por REJANE MENEZES

Ninguém
poderia imaginar, nem mesmo a sua família, que aquele menino de aparência tão
frágil, fosse se tornar um gigante, se não em estatura física, com certeza, em
estatura espiritual.
Helder,
Padre Helder, Dom Helder Camara, Dom Helder, ou simplesmente, DOM. Não importa
como o chamem, seu nome estará ligado para sempre aos grandes passos da Igreja
Católica do século XX. Com ele, a Igreja caminhou em direção aos menos
favorecidos, aos oprimidos, ficando assim, ainda mais próxima de Jesus Cristo.
Poderia
citar inúmeros lugares no mundo que são privilegiados por sua beleza natural,
por seu desenvolvimento social ou econômico. Escolho três: O Ceará, o Rio e
Janeiro e Pernambuco. O primeiro por ter sido o estado onde nasceu Helder. O
segundo, por ter sido o lugar onde o Pe. Helder pode realizar seus primeiros projetos
na área social e o terceiro, por tê-lo como arcebispo, por 30 anos e mais
ainda, por tê-lo como arcebispo emérito
até o dia de sua partida para a casa do Pai.
Homem
de visão além de seu século, rumava ao terceiro milênio com a serenidade dos
sábios e a grandeza dos profetas. Por onde passava, deixava as marcas de seus
pequenos passos, que percorreram todo o mundo, clamando por justiça e paz.
Mestre
de tantos expoentes, não apenas da Igreja Católica, mas também fora dela,
chegou aos 90 anos cercado dos amigos, dos irmãos, que amealhou com seu jeito
tímido para receber homenagens, mas desinibido e fervoroso, para defender as
vítimas da fome, da miséria, da violência, da opressão, para defender enfim, a
igreja de Jesus Cristo.
Abençoado
seja o papa Paulo VI por, em tempo, ter
nomeado Dom Helder arcebispo de Olinda e
Recife, mudando a decisão de enviá-lo a São Luiz do Maranhão ( os maranhenses
que me perdoem o egoísmo).
A
CNB, a Campanha da Fraternidade e o CELAM, talvez não existissem hoje, se Dom Helder não tivesse optado em ser padre. O
Concílio Ecumênico, com certeza, teria uma cara diferente, se não fosse a sua
presença constante, não nas salas de discussão, mas nos bastidores, alinhavando
, ponto por ponto, os seus avanços.
Encontro
de Irmãos, Operação Esperança, SERENE, ITER, CEBs, SEDIPO, Comissão de Justiça
e Paz e Obras de Frei Francisco : uns não teriam existido, outros não teriam
passado pela experiência evangélica a que foram submetidos, se por aqui, não
houvesse passado o arcebispo que um dia, duas crianças compararam a E.T., à
saída do filme, quando disseram que gostaram do extraterrestre “por ele ser
feio e bonzinho como o senhor”.
Tive
a alegria e o privilégio de conhecê-lo pessoalmente e conviver um pouco com
ele. Tive ainda a honra de participar da organização dos festejos de seus 90
anos e, dez anos depois, da preparação
da celebração de seu centenário.
Sua
humildade, seu jeito leve de viver a vida, a sua sabedoria, continuam vivos,
não apenas nos escritos que deixou, mas, sobretudo pelo exemplo de vida,
gravado na memória de todos que com ele conviveram.
São
104 anos de uma vida que, com a mais absoluta certeza, não foi vivida em vão.
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