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segunda-feira, 12 de julho de 2010

FEIRAS DO LIVRO



POR FREI BETTO

Participei, nos últimos meses, de várias ferias do livro e outros eventos literários, como o Programa TIM Grandes Escritores. Entre outubro e novembro passados, estive nas feiras de Gravataí (RS), Caxias do Sul (RS), Belém (PA) e no Fórum das Letras, em Ouro Preto (MG). Em todos esses eventos constatei o empenho dos promotores em promover o livro, despertar o interesse pela literatura e facilitar o contato entre leitores e escritores.

Ler é percorrer todos os períodos da história, penetrar conhecimentos científicos e técnicos, dar asas à imaginação, sem sair do lugar. Basta abrir o livro. É conhecer qualquer tema, da fabricação de vinhos à vida dos papas, bastando decifrar o código alfabético em folhas de papel ou no monitor de um equipamento eletrônico. Ler é sonhar, poetar, divagar, expandir a fantasia e cultivar a sensibilidade.

A diferença entre ler e ver TV é que, no primeiro caso, o leitor escolhe o que lhe interessa. Com a vantagem de não se submeter à avalanche publicitária e adequar a programação – no caso, a leitura – ao ritmo de sua conveniência. E, considerando a baixa qualidade de conteúdo na TV brasileira, ler é absorver cultura.

No Brasil, o consumo de livros ainda é ínfimo: 2,7 por habitante/ano. Na Argentina, 6. Há em nosso país cerca de 3 mil livrarias, 50% no estado de São Paulo. Aqui, o livro sofre o efeito Tostines: é caro porque vende pouco e vende pouco porque é caro. O governo, excetuando a compra de livros didáticos, não incentiva a produção e circulação de livros. Raros os municípios com bibliotecas públicas, e as poucas existentes nem sempre primam pela conservação das instalações e atualização do acervo. A informatização ainda engatinha e o leitor enfrenta, por vezes, barreiras burrocráticas para ter acesso ao livro.

Assim, não é de se estranhar que alunos da 8ª série não consigam redigir uma simples carta sem cometer graves erros de concordância e sintaxe. A situação piora quando se trata de interpretar um texto. Lê-se o período sem conseguir entendê-lo...

O amor aos livros nasce na infância. Criança que jamais viu os pais lerem ou vive numa casa desprovida de livros terá, com certeza, dificuldade de adquirir gosto pela literatura. Hoje em dia recomenda-se ler histórias para os bebês, de modo a favorecer as sinapses cerebrais e a elaboração de sínteses cognitivas. Ao ler ou contar uma história para crianças é normal ouvi-las recriarem em cima do que escutam. A imaginação entra em diálogo com o texto. A fantasia aflora, oxigenando o ouvindo psíquica e espiritualmente.

Já a TV não propicia essa interação, apenas impõe à criança o conteúdo de sua programação. E, de certo modo, anula a fantasia infantil, como se a TV fosse capaz de substituir o saudável exercício de dar asas à imaginação.

Outrora, as feiras do livro tinham a característica de baratear o produto. Hoje, isso se torna cada vez mais raros. Apesar de o governo Lula ter desonerado tributos de editoras, tudo indica que o benefício não se estendeu aos leitores.

Felizmente há, pelo Brasil afora, bibliotecas montadas por iniciativas voluntárias, cujos acervos dependem de doações. Na capital paulista, é possível tomar emprestado um livro nas estações de metrô. E o índice de não devolução é mínimo – o que consola nossa autoestima ética nessa nação de tantos políticos corruptos. Em Brasília, um açougue dispõe livros em pontos de ônibus. Na Baixada Fluminense, uma dona de casa transformou seu quintal em biblioteca pública.

Tomara que o propósito de o poder público instalar uma biblioteca em cada município brasileiro torne-se realidade um dia. O Brasil estará a salvo no dia em que as novas gerações forem viciadas em livros.



Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org twitter:@freibetto.


