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domingo, 29 de maio de 2011

OS GAYS E A BÍBLIA


OS GAYS E A BÍBLIA artigo de Frei Betto
por Frei Betto



É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos.

No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”...).
Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc).

No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu Catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.

Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hétero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.

São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a homofobia não se justifica apenas pela violência física sofrida por travestis, transexuais, lésbicas etc. Mais grave é a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.

A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama...).

Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?

Ora, direis ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.

Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?

Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.


Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org - twitter:@freibetto

Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

CONHEÇO UM HOMEM


por Leonardo Boff

Esbelto, de figura elegante, sempre fumando seu palheiro, ele foi um desbravador. Quando os colonos italianos não tinham mais terras para cultivar na Serra Gaúcha, eles, em grupo, emigraram para o interior de Santa Catarina, para as terras de Concórdia, notória por ser a sede das mais conhecidas empresas de carnes do pais, a Sadia e a Perdigão. Não havia nada, exceto alguns caboclos, sobreviventes da guerra do Contestado e grupos de indígenas kaigan. Reinavam os pinheirais, soberbos, a perder de vista.

Os colonos italianos vieram, organizados em caravanas, trazendo seu professor, seu puxador de reza e uma imensa vontade de trabalhar e de fazer a vida a partir do nada. Ele estudara vários anos com os jesuitas de São Leopoldo e acumulara vasto saber humanístico. Sabia latim e grego e lia em linguas estrangeiras. Viera para animar a vida daquela povera gente. Era mestre-escola, figura de referência e respeitadíssimo. Dava aulas de manhã e de tarde. À noite ensinava português para colonos que só falavam em casa italiano e alemão. Ao lado disso, abriu uma escolinha com os mais inteligentes para formá-los como guarda-livros para fazer a contabilidade das bodegas e vendas da região.

Como os adultos tinham especial dificuldade em aprender, usou um método criativo. Fez-se representante de uma distribuidora de rádios. Obrigava cada família a ter um rádio em casa e assim aprender o “brasilian” ouvindo programas em português. Montava cataventos e pequenos dínamos onde havia uma cascata para que pudessem recarregar as baterias. Como mestre-escola era um Paulo Freire avant la lettre. Conseguiu montar uma biblioteca de dois mil livros. Obrigava cada familia a levar um livro para casa, lê-lo e no domingo, depois da reza do terço em latim, formava-se uma roda onde cada um contava em português o que havia lido e entendido. Nós, pequenos, ríamos, a mais não poder, pelo português ruim que falavam. Não ensinava apenas o básico, mas tudo o que um colono devia saber: como medir terras, como devia ser o telhado do paiol, como tirar os juros, como cuidar da mata ciliar e tratar os terrenos com grande declive. Introduzia-nos nos rudimentos de filologia, ensinando-nos as palavras latinas e gregas. Nós pequenos, sentados atrás do fogão por causa do frio géiido, devíamos recitar todo o alfabeto grego, alpha, beta, gama, delta, teta...E mais tarde no colégio, nos enchíamos de orgulho ao mostrar aos outros e até aos professores donde vinham as palavras. Aos onze filhos incitava-os à muita leitura. Eu decorava frases de Hegel e de Darwin, sem entendê-las, para dar a impressão que tinha mais cultura que os outros.

Mas era um mestra-escola no sentido pleno da palavra porque não se restringia às quatro paredes. Saía com os alunos para contemplar a natureza, explicar-lhes os nomes das plantas, a importância das águas e das árvores frutíferas. Naqueles interiores distantes de tudo, funcionava como farmacêutico. Salvou dezenas de vidas usando a piniscilina sempre que chamado, não raro, tarde da noite. Estudava em livros técnicos os sintomas das doenças e como tratá-las.

Naqueles fundos ignotos de nosso pais, havia uma pessoa angustiada por problemas políticos e metafísicos. Criou até uma pequena roda de amigos que gostavam de discutir “coisas sérias” mas mais que tudo para ouvi-lo. Sem interlocutores, lia os clássicos do pensamento como Spinoza, Hegel, Darwin, Ortega y Gasset. Passava longas horas à noite colado ao rádio para escutar programas estrangeiros e se informar do andamento da segunda guerra mundial.

