por Juracy Andrade
Finalmente, o
extravagante arcebispo da Paraíba, dom Aldo di Cillo Pagotto, foi convencido
pelo Vaticano a renunciar ao cargo que exercia, tolerado por papas que
acreditavam proteger a Igreja ao acobertar clérigos que abusavam de menores. Na
verdade, expunham a Igreja ao descrédito, escandalizavam os fiéis e escarneciam
de crianças inocentes e adolescentes que não resistiam ao assédio de adultos
doentes. Dom Aldo, desde a sua passagem pelo Ceará como bispo, era acusado de
ao menos induzir menores a atenuar queixas contra seus algozes.
Além disso,
fazia abertamente política partidária no púlpito, pregando contra as oposições
ao governo provisório golpista. Vaidoso, se enfeitava todo para, acolitado por
seus sequazes e todo embandeirado, participar das manifestações e marchas
contra Dilma e a favor do golpista TEMERário.
Durante a
ditadura de 1964 a 1985, padres e religiosos foram presos, torturados, mortos.
Uns por militarem politicamente na luta armada. Mas havia a explicação de que o
golpe fora dado pelas forças armadas, açuladas pela casa-grande, e foram elas
que deram o primeiro passo para o que chamavam de terrorismo e subversão. É bom
lembrar que teólogos da Idade Média defenderam a luta armada contra um tirano.
Outros daqueles
religiosos vítimas da ditadura simplesmente pregavam e viviam o Evangelho, que
não se coaduna com um golpe dado, sob a inspiração e com a ajuda dos EUA, para
impedir uma maior conscientização e participação dos cidadãos na construção de
uma sociedade justa, democrática, mais igualitária (era só isso que Jango
queria e o pessoal mais à esquerda).
Nada parecido
com as ações de dom Aldo Pagotto. Além do que já foi aqui lembrado, ele
dificultava ao máximo o trabalho de padres que não se enquadravam em sua visão
jurídica da Igreja, semelhante àquela visão que havia assolado a Igreja de
Olinda e Recife nos tristes tempos de dom José Cardoso (oremos por este, que
está aí vegetando sem saber o que faz). Padres que recebiam aluda financeira de
países ricos tinham de entregar o dinheiro para dom Aldo fazer ninguém sabe o
que. Talvez repassar a seus sequazes para comprarem bandeiras e enfeites para
os atos anti-Dilma.
Felizmente o
tempo foi passando e, por um descuido dos cardeais, elegeu-se um papa cristão
como Francisco. Se não o tirarem do caminho, como fizeram com o brevíssimo papa
João Paulo 1º, ele, como o Francisco de Assis, conseguirá fazer com a Igreja de
Cristo como um todo o que o Poverello de Assis fez ao reconstruir a igrejinha
da Porciuncula, que estava em ruínas na cidade dele. Amém! Aleluia! Além do
mais, Francisco não acoberta pedófilos. Ao contrário, manda punir.
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Juracy Andrade é
jornalista com formação em filosofia e teologia
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