Hoje temos a alegria de receber um novo colaborador para o PortaVoz. Que ele seja muito bem - vindo. O Porta Voz está muito feliz com a sua vinda.
Por Kinno Cerqueira
Na peça A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de
William Shakespeare, faz-se ouvir uma voz que traduz a angústia que habita o
mais profundo da experiência humana: “Ser ou não ser, eis a questão...”.
Esta questão posta por Sheakespeare parece ter estado bem presente na
tradição geradora da literatura joanina, em especial da Primeira Epístola de
João.
O leitor atento logo perceberá que esta epístola fala de dois
tipos de existências: “a existência sem amor” e “a existência no amor”.
A existência sem amor designa o humano fascinado pela própria
imagem, incandescido por seu próprio brilho, ensurdecido pela vibração da sua
própria voz, enfim, preso no claustro de seu egoísmo. Seu contrário é a
existência no amor, a qual descreve o ser humano que, por meio do amor,
faz a experiência de libertação de si mesmo, tornando-se capaz de sair de si
para encontrar-se com o outro e no outro.
A existência no amor é iluminativa, porque desensombra que o
sentido da vida reside num movimento “para-além-mim”, que permite aprofundar a
identidade do meu “eu” no encontro com um outro que, justamente por ser
diferente de mim, faz-me ser mais plenamente humano (1 Jo 2,10). A
caminhada do nosso eu para um outro constitui a dilatação interior que nos
possibilita acolher o Amor, que é Deus mesmo (1 Jo 4,8).
A existência sem amor é solitária, sombria, tenebrosa. A
existência sem amor é a fonte geradora de preconceitos, pois os preconceitos
resultam do egoísmo que me faz querer que todas as pessoas sejam iguais a mim.
O não-amor (que é o egoísmo) se revela no fechamento, na indisposição para
o outro, na exarcebação do medo de que a singularidade do outro
questione a absolutidade do meu eu.
No amor não existe medo; antes, o verdadeiro amor lança fora
o medo... (1 Jo 4,18). A liberdade do amor não conhece trincheiras, pois nada é
tão forte que não seja tão fraco diante do amor.
A esta altura, penso que não seria demasiada
imponderação redizer a afirmação de
Sheakespere em linguagem joanina: “Amar ou não amar, eis a questão...”.
Kinno Cerqueira é pastor batista e assessor do CEBI (Centro
de Estudos Bíblicos) - na área de estudos bíblicos.
Excelente e profundo!!!
ResponderExcluirGrato,companheira Kaetana. Sua visita muito nos alegra!
ExcluirGrato,companheira Kaetana. Sua visita muito nos alegra!
ExcluirParabéns!👏👏
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