Era crítico à Igreja dos padres porque estes não respeitavam os vizinhos, todos protestantes alemães, condenados já ao fogo do inferno por não serem católicos. Opunha-se com dureza àqueles que discriminavam os “negriti” e os “spuzzetti”(os que cheiravam mal). A nós, filhos, obrigava-nos a sentar na escola sempre ao lado deles para aprender a respeitá-los e a conviver com os diferentes.

Sua piedade era interiorizada. Passou-nos um sentido espiritual e ético de vida: ser sempre honesto, nunca enganar e confiar irrestritamente na Providência divina. Para que seus onze filhos pudessem estudar e chegar à universidade vendia, aos pedaços, todas as terras que tinha ou herdara. No fim, vendeu até a própria casa. Sua alegria era sem limites quando vínhamos de férias pois assim podia discutir horas e horas conosco. E nos batia a todos. Morreu jovem, com 54 anos, extenuado de tanto trabalho e de serviço em função de todos. Sabiaa que ia morrer. Sonhava conversar com Platão, discutir com Santo Agostinho e estar entre os sábios. Na mesma hora e no mesmo dia em que embarquei no navio para estudar na Europa seu coração deixou de bater. Vim saber somente quando cheguei em Munique. Os irmãos e as irmãs inscreveram seu lema de vida na sua tumba:”De sua boca ouvimos, de sua vida aprendemos: quem não vive para servir não serve para viver”.

No dia 25 de maio de 2011 ele completaria cem anos. Este mestre-escola sábio e interiorano era Mansueto Boff, meu querido e saudoso pai.

JUSTIÇA TARDIA


por Maria Clara Bingemer




A mídia noticia dois casos de justiça tardia que elevam o nível da esperança nossa de cada dia. Os protagonistas são um jornalista e um padre. O jornalista Antonio Pimenta Neves, réu confesso de assassinato, foi preso após onze anos. O padre Júlio Lancelotti, que lutava para provar sua inocência há quatro anos, foi finalmente inocentado.

Já faz tanto tempo... mas no coração de João Gomide, pai de Sandra, a dor queima viva e hemorrágica como no primeiro dia. Sandra partiu para o haras e ali mesmo, em meio aos cavalos que tanto amava, foi morta com dois tiros nas costas. Pimenta Neves, o ex-chefe e depois namorado, muitos anos mais velho que a moça, não aceitava a ruptura que o fim do namoro traria. Sandra caiu ao chão e seu sangue foi bebido pela terra de Ibiúna.

João Gomide e a mulher lutaram o quanto puderam para ver o assassino da filha preso. Pimenta Neves, influente e com uma boa rede de relações, muniu-se de competentes advogados e conseguiu recorrer uma e muitas vezes até que finalmente na última terça feira foi preso e condenado a pagar indenização aos pais da vítima. Com a saúde abalada, fragilizado pela idade, João Gomide não sente mais ódio nem alimenta desejos de vingança. A falta da filha dói no fundo do peito e pesa como sombra de tristeza sobre sua velhice que imaginava alegre e calma, no convívio familiar. Não deseja mal ao homem que destruiu seu futuro. Apenas se alegra com a justiça acontecida e espera poder viver os anos que lhe restam em paz.

Os moradores de rua e menores infratores de São Paulo conhecem bem o Padre Júlio, anjo da guarda de suas vidas e apóstolo de suas causas desde muito tempo. Nomeado pelo então cardeal Dom Paulo Evaristo Arns vigário episcopal do povo da rua, Padre Júlio podia ser visto uma e outra vez denunciando ameaças de extermínio, acompanhando situações de sofrimento e perigo extremos, agindo aqui e ali para defender os direitos dos últimos excluídos da sociedade.

A notícia de que estava vivendo a dolorosíssima situação de ser vítima de extorsão por um daqueles a quem mais ajudou caiu como uma bomba em meio a todos os que o admirávamos, a ele e a seu evangélico trabalho. Acossado há anos, Pe. Julio finalmente – com apoio de Dom Odilo Scherer, atual arcebispo de São Paulo – procurou a polícia. E do dia para a noite, o sacerdote cuja rotina era trabalhar com o povo da rua e cuidar da mãe idosa que com ele residia, viu-se envolvido em infernal torvelinho de acusações e linchamento moral. Exposto na mídia, desacreditado no trabalho que fazia, vasculhado pela justiça, viveu uma autêntica via-crucis. Com a reputação comprometida e arranhada, sob suspeita de todos inclusive de certos segmentos da Igreja, Pe. Julio recolheu-se a um discreto silêncio.

