Prof. Martinho Condini
Acredito que essa pergunta possibilita a
reflexão de muitos gestores, gestoras, professoras, professores, alunas, alunos,
pais e mães envolvidos na comunidade escolar.
A pandemia nos provou que
a democracia passa muito longe das nossas escolas públicas. (às escolas
privadas tem dono e cada um deles toca
a banda e afinam os instrumentos da maneira que os agradam).
Durante a pandemia quantos
jovens ficaram sem acesso às aulas por não terem recursos tecnológicos para
assistir as aulas, e mesmo que alguns tivessem precários recursos, faltaram a
eles o essencial no processo de ensinagem e aprendizagem, a relação humana, a
ausência da amorosidade e a dialogicidade tão fundamentais para a construção da
cidadania e do conhecimento.
Mas quando me refiro à ausência
de escolas democráticas, me refiro a democracia social e racial e a igualdade
de oportunidade para todos na escola.
Esta semana saiu uma pesquisa publicada no
jornal a Folha de São Paulo sobre o racismo e preconceito nas escolas.
Preconceito e Racismo,
por serem estruturais em nossa cultura estão ainda muito presentes no ambiente
escolar. E quando digo estrutural, significa que eles são construídos em outros
espaços como a família e a religião. E a escola como espaço laico e público tem
a obrigação e o dever de trabalhar essas questões a fundo, até a exaustão.
Não podemos nos esquecer
que a supremacia branca, os valores judaico-cristãos e o espírito capitalista
sempre estiveram presentes na formação da nossa cultura e carregam consigo
valores preconceituosos e raciais que ao longo da nossa história foram
transmitidos pela escola.
Escola
pra que se ela não está dando conta de fazer as principais discussões que
aflige a nossa sociedade no que tange os preconceitos e os racismos?
É inadmissível que se possibilite
manifestações de preconceito e racismo numa escola.
Isso nos aponta para um
norte, a principal função da escola é formar seres humanos, humanistas na
melhor concepção da palavra, em primeiro lugar.
A escola que não se
importa com a formação humana, não tem comprometimento com os seres humanos e
com o planeta.
Para que isso ocorra a
escola deve ser forjada nos princípios éticos e morais universais que sustentam
a verdadeira democracia, isto é, o
direito de todas e todos que nela estão inseridos falarem o que pensam e serem
respeitados como sujeitos da história que são. Uma escola que não permita o diálogo, a
reflexão, o debate, a discussão construtiva, a transformação e a libertação
daquele que a freqüenta esta fadada ao fracasso e a inutilidade.
Sabemos que por esse
Brasil a fora temos maravilhosos exemplos de práticas democráticas em
instituições de ensino públicas, a custo de muito trabalho e muita luta de
professoras e professores progressistas comprometidos com a liberdade e
respeito a dignidade humana acima de tudo. Os tempos são difíceis e sombrios
não se pode esmorecer, e como diz o ditado popular, não podemos dar sopa para o azar.
O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com
Continuo sonhando com uma Escola para formar "seres humanos" e não "mão de obra" obtusa...
ResponderExcluirPerfeito mestre Martinho Condini! Meus parabéns!
ResponderExcluirBelíssimo texto, caríssimo amigo!
ResponderExcluirParabéns