Memória dos 95 anos de nascimento do nosso querido
Pedro Casaldáliga.
Dom Pedro Casaldáliga
– Colhendo o arroz dos posseiros de Santa Terezinha,
perseguidos pelo Governo e pelo Latifúndio.
Com um calo por anel,
monsenhor cortava arroz.
Monsenhor “martelo
e foice”?
Me chamarão subversivo.
E lhes direi: eu o sou.
Por meu Povo em luta, vivo.
Com meu Povo em marcha, vou.
Tenho fé de guerrilheiro
e amor de revolução.
E entre Evangelho e canção
sofro e digo o que quero.
Se escandalizo, primeiro
queimei o próprio coração
ao fogo desta Paixão
cruz de Seu mesmo Madeiro.
Incito à subversão
contra o Poder e o Dinheiro.
Quero subverter a Lei
que pertence ao Povo em grei
e ao Governo em carniceiro.
(Meu Pastor se faz Cordeiro
Servidor se fez meu Rei.)
Creio na Internacional
das frontes alevantadas,
da voz de igual a igual
e das mãos enlaçadas...
E chamo a Ordem de mal
e ao Progresso de mentira.
Tenho menos paz que ira.
Tenho mais amor que paz.
... Creio na foice e no feixe
destas espigas caídas:
uma Morte e tantas vidas!
Creio nesta foice que avança
– sob este sol sem disfarce
e na comum Esperança –
tão encurvada e tenaz!
Pedro Casaldáliga, Creio na Justiça e na Esperança
Arte: Amadeo Valldepérez Coll
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