Em 2007, seus detratores foram inocentados por falta de provas. Porém, há pouco tempo cometeram o erro de novamente procurar o padre para ameaçá-lo. Não sabiam - nem agressor nem vítima – que “no meio da rua havia uma câmera, havia uma câmera no meio da rua”. O delegado, avisado, requereu as imagens e condenou o agressor a sete anos de prisão. Pe. Julio finalmente vê a verdade vir à tona e trazer à luz sua inocência. Sem ódio no coração, espera que agora acreditem nele e em seu testemunho. E sofre a perda da mãe que, idosa, faleceu devido à dor que experimentava pelo sofrimento do filho.

Para João Gomide e sua esposa, que apalpam o vazio da alegre presença de Sandra em sua casa; para Júlio, que declara haver aprendido que não há amor sem dor, o acontecer da justiça, ainda que tardio, traz alívio e esperança de poder viver em paz e sem sobressaltos.

Para nós, fica a lição de que a justiça humana é lenta e morosa e, muitas vezes, tardia. Quem devolverá a João a presença da filha? Quem devolverá a Júlio integralmente a tranquilidade com que exercia seu ministério antes deste episódio? No entanto, quando acontece, traz esperança de que a impunidade nem sempre fique com a última palavra.

Em todo caso, mesmo quando a justiça humana falha, a justiça divina não só não falha como não é apenas retributiva, punindo culpados e resgatando inocentes. Ela é, sim, restaurativa, a todos restaurando pelo mistério sem lógica de um amor incondicional. Mesmo através da dor e da desventura, esse amor brilha e revela nossa fragilidade entretecida com a dignidade de sermos filhos de Deus.


Maria Clara Lucchetti Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio e autora de "Simone Weil - A força e a fraqueza do amor” (Ed. Rocco).


Copyright 2011 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

A DIVERSIDADE RECONCILIADA




por Marcelo Barros



Quando o presidente Obama foi à televisão se vangloriar de que tinha comandado o assassinato de Bin Laden, quando este, desarmado, via televisão em sua casa, um amigo evangélico norte-americano me contou que um pastor presidente de uma Igreja nos Estados Unidos manifestou-se pedindo do presidente uma ética diferente que respeite a sacralidade da vida e exija justiça, mas não vingança. Quando um assessor comunicou ao presidente esta reação do pastor, este respondeu:

- Esta declaração não terá repercussão porque estes pastores não se entendem entre si. Eu me preocuparia se, ao menos, várias Igrejas se unissem e juntas fizessem um pronunciamento neste sentido. Como isso é impossível, podemos continuar dando as cartas.

Para mostrar que o diálogo e a unidade entre as diferentes Igrejas é possível e é importante como profecia para o mundo, a cada ano, várias Igrejas consagram uma semana à oração e ao diálogo pela unidade dos cristãos. No hemisfério sul, este ano, isso ocorrerá nesta próxima semana e contará com cultos ecumênicos, encontros de oração e iniciativas de diálogo entre as Igrejas. A cada ano, uma federação local de Igrejas escolhe um tema comum. Em geral, estes temas têm sido propostos por Igrejas do mundo dos pobres. Neste ano, o tema escolhido vem da descrição que a Bíblia faz da primeira comunidade cristã em Jerusalém: "Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42). Mais do que uma descrição da realidade, a unidade da primeira comunidade cristã é uma proposta de vida e um objetivo a ser alcançado por todas as Igrejas. Sempre que se conseguiu atingir este ideal, foi em meio à grande diversidade de culturas e de formas de expressar a fé. No tempo do Novo Testamento, uma parte das comunidades cristãs era de pessoas vindas do Judaísmo, marcadas pela espiritualidade e pela tradição judaica. Na mesma comunidade, havia irmãos e irmãs convertidos de cultos orientais e do mundo cultural grego. Outros grupos internos se diziam discípulos de João Batista, o profeta. Mesmo a partir desta grande diversidade cultural e teológica, havia uma unidade de fé e ação. Isso não foi alcançado através de uma estrutura hierárquica rígida. A organização centralizada cria uniformidade. É unidade de forma, mas não de espírito e de fé. As comunidades dos primeiros séculos não caíram também na tentação do dogmatismo que confunde a fé com as expressões e formulações das quais esta se reveste nas diferentes culturas. Ninguém condenou quem não pensava como a maioria. As cartas de Paulo contém uma teologia e propõem um tipo de espiritualidade. A carta de Tiago contém uma interpretação da fé diversa de Paulo. O evangelho de Mateus dá um testemunho sobre Jesus diferente do que nos é dado em Lucas e João. Esta diversidade não impediu a unidade de fé, nem o diálogo entre as comunidades. Conforme o livro dos Atos dos Apóstolos, esta unidade deve se basear no ensinamento que os discípulos receberam de Jesus, na comunhão da vida, na repartição do alimento e nas orações em comum.

