Neste país o pobre, o preto, o favelado, o trabalhador, o indígena, a mulher são oprimidos e explorados desde sempre pela sociedade de supremacia branca, oligárquica, capitalista e cristã. Sempre estiveram na condição de mão de obra escrava, barata e precarizada.
Em nenhum momento da nossa história o sistema
colonização-empresa deixou de existir, até mesmo quando a “esquerda” no seu
piscar de poder não conseguiu abalar esse alicerce construído ainda no Brasil
colonial. Continuamos no papel de fornecedores de produtos primários para o
mundo industrializado.
As oligarquias rural e urbana continuam dando as cartas no
congresso nacional, sejam em governos autoritários ou democráticos. Hoje os tradicionais
grupos que comandam o congresso nacional recebem o apoio dos fundamentalistas
neopentecostais e da bancada da bala (policiais militares, civis e forças
armadas) respaldados por um governo acéfalo que tem nesses grupos apoio
incondicional.
Durante o século XX grandes pensadores como Gilberto Freire,
Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior, Darcy Ribeiro, Florestan
Fernandes, e mais recentemente Jessé Souza e Silvio Luiz de Almeida já nos
demonstraram que o DNA da nação brasileira é comprometido.
A supremacia branca rural e urbana e a escravidão são os
detentores do timão da nossa história. A vergonhosa escravidão e o racismo em
nosso país são cicatrizes que não sairão do rosto da nação brasileira, jamais.
A monarquia e a república não modificaram em nada o que foi
estabelecido nos mais de trezentos e vinte anos de colonialismo. Ainda não
conseguimos nos desvencilhar das correntes, dos açoites e da cruz que nos foram
impostas com a chegada dos portugueses nesse território, que para eles, era um
território sem lei, sem ordem e sem religião.
Há trinta e cinco anos, com a redemocratização do país nos
escondemos atrás de uma “democracia de bananas” que continua a serviço e
manutenção do privilégio das oligarquias rurais e urbanas.
Quantos brasileiros e brasileiras foram presos, torturados e
mortos na ditadura militar de 1964, para se reconquistar a liberdade. E o que
vemos há quase meio século é uma classe política a serviço dos “senhores”
eternos mandatários da nação.
Com a redemocratização acreditava-se que as reformas
estruturais (tributária, administrativa, política, previdenciária e trabalhista)
seriam realizadas. Desconsidere as duas que foram feitas para privilegiar o
patronato. A consolidação de políticas de Estado para a educação e a saúde, nada
disso foi feito até hoje.
Na agenda nacional agenda continuamos a ter em pauta o racismo,
os preconceitos e as desigualdades sociais. Enquanto essas questões não forem
enfrentadas de maneira revolucionária continuaremos nessa condição de país que
brinca de “democracia” (onde o voto é obrigatório) que elege nobres cidadãos
que ao chegarem ao poder se rendem aos
caprichos e as vontades das classes dominantes que se utilizam do Estado para
manter seus privilégios.
Enquanto prevalecer a tirania do Estado, por meio de uma
classe política mais interessada na manutenção do poder pelo poder, atrelada a
um judiciário sem credibilidade e acompanhada de oligarquias que tem como único
objetivo os seus ganhos e lucros, sobram às classes populares a indignação, a
resistência e a luta.
Diz o ditado, “o cavalo passa selado a nossa frente apenas
uma vez, se não montarmos, já era”. Já
tivemos uma grande oportunidade de mudar a história desse país para sempre.
Hoje temos uma realidade, continuamos sobre a tirania do
Estado, do Capital e da Religião, como há cinco séculos. Infelizmente.
O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com
É isso mesmo, professor! Eu tento fazer a minha parte de beija flor!(Betinho)
ResponderExcluirVerdade. Nada mudou. E estamos entorpecidos. Precisamos reagir.
ResponderExcluirMeu Querido Condini! Escancaradamemente, uma elite sem alma. Nenhum compromisso com a Nação brasileira. Continua a tratar o povo como seu mero objeto. Indignação, resistência e luta!!!
ResponderExcluirArtigo muito a propósito de nossa situação atual. Deixa a esperança da resistência contra tanta opressão contra nós, democratas e socialistas!
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