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UM JUSTO QUE AMA A JUSTIÇA


POR MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER


Se me perguntassem qual a melhor palavra para definir este homem que há mais de quinze anos conduz a PUC-Rio até o lugar que hoje ocupa no cenário acadêmico nacional ficaria, em um primeiro momento, indecisa. Seriam tantas palavras que me ocorreriam… Pois convivendo durante essas quase duas décadas com o Pe. Jesus Hortal Sánchez SJ, tive a graça de descobrir diversas facetas de sua rica personalidade. Não é tão fácil determinar qual a que mais se destaca.
O que primeiro salta à vista no contato com este salmantino de pura cepa, amante de sua Espanha natal e de tudo que ela de bom oferece, incluídos os bons vinhos, é sem dúvida a brilhante inteligência. Conversar com o Pe. Hortal é um prazer e um aprendizado contínuos. Dotado de mente clara, percepção aguda e precisa e uma vastíssima cultura, encontra-se à vontade tanto no Direito Canônico e na Teologia, suas especialidades acadêmicas, como também em temas sociais, políticos, econômicos. Entre as línguas que domina estão o grego, o hebraico, o latim, pelas quais transita tão à vontade como se estivesse andando pelo campus da universidade que comandou durante tantos anos.
Jamais o vi titubear diante de uma pergunta e não ter uma resposta precisa e direta. Inclusive ao se tratar de números. Conhecedor das estatísticas e dos índices do país, do estado e da universidade, conversa descontraidamente com matemáticos e engenheiros, esgrimindo precisões ao que lhe é apresentado pelos especialistas.
Se o assunto é literatura, história geral e do Brasil, música clássica ou popular, Pe. Hortal também tem o que dizer e apresentar. Leitor voraz, é apreciador do belo e do erudito e de todas as expressões artísticas e literárias autênticas. Aberto ao novo, o senso estético nele se alia ao senso de humor. É capaz de animar uma reunião com sua verve e erudição, falando a linguagem coloquial assim como a acadêmica. Homem de profunda fé, ama a Igreja. No entanto, poucos como ele crêem no diálogo ecumênico. E com o judaísmo é interlocutor dos mais respeitados e assíduos.
Não por causa da idade de sábio é avesso às novas tecnologias. Pelo contrário, internauta exímio, responde ao correio eletrônico com a rapidez do raio e dá conferências com sofisticados power points preparados pessoalmente.
Tudo isso lhe tem valido o reconhecimento não apenas da Universidade onde atuou como reitor até o último dia 30 de junho, como também o respeito da comunidade acadêmica como um todo, que o elegeu por três vezes personalidade educacional do ano. Figura de educador destacado na sociedade brasileira, acumulou prêmios e reconhecimento de várias instâncias, os quais recebeu com naturalidade e risonha modéstia.
Porém, tudo isso ainda não chega sequer perto da palavra que melhor o define e que só consegui encontrar na Bíblia, por ele tão conhecida e assimilada. O Pe. Jesus Hortal Sanchez é, antes de tudo, um justo. Da mesma estirpe daqueles que a Escritura aponta como exemplos de conduta para o povo eleito. E sua formação de jurista certamente burilou ainda mais essa justiça constitutiva de sua pessoa.
Em todas essas décadas eu o tive como chefe. Como diretor do departamento de teologia, vice-reitor acadêmico e finalmente como reitor. Em suas mãos estava o tomar decisões muitas vezes em situações difíceis ou delicadas. Jamais o vi pensar, agir ou falar movido por paixões ou sob o vento volúvel das emoções desordenadas. Ainda menos sob o impulso de simpatias ou antipatias, gostos ou desgostos.
A retidão firme e sóbria o fazia permanecer equilibrado como o fiel da balança mesmo nos momentos mais cruciais à frente de uma instituição complexa e grande como a universidade. A todos inspirava confiança e permitia sentir a PUC-Rio navegando segura e levantando alto sua bandeira.
Olhando-o hoje, quando deixa o cargo sob aplausos e carregado de homenagens, sinto que a ele se aplica a frase do salmo: A boca do justo fala sabedoria e a sua língua exprime a justiça. E ainda a frase de Jesus ao enxergar Natanael sob a figueira: Eis um homem no qual não há falsidade. E só posso expressar uma profunda gratidão por todos esses anos de convivência e aprendizado. Que seu legado luminoso continue a inspirar-nos hoje e sempre.


Maria Clara Bingemer é professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio, decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio e autora de "Deus amor: graça que habita em nós”, entre outros livros. (www.users.rdc.puc-rio.br/agape )

COMO OPERAR A TRANSIÇÃO DO VELHO PARA O NOVO PARADIGMA


Por Leonardo Boff


Damos por já realizada a demolição crítica do sistema de consumo e de produção capitalista com a cultura materialista que o acompanha. Ou o superamos historicamente ou porá em grande risco a espécie humana.
A solução para a crise não pode vir do próprio sistema que a provocou. Como dizia Einstein:"o pensamento que criou o problema não pode ser o mesmo que o solucionará". Somos obrigados a pensar diferente se quisermos ter futuro para nós e para a biosfera. Por mais que se agravem as crises, como na zona do Euro, a voracidade especulativa não arrefece.

