span style="color: #ffa400;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16pt; text-align: justify;"><br /></span></span></b><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> O homem e
a mulher são os únicos seres vivos que se contrapõem à natureza. Os demais, das
abelhas arquitetas aos macacos africanos que ordenam seus recursos de
sobrevivência, são todos determinados pela natureza. Esse distanciamento humano
frente ao mundo natural faz a realidade revestir-se de simbolismo e produz a
emergência transcendental do imaginário. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Do interesse pelo fogo produzido pelo relâmpago
nasce o conhecimento que desperta a consciência. Voltada sobre si mesma, a
consciência humana sabe que sabe, enquanto os animais sabem, mas ignoram a
reflexão. Através do símbolo e do significado, o ser humano se relaciona com a
natureza, consigo mesmo, com os semelhantes e com Deus.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> Nasce a
cultura, o toque humano que faz do natural, arte. A vida social ganha contornos
definidos e explicações categóricas. Do domínio das forças arbitrárias da
natureza chega-se às armas que permitem a imposição de um grupo cultural sobre
o outro. Porém, cultura é identidade e, portanto, resistência. Mesmo assim, a
absolutização de sistemas ideológicos oferece o paraíso e induz o dominado a
sentir-se excluído por não pensar pela cabeça alheia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">No Brasil colônia, os métodos de catequese cristã
introduziam entre os indígenas o vírus da desagregação e, hoje, os donos de
garimpos, madeireiras e empresas do agronegócio se perguntam, perplexos,
por que os povos indígenas necessitam de tanta terra se nada produzem... <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Os pentecostais fundamentalistas atacam os
umbandistas e certos setores da Igreja cristã olham com solene desprezo o
candomblé, como se seus fiéis ainda estivessem naquele estágio primitivo da
consciência religiosa que não lhes permite desfrutar a beleza do canto
gregoriano ou a ortodoxia teológica da Universidade Gregoriana de Roma.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> A queda
dos governos dos países socialistas do Leste europeu assinala, não o fim do
socialismo, como propaga a mídia capitalista, mas sim da absolutização de
sistemas ideológicos. Desabam, com a herança estalinista, todas as estratégias
de hegemonização da cultura, e a própria ideia de "evolução
cultural". Não há culturas superiores, há culturas distintas. Agonizam as
versões totalizadoras em todos os terrenos da produção de sentido - político,
econômico e religioso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Quem pretender ignorar os sinais dos tempos terá de
apelar ao autoritarismo para infundir temor. Sabemos agora que mesmo na América
Latina não há uma cultura única, mas uma multiplicidade de culturas - indígena,
negra, branca, sincrética - que se explicam por seus próprios fatores internos.
Essa polissemia de sistemas de sentido é uma riqueza, embora ameace o poder
daqueles que imaginavam restaurar a uniformização medieval.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> A mais de
500 anos da chegada de Colombo às Américas - uma invasão genocida que alguns
chamam de "encontro de culturas" - convém relembrar esses conceitos
antropológicos. E, hoje, a democracia impregna também a cultura. Cada homem e
mulher, grupo étnico ou racial, descobre que pode ser produtor do próprio
sentido de sua vida. O difícil é respeitar isso como valor, sobretudo nós,
cristãos, que ainda não sabemos distinguir Jesus Cristo do arcabouço judaico e
greco-romano que o reveste e tanto favorece o eurocentrismo eclesiástico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Felizmente, o próprio Jesus nos ensina a diferença
entre imposição e revelação. Impõe-se ao perverter a natureza do poder (Mateus 23,
1-12). Mas revelação significa "tirar o véu": ser capaz de captar os
fragmentos culturais de cada povo e reconhecer as primícias evangélicas aí
contidas, como afirmou o Concílio Vaticano II. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> Aliás,
Deus não fala latim. Prefere a linguagem do amor e da justiça. E esse dialeto
toda cultura incorpora e entende.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando
– nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros.
