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sábado, 14 de novembro de 2020

ABRAÇAR O MUNDO INTEIRO É VIVER COMUNHÃO

 


 Pe Fabio Potiguar dos Santos


Em Cristo, na sinergia do Espírito Santo, Deus reuniu todas as coisas. O Mistério Pascal que celebramos, tem conseqüências não só antropológicas, o Homem Novo e a Mulher Nova, as Novas Criaturas, mas igualmente consequências cósmicas, o Novo Céu e a Nova Terra. Resulta daqui a Comunhão Cósmica.

Todas as antigas tradições místicas e espirituais, cada uma ao seu modo, sempre apresentaram essa união Humanidade e Criação. Talvez as expressões indígenas sejam as mais bonitas e as mais autênticas nessa relação.

Já o Antigo Testamento, no belíssimo Cântico das Criaturas encontrado no livro do Profeta Daniel, temos essa experiência onde homens e mulheres, o céu, a terra e o mar com tudo o que neles vivem bendizem o Senhor. Nos Salmos muitas orações também estão imbuídas desse espírito, onde, junto com as pessoas, os rios e as montanhas batem palmas a Deus, e as árvores das florestas dançam de alegria na presença do Senhor. Os nossos irmãos judeus, filhos que somos do mesmo Pai Abraão, juntamente com os mulçumanos, foram, no desenrolar dos tempos, tomando consciência e sentimento dessa tão linda comunhão cósmica que tomará plenitude na Plenitude dos Tempos quando Deus se encarna, morre e ressuscita. O Pobrezinho de Assis, São Francisco, mil e duzentos anos depois de Cristo, entende melhor do que todos, de que tudo e todos foram recapitulados em Cristo. Daí este santo chamar a tudo de irmão e irmã.

 As ricas tradições religiosas de matriz africana, bem como as espíritas, budistas, hindus, os cristãos católicos, ortodoxos e evangélicos,  e tantas outras, expressão essa matriz espiritual e ética de base comum dos valores universais da fraternidade, da dignidade da pessoa humana, da justiça social, da paz e do respeito ecológico.

Bom, se somos uma Comunhão Cósmica que incidências tem tudo isso em nossas vidas? Tem a ver que só estamos em comunhão com Deus se estivermos em comunhão com as pessoas. Por sua vez, essa comunhão só é verdadeira quando se estende a um abraço fraterno e terno com a Mãe Terra e o espaço sideral. Comunhão então que ao mesmo tempo em que é mística tem a ver com as nossas relações humanas, com promoção da paz e a justiça social, superando, sem tergiversar, a insanidade das guerras e conflitos e o escândalo da miséria, da fome e da pobreza que ainda assolam o mundo. Uma vergonha que mancha a consciência mundial e comprova a perversão e a iniquidade do modelo econômico vigente, exclusivista e excludente contrários a Deus, a Humanidade e a Ecologia. Tem a ver com a preservação do meio ambiente com um desenvolvimento sustentável, a ecologia integral que tanto nos lembra o Papa Francisco.  Tem a ver com os buracos na camada de ozônio, do aquecimento global e todas as suas conseqüências.

Viver em comunhão é a única garantia de felicidade. Viver em comunhão é a única garantia de que ou nos salvaremos juntos ou nos condenaremos todos. Viver em comunhão é pulsar no mesmo hálito de um beijo do céu, da terra, do mar, da humanidade e Deus.

  Padre Fabio Potiguar Santos Capelão das Fronteiras, membro da Comissão de Justiça e Paz e coordenador da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter- religioso da Arquidiocese de Olinda e Recife

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