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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

SAUDADES AO PÉ DE UM IPÊ AMARELO



 Por Maria Clara Lucchetti Bingemer
  

    Neste momento, meus olhos e pensamento se dirigem para um ipê amarelo. Sob ele repousam e vivem as cinzas do grande educador, teólogo, psicanalista e poeta, o escritor Rubem Alves, falecido há poucos dias.  O ipê amarelo – a beleza – e Cecília Meireles e Fernando Pessoa – a poesia – foram e são, por vontade do próprio Rubem, seus últimos e definitivos companheiros.

    Trata-se de uma morte em perfeita coerência com a vida.  Pois quem semeou mais beleza do que ele, com seu pensar e seus escritos?  Quem jamais viveu tão poeticamente como ele, espalhando poesia por onde passava e ajudando os corações humanos a amá-la?

    Rubem Alves nasceu em 1933 e faleceu em 2014, aos 80 anos.  Já há algum tempo conversava longamente com a morte e transmitia o conteúdo de suas conversas aos leitores e ouvintes.  Assim, por ele e com sua autoridade, ficamos sabendo que quem não conversa com a morte é um irremediável tolo.  Mas isso não significa que Rubem Alves fosse alguém triste ou macambúzio.  Pelo contrário, poucas pessoas amaram mais a vida do que ele. A ponto de dizer que não tinha medo da morte, mas sim pena de ir-se, de despedir-se desta vida tão bonita e que tanto lhe deu.

     Tive contato com Rubem Alves desde os anos 1970, quando ingressei na Faculdade de Teologia da PUC-Rio.  Ali, seus textos eram lidos e debatidos por alguns, pois sempre havia a suspeita se seriam realmente textos rigorosos, teológicos, dignos da formalidade da academia. Alguns sem dúvida o eram: como o famoso Teologia da Esperança, um dos primeiros livros sobre Teologia da Libertação; ou o de Filosofia da Religião, que se tornou um clássico, O que é religião, além do Enigma da Religião e O suspiro dos oprimidos.

     O maravilhoso Conversas com quem gosta de ensinar devolveu o gosto e a alegria a muitas vocações pedagógicas frustradas em nosso país, onde a educação é tristemente maltratada e empurrada para um desonrado último lugar. Ensinar, para Rubem, era uma paixão.  E ele ansiava por transmitir esta paixão a outros, sobretudo aos que tinham diante de si, em seu cotidiano, uma turma de alunos ávidos por aprendizagem e crescimento.

     Os que acompanhamos sua trajetória percebemos que à certa altura da vida a poesia ganhou definitivamente espaço no coração e na criação de Rubem.  E seus textos começaram a ser sempre mais poéticos... sem perder em nada a profundidade e a seriedade que sempre tiveram.

     Lembro-me de um que me marcou de maneira especial: Tênis e frescobol, sobre a relação amorosa entre homem e mulher, o casamento, enfim sobre uniões duradouras e compromissos longevos.  Nunca li nada tão leve, delicioso e, ao mesmo tempo, tão verdadeiro.  Distribuí-o a todos os jovens casais que conhecia e posso testemunhar que foi de grande fruto.

Assim era o querido Rubem Alves.  Amigo da beleza e da poesia.  Aprendiz de vida conversando com a morte.  Crente de uma fé que apostava na pedagogia purificada e purificante do olhar e esperava a ressurreição dos corpos.  Mestre apaixonado pela arte de ensinar e pela transformação que vislumbrava vendo os olhos dos alunos a cada coisa aprendida.  Apaixonado pelas palavras que ajudavam o ver mais, mais longe, mais profundo.

A saudade que sua partida nos provoca é imensa.  Como viver sem ele, seu jeito simples de falar tão belamente sobre as coisas mais sérias e complicadas?  Como não ouvir mais as perguntas sábias e desconcertantes com que nos fazia pensar: por que o caqui é vermelho? Voltarei para o lugar onde estive sempre, antes de nascer, antes do Big Bang? 

Porém, com ele mesmo aprendemos que “a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar”.  Sentindo a saudade do mestre admirado e querido, a alma me conduz para o pé do ipê amarelo, onde suas cinzas foram lançadas; e me faz voar para mergulhar e olhar com seus olhos a poesia de Cecília e Pessoa; e me faz olhar as pérolas que as ostras produzem com outros olhos e sentimento; e me faz amar as palavras, para que elas digam com mais verdade o que o olhar contempla.

Muito aprendi, muito aprendemos com Rubem Alves, com sua refinada simplicidade, com sua alma de poeta, com seu olhar transfigurado pela beleza.  Importa agora seguir suas pegadas de pedagogo encantado e encantador.  E seguir, como ele, encantando gerações para que descubram, em meio à opacidade cinzenta da vida, o multicolorido das flores e das asas das borboletas.

