FREI ALOÍSIO FRAGOSO
(11/10/2021)
Desde o aparecimento do "homo
sapiens" no planeta terra, quantos palavras já foram escritas para se
falar de amor? - Só Deus sabe (entenda-se isso ao pé da letra). Poucas, no
entanto, alcançam o encanto e a riqueza de um breve trecho bíblico: " A Parábola do Filho Pródigo". Na
verdade, ela trata do amor de Deus, porém encerra o que há de melhor e mais
sábio em favor do amor humano.
Logo de início traz uma lição profunda
sobre o mistério da liberdade. Nada faltava ao filho mais novo no seio da
família, exceto uma só coisa: espaço suficiente para realizar seus sonhos.
Autorizado pelo pai, ele partiu, sentindo-se finalmente livre, não porque antes
se sentisse escravo, e sim porque a pessoa é sempre maior do que sua casa,
maior do que suas posses, maior do que seus laços de sangue e parentesco.
Esta lição tem origem em Deus. Ele
deixa-nos partir em qualquer direção, mesmo na direção contrária à sua vontade.
Isso nos torna responsáveis pelo caminho de ida e volta. Daí porque tantas
pessoas tem enorme dificuldade de ser livres e, de bom grado, trocariam o
liberdade pela segurança; adorariam ter a mão segura e poderosa de um super pai
guiando-as a cada passo do caminho. Este pai não seria Deus. Ele nos deixa
livres, ainda que pressentindo que chegaremos ao fundo do poço. "Eis que
vos coloco na encruzilhada do caminho entre a vida e a morte. Escolhei!",
declara o livro do Eclesiástico.
Deixar partir, pois, é um
sacrifício que o amor exige, a serviço da vida.
é injustamente ferido; é o amor que abdica de
si mesmo e não pergunta se o outro merece ou não merece, antes de se dar, mas
simplesmente entrega-se.
e da tranquilidade das
consciências? Com o exercício da misericórdia. Nenhum filho faria isso em sã
consciência. Nenhuma mãe o condenaria por isso. Toda boa mãe se sacrificaria
pela paz da família. Que prevaleça, pois, o amor misericordioso.
Frei Aloísio Fragoso é frade franciscano, coordenador da Tenda da Fé e escritor
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