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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

RENÚNCIA FORÇADA DO ARCEBISPO DA PARAÍBA, QUE ACOBERTAVA PEDÓFILOS, É UM ALÍVIO PARA A IGREJA DE CRISTO QUE SE RENOVA

 por Juracy Andrade


Finalmente, o extravagante arcebispo da Paraíba, dom Aldo di Cillo Pagotto, foi convencido pelo Vaticano a renunciar ao cargo que exercia, tolerado por papas que acreditavam proteger a Igreja ao acobertar clérigos que abusavam de menores. Na verdade, expunham a Igreja ao descrédito, escandalizavam os fiéis e escarneciam de crianças inocentes e adolescentes que não resistiam ao assédio de adultos doentes. Dom Aldo, desde a sua passagem pelo Ceará como bispo, era acusado de ao menos induzir menores a atenuar queixas contra seus algozes.

Além disso, fazia abertamente política partidária no púlpito, pregando contra as oposições ao governo provisório golpista. Vaidoso, se enfeitava todo para, acolitado por seus sequazes e todo embandeirado, participar das manifestações e marchas contra Dilma e a favor do golpista TEMERário.

Durante a ditadura de 1964 a 1985, padres e religiosos foram presos, torturados, mortos. Uns por militarem politicamente na luta armada. Mas havia a explicação de que o golpe fora dado pelas forças armadas, açuladas pela casa-grande, e foram elas que deram o primeiro passo para o que chamavam de terrorismo e subversão. É bom lembrar que teólogos da Idade Média defenderam a luta armada contra um tirano.

Outros daqueles religiosos vítimas da ditadura simplesmente pregavam e viviam o Evangelho, que não se coaduna com um golpe dado, sob a inspiração e com a ajuda dos EUA, para impedir uma maior conscientização e participação dos cidadãos na construção de uma sociedade justa, democrática, mais igualitária (era só isso que Jango queria e o pessoal mais à esquerda).

Nada parecido com as ações de dom Aldo Pagotto. Além do que já foi aqui lembrado, ele dificultava ao máximo o trabalho de padres que não se enquadravam em sua visão jurídica da Igreja, semelhante àquela visão que havia assolado a Igreja de Olinda e Recife nos tristes tempos de dom José Cardoso (oremos por este, que está aí vegetando sem saber o que faz). Padres que recebiam aluda financeira de países ricos tinham de entregar o dinheiro para dom Aldo fazer ninguém sabe o que. Talvez repassar a seus sequazes para comprarem bandeiras e enfeites para os atos anti-Dilma.

Felizmente o tempo foi passando e, por um descuido dos cardeais, elegeu-se um papa cristão como Francisco. Se não o tirarem do caminho, como fizeram com o brevíssimo papa João Paulo 1º, ele, como o Francisco de Assis, conseguirá fazer com a Igreja de Cristo como um todo o que o Poverello de Assis fez ao reconstruir a igrejinha da Porciuncula, que estava em ruínas na cidade dele. Amém! Aleluia! Além do mais, Francisco não acoberta pedófilos. Ao contrário, manda punir.

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Juracy Andrade é jornalista com formação em filosofia e teologia

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