Por ROSSANA MENEZES
Diretor: John
Madden
Roteirista:
Ol Parker (screenplay), Deborah Moggach (novel)
Elenco: Judi
Dench, Tom Wilkinson, Bill Nighy

O exótico hotel Marigold é uma produção
dos EUA, Reino Unido e Emirados Árabes (?). Com um elenco brintânico e indiano
o filme narra a história de 7 aposentados do Reino Unido que resolvem, por
diferentes razões, ir à Índia. Eles ficariam hospedados no Marigold. Um
excelente Hotel voltado para a terceira idade. Chegando lá eles descobrem que a
história é outra.
O filme não é hilário, mas dei boas
risadas. O elenco é de primeira e a direção extremamente cuidadosa. Se bem que
com um elenco desses, o diretor é quase dispensável. A fotografia do filme é
belíssima. Mostra uma Índia caótica, mas extremamente alegre, colorida,
dinâmica.
Essa é uma daquelas histórias sobre gente.
Sobre experiências sociais e antropológicas. Fala de preconceito, do pior tipo.
Fala de adaptação, luto, aceitação. Sobre aceitar não só as diferenças, mas se
aceitar. As limitações da idade. Fala de amor, dos mais variados tipos. Do amor
impossível, no melhor estilo Romeu e Julieta, do amor diferente,
não-covencional, pelo menos para a maioria. É um filme leve e ainda assim
recheado de reflexões.
Engraçado que me identifiquei muito com o
filme. Não por causa da questão da idade. Calma, ainda não cheguei lá. Mas sim
por causa das diferenças. É muito interessante morar no Brasil e achar que
somos um povo misturado. Que existe diversidade cultural, que não existe
segregação. Tudo isso é balela. Brasileiro é preconceituoso até dizer basta. Ao
chegar em Toronto eu vi o que era diversidade cultural de verdade. Não é apenas
o branco, o negro e o índio e suas misturas. É O canadense, o indiano, o
brasileiro, o grego, o italiano, alemão, francês, holandês, árabe, grego... é o
ateu, o católico, o budista, o muçulmano, o baha'i. É o branco, o muito branco,
o branco pra cacete, o negro, o marrom, o preto (aprendi que existe diferença
entre negro e preto essa semana), o nativo... é uma mistura de cores e crenças
e costumes e linguas e sotaques. É ir a um restaurante etíope e comer com a
mão, por que na cultura deles não se usa talher. Não por que eles são
selvagens, mas por que eles acreditam que você deve ter uma relação mais
próxima com o que come.
É você andar na rua e ver gente de sari,
de burka, de véu, de turbante, de cabelo rosa. É entrar no metrô e não entender
uma única palavra do que se fala, mesmo sendo fluente na língua oficial do seu
país. É aceitação. É adaptação. E o filme mostra isso. O filme mostra o
preconceito com o diferente, a descrença na capacidade do outro, a crença
deturpada na inferioridade de outros seres humanos.
Fora tudo isso o filme serviu pra mim como
uma prova de que eu, como diríamos na linguagem nerd, "subi de
nível". Quando cheguei ao Canadá eu entendia muito bem os canadenses, mas
tinha dificuldades de entender outros sotaques. Assim como tenho certeza que
algumas pessoas tinham dificuldade em me entender. Hoje eu vejo que não tenho
mais esse problema.
Enfim, está super
recomendado.
Rossana Menezes é jornalista, fotógrafa e designer gráfica.
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