por Marcelo Barros
Nesta semana em
que trabalhadores/as do mundo inteiro celebram o 1º de maio, é importante
perceber que o Capitalismo faz com que pensemos que a pobreza é normal (Deus
fez o mundo com ricos e pobres). Os pobres são culpados por serem pobres, visto
que não souberam dar duro e prosperar na vida. Além disso, como são muitos, se
tornam pesados para o país. No ano passado, os governos gastaram 1 trilhão e
822 bilhões de dólares com armas. Cada dia, gastaram em armamentos mais de 25
milhões de reais. No entanto, afirmam que os sistemas públicos de saúde e de
aposentadoria são deficitários. Com esse pretexto, a cada dia, aprovam leis
para diminuir os direitos dos trabalhadores e da população mais empobrecida.
No quadro atual
de uma pandemia que, a cada dia, mais gente, há cientistas que nos advertem: por causa da
poluição das águas, da péssima qualidade do ar e da deterioração das condições
de higiene e saúde em todo o mundo, existe a possibilidade real de que, a esta
pandemia do coronavírus se sigam outras. A manipulação de organismos vivos para
fins de comercialização no formato de vacinas é imoral e inaceitável.
Rechaçamos a patentização e a disputa comercial pelo controle da produção e
distribuição da única possibilidade de proteger as todos e todas. Para sair dessa
espiral de destruição e morte, será necessário que a humanidade se organize
como humanidade. A ONU como associação dos governos já não tem legitimidade
para falar em nome da humanidade. Só a humanidade organizada como tal pode
exigir uma transformação das relações sociais e mudar as formas de produção e
consumo. É preciso ter coragem de declarar ilegal a pobreza no mundo.
Ninguém nasce
pobre por destino, ou por acaso. Há pessoas que nascem com necessidades
especiais, físicas ou psíquicas, mas não existem em si pobres. Existem
empobrecidos. Atualmente, mais de 90% da humanidade têm de se contentar com
menos de 10% dos bens que seriam de todos, porque a elite organizou o mundo para
garantir as desigualdades sociais e a mercantilização dos bens que, por
natureza, seriam de todos.
Desde 2012, em
diversos países, muitos homens e mulheres lançaram uma campanha para fazer com
que a assembleia geral da ONU aceitasse declarar ilegal a pobreza. Em 2018,
quando se comemorava o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, se pedia que a ONU reconhecesse como ilegais as leis, instituições e
práticas sociais que produzem e alimentam a pobreza no mundo. Apesar de que a ONU nunca aceitou discutir o
assunto, a campanha organizou-se como fundação e se chama “Audácia em nome da Humanidade”. Propõe uma Ágora dos/das Habitantes
da Terra e esse encontro da humanidade reconhece todo ser humano como cidadão
planetário. Planeja publicar uma Carta
dos Direitos da Vida que não pode ser comercializada. Além disso, lutamos
pelo reconhecimento da terra, da água, do ar, da saúde e outros elementos como bens comuns de toda a humanidade, aos
quais todos os humanos devem ter direito. Para isso, já está em formação um
Conselho Internacional de Segurança da Água como bem comum de todo o universo.
O desafio de
todas essas iniciativas é que como as árvores começam pela semente e só crescem
se firmarem raízes, todo esse processo precisa de partir de sementes boas de
comunhão amorosa. Se essa luta pacífica aqui descrita não se enraizar nas bases
dos movimentos sociais e dos grupos locais, pode se conseguir uma boa
articulação nacional e internacional, mas será como uma árvore frondosa que a
raiz é sem profundidade.
No primeiro domingo
da Páscoa, o Papa Francisco escreveu aos representantes de movimentos sociais
de todo o mundo: “se a atual pandemia é
uma guerra, vocês combatem com a arma do senso comunitário”. O senso de que
dependemos uns dos outros e só juntos podemos salvar a terra e a vida de todos.
Para quem é cristão e está celebrando a Páscoa, esse é o caminho através do
qual podemos testemunhar a ressurreição de Jesus e viver uma Páscoa nova de
toda a humanidade e do planeta que é nossa casa comum.
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