Este ensinamento dos apóstolos sobre o qual se firma a unidade é o testemunho do projeto divino que Jesus trouxe para o mundo. Este projeto se concretiza através do testemunho dos irmãos e irmãs que viram Jesus ressuscitado, presente na comunidade (koinonia) e na solidariedade. O mais importante sinal desta presença divina é a “partilha do pão”, que, hoje, as Igrejas chamam de “ceia do Senhor” ou de “eucaristia”.

Infelizmente, ao se adaptarem às culturas religiosas do Império Romano, as Igrejas se tornaram menos comunidades locais como eram no início e reforçaram mais o aspecto cultual do que o elemento comunitário e social que, nos primeiros séculos, as tinha caracterizado. Hoje, “unir-se em torno do ensinamento dos apóstolos” chama as Igrejas a se constituírem como Igrejas pascais, abertas à missão e capazes de dialogar com o mundo atual. A comunhão fraterna e a repartição do pão recordam que a vocação da Igreja cristã é ser profecia de um mundo novo e de partilha.

Quem vê as Igrejas divididas pode não se dar conta de como esta divisão testemunha contra o projeto divino de ver a humanidade como uma só irmandade. A unidade dos cristãos não é um projeto apenas eclesiástico. Deseja unir as comunidades que crêem em Cristo no serviço solidário para construirmos juntos um mundo de comunhão e de paz. Afinal, segundo o evangelho, na véspera de sua paixão, Jesus orou ao Pai: “que todas as pessoas que crêem em mim sejam unidas, como eu e Tu somos Um, para que o mundo possa crer que tu me enviaste” (Jo 17, 19).

sábado, 21 de maio de 2011

AEROAPERTOS






por Frei Betto


O Brasil se prepara para abrigar a Copa do Mundo de Futebol, em 2014 e, dois anos depois, os Jogos Olimpícos e Paraolímpicos. São festas de arromba, como diria Roberto Carlos que, agora, completa 70 anos de idade, talento e simpatia.

Getúlio Vargas, quando presidente, todos os anos transferia a capital da República, a 21 de abril, para Ouro Preto. De certa feita, uma família mineira decidiu recepcioná-lo com um faustoso banquete em Belo Horizonte. Todos se fartaram e poucos souberam que, recolhidos os pratos, a família faliu. Mas a festa saiu comme il faut!

Não espero que o Brasil venha a falir ao recepcionar Copa e Olimpíadas, embora saiba que muitos, ao recolher de bolas e torneios, ficarão ainda mais ricos. Os Jogos Pan-Americanos de 2007 tinham orçamento de R$ 800 milhões e consumiram R$ 4 bilhões. Superfaturamento equivale a supercorrupção. Logo...A infraestrutura do Brasil não está, por enquanto, adequada aos dois eventos esportivos.

As reformas de 12 estádios de futebol ainda não tiveram início; o do Corinthians, a ser construído em São Paulo, não poderá, segundo seu presidente, atender metade das exigências da FIFA; e nossos “aeroapertos” estão saturados.

De 13 cidades-sede da Copa, 9 aeroportos estão com obras atrasadas.

Em 2010, brasileiros utilizaram mais aviões que ônibus para viagens interestaduais. Ano passado, o movimento de passageiros em Guarulhos (SP) foi de 26,7 milhões; em Congonhas (SP), 15,4 milhões; em Brasília, 14,1 milhões; no Tom Jobim (RJ), 12,2 milhões; e nas demais capitais entre 5 e 7 milhões.

Isso se deve à melhoria das condições de vida de nossa população, graças aos mecanismos de distribuição de renda adotados pelo governo Lula, e ao aumento de número de empresas aéreas, o que acirrou a concorrência.

