por Juracy
Andrade
“Nenhum camponês
sem terra, nenhuma família sem casa, nenhum trabalhador sem direitos” disse o
papa Francisco em sua visita à Bolívia, terra de vários povos indígenas que
somente agora estão sendo resgatados de plurissecular omissão e exploração dos
que se consideram brancos e cristãos. Do lado de cá da fronteira, o governo
golpista de Michel Miguel prepara o bote final nos povos indígenas, desmontando
a Funai e seu privilégio constitucional de demarcar e homologar terras
indígenas. E os grileiros avançam nas terras indígenas e assentamentos de
homens do campo.
Recentemente,
nove trabalhadores rurais foram mutilados e assassinados, a mando de
fazendeiros, no norte do Mato Grosso. Já são cerca de 60 mil mortes violentas
por ano. Um dos assassinados em Taquaruçu do Norte (MT) ainda estava com um
machado cravado nas costas quando jornalistas conseguiram chegar à remota
localidade. É uma luta longa e violenta que, sob o atual desgoverno, tende a se
intensificar, sem nenhum respeito a direitos adquiridos, como no caso dos
trabalhadores em geral, que estão perdendo até o direito à aposentadoria. Um
escândalo que não repercute muito pelo mundo, pois o que os países ricos querem
é um Brasil submisso, como nos tempos de Fernando 2º (FHC) e companhia. E não é
que o sociólogo sem alunos saiu do armário golpista?
O tema
praticamente desapareceu da imprensa. E o desgoverno pouco está ligando para os
desmandos do agronegócio, que incluem roubo de terras, assassinatos,
desmatamento ilegal, destruição ambiental. A Comissão Pastoral da Terra, da
Igreja Católica, contabiliza os desmandos e atrocidades. Que prosseguirão
inevitáveis. Em 2004, 185 famílias que cultivavam terras naquela área foram
expulsas e a pressão continua sobre quem ficou, centenas de pessoas. A
impunidade faz com que os latifundiários e grileiros continuem sem temor. A
polícia não age.
Voltando a
Francisco, um papa realmente cristão, mais uma vez condenou, em recente visita
ao Egito, a violência cometida “em nome de Deus”. Referia-se a atentados contra
a minoria cristã daquele país, que conviveu em paz com os muçulmanos por
séculos. O ideal do papa e de muitos muçulmanos pacifistas é que as religiões
convivam numa boa, sem atritos, ofensas e principalmente sem a violência que
explode ultimamente no terrorismo. Terrorismo, aliás, que começou com os
ataques dos Cruzados aos islamitas na Terra Santa, prosseguiu com a colonização
e, hoje, com os interesses petrolíferos.
O autor é
jornalista com formação em filosofia e teologia
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