Livraria virtual: <a href="http://freibetto.org/" target="_blank">freibetto.org</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Frei Betto é autor de 74 livros, editados no
Brasil, dos quais vários também no exterior. Você poderá adquiri-los com
desconto na Livraria Virtual – <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank">www.freibetto.org</a> Ali os encontrará a
preços mais baratos e os receberá em casa pelo correio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: JA;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Copyright 2023 – FREI BETTO – AOS NÃO ASSINANTES DOS ARTIGOS DO ESCRITOR
- Favor não divulgar este artigo sem autorização do autor. Se desejar
divulgá-los ou publicá-los em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, entre em contato para fazer uma assinatura anual. –
MHGPAL – Agência Literária (m<a href="mailto:hgpal@gmail.com" target="_blank">hgpal@gmail.com</a>) <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;"> <a href="http://www.freibetto.org/" target="_blank">http://www.freibetto.org/</a>>
twitter:@freibetto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Você acaba de ler este artigo de Frei Betto e
poderá receber todos os textos escritos por ele - em português e espanhol -
mediante assinatura anual via <a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank">mhgpal@gmail.com</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt; mso-fareast-language: PT-BR;">Maria Helena Guimarães Pereira<br />
MHP Agente Literária - Assessoria<br />
<a href="mailto:mhgpal@gmail.com" target="_blank">mhgpal@gmail.com</a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 16pt; line-height: 107%; mso-bidi-font-size: 14.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1705999829962142916.post-45134880963730701362023-06-21T08:00:00.001-03:002023-06-21T08:00:00.138-03:00 PALAVRAS DE PEDRO - 21.6.2023<p><br /></p><p><b><span style="color: #ffa400; font-size: large;">Dom Pedro Casaldáliga</span></b></p><p><b></b></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiocmq9qwXeXVuGe8JpSBL8fBHdIiDytUgRfxG3iOO575HubifaY-I_DyyqrtutGYlzlo8nZ0KLAm2czw4TtDAlSXyeTcPiIF4iq1mjKmRhu6US1RbvBQBZDvVPmfhcjpVWvvIGf1b6p-X2QI-EGjnbQQBtQGfKNXSLJopZhaWIKsylhpEI3f6sed1p/s739/WhatsApp%20Image%202023-06-18%20at%2012.33.37.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="415" data-original-width="739" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiocmq9qwXeXVuGe8JpSBL8fBHdIiDytUgRfxG3iOO575HubifaY-I_DyyqrtutGYlzlo8nZ0KLAm2czw4TtDAlSXyeTcPiIF4iq1mjKmRhu6US1RbvBQBZDvVPmfhcjpVWvvIGf1b6p-X2QI-EGjnbQQBtQGfKNXSLJopZhaWIKsylhpEI3f6sed1p/s320/WhatsApp%20Image%202023-06-18%20at%2012.33.37.jpeg" width="320" /></a></b></div><b><br /><span style="color: #ffa400; font-size: large;"><br /></span></b><p></p><p> <span style="font-family: times; font-size: large;"> Eu já disse que se nós temos passado pelo que passamos foi simplesmente porque tentamos entrar nos direitos, nas aspirações e na luta do povo. Que isso fique bem claro. Seia uma exibição à-toa e um masoquismo sem sentido, se pensássemos e falássemos na nossa perseguição, no nosso sofrimento; o assunto é povo. Você pode dizer aos nossos amigos por aí, que podem duvidar de mim o que quiserem. Podem duvidar da minha honestidade, da minha caridade, do meu equilíbrio mental, mas não duvidem da minha fé na Páscoa. Isto está na raiz da alma da gente, e essas mil circunstâncias que fomos vivendo, cada vez mais solidificaram essa vivência de fé e de esperança na Páscoa do Cristo. A esperança cristã nada tem de passividade. O contrário do cristianismo é esperar sentado. Quem entende a ressurreição do Cristo como um arrebentar a morte, a escravidão, o pecado, e como uma abertura definitiva para a vida nova, para a liberdade, para a Justiça, é lógico que seja um revolucionário. Não se pode ser cristão, se não se é revolucionário. Não se pode ser cristão, se não se é utópico. Não se pode ser cristão, se não se é, no melhor sentido, ativista.</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">Pedro Casaldáliga, do livro: Nós, do Araguaia, Edson Martins</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#Casaldàliga!</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#PedroCasaldáligaPresente!</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#PereCasaldàliga</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#NãoQueremosGuerraQueremosPaz!</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#pl2903não</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#NãoAoMarcoTemporal</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">#MarcoTemporalNão</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">@fperecasaldaliga</span></p><p><span style="font-family: times; font-size: large;">@irmandadedosmartires</span></p>Blog O Porta Vozhttp://www.blogger.com/profile/12867993917338111325noreply@blogger.com0