Por ASSUERO GOMES

Depois veio Joseph Arthur de Gobineau, um
falso conde francês, que apareceu por nossas plagas para conversar com D. Pedro
II sobre nossa degeneração racial, mas faz muito tempo e é uma conversa de
elites, como não sou da elite, não tenho nada com isso.
Nos Estados Unidos chegou a era de Jim
Crow, mas isso era lá com os negros e asiáticos daquele país e não tenho nada a
ver com isso, muito menos com o Dr.
Charles Davenport.
Não tenho ascendente armênio, nem
conhecidos nem amigos, nem qualquer laço de parentesco. O que o estado turco,
Império Otomano, fez com eles no começo do século XX não nos diz respeito.
Tiergartenstrasse 4, Berlin, esse era o
endereço e fonte da sigla do programa Aktio T4, que funcionou de outubro de
1939 a agosto de 1941, que eliminou ou esterelizou pessoas com problemas mentais
e deficientes físicos, doenças incuráveis e até idade avançada, inicialmente
com pessoas alemãs, numa “piedosa” abreviação de vidas que não “mereciam ser
vividas”. Médicos, repito, médicos eliminaram 70.273 pessoas. Esse programa
evoluiu para um dos piores genocídios que a humanidade conheceu, mas os
‘cidadãos de bem’, os bons citados por Luther King, não se envolveram, nem
ouviram falar na época, nem nada falaram.
Não importa se o Brasil foi o primeiro país
da América Latina a criar sua sociedade eugênica em 1918, sediada em São Paulo,
que visava a purificação da raça brasileira evitando-se a imigração de pessoas
não brancas e o casamento entre pessoas brancas e não brancas, para higienizar
a raça…
O que parecia impossível no campo da
ideologia política aconteceu no casamento de Adolfo e Eugenia: presentes os
milionários ultracapitalistas americanos John D. Rockefeller, Harriman,
Carnegie e tantos outros, ao capital uniram-se cientistas de Harvard, Yale,
Princeton e Stanford, o comandante Che com seus campos de reeducação forçada
para jovens cabeludos roqueiros, usuários de canabis ou homossexuais, os
camaradas de Mao com seus milhões de fetos abortados por política de estado ou
escolha de gênero, e agora os “companheiros” brasileiros trazendo os fetos
anencéfalos, e depois trarão os cardiopatas, os com brida amniótica, os
inviáveis, os com Síndrome de Down, e depois aqueles que as próprias mães não
quiseram mais, gerados após uma noite etílica. Trazem ainda centenas de
embriões congelados sobrantes no limbo da inseminação artificial.
Triste festa da antihumanidade, celebração
da morte.
Assuero Gomes é
Médico e escritor – assuerogomes@terra.com.br
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