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sábado, 17 de outubro de 2020

TERRA BRASILIS

 


Prof. Martinho Condini

Neste país o pobre, o preto, o favelado, o trabalhador, o indígena, a mulher são oprimidos e explorados desde sempre pela sociedade de supremacia branca, oligárquica, capitalista e cristã. Sempre estiveram na condição de mão de obra escrava, barata e  precarizada.

         Em nenhum momento da nossa história o sistema colonização-empresa deixou de existir, até mesmo quando a “esquerda” no seu piscar de poder não conseguiu abalar esse alicerce construído ainda no Brasil colonial. Continuamos no papel de fornecedores de produtos primários para o mundo industrializado.

         As oligarquias rural e urbana continuam dando as cartas no congresso nacional, sejam em governos autoritários ou democráticos. Hoje os tradicionais grupos que comandam o congresso nacional recebem o apoio dos fundamentalistas neopentecostais e da bancada da bala (policiais militares, civis e forças armadas) respaldados por um governo acéfalo que tem nesses grupos apoio incondicional.

         Durante o século XX grandes pensadores como Gilberto Freire, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Junior, Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, e mais recentemente Jessé Souza e Silvio Luiz de Almeida já nos demonstraram que o DNA da nação brasileira é comprometido.

         A supremacia branca rural e urbana e a escravidão são os detentores do timão da nossa história. A vergonhosa escravidão e o racismo em nosso país são cicatrizes que não sairão do rosto da nação brasileira, jamais.

         A monarquia e a república não modificaram em nada o que foi estabelecido nos mais de trezentos e vinte anos de colonialismo. Ainda não conseguimos nos desvencilhar das correntes, dos açoites e da cruz que nos foram impostas com a chegada dos portugueses nesse território, que para eles, era um território sem lei, sem ordem e sem religião.

         Há trinta e cinco anos, com a redemocratização do país nos escondemos atrás de uma “democracia de bananas” que continua a serviço e manutenção do privilégio das oligarquias rurais e urbanas.

         Quantos brasileiros e brasileiras foram presos, torturados e mortos na ditadura militar de 1964, para se reconquistar a liberdade. E o que vemos há quase meio século é uma classe política a serviço dos “senhores” eternos mandatários da nação.

         Com a redemocratização acreditava-se que as reformas estruturais (tributária, administrativa, política, previdenciária e trabalhista) seriam realizadas. Desconsidere as duas que foram feitas para privilegiar o patronato. A consolidação de políticas de Estado para a educação e a saúde, nada disso foi feito até hoje.

         Na agenda nacional agenda continuamos a ter em pauta o racismo, os preconceitos e as desigualdades sociais. Enquanto essas questões não forem enfrentadas de maneira revolucionária continuaremos nessa condição de país que brinca de “democracia” (onde o voto é obrigatório) que elege nobres cidadãos que ao chegarem  ao poder se rendem aos caprichos e as vontades das classes dominantes que se utilizam do Estado para manter seus privilégios.

         Enquanto prevalecer a tirania do Estado, por meio de uma classe política mais interessada na manutenção do poder pelo poder, atrelada a um judiciário sem credibilidade e acompanhada de oligarquias que tem como único objetivo os seus ganhos e lucros, sobram às classes populares a indignação, a resistência e a luta.

         Diz o ditado, “o cavalo passa selado a nossa frente apenas uma vez, se não montarmos, já era”.  Já tivemos uma grande oportunidade de mudar a história desse país para sempre. 

         Hoje temos uma realidade, continuamos sobre a tirania do Estado, do Capital e da Religião, como há cinco séculos. Infelizmente.  

O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com

 

                  

        

4 comentários:

  1. É isso mesmo, professor! Eu tento fazer a minha parte de beija flor!(Betinho)

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  2. Verdade. Nada mudou. E estamos entorpecidos. Precisamos reagir.

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  3. Meu Querido Condini! Escancaradamemente, uma elite sem alma. Nenhum compromisso com a Nação brasileira. Continua a tratar o povo como seu mero objeto. Indignação, resistência e luta!!!

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    1. Artigo muito a propósito de nossa situação atual. Deixa a esperança da resistência contra tanta opressão contra nós, democratas e socialistas!

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