Por MARIA CLARA LUCCHETTI
BINGEMER

Vivemos
um momento em que os símbolos cristãos vão sendo progressivamente tragados pela
onda de modernidade e técnica secularizada que os destrói para transformá-los
em espigões de mau gosto; ou que os oculta em benefício do lucro e do concreto
armado. Aqui e agora exatamente é digno e justo celebrar um dos poucos
direitos que restaram ao carioca que assiste desolado à progressiva destruição
de sua cidade pela violência e pelo tráfico: extasiar-se a cada dia na
contemplação dessa estátua, que é o símbolo do Rio e que desde o alto de sua
posição privilegiada contempla e abençoa a cidade.
Tão
forte é o poder de atração do Cristo Redentor que sua beleza foi celebrada por
crentes e não crentes, em escritos, música, pinturas, esculturas. E
também charges, tiras humorísticas, desenhos, cartoons, cinema. Enfim
todas ou quase todas as formas que o espírito humano encontra para expressar a
beleza, a riqueza da forma, a inspiração que se faz tempo e espaço e assim se
imortaliza já voltaram seus olhos para o Cristo Redentor, a fim de retratá-lo,
e sobre ele provocar reflexão.
Aqueles
que, como eu, nesta cidade cada dia mais desumanizada por um crescimento urbano
desordenado, ainda conseguem ver da janela de seu local de trabalho a figura do
Redentor sabem o privilégio que têm e como isso é importante em suas vidas, nas
pausas de um ritmo de trabalho às vezes frenético e desintegrador. Olhar
para o Cristo conforta os olhos, a mente e o coração.
É impossível chegar de avião, de volta de uma viagem – longa ou curta, não importa – sem sentir ressoar nos ouvidos o famoso e belo “Samba do avião”, do maestro Antonio Carlos Jobim: “Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara”... E quando, de minha janela, olho o Cristo e sinto-me revigorada para continuar a luta cotidiana, tampouco posso deixar de recordar-me de outra canção do Maestro maior da MPB: “... da janela vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo!” E sinto que quero a vida sempre assim.
É impossível chegar de avião, de volta de uma viagem – longa ou curta, não importa – sem sentir ressoar nos ouvidos o famoso e belo “Samba do avião”, do maestro Antonio Carlos Jobim: “Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara”... E quando, de minha janela, olho o Cristo e sinto-me revigorada para continuar a luta cotidiana, tampouco posso deixar de recordar-me de outra canção do Maestro maior da MPB: “... da janela vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo!” E sinto que quero a vida sempre assim.
Daqui
não desejo sair, cidade querida que me viu nascer e sempre amei.
Apesar da triste insegurança que hoje reina em tuas ruas; apesar da
violência; apesar do caos urbano e do trânsito engarrafado; apesar do calor
inclemente que nos massacra nove meses ao ano. Olho para o Cristo Redentor e
parece-me que ouço saindo de seus lábios a passagem do evangelho de Lucas que
Jesus pronuncia dolorosamente sobre Jerusalém: “Ah se tu soubesses nesse dia o
que te pode trazer a paz...”.
E
sinto que enquanto o Redentor estiver de braços abertos sobre a Guanabara,
haverá redenção, haverá futuro para o Rio de Janeiro, cartão de visita do país,
muitas vezes abandonada pelos governantes, mas certamente não esquecida por
Deus.
Maria Clara Bingemer é
autora de "Deus amor: graça que habita em nós” (Editora Paulinas), entre outros
livros. (wwwusers.rdc.puc-rio.br/agape) É, teóloga, professora do Centro de
Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio.
Copyright 2013 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER – Não é
permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico
ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária
(mhpal@terra.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário