por Kinno Cerqueira [1]
O Evangelho segundo João inicia-se com um belíssimo poema ao
Deus-Palavra (1,1-18). Ao caminharmos por entre suas estrofes, salta aos nossos
olhos este lindo verso:
E a Palavra se fez carne...
(Jo 1,14a)
A Palavra, que neste poema é identificada com Jesus, faz-se
“carne” (greg. sarx), quer dizer,
torna-se como nós e habita conosco, deixando-se ser ouvida, tocada, como também
se pondo a ouvir-nos, tocar-nos e sentir-nos.
Dizer que “a Palavra se fez carne” é afirmar que “a Palavra
se fez poesia”. No interior da sequidão de nossas vidas, apareceu-nos a poesia
de Deus: Jesus, do qual se pode dizer: seus gestos foram versos de ternura; seu
olhar, soneto de paixão; sua vida, extravagante poema de amor.
Jesus é a Poesia de Deus que espera por ser lida, sentida e
experimentada por nós. Mais que isso, deseja inspirar-nos a que nós,
igualmente, tornemo-nos versos de esperança, sonetos de compaixão, poemas de
amor. E a razão para isso é clara: somente a poesia salvará o mundo.
[1] Kinno Cerqueira é pastor batista, biblista e assessor do CEBI (Centro
de Estudos Bíblicos) na área de estudos bíblicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário