O meu pedacinho de sertão
é lá,
Lá onde o Pajeú corre, e
as vezes, morre
Mas ressuscita na nova
invernada…
Trago de lá, bem dentro
de mim
O som da saudade de vozes
que não ouvi…
Casa alpendrada, viveiro
de passarinhos
Onde também dormiu um
irmão meu…
Trago de lá, o som da
saudade de risadas soltas descendo desembaladas as ladeiras do
lugar…
Trago o som da saudade
das conversas preguiçosas nas calçadas em frente à lua cheia…
Trago tão forte de lá, o
som da saudade desse silêncio intenso quebrado
Pelo pio da coruja,
Enquanto, ainda no útero,
sentia a tristeza e medo de minha mãe…
De lá, Trago também o som
da saudade da bodega da esquina onde versos e canções
saltavam de improviso
E o mais velho de meus
irmãos, escondido de meus pais, tinha seu primeiro emprego,
despachando a cachaça no
balcão…
Trago em mim, tão forte,
tão intenso,
Essa terra, esse chão
árido, esturricado pelo sol,
Mas que com um pouco de
chuvisco explode em verde, flor e mel
Explode em Vida!
Trago sempre em mim a
infinita gratidão
De ser filha dessa terra,
de fala doce, cantada…
A mansidão na cadeia
genética…
E Força de quem tem
dentro de si
A certeza de ser também
Mais um
Sobrevivente!
São José do Egito-PE
Goretti Santos
06/06/2023
Traz a veia poética sertaneja com os sentidos de flor que nasce nos pés dos maracujás e dos mandacarus. Sabe seu Moço, ela sabe louvar.
ResponderExcluirO rogada bela belezura que nasceu do ventre de uma Jovem
❤️❤️
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