 Maria Clara Bingemer é autora de "Deus amor: graça que habita em nós” (Editora Paulinas), entre outros livros. (wwwusers.rdc.puc-rio.br/agape)

 Copyright 2014 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato: agape@puc-rio.br>

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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

VARGAS MORREU LÁ EM CASA



Por Frei Betto  


      Hoje faz 60 anos que Getúlio Vargas morreu em Belo Horizonte, na minha casa, na esquina das ruas Major Lopes e Padre Odorico. Antes que me julguem louco, explico.

      Meu, pai, Antônio Carlos Vieira Christo, assinara o Manifesto dos Mineiros, que apressou o fim da ditadura Vargas, em 1945. Ligado a UDN, papai dizia horrores de Getúlio.

      As empregadas de casa gostavam dele e todos os anos, a 21 de abril, eu, criança, me misturava à multidão na BR-03 (hoje, BR-040), em frente à igreja do Carmo, para ver o ditador passar a poucos metros de nossa casa, a caminho de Ouro Preto, a fim de prestar sua paradoxal homenagem a Tiradentes.

      Eu me postava à beira da estrada com o coração batendo como o de um escravo que desafiasse olhar nos olhos de seu senhor. Aquele era um momento de indizível solenidade. Precedido pelos batedores em suas possantes motocicletas de sirenes abertas, o carro do ditador vinha de capota arriada, cercado por seus famigerados capangas, que me pareciam os únicos personagens reais das histórias em quadrinhos que entretinham a minha infância.

      Em agosto de 1954, a conjuntura política ferveu no Brasil. A Aeronáutica estava prestes a invadir o Palácio do Catete e destituir o presidente constitucionalmente eleito, respaldada pelos discursos inflamados de seu principal opositor, Carlos Lacerda.

      Meu pai acompanhava tudo pelo rádio, com os ouvidos pregados nas fanfarras do Repórter Esso e, no fim da tarde, devorava com os olhos a Tribuna da Imprensa e O Globo, jornais de oposição que só chegavam a Belo Horizonte, vindos do Rio, na boca da noite.

      Na noite de 23 de agosto de 1954, o rádio Philco de nossa casa esquentou. Era iminente a queda de Vargas. Meu pai, eufórico, grudou-se ao telefone e convocou parentes e amigos para transformar a festa de meu 10º aniversário, dois dias depois, em comemoração pelo fim político daquele que o levara à prisão no Estado Novo e o obrigara a regressar do Rio para Minas, ceifando sua promissora carreira de advogado em terras fluminenses.

      Fiquei feliz. Eu não teria um simples aniversário. Teria uma festa de proporções nacionais...

      Eis que na manhã de 24 de agosto estoura a notícia de que Vargas, ao alvorecer, dera um tiro no coração, preferindo “sair da vida para entrar na história”, como escreveu em sua carta de despedida.

      Minha sensação foi de que o cadáver de Getúlio caíra na sala de minha casa. Meu pai, estupefato, ficou mudo, como se tivesse ajudado a puxar o gatilho. E cancelou a festa.

      Foi, então, que presenciei algo que só mais tarde haveria de entender. Vargas conseguira tornar sua figura respeitada e amada pelo povo. Nos olhos lacrimejantes das empregadas domésticas e dos operários, vi espelhada a imagem da habilidade política daquele homem pequeno na estatura, mas grande na ambição. O poder era, para ele, não tanto um meio de impor sua vontade, mas o altar onde se sentia venerado pelo povo.

      Contudo, nem Getúlio foi fiel ao povo, nem o povo foi fiel a Getúlio. O sentimento de amante traído o levou ao suicídio.

      Foi meu mais triste aniversário. Não consegui remover Vargas da sala lá de casa.

Frei Betto é escritor, autor de “A mosca azul – reflexão sobre o poder” (Rocco), entre outros livros.





 http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Renata, Maria e La pietá



por Roberta Barros
 
Nos últimos dias fomos acometidos de uma comoção coletiva.

A notícia se espalhou, eram inacreditáveis aos nossos ouvidos, olhos e corações.
Quando a real compreensão se instalava, apenas uma certeza vinha à tona: Aos olhos de Deus, todos nós,  somos simples mortais.

A espera do corpo, a organização do funeral, a tristeza da família parecia protegido por uma fortaleza. A FORTALEZA RENATA!

Quando seus olhos apareciam     marejados, seus ombros eram o porto seguro.
Ali vi se apoiar o menino, os rapazinhos, a mocinha, o bebê e a multidão.
Na homilia, mesmo sendo o Estado laico, Maria serviu de exemplo, e que magnífico exemplo!