Nossos aeroportos foram construídos para suportar um volume bem menor de voos e, hoje, são verdadeiros “aeroapertos”. Em Congonhas, Santos Dumont, Confins e outros, os banheiros são insuficientes. No desembarque doméstico de Confins existe um único banheiro masculino com 4 privadas, 3 mictórios e 3 pias. No desembarque de Congonhas também só existe um banheiro masculino, que conta com 3 ou 4 privadas e meia dúzia de mictórios.

Num voo doméstico, que comporta cerca de 200 passageiros, se uns poucos precisarem desafogar a bexiga, haja fila... e aperto! As mulheres, então, suportam maiores dificuldades.

Nos bares e cafés, há um mínimo de atendentes para o máximo de consumidores. Onde deveriam estar 3 ou 4 funcionários, vê-se um. Mesas e balcões estão quase sempre sujos, pois a rotatividade e a falta de faxineiras impedem a limpeza adequada.

No desembarque, filas intermináveis para os táxis. Em Guarulhos, uma única empresa, sob comando de um vereador da cidade, mantém o monopólio de quem sai do aeroporto de Cumbica. E coitado do taxista que, ao deixar um passageiro, cometer o grave “crime” de apanhar outro. Corre o risco de ser linchado pelos olheiros da cooperativa monopolista, como aconteceu há tempos no Galeão com um taxista que não era da “tchurma”. Há, sim, melhoras: as empresas aéreas têm mais atendentes no balcão; há sistemas de autoatendimento; o balcão de prioridades é eficiente. Mas o ar refrigerado não funciona; quase não há poltronas disponíveis nos saguões e, quando há, são desconfortáveis. Quem dera tivéssemos, no Brasil, uma sala de espera da qualidade do aeroporto do Panamá!

A quem reclamar? À Anac, à Infraero, à nova Secretaria de Aviação Civil, com status de ministério? Há dias, fui ao balcão da Infraero, no aeroporto Santos Dumont, queixar-me de uma empresa que dispunha de um único funcionário para atender extensa fila. Deram-me um formulário. Tratei de preenchê-lo. Supus ser o bastante. Que nada! Poucos dias depois recebi correspondência solicitando que eu formalizasse a denúncia em novo formulário...Os aeroportos receberam do governo R$ 5,8 bilhões para reformas. O cronograma de obras está atrasado.

Segundo o Ipea, no atual ritmo de licitações, as obras demorarão mais de seis anos para serem concluídas... Agora o governo federal pretende alterar as regras de licitações e, vejam só, premiar as empresas que trabalharem mais rápido! Imaginem a qualidade! Em país sério faz-se o contrário: multa-se quem não cumpre prazos ou falha em qualidade.Prevê-se que cada turista, nos dois eventos esportivos, fará de 6 a 14 viagens aéreas, devido às distâncias no interior do Brasil. Pelo andar de nossas aerocarruagens, só nos resta suplicar a São Cristóvão, padroeiro dos viajantes, que ilumine governo e empreiteiras para que nos ofereçam boas obras. E queime as mãos dos corruptos que embolsarem dinheiro público.


Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas”(Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto
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UMA NOVA CIÊNCIA: ANÁLISE DO CICLO DA VIDA (ACV)




por Leonardo Boff






A busca de um bem viver mais generalizado e o cuidado para com a situação global da Terra está aprofundando cada vez mais a nossa consciência ecológica. Agora impõe-se analisar o rastro de carbono, de toxinas, de químicas pesadas, presentes nos produtos industriais que usamos no nosso dia-a-dia. Desta preocupação está nascendo uma verdadeira ciência nova que vem sob o nome de ACV: Análise do Ciclo de Vida. Monitoram-se os impactos sobre a biosfera, sobre a sociedade e sobre a saúde em cada etapa do produto, começando pela sua extração, sua produção, sua distribuição, seu consumo e seu descarte.

Demos um exemplo: na confecção de um vaso de vidro de um kg entram, espantosamente, 659 ingredientes diferentes nas várias etapas até a sua produção final. Quais deles nos são prejudiciais? A Analise do Ciclo de Vida visa a identificá-los. Ela se aplica também aos produtos ditos verdes ou ecologicamente limpos. A maioria é apenas verde no fim ou limpos só na sua utilização terminal como é o caso do etanol. Sendo realistas, devemos admitir que toda a produção industrial deixa sempre um rastro de toxinas, por mínimo que seja. Nada é totalmente verde ou limpo. Apenas relativamente ecoamigável. Isso nos foi detalhado por Daniel Goleman, com seu recente livro Inteligência ecológica (Campus 2009).

