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Por MARIA CLARA BINGEMER |
Há uma semana o mundo acompanha angustiado o desenrolar dos bombardeios e ataques na faixa de Gaza. E agora já passa de cem o número de mortos. A paz está novamente de luto no Oriente Médio.
De várias partes figuras da diplomacia internacional se mobilizam para conseguir a paz. O presidente do Egito chegou a anunciar que o cessar fogo estaria próximo e aconteceria hoje à noite. Mas, passada a meia-noite deste dia 20 de novembro continuam os bombardeios.
A violência começou com represálias menos violentas, mas aumentou exponencialmente quando o comandante Ahmed Jaabari, chefe das operações militares do Hamas, foi morto durante um bombardeamento israelita na Faixa de Gaza. Jaabari era o comandante das brigadas Ezzedin al Qasam, o braço armado do Hamas. Segundo testemunhas, Jaabari morreu na explosão de seu automóvel junto com um acompanhante. Ahmed Jaabari era a mais alta patente do Hamas a ser morta desde que Israel invadiu Gaza há quatro anos.
O
Shin Bet, serviço secreto israelita, confirmou o ataque, que justificaram
como resposta à atividade terrorista exercida por Jaabari durante uma
década. Os israelitas responsabilizavam-no pelos constantes ataques ao
seu território e pelo emblemático sequestro do soldado Gilad Schalit, em
2006.
Há dias, momentos de silêncio e aparente tranquilidade alternam-se com dezenas de explosões de grande potência, que depois cessam para dar lugar a um silêncio quebrado ocasionalmente por alguma outra detonação mais fraca. Os bombardeios sobre a faixa palestina são incessantes e o lançamento de foguetes das milícias palestinas contra Israel também não para.
Os civis que residem ali recomeçam cada dia sua rotina sob a ameaça que já vivem há tanto tempo. Com a esperança da trégua e do cessar fogo, algumas pessoas foram comprar mantimentos para a eventualidade de o conflito continuar. E aconteceu, infelizmente, o que esperavam.
Enquanto isso, a esperança de que o conflito seria interrompido reinava. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, afirmara que a trégua entraria em vigor à meia-noite deste dia 20, durante sua visita à Gaza junto com um grupo de colegas árabes. O próprio presidente egípcio, Mohammed Mursi, assegurou que "a farsa da agressão israelense contra Gaza“ terminaria. Declarou que os esforços desdobrados pelo Egito para conseguir um cessar fogo entre palestinos e israelenses dariam "resultados positivos nas próximas horas”.
No entanto, a menos de duas horas do início da suposta trégua não havia nenhum acordo israelense sobre uma fórmula para alcançar um cessar fogo. E o passar das horas confirmou que as esperanças não tinham fundamento e a violência iria continuar.
As afirmações vão numa e noutra direção, seja afirmando o cessar fogo, seja negando-o. Ora a esperança de paz se acende no coração das pessoas, ora desaparece, esmagada pela violência que continua.
Em entrevista coletiva conjunta com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não fez referência expressa à existência de um cessar fogo.
Como sempre acontece nessas ocasiões, as potências e os mandatários políticos deliberam e decidem. Em suas mãos movimentam-se os fios da vida de inúmeras pessoas, mulheres, crianças, idosos. Vidas indefesas, projetos sonhados e apenas começados são destruídos em segundos.
Em tantos anos de conflitos incessantes, sem frutos favoráveis que resolvam de uma vez por todas a situação, parece óbvio que a violência e o ataque armado não são solução para nada, apenas pioram a situação de desentendimento e conflito. Porém, tudo continua e o ser humano parece não dar mostras de conseguir efetivamente construir a paz.
Ninguém quer assumir nada de déficit. Ninguém aceita perder uma polegada sequer em prol das vidas alheias. Enquanto isso, Gaza continua a arder sob o fogo das armas de um e outro lado. E as mães continuam a chorar os filhos mortos, a esperança assassinada e o futuro sombrio.
Enquanto Gaza arder, o coração dos construtores da paz é obrigado a arder também, de desejo e zelo, procurando toda ocasião possível existente para construir a paz.
Maria Clara Lucchetti Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, Autora de "Simone Weil - A força e a fraqueza do amor” (Ed. Rocco).
Há dias, momentos de silêncio e aparente tranquilidade alternam-se com dezenas de explosões de grande potência, que depois cessam para dar lugar a um silêncio quebrado ocasionalmente por alguma outra detonação mais fraca. Os bombardeios sobre a faixa palestina são incessantes e o lançamento de foguetes das milícias palestinas contra Israel também não para.
Os civis que residem ali recomeçam cada dia sua rotina sob a ameaça que já vivem há tanto tempo. Com a esperança da trégua e do cessar fogo, algumas pessoas foram comprar mantimentos para a eventualidade de o conflito continuar. E aconteceu, infelizmente, o que esperavam.
Enquanto isso, a esperança de que o conflito seria interrompido reinava. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, afirmara que a trégua entraria em vigor à meia-noite deste dia 20, durante sua visita à Gaza junto com um grupo de colegas árabes. O próprio presidente egípcio, Mohammed Mursi, assegurou que "a farsa da agressão israelense contra Gaza“ terminaria. Declarou que os esforços desdobrados pelo Egito para conseguir um cessar fogo entre palestinos e israelenses dariam "resultados positivos nas próximas horas”.
No entanto, a menos de duas horas do início da suposta trégua não havia nenhum acordo israelense sobre uma fórmula para alcançar um cessar fogo. E o passar das horas confirmou que as esperanças não tinham fundamento e a violência iria continuar.
As afirmações vão numa e noutra direção, seja afirmando o cessar fogo, seja negando-o. Ora a esperança de paz se acende no coração das pessoas, ora desaparece, esmagada pela violência que continua.
Em entrevista coletiva conjunta com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não fez referência expressa à existência de um cessar fogo.
Como sempre acontece nessas ocasiões, as potências e os mandatários políticos deliberam e decidem. Em suas mãos movimentam-se os fios da vida de inúmeras pessoas, mulheres, crianças, idosos. Vidas indefesas, projetos sonhados e apenas começados são destruídos em segundos.
Em tantos anos de conflitos incessantes, sem frutos favoráveis que resolvam de uma vez por todas a situação, parece óbvio que a violência e o ataque armado não são solução para nada, apenas pioram a situação de desentendimento e conflito. Porém, tudo continua e o ser humano parece não dar mostras de conseguir efetivamente construir a paz.
Ninguém quer assumir nada de déficit. Ninguém aceita perder uma polegada sequer em prol das vidas alheias. Enquanto isso, Gaza continua a arder sob o fogo das armas de um e outro lado. E as mães continuam a chorar os filhos mortos, a esperança assassinada e o futuro sombrio.
Enquanto Gaza arder, o coração dos construtores da paz é obrigado a arder também, de desejo e zelo, procurando toda ocasião possível existente para construir a paz.
Maria Clara Lucchetti Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, Autora de "Simone Weil - A força e a fraqueza do amor” (Ed. Rocco).
http://agape.usuarios.rdc.puc-rio.br
Copyright 2012 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)
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