Prof. Martinho Condini
Lá nos idos de 1964, a burguesia saiu às ruas
na Marcha da Família
com Deus pela Liberdade, foram manifestações
públicas ocorridas entre março e junho de 1964 no Brasil, apoiadas por militares, latifundiários, empresários,
ala conservadora da igreja católica e a classe burguesa dos grandes
centros urbanos do país. Esses setores achavam que havia uma ameaça comunista representada pelas ações dos grupos de esquerda
que apoiaram a fala do então presidente João Goulart em 13 de março daquele mesmo ano, quando
Jango mencionou a necessidade da
realização de uma reforma agrária no país. Tivemos então o golpe militar de
1964, onde por vinte um anos os militares governaram esse país com mão de
ferro, onde a democracia e a liberdade de expressão deram lugar a tortura, a
censura e a perseguição política àqueles que se opunham ao regime ditatorial
imposto à sociedade pelos militares. Foram anos muitos difíceis. E durante
esses vinte e um anos essa burguesia sobre as botas dos generais, não enxergavam
o que estava ocorrendo no país, só tinham olhos para as suas preocupações
mundanas, qualquer informação que não os agradavam era coisa de “subversivos” e
em sua maioria liam o mundo através da lente do JN e da fala do jornalista e
parlamentar chapa branca Amaral Neto defensor da pena de morte.
Ao final dos anos setenta
com a “lei da anistia”, somado a crise econômica ainda em conseqüência da crise
do petróleo de 1973, as greves dos metalúrgicos no ABC paulista, essa mesma
burguesia entra no novo embalo e vai para as ruas junto com a classe
trabalhadora, grupos de esquerda e estudantes pedir o fim da ditadura e
eleições diretas para presidente da república. Os mesmo que há vinte um anos
apoiaram o famigerado golpe militar, agora mudaram de lado. Mudança de postura
ideológica, claro que não, mais uma vez colocam os seus interesses acima de
qualquer outra coisa, sem se importar a quem estão apoiando, mas sim
preocupados em saber quem irá garantir a manutenção dos seus privilégios.
Chegamos em mil novecentos e
oitenta quatro e as “Diretas já” não foi aprovada, mas um ano depois, foi
eleito pelo congresso o primeiro presidente civil após vinte e cinco anos,
Tancredo Neves. Mas quem assumiu foi o seu vice, um filhote histórico da
ditadura José Sarney. A burguesia dá o seu apoio inconteste. E a partir desse
período chamado de nova república a hiper inflação e a insegurança econômica
marcaram inicio da nossa redemocratização.
No processo eleitoral de mil
novecentos e oitenta e nove, essa burguesia nacional apóia um candidato que se
dizia “Caçador de Marajás” e que iria transformar a economia brasileira,
primeiramente acabando com os altos números inflacionários. Enquanto grande
parte da classe trabalhadora, apoiava uma das principais lideranças sindicais e
políticas do país desde o início dos anos oitenta, o metalúrgico Lula.
A burguesia afirmava que se
o ex-metalúrgico vencesse as eleições o Brasil daria uma radical guinada ao
socialismo.
O “caçador de marajás”
venceu as eleições e uma das primeiras medidas foi confiscar a poupança de
milhões de trabalhadores brasileiros, ou seja, mais uma vez a burguesia se fez
presente e colaborativa nesse processo, só que agora com o seu dinheiro
confiscado. Em 1992 o “caçador de marajás” sofre um impeachment por corrupção.
Em 1994, Itamar Franco ,
presidente do Brasil, afim de resolver o problema de hiper inflação no país
nomeia Fernando Henrique Cardoso ministro da economia por um ano, sendo um dos
responsáveis pela implantação do plano real, que trouxe uma estabilidade
econômica ao país e elegeu Fernando Henrique Cardoso presidente do Brasil por
dois mandatos consecutivos. De mil novecentos e noventa e cinco até dois mil e
dois, a burguesia apóia um governo que foi marcado pela privataria e diminuição
da participação do Estado na economia, medidas essas que agradava aos
interesses burgueses.
Após o período dos governos
de Luiz Inácio da Silva e Dilma Roussef, mais de 40 milhões de pessoas saíram
da condição de miseráveis, o Brasil deu um salto de desenvolvimento econômico e
social nunca visto em nossa história. Milhares de jovens tiveram acesso ao
ensino superior algo nunca acontecido nesse país. É claro que passamos longe de
estar nos tornando um país desenvolvido, mas tínhamos um caminho, caminho este que
se tornou tortuoso em função de escândalos de corrupção por parte da classe
política atrelados a grandes empreiteiros e doleiros neste país.
Isso culminou com um golpe
político que impediu que a presidenta Dilma Roussef terminasse o seu mandato. É
claro que o processo de impedimento também teve apoio maciço da burguesia.
Chegamos em 2018 e a burguesia
teve papel importante na vitória do paraquedista Jair Bolsonaro para a presidência
da república. Afinal de contas se encantaram, com o candidato conservador,
cristão e defensor da família e dos bons costumes, que tinha como lema de
campanha “acabar com a corrupção no Brasil e com a velha política”. Após vinte
meses de mandato acredito que a burguesia já conseguiu perceber quem ela ajudou
a colocar no poder. Um desqualificado que faz um desgoverno, que até agora não
teve uma atitude que merecesse um voto de confiança daqueles que o elegeram. A
corrupção e a velha política estão ai mais forte do que nunca. E a pandemia
demonstrou o quanto esse paraquedista está longe de ser um estadista na melhor
concepção da palavra. Já temos mais de cento vinte e dois mil mortos. Diante
desse quadro, nos resta aguardar, para ver o que a burguesia irá aprontar nas
eleições de 2022?
Parabéns pelo texto. Infelizmente o Brasil mostra sua face mais cruel através da nossa conservadora e reacionária "burguesia".
ResponderExcluirBoa cronologia!
ResponderExcluirBurguesia só
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