Marcelo Barros
Daqui a poucos
dias, o Brasil vai viver o segundo turno das eleições presidenciais e de vários
governantes estaduais. Principalmente,
na opção por Lula ou pelo atual presidente, o que está em jogo são duas
propostas ou projetos de país. Enquanto a extrema-direita ainda assusta as
pessoas com o fantasma do Comunismo e provoca o medo de crentes com boatos de
que, se eleito, Lula fecharia Igrejas, o projeto do seu candidato está ligado
aos interesses de empresas mineradoras, de madeireiras, do latifúndio e do
capital internacional. Retomam acusações sobre a corrupção do PT, mesmo se a
corrupção na Petrobrás explodiu com os chamados “anões do orçamento”, em 1993, dez anos antes de Lula assumir o governo. Sabe
que, nos governos do PT, a polícia federal teve como nunca liberdade para agir
e os processos de corrupção, antes engavetados, vieram à tona.
Atualmente, comparado
com o que foi o chamado mensalão ou outros esquemas de corrupção ocorrido
durante governos do PT, o “orçamento secreto” do atual presidente rouba do país
uma soma equivalente a muitos mensalões. É claro que nenhum erro justifica
outro. No entanto, na história do Brasil, quase sempre, acusações de corrupção
servem de pretexto para que a direita desacredite a democracia e cometa crimes
ainda piores.
A coligação de
partidos que propõe Lula como presidente tem como base retomar um projeto de
país para todos os brasileiros e brasileiras. A prioridade é garantir o direito
universal à alimentação, à moradia e a condições de vida digna para mais de 33
milhões de brasileiros/as, nestes anos recentes, reduzidos à fome e à extrema pobreza.
É urgente salvar o que ainda é possível da Amazônia e da sustentabilidade dos
biomas brasileiros.
Trata-se de eleger
alguém que, ao contrário do atual presidente, seja capaz de dialogar positivamente
e de forma inteligente com o poder legislativo e com o judiciário, assim como
com todos os segmentos da sociedade para construirmos novamente um país inclusivo
para todos/as. Lula já demonstrou ser a pessoa mais competente para fazer isso.
É preciso ter
clareza: quando o Evangelho diz que o Verbo, a Palavra de Deus, se fez carne,
afirma que o amor divino assume a realidade do mundo como ela é. Encarna-se,
isso é, se insere na caminhada da humanidade, sem transformá-la em Cristandade,
evangélica ou católica. O projeto de país deve ser laico e pluralista, aberto a
todos os cidadãos e cidadãs, a serviço da Paz, Justiça e Cuidado com a Terra e
a natureza.
Quem é discípulo
ou discípula de Jesus deve dar testemunho de que é capaz de conviver como irmão/ã
com toda e qualquer pessoa humana, seja de que religião for, ou sem nenhuma
tradição específica. Jesus não veio ao mundo para organizar religião. Afirmou:
“Eu vim para que todos/as tenham vida e vida em abundância” (Jo 10, 10).
Na sexta-feira, 7
de outubro, líderes religiosos/as de diversas tradições publicaram uma “Carta
aberta às mulheres e homens de fé do Brasil”. Nesta carta, afirmam: “Nós, líderes religiosos e de diferentes
credos e tradições, direcionamos nossa voz ao povo brasileiro. Nesse momento
político conturbado, violento e disputado pelas redes sociais, convidamos todas
as pessoas a assumirem sua cidadania, escolhendo cuidadosamente seu candidato e
verificando seu alinhamento com os valores comuns às mais diversas tradições de
fé que permeiam o coração do nosso povo...” (...). No final,
concluem: “Não silenciemos! Escolhamos o
Presidente do Brasil impulsionados pela FÉ e pelo compromisso com uma vida
digna e justa para todas e todos. Nesse sentido, declaramos nosso voto e apoio
ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, por entendermos que é nossa única
opção para reconstruir o Brasil comprometida com a DEMOCRACIA, PLURALIDADE e
JUSTIÇA SOCIAL”. Na íntegra, a carta pode ser lida no site do MST:
https://mst.org.br/2022/10/08/carta-aberta-as-mulheres-e-homens-de-fe-do-brasil/
Que a palavra
profética destes irmãos e irmãs possa ressoar para todas as pessoas e
comunidades de fé.
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