Por Frei Betto
O
STF se debruça, nesta quarta-feira, sobre o polêmico tema do ensino religioso
nas escolas. Ora, a própria adjetivação de religioso é falaciosa. O ensino pode
e deve ser religioso em escolas confessionais, sejam elas católicas,
protestantes, judaicas etc.
Em
um país laico como o Brasil não faz sentido falar em ensino religioso na rede
pública. Deve-se, sim, incluir o ensino das religiões, assim como há o das
civilizações. É inconcebível que um aluno termine o curso sem noções a respeito
das grandes vertentes religiosas, como judaísmo, cristianismo e islamismo, bem
como o que é espiritismo, umbanda, candomblé, santo daime e outras
manifestações religiosas ou espirituais, como o budismo, encontradas no Brasil.
Debater
se o ensino deve ser das religiões ou religioso chega a ser redundante. Importa
é o conteúdo das religiões. E todas que merecem fé têm em comum os mesmos
princípios éticos: amor ao próximo, cuidado da natureza, partilha dos bens,
solidariedade, atenção aos necessitados, tolerância ao diferente, respeito à
diversidade de crenças, combate à discriminação e ao preconceito.
Essa
ética deveria ser o tema transversal de todas as matérias curriculares. É o
mínimo que se espera de uma educação de qualidade.
Vale
recordar as palavras do papa Francisco no Teatro Municipal do Rio, a 27 de
julho de 2013: “Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a
laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição
confessional, respeita e valoriza a presença da dimensão religiosa na
sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas.”
Frei Betto é escritor,
autor de “Um Deus muito humano” (Fontanar), entre outros livros.
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