O dramático de nossa situação reside no fato de que não possuimos nenhuma alternativa suficientemente vigororosa e elaborada que venha substituir o atual sistema. Nem por isso, devemos desistir do sonho de um outro mundo possível e necessário. A sensação que vivenciamos foi bem expressa pelo pensador italiano Antônio Gramsci:"o velho resiste em morrer e o novo não consegue nascer".

Mas por todas as partes no mundo há uma vasta semeadura de alternativas, de estilos novos de convivência, de formas diferentes de produção e de consumo. Projetam-se sonhos de outro tipo de geosociedade, mobilizando muitos grupos e movimentos, com a esperança de que algo de novo poderá eclodir no bojo do velho sistema em erosão. Esse movimento mundial ganha visibilidade nos Fórums Sociais Mundiais e recentemente na Cúpula dos Povos pelos direitos da Mãe Terra, realizada em abril de 2010 em Conchabamba na Bolivia.

A história não é linear. Ela se faz por rupturas provocadas pela acumulação de energias, de idéias e de projetos que num dado momento introduzem uma ruptura e então o novo irrompe com vigor a ponto de ganhar a hegemonia sobre todas as outras forças. Instaura-se então outro tempo e começa nova história.

Enquanto isso não ocorrer, temos que ser realistas. Por um lado, devemos buscar alternativas para não ficarmos reféns do velho sistema e, por outro, somos obrigados a estar dentro dele, continuar a produzir, não obstante as constradições, para atender as demandas humanas. Caso contrário, não evitaríamos um colapso coletivo com efeitos dramáticos.

Devemos, portanto, andar sobre as duas pernas: uma no chão do velho sistema e a outra no novo chão, dando ênfase a este último. O grande desafio é como processar a transição entre um sistema consumista que estressa a natureza e sacrifica as pessoas e um sistema de sustentação de toda vida em harmonia com a Mãe Terra, com respeito aos limites de cada ecossistema e com uma distribuição equitativa dos bens naturais e industriais que tivermos produzido. Trocando idéias em Cochabamba com o conhecido sociólogo belga François Houtart, um dos bons observadores das atuais transformações, convergimos nestes pontos para a transição do velho para o novo.

Nossos paises do Sul devem em primeiro lugar, lutar, ainda dentro do sistema vigente, por normas ecológicas e regulações que preservem o mais possível os bens e os serviços naturais ou trate sua utilização de forma socialmente responsável.

Em segundo lugar, que os paises do grande Sul, especialmente o Brasil, não sejam reduzidos a meros exportadores de matérias primas, mas que incorporem tecnologias que dêem valor agregado a seus produtos, criem inovações tecnologias e orientem a economia para o mercado interno.

Em terceiro lugar, que exijam dos paises importadores que poluam o menos possível e que contribuam financeiramente para a preservação e regeneração ecológica dos bens naturais que importam.

Em quarto lugar, que cobrem uma legislação ambiental internacional mais rigorosa para aqueles que menos respeitam os preceitos de uma produção ecologicamente sustentável, socialmente justa, aqueles que relaxam na adaptação e na mitigação dos efeitos do aquecimento global e que introduzem medidas protecionistas em suas economias.

O mais importante de tudo, no entanto, é formar uma coalizão de forças a partir de governos, instituições, igrejas, centros de pesquisa e pensamento, movimentos sociais, ONGs e todo tipo de pessoas ao redor de valores e princípios coletivamente partilhados, bem expressos na Carta da Terra, na Declaração dos Direitos da Mãe Terra ou na Declaração Universal do Bem Comum da Terra e da Humanidade (texto básico do incipiente projeto da reinvenção da ONU) e no Bem Viver das culturas originárias das Américas.

Destes valores e principios se espera a criação de instituições globais e, quem sabe, se organize a governança planetária que tenha como propósito preservar a integridade e vitalidade da Mãe Terra, garantir as condições do sistema-vida, erradicar a fome, as doenças letais e forjar as condições para uma paz duradoura entre os povos e com a Mãe Terra.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

