Por Juracy
Andrade
Não poderia ser
diferente quando agora temos um papa cristão e indulgente, não mais um avatar
do imperador romano. O jornal do Vaticano L’Osservatore
Romano passou a dar grande espaço ao
padre dominicano Gustavo Gutiérrez, considerado o fundador da Teologia da
Libertação, uma corrente teológica já antiga e que atende aos anseios e
necessidades do cristianismo na América Latina.
Trata-se de uma
corrente marginalizada ou até repudiada muito tempo pelos “sábios” da Cúria
Romana, inclusive o papa polonês João Paulo 2º e o alemão Bento 16.
Argumentavam esses “sábios” donos da verdade que essa corrente utiliza-se de
conceitos marxistas. Esquecem eles que o marxismo está enraizado naquela
filosofia adotada pela Igreja que vem de Aristóteles e foi “sacramentada” por
São Tomás de Aquino em sua vasta Summa
Theologica.
O jornal do
Vaticano decidiu abrir espaço para a Teologia da Libertação, publicando
excertos do livro de Gutiérrez Dalla
parte dei poveri. Teologia della Liberazione, teologia della Chiesa,
publicado pela Editrice Missionaria Italiana, que fala dos pobres como
preferidos de Deus e condena o liberalismo econômico e a desumanização da
economia.
O próprio
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma espécie de ministério da
Cúria, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Mueller, é um admirador do teólogo
peruano e afirma: “A contribuição de Gustavo Gutiérrez tornou evidente uma
coisa para nós aqui na Europa, a saber, a injustiça no mundo é um fator que
permanece e que somente pode ser superado com a disponibilidade de todos os
homens de voltar a olhar para Cristo”.
Vendo o cardeal
falar da injustiça no mundo, lembro o que costumo observar. A Europa, que se
apresenta como cristã, é responsável pelas Cruzadas, pela colonização de meio
mundo e consequentes iniquidades cometidas em nome de Cristo e da religião.
Hoje vítima de um terrorismo alucinado, paga caro as barbaridades que cometeu
contra povos da Terra Santa, povos pré-colombianos das Américas, civilizações
africanas e asiáticas.
A Teologia da
Libertação tem tudo a ver no posicionamento contra tantas opressões, visando
libertar o cristão e não oprimi-lo com direito canônico e infalibilidades.
Também remete à Pedagogia do oprimido
do grande educador Paulo Freire.
O autor é
jornalista com formação e filosofia e teologia
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