Por MARIA CLARA LUCCHETTI
BINGERMER

O mestre de canto entoará o Exsultet com
júbilo e deslumbramento, constatando que seu Senhor cumpriu todas as promessas
que fez e não permitiu que seu Eleito conhecesse a corrupção e a derrota da
morte. E neste canto litúrgico proclamará: Que a Mãe Igreja alegre-se
igualmente, erguendo as velas deste fogo novo, / E escutem reboando de repente
o aleluia cantado pelo povo.
E talvez há muito tempo este canto não seja tão verdadeiro quanto nesta Páscoa que em 2013 celebramos. Porque talvez nunca uma Quaresma tenha sido tão intensa e por isso mesmo seu pascal desfecho excede em alegria e esperança. A Igreja Católica vem vivendo um verdadeiro processo pascal e agora celebrará com maior e renovado júbilo este momento de Ressurreição.
E talvez há muito tempo este canto não seja tão verdadeiro quanto nesta Páscoa que em 2013 celebramos. Porque talvez nunca uma Quaresma tenha sido tão intensa e por isso mesmo seu pascal desfecho excede em alegria e esperança. A Igreja Católica vem vivendo um verdadeiro processo pascal e agora celebrará com maior e renovado júbilo este momento de Ressurreição.
No dia 11 de fevereiro, ainda em pleno
Carnaval, Bento XVI renunciou a seu cargo de Bispo de Roma que preside todas as
Igrejas. A cátedra de Pedro ficou vazia enquanto a perplexidade tomava
conta de mentes e corações pelo mundo afora. Os dias que se seguiram
foram de desolação ao conhecer muitas das razões do corajoso gesto do Papa hoje
emérito. Mas também de especulações tateantes e conjeturas sobre quem seria seu
sucessor e o que representaria neste momento difícil da Igreja.
A comunidade eclesial no mundo inteiro
voltava seus olhos para Roma onde uma situação nunca antes vivida acontecia.
Tornava-se ciente das sombras que se haviam abatido sobre esta
instituição que é a mais antiga da história da humanidade e que parecia a
muitos inexpugnável a fatos dolorosos e obscuros como os que a mídia trazia à
luz. A sociedade secular também se interessava. E multiplicavam-se
ao redor do mundo as perguntas, o espanto, a espera.
Ao terminar o conclave, a fumaça branca foi festejada não apenas pelos católicos, mas por todos os que sabem a importância que tem o Cristianismo na história e na cultura do Ocidente. Todos os homens e mulheres de boa vontade que ainda que não se sintam membros plenos desta Igreja percebiam dentro de si um sentimento de orfandade com todas as vicissitudes que a golpeavam. A fumaça branca anunciava que havia novo Papa, que a sé de Pedro já não estava vazia. Mas quem a ocuparia.
Ao terminar o conclave, a fumaça branca foi festejada não apenas pelos católicos, mas por todos os que sabem a importância que tem o Cristianismo na história e na cultura do Ocidente. Todos os homens e mulheres de boa vontade que ainda que não se sintam membros plenos desta Igreja percebiam dentro de si um sentimento de orfandade com todas as vicissitudes que a golpeavam. A fumaça branca anunciava que havia novo Papa, que a sé de Pedro já não estava vazia. Mas quem a ocuparia.
O anúncio da alegria foi feito com voz
trêmula pelo cardeal francês. O nome pronunciado – Jorge Mario Bergoglio –
intrigou a muitos, surpreendeu a tantos. O silêncio desceu sobre o mundo
enquanto se esperava que o novo Papa se apresentasse. E Francisco chegou
ao balcão do Vaticano. Com voz acolhedora e alegre saudou: “Boa noite”. E,
antes de abençoar, pediu oração e bênção para si próprio. Estava
proclamado um novo tempo pascal para a Igreja que voltava a respirar esperança
e júbilo.
A partir daí, a simplicidade e o estilo
despojado do novo Papa têm encantado a todos. Suas palavras são pontuadas
por uma preocupação central: os pobres. E todos que o ouvimos descobrimos
que saudades tínhamos de ouvir essa palavra presente e reincidente nos lábios
do Pastor. Vindo do Sul, “do fim do mundo”, onde a pobreza e a injustiça fazem
seu trabalho predatório a cada dia sobre as vidas humanas, Francisco não
esquece e não deixa esquecer a serviço de quem está a Igreja que preside na
caridade. E sua fé proclama que estes que o mundo considera últimos são e
devem ser, na verdade, os mais queridos de Deus, os preferidos. E, portanto
devem ser a opção primeira e preferencial da Igreja de Cristo.
Com ele e por causa dele, podemos na vigília pascal cantar com verdade e alegria autênticas: Ó noite de alegria verdadeira, Que prostra o Faraó e ergue os hebreus, Que une de novo ao céu a terra inteira, Pondo na treva humana a luz de Deus. Francisco até agora não tem deixado de nos lembrar que o Evangelho que professamos nos leva necessariamente a erguer os caídos e cuidar das vítimas. As três palavras que disse aos cardeais como um programa – caminhar, edificar, confessar – necessariamente levarão a Igreja de volta à primavera do Concílio.
Com ele e por causa dele, podemos na vigília pascal cantar com verdade e alegria autênticas: Ó noite de alegria verdadeira, Que prostra o Faraó e ergue os hebreus, Que une de novo ao céu a terra inteira, Pondo na treva humana a luz de Deus. Francisco até agora não tem deixado de nos lembrar que o Evangelho que professamos nos leva necessariamente a erguer os caídos e cuidar das vítimas. As três palavras que disse aos cardeais como um programa – caminhar, edificar, confessar – necessariamente levarão a Igreja de volta à primavera do Concílio.
E a Mãe Igreja então se alegrará e cantará
aleluia! porque redescobrirá sua vocação de ser uma Igreja pobre e para os
pobres. Feliz Páscoa para todos e todas!
Maria Clara Lucchetti
Bingemer é professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, teóloga
e autora de “Crônicas de cá e de lá” (editora Subiaco), que pode ser
encomendado diretamente à escritora pelo e-mail – agape@puc-rio.br
– R$ 20,00
Copyright 2013 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)
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