Prof. Martinho Condini
No último sábado, 11 de
setembro de 2021, eu não ouvi e nem vi nenhuma emissora de TV ou rádio fazer
menção aos quarenta e oito anos de um fato histórico ocorrido em terras
chilenas, que os levaram a um dos períodos mais sombrios de sua história.
Me refiro ao assassinato do presidente Salvador Allende e a
instauração e uma ditadura militar.
Após a Revolução Cubana de 1959, considero a chegada de
Allende ao poder no Chile o mais importante acontecimento histórico latino
americano do século XX.
Allende em 1970 foi eleito por uma coligação de esquerda, a Unidade
Popular, tornado-se o primeiro presidente socialista marxista a chegar ao poder
democraticamente em um país da América Latina.
Allende assume o governo com o propósito de socializar a
economia chilena, com um projeto baseado na reforma agrária e a nacionalização
das indústrias de mineração de cobre. A sua política foi denominada “via
chilena para o socialismo”.
As
empresas americanas Anaconda e Kennecott não receberam um único peso a partir
da nacionalização, pelo fato delas terem tido lucros bilionários nas últimas
décadas no Chile sem contribuir com os cofres chilenos.
Essas
ações do governo de Allende levaram o governo imperialista estadunidense a
promover um boicote econômico ao governo de Allende. Ao longo dos meses esse
boicote provoca uma instabilidade econômica no governo Allende.
Uma
crise econômica se estabelece a partir de 1972, orquestrada pela direitista
elite chilena respaldada pelo imperialismo estadunidense.
Ocorre o golpe militar, Salvador
Allende é assassinado no Palácio de La Moneda (familiares
de Allende afirmam que ele se suicidou) por soldados da força militar chilena
liderados pelo General Augusto Pinochet, comandante em chefe do Exército
chileno.
Dois anos após o golpe militar o governo chileno
pagou uma indenização de 250 milhões de dólares à empresa Anaconda, propriedade
das famílias Rockefeller e Rothschild.
Entre 1974 e 1990, a
ditadura de Pinochet, suprimiu os partidos políticos, realizou uma avassaladora perseguição aos
opositores ao regime, sem precedentes na história de Chile. Ao todo, foram 3.225
mil mortos, milhares de cidadãos e cidadãs torturados e 200 mil chilenos exilados.
Além do estrago cultural, educacional e social provocado pelos anos de censura
e repressão.
Enfim, o que me indigna é
a atitude dos meios de comunicação em nosso país (me desculpa se algum órgão de
imprensa o fez) na semana passada, não relembrarem o “fim de um sonho” e o “início
de um pesadelo” de quase duas décadas do povo chileno.
Estou convencido que está atitude nos mostra o
quanto ainda os nossos meios de comunicação estão nas mãos de uma elite
empresarial conservadora e de direita. Talvez
por isso só tenham relembrado o 11 de setembro de 2001.
O 11 de setembro de 1973, este
sim, foi uma tragédia.
O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com
De fato, Martinho. Os grandes da comunicação no Brasil fazem parte da elite antipovo. Viva Allende! Viva o socialismo! Vi a a América Latina livre!
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