por Frei Aloísio Fragoso
O
PODER DO ESPÍRITO EM TEMPOS DE CORONAVIRUS
Que poder move o mundo? Esta é, sem dúvida,
uma pergunta pretensiosa. Qualquer resposta aceitável teria que resultar de um
longo aprofundamento. Aqui ela aparece apenas como uma espécie de ponto de
partida, uma referência sequenciada para chegar finalmente ao que importa: que
poder move a mim, cidadão deste mundo e filho de Deus?
Abalados pelos efeitos trágicos da pandemia
do coronavirus, talvez alguns mais pessimistas desabafem, dizendo: o poder que
move o mundo é o de seres invisíveis e
devastadores como estes vírus assassinos, frente aos quais nós não somos nada.
Grandes pensadores e grandes santos dão
outras respostas inspiradas na ciência ou na Fé, enquanto as pessoas simples
não necessitam que lhes façam esta pergunta para expressar suas intuições não menos sábias que
a dos filósofos.
E os que se deixam guiar pela luz da
doutrina cristã? Para estes o Espírito Santo de Deus está presente desde o
primeiro até no último momento da História, desde a primeira página da
Bíblia - "O Espírito pairava sobre
as águas" Gn.1,2, até a página derradeira - "O Espírito e a Esposa dizem "Vem"! ... e quem
quiser venha beber de graça da Água da Vida" Apoc. 22,17. Por conseguinte,
o sopro do Espírito de Deus dá início ao movimento vital, criador de todas as
coisas, e conclui a sua obra com um chamado para saciar a sede de todos que
habitam a Criação.
Entre o primeiro e o último momento, entra
em cena o Messias, o Cristo Senhor, e usa a mesma linguagem: "quem não
nasce da água e do Espírito não entra no Reino de Deus" Jo.4,5. Então o
Espírito Santo volta, desta vez em forma
de línguas de fogo sobre a cabeça dos apóstolos.
Observemos como a ação do Espírito é
representada pelos 4 elementos constitutivos do universo: terra, água, fogo e
ar. Uma abrangência total do Universo criado.
Daí nasce outra inevitável pergunta, comum
aos que se sentem ameaçados por forças incontroláveis: por que este Poder
Supremo não aniquila a ação destruidora do coronavírus?
Antes de procurar uma resposta, precisamos
ajuntar a esta questão algumas outras não menos razoáveis.Tem sido uma
tendência sempre repetida na História, esta de cobrar a intervenção de Deus nas
horas de grandes tribulações. Os antigos hebreus, esgotados com as exigências
da caminhada no deserto, passaram a ter saudade dos tempos da escravidão no
Egito. E querem retornar. A mesma conduta se repete hoje nos que vão às ruas
gritar pela volta da ditadura militar, por se sentirem incapacitados ou
incomodados com as exigências da democracia. Estes poderes do passado,
invocados irracionalmente, pois grande parte ignora os fatos então acontecidos
e outros preferem cegar os olhos da memória, são sucedâneos do poder divino.
É hora de perguntar: quem garante que a
pandemia do coronavirus não é consequência das nossas graves e contínuas
transgressões às leis irrevogáveis da natureza? Quem garante que muitas
tragédias que nos pegam de surpresa não são frutos de "sementes venenosas"
que, em algum momento, plantamos no útero da mãe terra?
Lembremos estas palavras do Papa Francisco:
"Deus perdoa sempre. Nós perdoamos algumas vezes. A natureza não perdoa
nunca." E escutemos com a mesma atenção o que nos diz Wakia un Mani, chefe
da tribo Lakota, dos EUA: "Quando o último peixe desaparecer nas águas e a
última árvore for removida da terra, então o homem saberá que ele não pode
comer dinheiro".
O que podemos esperar de Deus, neste
momento, é que Ele repita o que sempre fez ao longo da nossa História: dê aos
seus filhos e filhas inspiração e fortaleza, livrando-os do desespero e não
permita que seja destruído o seu Plano de Salvação (palavra que significa
originalmente saúde).
Da nossa parte, o que devemos fazer é
acionar todas as forças de reserva guardadas em nossa natureza para as
situações insuportáveis e apressar o fim desta catástrofe pelo poder da Fé,
através da oração.
Cada dia mais próximos da festa de
Pentecostes, vamos reunir todas as nossas energias espirituais e clamar como os
antigos hebreus, nas horas tenebrosas, diante dos muros de Jerusalém: "Se
Deus está conosco, quem poderá derrotar-nos?" Amém!
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