No meu pequeno conhecimento bíblico, pensei,  por várias vezes, em La Pietá.
Neste momento Renata representava não só ela, mas, todas as mulheres que perdem diariamente   seus filhos e maridos para o tráfico, para violência para fome.

As cenas que invadiam   nossas casa, nos levava a cada ato, a um sentimento diferente, mas a fortaleza permanecia, ora embalando o bebê, ora afagando a mocinha  e os  meninos.

Mesmo sendo  eu, uma  pessoa do povo, nascida e criada no morro da Conceição, sem filiação partidária, sem sobrenome importante  e sobretudo,  sem conhecê-la pessoalmente, o sentimento que vinha  à  tona, era o Dom, o suor, a dor, a aflição de uma mulher que se manteve calma e serena em um vácuo, onde até para os mais distantes era impossível não se abalar. 

Certa vez, em minha adolescência, subindo e descendo as ladeiras, ouvir falar de um homem que era feito e de ferro e flor.

Hoje já quando começam   a parecer os primeiros fios branco, e já sem as mesmas  firmeza das pernas, em escalar aquelas imensas ladeiras, que continuam dando acesso ao Morro Santo, conheci  agora uma mulher, feita de ferro e de flor.  

Os exemplos que vimos e assistimos de Renata, não está em nenhum escrito de auto-ajuda, está na sua simplicidade e humildade, sentimentos tão desconhecidos por nós, e tão diferentes da propagada teologia da prosperidade.

Roberta Barros é Pedagoga e Especialista em Associativismo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A cidadania e a Reforma Política

por Marcelo Barros


 Pesquisa da Fundação Perseu Abramo constatou: a maioria da população brasileira (89%) é favorável a uma reforma política. As manifestações de junho de 2013 que reuniram nas ruas de nossas cidades mais de dois milhões de pessoas tinham como um dos objetivos expressar que o povo não se sente realmente representado pelo atual Congresso Nacional. Como, em artigo recente, afirmou Frei Betto: “Hoje, nós votamos e o poder econômico elege! O financiamento deveria ser com recursos públicos e contribuição de pessoa física no limite de R$ 700. No sistema atual, qualquer candidato pode ser financiado por empresas. Uma vez eleito, passa a defender interesses corporativos, e não da população.”  Diante dessa realidade, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu mais de cem entidades da sociedade civil brasileira para propor uma iniciativa popular de Reforma Política. Ao mesmo tempo, os movimentos sociais reunidos propuseram um Plebiscito Popular para que todos os brasileiros que quiserem possam votar pedindo a Reforma Politica. A diferença entre as duas iniciativas é que a das entidades confia ao atual Congresso a tarefa de reformar a Constituição. Já os movimentos sociais pensam que será muito difícil os atuais congressistas, dos quais muitos (a maioria) são financiados pelas grandes empresas votarem contra eles mesmos e os seus interesses. Por isso, propõem que possamos eleger uma Assembleia Constituinte, Exclusiva e Soberana para fazer a Reforma Política.
Recentemente, a CNBB e as organizações que tinham proposto a Iniciativa Popular assinaram um documento no qual expressam que as duas propostas se completam. Por isso, apoiam também o Plebiscito Popular, a ser realizado do 01 a 07 de setembro próximo. Nessa próxima semana, todos os brasileiros poderão votar por um Brasil que se tornou independente dos impérios políticos e agora se tornará libertado de todo domínio econômico abusivo de empresas privadas. Essa proposta do Plebiscito é apartidária. Não está vinculada à campanha de nenhum candidato ou partido politico. Como nenhum dos grandes meios de comunicação colabora com esse instrumento de educação do nosso povo, esse mutirão de cidadania tem de ser preparado e organizado por todas as pessoas de boa vontade que desejam um pais mais igualitário.
Esse tempo final de preparação do Plebiscito Popular é um momento especial de compromisso de cidadania para as comunidades cristãs e para todos os que se sentem herdeiros de profetas como Dom Helder Camara, Dom Tomás Balduíno e de tantos outros irmãos e irmãs que nos ensinaram a unir fé e compromisso de justiça e libertação. Como herdeiros desses grandes profetas, temos de conscientizar nosso povo, informar as pessoas do que se trata e ajudar os movimentos sociais a colher votos e organizar a votação na semana da pátria. 

