Por Roberta Barros
Durante quinze dias eles conheceram o cotidiano e a
realidade de jovens e adolescentes Europeus precisamente a realidade da Suíça.
Ao regressarem ainda no Boeing, que nos trazia de
volta, a meninada tagarelava incessantemente, sobre o que tinham visto, vivido e observado, nas terras do além mar.
Perguntamos
especialmente a uma das menores meninas, sobre suas impressões acerca do velho mundo, e
ela respondeu na ponta da língua: “Notei que em todas as casa existiam uma biblioteca, seja pequena ou
grandona, mas tinham”.
Naquela época,
aquela criança tinha perdido recentemente o pai para o tráfico de drogas.
Hoje, treze anos depois, a mesma menina tornou-se
arte-educadora, e planeja junto à
organização não governamental, que lhe convidou a realizar tal viagem, e que em
2013, completará trinta anos, a implantar trinta bibliotecas domiciliares em
sua comunidade e em bairros vizinhos, todos com grandes índices de violência.
Fruto de um sonho de criança que se torna realidade,
pois uma das primeiras bibliotecas será implantada em sua própria casa, sua filha
com quatro anos já participa das ações do recente projeto.
Os livros todos recebidos via doação, espalhará luzes e
saberes, por ladeiras e escadarias dos córregos e morros, da sofrida
comunidade, mostrando ser possível trocar os caminhos e acessos, antes feitos
pelas drogas e violência, por o mundo da leitura, da cultura e do sonhar.
A jovem que
viajou em 2000, e a organização não governamental que desenvolve o projeto,
acreditam que esta pequena experiência, começa com um grande objetivo, que é levar a estas crianças e adolescentes a
possibilidade de, a partir de sonhos infantis, mudarem uma cruel
realidade, onde a luta incessante para sobreviver à miséria, ao tráfico e a
violência lhes transformam em heróis anônimos, que vivem duelando diariamente na luta do bem contra o mal.
Mesmo tímida e sem os grandes exemplares e mobiliários,
como é comum na fria, bela, e desenvolvida Suíça, as pequenas bibliotecas
vão surgindo, e, como também diz a música: “No Lixo também nascem flores.”
Roberta Barros é pedagoga e fundadora da CAMM
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