Por MARCELO BARROS

A ONU também revela que, cada vez mais os
conflitos entre nações ocorre não mais simplesmente por territórios, mas pelo
direito do uso de águas de rios e lagos. Em Israel, o governo israelita desviou
as águas do rio Jordão e canalizou-as em tubos subterrâneos, de forma que os
acampamentos e assentamentos palestinos não podem delas se beneficiar. Um
jornal palestino conta que na cidade de Caná da Galiléia, onde, segundo a
tradição, Jesus transformou a água em vinho, o prefeito atual da cidade
declarou: “Se, hoje, Jesus voltasse por aqui, nós lhe pediríamos para
transformar vinho em água”.
O Brasil detém 12% de toda água doce do
mundo, mas como em todo o planeta, essa distribuição é desigual e problemática.
O Nordeste brasileiro enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos. No cerrado e em
todo o planalto central, as pesquisas revelam uma assustadora diminuição das
fontes de água e do nível hidrográfico dos rios. Nessa região sempre houve
secas. Hoje, é diferente a intensidade e a frequência com que esses fenômenos
ocorrem. Diferentemente de antes, agora, com o desflorestamento e a destruição
da natureza, é a sociedade humana que provoca desastres ecológicos como secas,
terremotos e inundações. Infelizmente as religiões e tradições espirituais que
deveriam dar à humanidade uma cultura amorosa de relação com a terra e as
águas, não têm vivido com êxito essa missão. A maioria das tradições espirituais
acredita que a vida nasceu a partir das águas e por isso a água é sempre
símbolo e instrumento do Espírito de Deus. Na Bíblia e nos evangelhos, Jesus promete
o Espírito Santo como água viva que quem beber jamais terá sede. Em vários
países, cristãos e pessoas conscientes dessa espiritualidade têm vencido importantes
lutas legais contra a privatização da água e têm participado de comissões de
defesa de rios, lagos e fontes de água. Nesse ano da cooperação mundial da
água, as comunidades cristãs são chamadas a verem a água como instrumento de
comunhão entre as pessoas e da solidariedade entre os povos. É possível e bom aprofundar
a relação entre pessoas, como também entre povos através da partilha da água comum.
Assim como os cristãos reconhecem na partilha do pão o próprio Jesus presente, agora
somos convidados a testemunhar o Espírito Divino presente em cada pouco d´água
que partilhamos como sacramento da presença e ação do Espírito Mãe da Vida.
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