Prof. Martinho Condini
Em 25 de novembro (dia em
que se comemorou os 86 anos da Intentona Comunista de 1935) a Comissão de
Educação do Senado inscreveu o nome do Patrono
da Educação Brasileira, Paulo Freire
no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
O fato em si causa muita
alegria a freireanas, freireanos e demais admiradores de sua obra e história.
O educador Paulo Freire aparece
neste livro em pleno desgoverno do Capetão
Cloroquina. Período em que estamos tendo uma sistemática desconstrução de Paulo
Freire nas redes sociais de maneira grotesca e ignorante. Nessa conjuntura estar
neste livro é uma conquista importante não só para Freire, mas para todas e
todos que de alguma maneira estão envolvidos com sua história, sua obra, mas
principalmente com a sua práxis, ou melhor, com a práxis freireana.
Vale a pena lembrar que
neste ano das comemorações do seu centenário, foram centenas as homenagens a
Paulo Freire no Brasil e no mundo.
Como indagou um amigo em
um grupo de uotesape:
Será
que Paulo Freire queria ser visto como Herói da Pátria?
Vou mais além, será que
Freire queria estar neste livro?
Acredito que seria
interessante que Paulo Freire desse uma olhadinha no livro antes de entrar, talvez
ele poderia se sentir desconfortável ao lado de alguns nomes que possam estar
lá. Mas acredito que alguns nomes que estão lá muito lhe agrade, como: Zumbi dos Palmares, Tiradentes, Frei Caneca,
Sepe Tiaraju, Anna Nery, Anita Garibaldi e Chico Mendes dentre outros.
Mas fico pensando como
Freire se sentiria em estar no livro junto com os principais militares que
comandaram a carnificina da Guerra do
Paraguai, dentre eles: marechal carioca Luís Alves de Lima e
Silva (Duque de Caxias), Almirante Joaquim Marques Lisboa (Almirante
Tamandaré), Almirante Francisco Manuel Barroso (Almirante Barroso), Marechal
Luiz Osório, Brigadeiro Antonio Sampaio, estão todos lá.
Sinto falta neste livro
dos soldados brasileiros que foram para as batalhas dessa estúpida guerra, será
que é porque a maioria dos soldados eram negros? A eles foi prometida a
liberdade ao retornarem, mas ela nunca ocorreu. Muito pelo contrário, muitos
desses negros que participaram dessa guerra foram assassinados pelo próprio
governo brasileiro, para não lhes dar a liberdade.
Tenho minhas dúvidas se
Freire gostaria de estar no mesmo livro que Dom
Pedro I, Marechal Deodoro da Fonseca,
Padre José de Anchieta e o ditador
Getúlio Vargas (que entregou Olga Benário aos nazistas, grávida, e após o
nascimento da criança foi enviada para a câmara de gás).
Mas estou convencido que Paulo
Freire ficaria muito contente e satisfeito se o seu nome fosse incluído num outro
livro. O de um grande amigo e companheiro que o levou para trabalhar na PUCSP quando
ele voltou do exílio após 16 anos, e lá lecionou por 17 anos, até o seu
falecimento.
Me refiro ao arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que escreveu o livro Santos e Heróis do Povo, que numa
suposta reedição com certeza teria o nome de Paulo Freire. Aí sim acredito que Freire estaria verdadeiramente
homenageado e entre as suas companheiras e companheiros de luta e resistência.
Mestre Martinho, obrigado pelo texto! Abço
ResponderExcluirExcelente texto!!!
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