Por MARCELO BARROS

Mesmo se as tradições espirituais falam em
ressurreição dos mortos ou em alguma forma de vida depois da morte, sem dúvida
há pessoas cujo testemunho de vida vai além da sobrevivência física. Sem
dúvida, todos os que amam a causa da transformação do mundo lamentam a partida
do presidente Chávez. Sua partida do nosso meio deixa um vazio imenso e é um
grande golpe para todos os que aprenderam a estimá-lo e a considerá-lo como
comandante do processo de mudanças sociais e políticas emergentes em nosso
continente. Seu carisma único, sua inteligência brilhante, sua sensibilidade
humana rara e, poderíamos dizer, sua mística revolucionária nos fará falta e é
insubstituível. Entretanto, sua herança continuará viva e atuante.
O ideal libertador de Simon Bolívar nunca
ficou apagado ou esquecido em Venezuela e em vários países do continente. No
entanto, a partir da década de 70, um grupo de jovens militares, liderados por
Hugo Chávez, propôs um novo bolivarianismo. Baseado na educação para todos, na
valorização das culturas autóctones, na igualdade entre homens e mulheres e no
cuidado respeitoso com a natureza, assim como na radicalização da democracia,
esse ideal bolivarianista ganhou uma dimensão revolucionária e socialista
inédita na história do continente. Essa bandeira ninguém conseguirá roubar nem
derrubar. De fato, sem mistificações nem endeusamentos inadequados, é verdade
que o presidente Chávez assumiu nesses anos recentes a figura de um novo
Bolívar, totalmente consagrado à libertação do seu povo e à integração do nosso
continente como uma pátria grande e libertada. Sem dúvida, sobre ele, se
poderia aplicar o que um biógrafo afirmou de Simon Bolívar: “independentemente
de religião, pelo fato de ter assumido no mundo um projeto de vida e de
libertação motivado pelo amor solidário, ele era um santo secular”.
Como toda pessoa humana e principalmente
alguém muito visado pelos meios de comunicação, o presidente Chávez teve suas
limitações e pode ser criticado por isso ou por aquilo. Entretanto, apesar de
tudo, a partir de agora, em todo o continente latino-americano, quando em
qualquer encontro ou evento social, alguém pronunciar o nome do presidente Hugo
Chávez, haverá sempre um grupo imenso de pessoas, cidadãos dessa nova pátria
grande, que responderão: Presente!
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