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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO ENFIM LIBERTADA NA ONDA DO PAPA FRANCISCO DE RETORNO AO EVANGELHO


Por Juracy Andrade

Não poderia ser diferente quando agora temos um papa cristão e indulgente, não mais um avatar do imperador romano. O jornal do Vaticano L’Osservatore Romano passou a dar grande espaço ao padre dominicano Gustavo Gutiérrez, considerado o fundador da Teologia da Libertação, uma corrente teológica já antiga e que atende aos anseios e necessidades do cristianismo na América Latina.

Trata-se de uma corrente marginalizada ou até repudiada muito tempo pelos “sábios” da Cúria Romana, inclusive o papa polonês João Paulo 2º e o alemão Bento 16. Argumentavam esses “sábios” donos da verdade que essa corrente utiliza-se de conceitos marxistas. Esquecem eles que o marxismo está enraizado naquela filosofia adotada pela Igreja que vem de Aristóteles e foi “sacramentada” por São Tomás de Aquino em sua vasta Summa Theologica.

O jornal do Vaticano decidiu abrir espaço para a Teologia da Libertação, publicando excertos do livro de Gutiérrez Dalla parte dei poveri. Teologia della Liberazione, teologia della Chiesa, publicado pela Editrice Missionaria Italiana, que fala dos pobres como preferidos de Deus e condena o liberalismo econômico e a desumanização da economia.

O próprio prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, uma espécie de ministério da Cúria, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Mueller, é um admirador do teólogo peruano e afirma: “A contribuição de Gustavo Gutiérrez tornou evidente uma coisa para nós aqui na Europa, a saber, a injustiça no mundo é um fator que permanece e que somente pode ser superado com a disponibilidade de todos os homens de voltar a olhar para Cristo”.

Vendo o cardeal falar da injustiça no mundo, lembro o que costumo observar. A Europa, que se apresenta como cristã, é responsável pelas Cruzadas, pela colonização de meio mundo e consequentes iniquidades cometidas em nome de Cristo e da religião. Hoje vítima de um terrorismo alucinado, paga caro as barbaridades que cometeu contra povos da Terra Santa, povos pré-colombianos das Américas, civilizações africanas e asiáticas.

A Teologia da Libertação tem tudo a ver no posicionamento contra tantas opressões, visando libertar o cristão e não oprimi-lo com direito canônico e infalibilidades. Também remete à Pedagogia do oprimido do grande educador Paulo Freire.



O autor é jornalista com formação e filosofia e teologia

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