Por MARIA CLARA LUCCHETTI
BINGEMER
Há
muito a mídia noticia e não é segredo para ninguém que a China tem
políticas rígidas e severas para limitar a natalidade. Sobretudo se
são nascidos de mães solteiras. Bebês chineses nascidos fora do casamento
muitas vezes são abandonados pelas mães em consequência das pressões
sociais e financeiras. A política do filho único do país também pode
representar multas pesadas para os casais que têm mais de um bebê.
Assim
aconteceu com uma jovem de 22 anos na província de Zhejiang, dias atrás.
Com medo, escondeu de todos a gravidez. No vaso sanitário, ela
começou a perder sangue e na hemorragia perdeu igualmente, através da
tubulação do banheiro, o bebê a termo que levava no ventre.
Solteira, escondeu a gravidez com medo de represálias por
parte das autoridades. Até o momento em que deu à luz de maneira
inesperada no banheiro. Segundo ela, o bebê caiu, acidentalmente, no vaso
sanitário e desceu pelo encanamento de 10 centímetros de diâmetro.
De
repente, gemidos e choros começaram a ser ouvidos por uma mulher. E
sua fonte foi identificada: o banheiro onde a jovem mulher havia dado à
luz e perdido seu bebê dentro do vaso sanitário. O recém-nascido
caiu na tubulação e ficou preso, informou a polícia de Jinhua.
Os serviços de resgate demoraram mais de uma hora para cortar o trecho da tubulação de 10 centímetros de diâmetro, utilizando serras e alicates para retirar o recém-nascido. Pesando 2,3 quilos e apesar de haver permanecido durante quase três horas dentro do encanamento, foi finalmente retirado, entre a vida e a morte. Com alguns cortes no rosto, pernas e braços, foi levado para um hospital e colocado em uma incubadora. Porém, a incrível capacidade de sobrevivência e pulsão de vida que o fizeram resistir horas dentro de um cano de esgoto e dali sair com vida também o ajudaram em sua recuperação.
Plenamente recuperado, a pequena vida resgatada do esgoto, do lugar dos dejetos e da imundície, floresce fora do útero da mãe e cresce em graça e pujança. O caso teve imensa repercussão na China e foi assunto em todas as redes sociais. A população, que vive sob política tão rígida sobre a liberdade do casal de decidir o número de filhos que deseja ter, comoveu-se com a tenacidade demonstrada pelo bebê, para quem nem o esgoto foi obstáculo em sua vontade de viver.
Por outro lado, a mídia anuncia que o governo da província de Hubei, com população de mais de 57 milhões, pretende multar as chinesas solteiras que engravidarem ou amantes de homens casados que venham a engravidar. A multa seria uma "compensação social" e uma forma de manter baixa a taxa de natalidade na província.
Demógrafos e cientistas sociais se inquietam. A medida pode levar ao crescimento do número de abortos e bebês abandonados. Parece que o bebê salvo do esgoto semeou inquietação, pois esse projeto de lei foi divulgado dias depois de seu resgate na tubulação de esgoto. O caso criou comoção internacional e levou o governo a tomar medidas e represálias.
Os serviços de resgate demoraram mais de uma hora para cortar o trecho da tubulação de 10 centímetros de diâmetro, utilizando serras e alicates para retirar o recém-nascido. Pesando 2,3 quilos e apesar de haver permanecido durante quase três horas dentro do encanamento, foi finalmente retirado, entre a vida e a morte. Com alguns cortes no rosto, pernas e braços, foi levado para um hospital e colocado em uma incubadora. Porém, a incrível capacidade de sobrevivência e pulsão de vida que o fizeram resistir horas dentro de um cano de esgoto e dali sair com vida também o ajudaram em sua recuperação.
Plenamente recuperado, a pequena vida resgatada do esgoto, do lugar dos dejetos e da imundície, floresce fora do útero da mãe e cresce em graça e pujança. O caso teve imensa repercussão na China e foi assunto em todas as redes sociais. A população, que vive sob política tão rígida sobre a liberdade do casal de decidir o número de filhos que deseja ter, comoveu-se com a tenacidade demonstrada pelo bebê, para quem nem o esgoto foi obstáculo em sua vontade de viver.
Por outro lado, a mídia anuncia que o governo da província de Hubei, com população de mais de 57 milhões, pretende multar as chinesas solteiras que engravidarem ou amantes de homens casados que venham a engravidar. A multa seria uma "compensação social" e uma forma de manter baixa a taxa de natalidade na província.
Demógrafos e cientistas sociais se inquietam. A medida pode levar ao crescimento do número de abortos e bebês abandonados. Parece que o bebê salvo do esgoto semeou inquietação, pois esse projeto de lei foi divulgado dias depois de seu resgate na tubulação de esgoto. O caso criou comoção internacional e levou o governo a tomar medidas e represálias.
Não
creio que serão tão eficazes. Mais forte é a vida, que teima em
resistir a tudo e fazer-se presente, mesmo quando o encanamento do esgoto
é seu primeiro “lugar” no mundo. Ainda que a jovem mãe tenha sido
obrigada a esconder a pequena existência que crescia em seu ventre.
E os primeiros vagidos daquele pequeno ser tenham sido ouvidos por
trás da rigidez do metal de um encanamento.
A vida é mais forte que circunstâncias tão adversas. E será mais forte seguramente do que leis antivida que querem impedi-la de acontecer.
Maria Clara Lucchetti Bingemer é professora do departamento de teologia da PUC-Rio A teóloga é autora de “O mistério e o mundo – paixão por Deus em tempo de descrença” , recém lançado pela Editora Rocco.
A vida é mais forte que circunstâncias tão adversas. E será mais forte seguramente do que leis antivida que querem impedi-la de acontecer.
Maria Clara Lucchetti Bingemer é professora do departamento de teologia da PUC-Rio A teóloga é autora de “O mistério e o mundo – paixão por Deus em tempo de descrença” , recém lançado pela Editora Rocco.
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