Por Frei Betto
Homem
de fé que sou, e ainda mais mineiro, sempre desconfiei dessa ciência
influenciada pelo marxismo. Se a Terra fosse redonda e girasse em torno do
próprio eixo, no mínimo deveríamos sentir tonturas. Esse preconceito contra o
geocentrismo de Ptolomeu decorre dos malévolos conceitos paulofreirianos
assumidos por Copérnico e Galileu. Eles adotaram o princípio marxista de que o
lugar social determina o lugar epistêmico, e ao retirar os pés da Terra para
fixá-los no Sol, inventaram a teoria do heliocentrismo. Ora, basta erguer os
olhos ao céu e constatar que o Sol gira em torno da Terra, caso contrário não
haveria dia e noite.
Não
há nada de anacronismo quando acuso Copérnico e Galileu de influência marxista.
Nosso chanceler, Ernesto Araújo, já demonstrou que as teorias de Marx, tão
perniciosas, precedem o próprio Marx, pois, segundo ele, o “marxismo
cultural globalista” teve como marco inicial a Revolução Francesa.
Outro
absurdo pretensamente científico, que espero seja corrigido pela Escola sem
Partidos, é a teoria de que nós, seres humanos, descendemos dos símios. Somos
descendentes diretos de Adão e Eva! Está na Bíblia! Decorremos da Criação
divina, e não desses macacos que se dependuram com o rabo nos galhos, enquanto
descascam bananas com as mãos.
Sim,
sei que Adão e Eva tiveram dois filhos homens, Caim e Abel. O fato de estarmos
aqui se explica porque ao menos um deles transou com a mãe. Contudo, na época o
incesto ainda não era pecado. No máximo, um mal necessário, como hoje a liberação
de armas de fogo para a defesa da vida.
O
marxismo é como essas partículas de poeira que flutuam no ar e são vistas
apenas quando forte incidência de raio solar atravessa à nossa frente. Toda a
nossa cultura, em especial a história e a arte, está contaminada pelo marxismo.
Afirmar que Moisés libertou os escravos do Egito é pura ideologia. Não havia
escravos às margens do Nilo, havia servos. E o grande feito de Moisés não foi
libertar escravos, e sim abrir caminho para os hebreus, em terra seca, entre as
águas do Mar Vermelho (que, de fato, era ocre, mas a influência comunista...).
Não
existe Estado laico. Há que se definir, ou é de Deus ou é do diabo. É pura
ideologia colocar a ciência acima da fé e afirmar que o Estado é laico em uma
nação cristã.
Já
que o superministério da Economia já sabe como reduzir o desemprego, e os
problemas de saúde podem encontrar cura na igreja da esquina, faz bem o governo
em liberar, como primeiro grande gesto da nova gestão, a posse de armas! O
Estado precisa conter gastos e a segurança pública é onerosa. Melhor que cada
cidadão se defenda como pode!
E
se uma criança acessar a arma do pai?, indagam mães preocupadas. Ora, esclarece
o ministro, arma é menos perigosa que liquidificador. No entanto, não se cogita
descartar esse eletrodoméstico. O que faltou ao ministro explicar é que, como o
nome do aparelho alerta, liquidificador, além de triturar tenras mãozinhas, é
uma arma indelével, fica a dor...
Ora,
chegou a hora de dar um basta nessas ideologias nefastas que confundem a cabeça
do povo. O politicamente correto é científica e teologicamente incorreto.
Frei Betto é escritor, autor de “A
obra do Artista – uma visão holística do Universo” (José Olympio), entre outros
livros.
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