Em Cristo, na sinergia do
Espírito Santo, Deus reuniu todas as coisas. O Mistério Pascal que celebramos, tem
conseqüências não só antropológicas, o Homem Novo e a Mulher Nova, as Novas
Criaturas, mas igualmente consequências cósmicas, o Novo Céu e a Nova Terra.
Resulta daqui a Comunhão Cósmica.
Todas as antigas
tradições místicas e espirituais, cada uma ao seu modo, sempre apresentaram
essa união Humanidade e Criação. Talvez as expressões indígenas sejam as mais bonitas
e as mais autênticas nessa relação.
Já o Antigo Testamento, no
belíssimo Cântico das Criaturas encontrado no livro do Profeta Daniel, temos
essa experiência onde homens e mulheres, o céu, a terra e o mar com tudo o que
neles vivem bendizem o Senhor. Nos Salmos muitas orações também estão imbuídas
desse espírito, onde, junto com as pessoas, os rios e as montanhas batem palmas
a Deus, e as árvores das florestas dançam de alegria na presença do Senhor. Os
nossos irmãos judeus, filhos que somos do mesmo Pai Abraão, juntamente com os
mulçumanos, foram, no desenrolar dos tempos, tomando consciência e sentimento
dessa tão linda comunhão cósmica que tomará plenitude na Plenitude dos Tempos
quando Deus se encarna, morre e ressuscita. O Pobrezinho de Assis, São
Francisco, mil e duzentos anos depois de Cristo, entende melhor do que todos,
de que tudo e todos foram recapitulados em Cristo. Daí este santo chamar a tudo
de irmão e irmã.
As ricas tradições religiosas de matriz
africana, bem como as espíritas, budistas, hindus, os cristãos católicos,
ortodoxos e evangélicos, e tantas
outras, expressão essa matriz espiritual e ética de base comum dos valores
universais da fraternidade, da dignidade da pessoa humana, da justiça social,
da paz e do respeito ecológico.
Bom, se somos uma
Comunhão Cósmica que incidências tem tudo isso em nossas vidas? Tem a ver que
só estamos em comunhão com Deus se estivermos em comunhão com as pessoas. Por
sua vez, essa comunhão só é verdadeira quando se estende a um abraço fraterno e
terno com a Mãe Terra e o espaço sideral. Comunhão então que ao mesmo tempo em
que é mística tem a ver com as nossas relações humanas, com promoção da paz e a
justiça social, superando, sem tergiversar, a insanidade das guerras e
conflitos e o escândalo da miséria, da fome e da pobreza que ainda assolam o
mundo. Uma vergonha que mancha a consciência mundial e comprova a perversão e a
iniquidade do modelo econômico vigente, exclusivista e excludente contrários a
Deus, a Humanidade e a Ecologia. Tem a ver com a preservação do meio ambiente
com um desenvolvimento sustentável, a ecologia integral que tanto nos lembra o
Papa Francisco. Tem a ver com os buracos
na camada de ozônio, do aquecimento global e todas as suas conseqüências.
Viver em comunhão é a
única garantia de felicidade. Viver em comunhão é a única garantia de que ou
nos salvaremos juntos ou nos condenaremos todos. Viver em comunhão é pulsar no
mesmo hálito de um beijo do céu, da terra, do mar, da humanidade e Deus.
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