O ideal seria que em cada produto, junto com a referência de seus nutrientes, gorduras e vitaminas, deveria haver a indicação dos impactos negativos sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Isso vem sendo feito nos EUA por uma instituição Good Guide, acessível pelo celular, que estabelece uma tríplice qualificação: verde, para produtos relativamente puros, amarelo se contém elementos prejudiciais mas não graves, e vermelho, desaconselhável por seu rastro ecológico negativo. Agora inverteram-se os papéis: não é mais o vendedor mas o comprador que estabelece os critérios para a compra ou para o consumo de determinado produto.

O modo de produção está mudando e nosso cérebro não teve tempo suficiente ainda acompanhar essa transformação. Ele possui uma espécie de radar interno que nos avisa quando ameaças e perigos se avizinham. Os cheiros, as cores, os gostos e os sons nos advertem se os produtos estão estragados ou se são saudáveis, se um animal nos ataca ou não.

Ocorre que o nosso cérebro não registra ainda mudanças ecológicas sutis, nem detecta partículas químicas disseminadas no ar e que nos podem envenenar. Introduzimos já 104 mil compostos químicos artificiais pela biotecnologia e pela nanotecnologia. Com o recurso da Análise do Ciclo de Vida constatamos o quanto estas substâncias químicas sintéticas, por exemplo, fazem diminuir o numero de espermatozóides masculinos a ponto de gerar infertilidade em milhões de homens.

Não se pode continuar dizendo: as mudanças ecológicas só serão boas se não afetarem os custos e os rendimentos. Esta mentalidade é atrasada e alienada pois não se dá conta das mudanças havidas na consciência. O mantra das novas empresas é agora:”quanto mais sustentável, melhor; quanto mais saudável, melhor; quanto mais ecoamigável, melhor”.

A inteligência ecológica se acrescentará a outros tipos de inteligência, este agora mais necessário do que nunca antes.

Veja do autor o livro Proteger o planeta, cuidar da Terra, Record 2010.

“NÓS PEGA O PEIXE?”





por Maria Clara Lucchetti Bingemer, professora do Departamento de Teologia da PUC-Rio


Sinceramente, como professora, a notícia me deu um verdadeiro choque. Ao saber que o Ministério da Educação distribuiu a quase 500 mil estudantes do ensino fundamental e médio um livro que afirma não haver problema incorporar a linguagem popular, mesmo incorreta, na língua portuguesa, senti-me triste e desanimada.

Posso perfeitamente concordar em que não se deve discriminar quem fala de forma diferente de nós. Sobretudo quando essa diferença se deve ao fato de que tal pessoa não frequentou os bancos da escola e vive em um meio onde essa forma de falar é usual. Posso até concordar com a distinção entre “errado” e “inadequado” e entre “certo” e “adequado”.
Já participei de muitas reuniões de pastoral com comunidades populares, onde a fala popular é considerada e valorizada dentro do conjunto do evento. E pude apreciar falas cheias de sabedoria e profundidade ainda que dentro de formas incorretas de expressar-se. Eram falas, sim, “adequadas” à situação e ao ambiente no qual ocorriam. Jamais pensaria que alguém - mesmo o assessor ou o coordenador da reunião – devesse levantar-se e corrigir a pessoa que assim se expressava. Isso seria uma demonstração de preconceito, sem dúvida alguma.

Concordaria, igualmente, em que um artista ou escritor pudesse compor uma canção ou escrever um conto ou um livro usando expressões populares que seriam incorretas desde o ponto de vista formal ou colocando-as em boca de seus personagens ou mesmo inventando neologismos que não existem no dicionário. A escrita magistral de Guimarães Rosa, a poesia de Adélia Prado, os sambas de Adoniran Barbosa entre outros exemplificam bem o que tento dizer.

No entanto, aqui e agora, trata-se de outra coisa. É em um livro didático, distribuído pelo órgão governamental que deve cuidar do aprendizado da língua portuguesa falada no Brasil que se faz a defesa da linguagem incorreta. E se legitima expressões erradas como certas, ensinando distorcidamente aos jovens que vão à escola e usam o livro para aprender a falar e escrever corretamente. Não estamos diante de inadequação, mas sim de erro. Não estamos em um ambiente de uma reunião de pastoral ou de movimento popular, onde todos têm o direito de expressar-se como sabem e como podem. Nosso assunto é educação, é ensino, é iniciação do aluno à língua de seu país e de seu povo.

