Por Juracy
Andrade
Há 60 anos, no
dia 25 de março de 1957, era assinado o Tratado de Roma que criou a Comunidade
Econômica Europeia (CEE), uma evolução do Mercado Comum Europeu (MCE). Este abrangia
França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, a chamada Europa dos Seis.
Criados pouco tempo após a 2ª Guerra Mundial, obedeciam àquele estado de
espírito pós-guerra que pretendia unir o mundo e acabar com as conflagrações. .
Amarga ilusão, pois somente cinco anos depois da rendição da Alemanha e do
grande terrorismo praticado pelos EUA em Hiroshima e Nagasaki, Washington,
embalado pela Guerra Fria, iniciou na Coreia a 3ª Guerra Mundial, que dura até
hoje. Os fabricantes de armas, coitadinhos, estavam no prejuízo. A própria
Europa voltou a conhecer guerras fratricidas nos Bálcãs, após a dissolução da
Iugoslávia pós-Tito.
Foi também
assinado então o tratado anexo da Comunidade Europeia de Energia Atômica.(Euratom).
Por ocasião das celebrações do marco positivo que foi a constituição da CEE, o
papa Francisco (que Deus o proteja dos trogloditas da Cúria Romana) falou aos
27 líderes da União Europeia (UE, último estágio da CEE), no Vaticano, que a
Europa corre o risco de morrer se não reencontrar seus ideais fundadores. Entre
os líderes presentes, Angela Merkel e François Hollande, governantes da
Alemanha e da França que, no passado, se engalfinharam em tantas guerras
mortíferas (apesar de tão “cristãos”).
Lembramos que o
papa argentino recebeu, em 2016, o Prêmio Carlos Magno por seu compromisso pela
unificação europeia e também que ele se manifesta frequentemente no sentido de
que a Europa seja uma terra de acolhida, sem a xenofobia que a ataca atualmente.
Um de seus temas prioritários é que os imigrantes e refugiados sejam vistos
como novos europeus. O papa chegou a visitar a ilha italiana de Lampedusa, um
ponto de desembarque dos refugiados africanos e orientais que conseguem atingir
o continente europeu.
Repetindo o que
disse no Parlamento Europeu, na cidade francesa de Strassbourg, há três anos,
Francisco pediu que a Europa encontre novos caminhos, aposte no futuro, apure
um novo humanismo. Lembrou que, o velho patrimônio europeu é o melhor antídoto
contra a falta de valores do nosso tempo, terreno fértil para todos os extremismos.
Em Maastricht,
na Holanda, 35 anos mais tarde, foi assinado o tratado que, afinal, constituiu
o coroamento de uma longa trajetória de unificação que começou com a Europa dos
Seis, o Benelux (seu antecessor, que juntava só Bélgica, Holanda e Luxemburgo)
e a CEE. Era criada a União Europeia (UE). Ao tratado está ligada a criação da
moeda única em vigor na Zona do Euro ou Eurozona.
Todo esse
edifício, construído com generosidade durante muitos anos, ameaça ruir com
crises sem fim, sobretudo com a saída do Reino Unido, votada em plebiscito. Daí
os apelos de Francisco, que, mesmo não sendo europeu, é de um continente
herdeiro da cultura e do humanismo da velha Europa. Esta, cedo acolheu a
pregação do cristianismo, pelas mãos do apóstolo Paulo.
O autor é
jornalista com formação em filosofia e teologia
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