Prof. Martinho Condini
Caras companheiras e
companheiros, desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, já mencionei
em artigos anteriores a minha indignação em relação a postura das nações
imperialistas ocidentais e a mídia ocidental de um modo geral, quando afirmam a
postura heroica de Zelenski, presidente da Ucrânia e a condição de criminoso de
guerra de Putin, presidente da Rússia. Já disse e repito, pau que bate em Chico
deveria bater também em Francisco, mas isso não ocorre nessa mídia hipócrita do
mundo ocidental imperialista (com exceções, é claro).
Mas para encerrar essa
reflexão, hoje vou reproduzir o ótimo artigo Pelo Livre Direito de Chorar, do sociólogo Lúcio Carril*, publicado em sua coluna no BNC - Brasil Norte Comunicações, em 08 de março de
2022.
Este artigo de Carril coloca
uma pá de cal sobre essa temática que tanto incomoda a mim, e com certeza,
companheiras e companheiros leitoras e leitores da minha coluna neste blog. O
artigo de Carril deixa muito claro para nós, a existência de narrativas
manipuladoras sobre as guerras.
Pelo
Livre Direito de Chorar
“A Globo agora diz por
quem você deve chorar. Como não te mandou chorar pelos 500 mil mortos na Síria.
Você também não chorou pelos mortos do Iraque, da Líbia, da Iuguslávia, da
Somália. Você só chora por quem te mandam chorar.
A CNN mandou você chorar
pelos refugiados da Ucrânia. Pessoas desesperadas com as bombas que voam sobre
suas cabeças. Mas a CNN não mandou você chorar pelos 6 milhões de refugiados da
Síria. Nem pelos 2,7 milhões da Iugoslávia (atual Bósnia e Herzegovina.
Croácia. Montenegro).
A Band mandou chorar
pelas crianças presas na Rússia. Uma abominável atrocidade. Mas a Band não
mandou você chorar pelas mais de 100 crianças mortas nas repúblicas de Donetsk
e Lugansk, vítimas dos bombardeios de drones mandados por Zelenski.
A mídia que controla teu
choro já controla tuas emoções há muito tempo. Teu choro se tornou seletivo
porque você só chora por quem te mandam chorar.
Chore pelos 250 mil
mortos de Hiroshima e Nagasaki. Chore pelo povo queimado com a bomba nepalm no
Vietnã. Chore pelas mulheres estupradas pelo exército americano no Afeganistão.
Se quer chorar, chore
pelas mulheres, homoafetivos e negros e
negras mortos todos os dias no Brasil.
Quem diz hoje por quem
você deve chorar está por de trás de todas as maldades neste mundo. Aquelas
maldades que poderiam fazer explodir de tanta indignação, mas não te contam. Só
falam pra você aquilo que querem que te faça chorar.
Mas pense bem. Podemos
chorar juntos, mas teremos que fazer de nossas lágrimas um pingo de mudança
neste mundo, onde ninguém mais tenha que dominar o nosso choro.
E não choremos mais de
tristeza. Todas nossas lágrimas serão de felicidade pela vida que florescerá da
paz e da justiça. ”
Deixo
aqui o meu cordial e fraterno abraço ao companheiro Lucio Carril.
*O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros ‘Dom Helder Camara um modelo de esperança’, ‘Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo’, ‘Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire’ e o DVD ‘ Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro ‘Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza’. Contato profcondini@g
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