Não me parece que tal prática ajude o estudante. Ao contrário, dá-me a impressão de que confirma sua ignorância, sua exclusão do falar correto, sua situação de inferioridade frente aqueles que dominam o instrumental linguístico. Certamente a intenção da autora não é esta, nem muito menos a do Ministério da Educação, ao admitir o livro e distribuí-lo oficialmente. Entretanto, parece-me que infelizmente é isso que conseguem, afinal de contas.

Dá-me a impressão de estarmos, aqui, diante de uma posição basista, anti-intelectual, que qualifica o errado como certo e desqualifica o correto como elitista. Distorce, assim, a evidência objetiva do código que utilizamos para expressar-nos e que constitui o salvo-conduto primeiro da comunicação entre os cidadãos de um mesmo grupo linguístico.

Pois, se isso fosse a atitude a tomar, por que enviamos nossos filhos à logopedista ou à fonoaudióloga quando apresentam dislexia na escola? Ou por que nós, professores, nos debruçamos sobre os trabalhos escritos de nossos alunos e ali gastamos horas corrigindo cada erro gramatical? Trata-se de serviço indispensável, a meu ver, na missão de um professor. Mesmo no ensino superior. Que dirá no ensino fundamental e médio, onde crianças e jovens estão entrando apenas em relação com a língua e necessitam dominar seus sinais e códigos.

Com todo respeito e sem nenhum sentimento de superioridade e arrogância. “Nós pega o peixe” não dá. Se a educação já é o problema número 1 do Brasil com vistas a seu futuro, se os responsáveis por ela começarem a ensinar a escrever e falar errado, onde vamos parar? “Nós pegamos o peixe”, assim como “dois mais dois são quatro” e não cinco, como bem lembrou a acadêmica Ana Maria Machado.

Autora de "Simone Weil - A força e a fraqueza do amor” (Ed. Rocco).

Copyright 2011 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

A COMPLEXIDADE DA VIDA




por Marcelo Barros

Um dos problemas mais importantes e urgentes do mundo atual é preservar e salvar a biodiversidade. É tão importante que a ONU consagra o 22 de maio como “dia internacional de defesa da biodiversidade”. Durante esta semana, várias conferências internacionais tratarão deste assunto. Cientistas de todo o mundo chamam a atenção para o fato de que o Universo está em contínua evolução e tende a alcançar estados cada vez mais organizados. Neste processo, se torna mais evidente a imensa diversidade de formas de vida e, ao mesmo tempo, a profunda relação que existe entre tudo. Nenhuma espécie é auto-suficiente. Todas são interdependentes. Além da unidade que existe entre as grandes redes de seres vivos, também existe uma relação entre as formas vivas e as não vivas. Oceanos, atmosfera, composição dos solos, temperatura, tudo isso está relacionado como um grande tecido que faz da Terra um planeta excepcional e que parece um organismo com vida própria. Em cada local, os seres vivos interagem um com o outro e formam um eco-sistema. Sua sobrevivência depende da biodiversidade. Ela é ameaçada pela ação humana que destrói os biomas com o único fim da exploração e do lucro.


No próximo ano, em maio, o Brasil estará sediando a Conferência Mundial Ecológica Rio 20 anos depois. Esperamos que neste ano de preparação, o Congresso não aprove alterações no novo Código Florestal que privilegia o capitalismo depredador e diminui ainda mais as áreas verdes e preservadas em nosso país. Há razões para que todos se preocupem com a segurança alimentar da humanidade que de fato está em risco. Não porque a área agrícola tenha diminuído, ou porque os agricultores não possam plantar. Ao contrário, nunca se produziu tanta comida. É a distribuição injusta e a política de preços que provocam a miséria e a fome. Também a concentração da propriedade agrícola é, no Brasil, inimiga da justiça social e ecológica. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda hoje, 2, 8% das propriedades rurais são latifúndios que dominam mais da metade da extensão do território agricultável do país, ou seja, 56% das terras agrícolas brasileiras (Cf. Caros Amigos, março 2011, p. 33). Em uma realidade como esta, como salvar a biodiversidade das florestas, dos campos, do cerrado e das bacias hidrográficas?


De acordo com o cientista ecoteólogo Thomas Berry, a natureza é uma realidade tanto física quanto psíquica e tem três leis que ajudam a compreendê-la melhor: a diferenciação, a subjetividade e a comunhão.


