Por Marcelo
Barros
As
Olimpíadas do Rio de Janeiro acontecem sob fortes medidas de segurança. De
fato, recentemente têm ocorrido mais atentados terroristas. Assim, os impérios
atuais que provocam a violência e os grupos terroristas que as disseminam já
conseguiram essa vitória: criar uma situação de medo e insegurança. Depois do
que ocorreu em Nice, França, qualquer pessoa pode ter medo de ir a lugares de
grande concentração pública. Governos e empresas desse sistema apregoam medidas
de segurança. Enquanto, nos aeroportos, os passageiros comuns são massacrados
por controles mais rígidos, em países como os Estados Unidos, as armas
continuam a ser vendidas livremente e policiais seguem a rotina de matar negros
e torturar pobres. Na América Latina, as embaixadas norte-americanas continuam
a patrocinar golpes e financiar políticos dispostos a venderem o país ao
império, como se isso nada tivesse a ver com o terrorismo que os mesmos
governos dizem combater.
Nessa
realidade de um mundo doente e fragmentado, grande parte da humanidade, mais
consciente, continua a busca de outras formas de organizar o mundo. Nessa
semana, de 08 a 14 de agosto, acontecerá mais um Fórum Social Mundial. Esse
encontro fraterno da sociedade civil internacional espera reunir mais de cem
mil pessoas. Pela primeira vez se dará em um país rico do norte do mundo.
Ocorrerá em Montreal, no Canadá. Em 2001, em Porto Alegre, pela primeira vez,
milhares de pessoas comuns gritaram: "Um outro mundo é possível".
Agora, quinze anos depois, o mesmo grito se ouvirá em um contexto social e
cultural diferente.
As pessoas que, nessa semana, se encontram em
Montreal, sabem que o mundo precisa mudar. No entanto, tanto as pessoas que,
como cidadãos do mundo, vêm a esse fórum social, como os governantes dos países
ricos sabem que o pior problema do mundo atual não é o terrorismo. Por mais
terrível que seja a chaga do terror, a ameaça mais grave à humanidade é a crise
ecológica que atenta contra a vida de todo o planeta. Sabem também que essa
crise é provocada pelo sistema econômico e social, patrocinado não pelos grupos
terroristas e sim pelos governos, empresas e meios de comunicação que dominam o
mundo.
No Fórum
Social Mundial, as pessoas reunidas escutam as vozes dos povos indígenas.
Acolhem a proposta que os índios estão fazendo à humanidade de organizar a vida
não visando o lucro, a competição e a dominação da natureza, mas o Bem-viver
individual e coletivo, na convivência amorosa com a Terra e todo o sistema de
vida no planeta. Ali escutarão o povo zulu, vindo da África (Quênia), repetir:
Ubuntu! termo sagrado que significa: "Eu sou porque você é. Se você não
for, eu não posso ser".
A proposta
dos fóruns sociais mundiais para a humanidade é a de revalorizar a sacralidade
da vida, tanto a humana, como a de todos os seres vivos. Isso significa buscar
entre nós a colaboração e não a competição, organizar a sociedade em redes e
relações mais horizontais e não a hierarquia e as desigualdades entre as pessoas.
Para isso, precisamos mudar nosso modo de ser e de viver para saciar em nós e
nos outros as três sedes fundamentais que estão no mais íntimo de toda pessoa
humana:
1 - a sede
de sentido para a vida e mesmo a vida cotidiana.
2 - a sede
de relações mais verdadeiras e afetuosas.
3 - a sede
do mistério mais profundo que as religiões chamam de Deus e que todos chamam de
Amor.
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