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quarta-feira, 8 de março de 2017

IGREJAS CATÓLICA ROMANA E ANGLICANA ESTÃO MAIS PRÓXIMAS

Por Juracy Andrade



No domingo 26 de fevereiro, quando o Brasil começava a mergulhar no Carnaval, o papa Francisco visitou uma igreja de confissão anglicana de Roma, a All Saints. Pela primeira vez desde o século 16, quando a Igreja da Inglaterra, uma das mais antigas da história cristã, foi desligada de Roma pelo rei Henrique 8º. Desculpem mas, já que falei em Carnaval, peço licença para acrescentar uma observação sobre o Galo da Madrugada, aquele do gostoso “Ei pessoal, ei moçada” (acréscimo ao que postei no meu blogdenegoveio blogspot.com.br). Outra coisa que prejudica o Galo e lhe fomenta o complexo de grandeza é o abraço que o globalizou. Do jeito que globalizou o Drama da Paixão de Fazenda Nova, a Rede Globo anexou o Galo.

Geralmente bem próxima da Igreja Católica Romana, na liturgia e na teologia, a Igreja Anglicana, também conhecida como Episcopal fora da Inglaterra, tem sua máxima figura religiosa no arcebispo de Cantuária (Canterbury) e também uma chefia cerimonial do soberano inglês, além de Sínodos que zelam por suas convicções teológicas.

Houve no século 19, um religioso anglicano que, após muito estudo e oração, aderiu à Igreja Romana. Foi John Henry Newman, mais tarde nomeado cardeal pelo papa Leão 13. Foi discutido, na época, se ele deveria receber uma nova ordenação, pois alguns teólogos acreditavam que teria havido uma ruptura nas ordenações e consagrações da Igreja Anglicana, que teria quebrado os laços com a tradição apostólica que vem desde os apóstolos de Jesus Cristo. No entanto, essa questão foi resolvida com o reconhecimento dos laços anglicanos com a tradição apostólica.

A ida de Francisco à igreja anglicana de All Saints, em Roma, é mais um sinal de que as duas confissões cristãs estão interessadas naquela unidade que Jesus Cristo tanto desejou e pela qual orou fervorosamente no Jardim das Oliveiras, nos momentos que precederam sua paixão e morte. Francisco pretende visitar o conflituoso Sudão do Sul em companhia de bispos anglicanos, mais um passo de ambas as confissões na direção do “que todos sejam um só” desejado por Cristo.

A chegada da Igreja Anglicana ao Brasil ocorreu com a aproximação entre as cortes de Portugal e Inglaterra e o incremento dos negócios ingleses em nosso país, após a assim dita “abertura dos portos”. O primeiro templo anglicano construído em nosso país (e na América do Sul) foi no Rio de Janeiro. Depois foram implantadas capelas em São Paulo, Santos, Belém e Recife. Aqui no Recife, o anglicanismo se desenvolveu muito pela presença de súditos britânicos em empresas como a Great Western, a Pernambuco Tramways e outras. Na 2ª Guerra Mundial, muitos filhos de ingleses aqui residentes foram lutar contra os nazistas. Os nomes daqueles que morreram na luta estão gravados na igreja anglicana do Espinheiro. E tem também, na Boa Vista, uma Rua do Padre Inglês.

Que sejamos um só, como queria e quer Cristo.



O autor é jornalista com formação em filosofia e teologia

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