Prof. Martinho Condini
Nenhuma forma de Estado é capaz de promover a justiça
social e a igualdade entre as pessoas.
Elegemos vereadores,
prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente, para eles decidirem
por nós. Como se não soubéssemos o que é melhor para nós. Na maioria das vezes
suas decisões e escolhas não nos favorecem. Essa engrenagem se sustenta numa
instituição denominada Estado, que no Brasil é composta por uma camarilha de larápios,
que estão lá mamando na teta do Estado a serviço daqueles que de fato detém o
poder político e econômico nesse país há séculos.
Nenhum governo da nossa república fez uma
reforma tributária para os ricos e instituições religiosas, por exemplo, pagarem
impostos. Nesses 131 anos de república, a elite nadou de braçada em todos os
governos, eu disse em todos. Penso que o Estado é um aparelho podre na sua essência,
origem e organização, ele está sempre a serviço dos poderosos que tem como
objetivo a manutenção e aumento do seu poder e riqueza.
Se o Estado for
democrático, é para controlar a sociedade e se o Estado for autoritário, é para
nos tirar a liberdade.
A polícia é a protetora
dessa engrenagem perversa que está a serviço do Estado e daqueles que comandam
este Estado, que estão lá para garantir os privilégios da elite corrupta.
A eficiência da polícia do Estado se destaca
quando assassina negros, camponeses e indígenas, nas periferias, no campo e nas
reservas indígenas. E na maioria das vezes quando isso ocorre o Estado tem a
insensatez de dizer que é bala perdida ou está a serviço da manutenção e da
ordem. Ordem essa estabelecida por esse Estado corrupto.
A liberdade, igualdade e
fraternidade, cantada em verso e prosa pela burguesia, serviu a ela para
garantir um status quo, que já duram mais de 230 anos. Claro que não sou a
favor do absolutismo ou regimes autoritários e reacionários. Mas não caio na esparrela
que a Revolução Francesa foi popular. Ela teve a participação popular, que
apenas serviu para garantiu a ascensão da burguesia ao poder. A partir daí a
classe trabalhadora urbana e camponesa se consolidaram os principais
instrumentos para acumulo de riqueza para essa burguesia que irá comandar a
engrenagem do Estado por meio da democracia. Democracia com o controle do
Estado não é democracia, é instrumento de manobra para legitimar uma
instituição controladora da sociedade. Tudo isso compõe o Estado moderno burguês ao
qual estamos inseridos. No Brasil, o Estado está a serviço de uma elite que
controla os meios de produção e a mão de obra há 520 anos. Lembrando que mais de
350 anos tivemos a vergonhosa escravidão do povo africano.
Creio que já tivemos
experiências suficientes em nossa história colonial, imperial e republicana que demonstraram a subserviência do Estado
para com a elite econômica, seja este Estado governado pela direita (sempre
esteve no poder em nosso país) e mesmo quando tivemos governos que se diziam de
esquerda. A velha política do pão e circo se perpetua em nossa história. Transformações
profundas se faz de maneira revolucionária na melhor concepção da palavra, isto
é, mudança radical na ordem dos valores, no comando e no controle das riquezas
de uma nação.
O Estado brasileiro sempre
foi e continuará sendo, perverso, cruel e omisso com sua gente. Os lampejos que
tivemos de possibilidades de transformação rapidamente se transformaram em
decepções e frustrações. Os ideais de seres humanos e instituições se esvaíram diante do projeto do poder pelo poder.
Há muitas organizações e
movimentos no Brasil conquistando seus espaços, sem a participação do Estado e
sua corja de corruptos, salafrarios, usurpadores e ordinários. Penso que será por
meio dessas organizações e movimentos populares que alcançaremos nossa redenção
social e política, de um país “que não
tem governo e nunca terá”.
Um dia, não sei quando,
talvez hoje, amanhã ou daqui centenas de anos o anarquismo nos possibilite
construir uma sociedade verdadeiramente igualitária, libertária e solidaria em sua
plenitude.
O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em
Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom
Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom
Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do
mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo
Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo
Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um
ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com
Excelente artigo professor. Grande abraço.
ResponderExcluirDepreendo nitidamente que o Estado, ontem, hoje e sempre, fez-se, faz-se e far-se-a na contramão dos interesses e necessidades da Classe Trabalhadora. Abraço, Condini!
ResponderExcluirQuando teremos um Estado com base popular? Voltado para os trabalhadores? Para os pobres? Aproveitemos as experiências que a história já consolidou. Ampliemos essas experiências.
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