por Roberta Barros
Nos últimos dias fomos
acometidos de uma comoção coletiva.
A notícia se espalhou,
eram inacreditáveis aos nossos ouvidos, olhos e corações.
Quando a real compreensão
se instalava, apenas uma certeza vinha à tona: Aos olhos de Deus, todos
nós, somos simples mortais.
A espera do corpo, a
organização do funeral, a tristeza da família parecia protegido por uma
fortaleza. A FORTALEZA RENATA!
Quando seus olhos
apareciam marejados, seus ombros eram
o porto seguro.
Ali vi se apoiar o menino,
os rapazinhos, a mocinha, o bebê e a multidão.
Na homilia, mesmo sendo o
Estado laico, Maria serviu de exemplo, e que magnífico exemplo!
No meu pequeno conhecimento
bíblico, pensei, por várias vezes, em La
Pietá.
Neste momento Renata
representava não só ela, mas, todas as mulheres que perdem diariamente seus filhos e maridos para o tráfico, para
violência para fome.
As cenas que invadiam nossas
casa, nos levava a cada ato, a um sentimento diferente, mas a fortaleza permanecia,
ora embalando o bebê, ora afagando a mocinha e os meninos.
Mesmo sendo eu, uma
pessoa do povo, nascida e criada no morro da Conceição, sem filiação
partidária, sem sobrenome importante e
sobretudo, sem conhecê-la pessoalmente,
o sentimento que vinha à tona, era o Dom, o suor, a dor, a aflição de
uma mulher que se manteve calma e serena em um vácuo, onde até para os mais
distantes era impossível não se abalar.
Certa vez, em minha
adolescência, subindo e descendo as ladeiras, ouvir falar de um homem que era
feito e de ferro e flor.
Hoje já quando começam a
parecer os primeiros fios branco, e já sem as mesmas firmeza das pernas, em escalar aquelas imensas
ladeiras, que continuam dando acesso ao Morro Santo, conheci agora uma mulher, feita de ferro e de
flor.
Os exemplos que vimos e
assistimos de Renata, não está em nenhum escrito de auto-ajuda, está na sua
simplicidade e humildade, sentimentos tão desconhecidos por nós, e tão
diferentes da propagada teologia da prosperidade.
Roberta Barros é Pedagoga
e Especialista em Associativismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário