Por Marcelo Barros
Em
meio às notícias aterradoras de desastres climáticos em todo o mundo, incêndios
criminosos na floresta amazônica e na África, nesta semana, a ONU nos convida a
celebrar a atenção e cuidado com a camada de ozônio que protege o planeta
Terra. É preciso que toda a humanidade saiba: o ozônio é um gás volátil (O3)
que se encontra na atmosfera. Ali, entre 25 e 30 quilômetros de distância da
superfície da terra, existe uma camada de ozônio que tem como função absorver a
radiação ultravioleta do sol e, assim, proteger plantas, animais e seres
humanos desses raios que devem ser filtrados para não nos fazer mal. Se, na
atmosfera, essa camada de ozônio diminui ou mesmo desaparece, nós e os animais ficamos
expostos a várias enfermidades e problemas.
No
começo da década de 70, vários tipos de câncer e doenças de pele começaram a se
espalhar de forma inusitada. Os cientistas descobriram que era por causa da
destruição da camada de ozônio e a culpa era de gases industriais lançados na
atmosfera. Foram necessários anos para convencer os industriais. Somente em
1987, os cientistas conseguiram que os governos assinassem o Protocolo de Montreal, tratado no qual
46 governantes se comprometeram a parar a fabricação de clorofluorcarbono (CFC),
principal fator da destruição do ozônio na atmosfera. A partir daquele 16 de
setembro de 1987, cada ano, nessa data, se celebra o dia internacional de proteção à camada de ozônio”.
Conforme
os dados que temos, desde a assinatura do documento de Montreal, a produção do
CFC em todo o mundo caiu 76% em relação aos anos anteriores ao tratado.
Entretanto, no mercado negro, a cada ano, ainda são vendidas mais de 30 mil
toneladas de CFC, em forma de gás para geladeiras e latas de spray. Isso mostra
que não basta a lei para mudar a realidade. É preciso uma mudança cultural.
Esse é o objetivo do dia de proteção à camada de ozônio. Cuidar da proteção da camada de ozônio é
responsabilidade dos governos e organismos internacionais, mas é igualmente importante
que todos os cidadãos, entrem nessa campanha. Quando facilitamos queimadas, quando
usamos sprays como inseticidas e desinfetantes, estamos comprometendo a camada
de ozônio. E não pense você que um aerossol aqui e ali não faz mal. Está
provado que a basta a incidência desse tipo de prática em um conglomerado
urbano e já os cientistas percebem mudança na camada de proteção à Terra.
Há
cinco anos, o papa Francisco propôs que toda a Igreja Católica assumisse o
costume das Igrejas orientais (ortodoxas) de dedicar o primeiro domingo de
setembro ou uma data conveniente desse mês a orar e meditar no cuidado com a
criação, a Terra, às águas e toda a natureza. Infelizmente, até aqui, no
Brasil, poucas dioceses têm assumido essa bandeira. Muitos bispos e padres
confessam que nem tinham ouvido falar dessa proposta. É preciso que as comunidades
locais e as pessoas de boa vontade lembrem a seus ministros que deveriam seguir
as orientações do papa não somente quando esse emite normas conservadoras e
rígidas, mas também e principalmente quando esse dialoga com as melhores causas
da humanidade e propõe um caminho para o bem comum não só dos cristãos, nem
mesmo só dos seres humanos e sim de toda a Vida no planeta.
Daqui
a poucos dias, bispos católicos de todo o mundo se reunirão em Roma com o papa
no Sínodo sobre a Amazônia. Uma novidade desse sínodo é que o documento de
trabalho que os bispos receberam para prepará-lo afirma: “A ecologia integral faz parte essencial da missão das Igrejas cristãs e
Deus pede de todos nós uma conversão que não é somente no plano individual e
moral, mas deve ser uma conversão ecológica em nosso modo de nos relacionar com
a Terra, nossa casa comum e todos os bens da criação”.
Pelo
fato de que todas as Igrejas cristãs e também algumas outras religiões têm sido
cúmplices ou omissas em relação a esse modelo de civilização destruidor da
natureza, essa conversão ecológica é urgente e fundamental. É preciso criar uma
mais sólida formação e uma nova sensibilidade das comunidades espirituais com
relação ao cuidado com a natureza e em especial com a camada de ozônio que
protege a vida.
MARCELO
BARROS é monge beneditino e escritor. Tem 44 livros publicados, dos
quais “O Espírito vem pelas Águas", Ed. Rede da Paz e Loyola.
Email: irmarcelobarros@uol.com.br
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