VALORES QUE CONSTROEM A CIDADE

Frei Betto


A cidade se articula, basicamente, em sociedade civil (poder popular) e sociedade política (poder público). Na sua forma mais expressiva de cidadania, a sociedade civil atua através de movimentos sociais, organizações da sociedade civil que pressionam a sociedade política (Estado e instituições afins) visando a defesa e/ou conquista de direitos (humanos, civis, políticos, econômicos, ecológicos etc.).
Há movimentos sociais espontâneos e efêmeros (o recente protesto de jovens da periferia francesa contra o consumismo, através da queima de carros), bem como os que se prolongam no tempo e adquirem formas distintas para reivindicar um único direito, como a isonomia das mulheres em relação aos homens (são exemplos a peça “Lisístrata”, do grego Aristófanes, nascido no século V a.C., e o movimento feminista da segunda metade do século XX).
A organização da sociedade em movimentos sociais é inerente à sua estrutura de poder. O teatro teve na Grécia antiga o papel político de dotar a população de razão crítica através de uma expressão estética, como o comprova a obra de Sófocles: Antígona desafia Creonte (a consciência do indivíduo calcada na justiça perante a legalidade do poder respaldada na tradição).
Os movimentos sociais adquirem, ao longo da história, distintas expressões: estética, religiosa, econômica, ecológica etc. A partir do século I, o Império Romano teve suas bases solapadas por um movimento social de caráter religioso – o Cristianismo – que se recusou a reconhecer a divindade de César e propalou a radical dignidade de todo ser humano, chamado à comunhão de amor com os semelhantes e com Deus, segundo a mensagem proferida por uma vítima do Império – Jesus de Nazaré – em quem os adeptos da nova fé reconheciam a presença de Deus na Terra.
Desde a Revolução Francesa a sociedade civil passou a se mobilizar mais frequentemente em movimentos sociais. Porém, é recente a noção de que a sociedade civil deve se organizar para pressionar o poder público, e não necessariamente para almejar também “a tomada do poder”. Isso ensejou o caráter multifacetado dos movimentos – indígenas, negros, mulheres, migrantes, homossexuais etc. – e o fato de constituírem instâncias políticas nem sempre partidárias.
Essa “laicização” dos movimentos sociais é que permitiu alcançarem autonomia em relação às instâncias de poder – político, religioso, econômico etc. – e, ao mesmo tempo, despontarem como forças de alteridade perante o poder institucionalizado. É o fenômeno recente do empoderamento da sociedade civil que, quanto mais forte, mais logra transmutar a democracia meramente representativa em democracia efetivamente participativa.
Essa participação tem hoje, no Brasil, expressões efetivas na construção da cidade, como o orçamento participativo. Foi no final da década de 1970 que se iniciou a experiência do orçamento participativo, em que a população debate e decide a aplicação dos recursos públicos. Os municípios pioneiros foram Lajes (SC), a partir de 1978; Boa Esperança (ES), 1982; Diadema (SP), 1983; e Vila Velha (ES), 1986.
A mais duradoura, entretanto, foi a de Porto Alegre, que se projetou nacional e internacionalmente como nova metodologia de gestão pública participativa. Segundo o Fórum Nacional de Participação Popular, entre 1997 e 2004 já haviam adotado o orçamento participativo 103 municípios brasileiros.
Em Ipatinga (MG), município de cerca de 220 mil habitantes, criaram-se Conselhos Regionais, representados no Conselho Municipal do Orçamento, integrado por prefeito, vice-prefeito, secretários, vereadores, representantes das associações de moradores e outras entidades não governamentais.
São as associações de moradores que configuram a capilaridade do orçamento participativo, recolhendo as reivindicações dos moradores e mobilizando-os em busca da conquista de suas aspirações. Representadas nos Conselhos Regionais, elas tecem a rede da democracia participativa.
As atribuições do conselho compreendiam tanto a definição das obras a serem realizadas no município quanto acompanhar seu andamento, incluindo a fiscalização da execução orçamentária. E anualmente realizava-se o Congresso Municipal de Prioridades Orçamentárias (Compor), com a participação de mais de 5 mil pessoas. Com aceso à informática, hoje em muitos municípios, como ocorreu em Belo Horizonte, a indicação de prioridades é feita por votação eletrônica.
O ideal seria prover todas as escolas municipais de laboratórios de informática, que funcionariam inclusive nos fins de semana, atraindo a população jovem e adulta, dentro de um projeto mais abrangente de inclusão digital.
Ao fomentar o surgimento de novas lideranças populares, o orçamento participativo deve se equipar de instrumentos como o disque-Câmara e o disque-Prefeitura, de modo que os cidadãos possam interferir diretamente na qualidade dos serviços públicos.
Por sua estrutura democrática, o orçamento participativo permite aos mais pobres interferir na escolha de prioridades e fazer com que eles deixem a secular condição de excluídos dos serviços públicos. É, pois, uma ferramenta privilegiada de construção de democracia participativa.



Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org – twitter - @freibetto

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