Marcelo Mário de Melo
Tu-arte és maior que Ellis-CPF-Regina.
Marulham em ti os vôos e abismos
que assomam nos lampejos do gênio
o vagido das vacas parindo
os urros dos garrotes castrados
o galope dos garanhões
tomando as éguas de assalto
o choque dos meteoritos
as chamas das estrelas cadentes
os mendigos ouvindo os sinos de Natal
o corpo despencando do andaime
o cão ante o cadáver do dono
o preso na câmara de gás
a criança morrendo no ventre
o rato roendo as entranhas
o encanto da chuva com sol
a agudeza dos estilhaços de vidro
o corte fundo de navalha
a luz do brilhante
o som do cristal
o balé da caixinha de música
A corrida na roda gigante.
as imagens na Casa dos Espelhos
a moça nua no rio
o esplendor da campina florida
o corpo quente do amante
o apito do trem no meio do sonho
o eclipse
a girândola
a uva na boca
o ácido nos olhos
o carinho e a fúria
o avião e o submarino
o cemitério e o circo
Diante de Tuarte
os fortins racionalistas se esboroam
o corte no dedo o coração as pestanas
latejam nas tuas diástoles
que marejam lágrimas
deixando-nos despidos
simplesmente humanos.
(Penitenciária Professor Barreto Campelo, janeiro de
1978, Itamaracá-PE, depois de ver na TV Ellis cantar O Bêbado e o Equilibrista)
Nenhum comentário:
Postar um comentário