Em uma carta aos fiéis da sua arquidiocese, Dom Fernando Saburido, arcebispo de Recife, afirmava: “Há cristãos que ainda pensam que a fé possa ser desligada da realidade concreta. Se nos desinteressamos pelo processo político, corremos o risco de deixar a Política nas mãos dos que não buscam o interesse comum. Como afirmou o papa Francisco: “Apesar de se notar uma maior participação de muitos (cristãos) nos ministérios laicais, esse compromisso (de fé) não se reflete ainda suficientemente na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico. Limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenho real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade” (Evangelii Gaudium, n. 102)”. Como cristãos, devemos apoiar e participar dessas iniciativas que visam a transformação justa da sociedade e da organização do Estado. Como escreveu São Paulo: “Estejam atentos para a maneira como vocês vivem. Não sejam ingênuos, mas pessoas sensatas. Aproveitem bem o tempo, porque esses dias são maus... (Em meio a essa realidade), procurem compreender a vontade do Senhor” (Ef 5, 15 e 17).   
      Marcelo Barros, monge beneditino e teólogo católico é especializado em Bíblia e assessor nacional do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, das comunidades eclesiais de base e de movimentos populares. É coordenador latino-americano da ASETT (Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo) e autor de 45 livros publicados no Brasil e em outros países.  

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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

SETENTA ANOS DE MUITA LUTA



Há setenta anos, em 25 de agosto, nascia mais um mineiro, em uma família unida, alegre e cheia de amor. Entretanto, aquele menininho, ao crescer, não seria apenas mais um mineiro e sim, um cidadão, na totalidade do significado desta palavra, consciente de seus deveres, mas também de seus direitos. Seus e do povo brasileiro. Direitos pelos quais vem lutado desde que mal saiu da adolescência, pelos quais foi preso pela ditadura militar durante quatro anos e, pelos quais, tem, a cada dia, a certeza de que nada foi em vão.


Chega ao setenta anos preservando a juventude dentro de si, se renovando sempre, reinventando a vida, levando esperança por esse mundão afora.

Depois de estudar jornalismo, antropologia, filosofia e teologia e ser frade dominicano, encontrou na mistura das letras e palavras, um grande dom e um grande prazer.  São quase tantos livros escritos, quando a sua nova idade: 60, com 58 já publicados e dois no prelo, saindo até o final do ano. Tem livros traduzidos em 24 idiomas e 35 países. Sem contar com a imensidão de artigos publicados, inclusive neste blog. Artigos, muitos deles, verdadeiras poesias, disfarçadas de crônicas ou simples textos.

Os gêneros que escreve? São muitos: memórias, como Batismo de sangue e Diário de Fernando que virou filme sob a direção de Helvécio Ratton; meia dúzia de infantis; biografias, como Um homem chamado Jesus pastoral, como Fome de Deus livros em coautoria, como Conversa sobre a fé e a ciência em parceria com o físico Marcelo Gleiser; e romances, como o policial Hotel Brasil, Minas do ouro e Aldeia do silêncio. Seu livro FIDEL E A RELIGIÃO virou Best-seller no exterior.

Ganhou em 1982 o Jabuti, principal prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, por seu livro de memórias Batismo de Sangue. Em 1986, foi eleito Intelectual do Ano pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, que lhe deram o prêmio Juca Pato por sua obra “Fidel e a religião”. Seu livro A noite em que Jesus nasceu ganhou o prêmio de "Melhor Obra Infanto-Juvenil" de 1998, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 2005, o júri da Câmara Brasileira do Livro premiou-o mais uma vez com o Jabuti, agora na categoria Crônicas e Contos, pela obra “Típicos Tipos – perfis literários”.

Mas, apesar de tantos livros publicados, ainda não consegue viver de direitos autorais. Infelizmente, ainda se lê pouco no Brasil.
“Nem me sustento com “o maná que cai do Céu”, ou seja, da Igreja. Como o apóstolo Paulo, faço questão de viver do trabalho “de minhas mãos”. E acrescento: da minha mente. Meu ganha-pão são as palestras, aqui e lá fora”, diz Frei Betto.

Em sua luta por um mundo socialmente justo já exerceu diversas atividades. Foi coordenador da ANAMPOS (Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais), participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CMP (Central de Movimentos Populares). Prestou assessoria à Pastoral Operária do ABC (São Paulo), ao Instituto Cidadania (São Paulo) e às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Foi também consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Em 2003 e 2004 atuou como Assessor Especial do Presidente da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero. Desde 2007 é membro do Conselho Consultivo da Comissão Justiça e Paz de São Paulo. É sócio fundador do Programa Todos pela Educação.

E, além de todo esse talento, é um amigo na máxima expressão da palavra. Precisa dizer mais alguma coisa?
 
Como podemos ver, são sete décadas de muita luta, muita dedicação à causa que abraça e à promoção da vida. A Frei Betto a nossa homenagem e o nosso carinho.

FELIZ IDADE