A diferenciação das espécies pede da humanidade um respeito à diversidade que pede formas específicas de tratar cada sistema. As antigas tradições espirituais ensinam as pessoas a conversar com as árvores, a compreender a linguagem dos pássaros e a se relacionar com os animais como seres vivos e nossos irmãos na natureza. Do mesmo modo, os ritos de veneração da Mãe Terra e da Água nos tornam mais humanos e nos lembram a cada momento que fazemos parte desta grande comunidade da vida. Neste contexto, a subjetividade não é sinônimo de interioridade. Significa a dimensão que a natureza tem de ser sujeito e não objeto. Ela tem direitos e comporta cuidados próprios. A comunhão é o vínculo misterioso, mas muito real que liga todos os seres e atualiza permanentemente uma forte interdependência.


Há quem pense que o ser humano precisa da natureza, enquanto esta não necessita do homem. A ecologia profunda prefere pensar que todos precisamos de todos e a Bíblia insiste na função humana de jardineiro e intérprete do cuidado divino a zelar com amor e ternura por cada ser vivo e pelo conjunto da biodiversidade no planeta.

domingo, 15 de maio de 2011

OPERAÇÃO JERÔNIMO



por FREI BETTO



Por que a ação militar que teria matado Bin Laden mereceu o nome de Operação Jerônimo? Prescott Bush integrava, em 1918, a associação estudantil Skull & Bones (Crânio e Osso). Desafiado pelos colegas, invadiu um cemitério apache e roubou o escalpo do lendário cacique Jerônimo.

Dono de terras no Texas, Prescott tornou-se um exitoso empresário do ramo de petróleo e amigo íntimo de John Foster Dulles, que comandava a CIA por ocasião do assassinato de John Kennedy, em 1963. Dulles convenceu o amigo a fazer um gesto magnânimo e devolver aos apaches o escalpo de Jerônimo. Bush o atendeu, mas não tardou para os indígenas descobrirem que a relíquia restituída era falsa…

A amizade com Dulles garantiu ao filho mais velho de Prescott, George H. Bush, o emprego de agente da CIA. George destacou- se a ponto de, em 1961, coordenar a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, para tentar derrubar o regime implantado pela guerrilha de Sierra Maestra. Malgrado a derrota, tornou-se diretor da CIA em 1976.

Triste com o mau desempenho de seu primogênito como 007, Prescott Bush consolava-se com o êxito dele nos negócios de petróleo. E aplaudiu o faro empresarial do filho quando George, em meados dos anos 60, tornou-se amigo de um empreiteiro árabe que viajava com frequência ao Texas: Muhammad Bin Laden. Em 1968, ao sobrevoar os poços de petróleo de Bush, Bin Laden morreu em acidente aéreo no Texas. Os laços de família, no entanto, estavam criados.

George Bush não pranteou a morte do amigo. Andava mais preocupado com as dificuldades escolares de seu filho George W. Bush, que só obtinha média C. A guerra do Vietnã acirrou-se e, para evitar que o filho fosse convocado, George tratou de alistá-lo na força aérea da Guarda Nacional.

Papai George incentivou o filho a fundar, em meados dos anos 70, sua própria empresa petrolífera, a Arbusto (bush, em inglês) Energy. Gracas aos contatos internacionais que o pai mantinha desde os tempos da CIA, George filho buscou os investimentos de Khaled Bin Mafouz e Salem Bin Laden, o mais velho dos 52 filhos gerados pelo falecido Muhammad. Mafouz era banqueiro da família real saudita e casara com uma das irmãs de Salem. Esses vínculos familiares permitiram que Mafouz se tornasse presidente da Blessed Relief, a ONG árabe na qual trabalhava um dos irmãos de Salem, Osama Bin Laden.

Em dezembro de 1979, George H. Bush viajou a Paris para um encontro entre republicanos e partidários moderados de Khomeini, no qual trataram da libertação dos 64 reféns estadunidenses sequestrados, em novembro, na embaixada dos EUA, em Teerã. Buscava-se evitar que o presidente Jimmy Carter se valesse do episódio e prejudicasse as pretensões presidenciais de Ronald Reagan. Papai George fez o percurso até a capital francesa a bordo do jatinho de Salem Bin Laden, que lhe facilitava o contato com o mundo islâmico. (Em 1988, Salem faleceu, como o pai, num desastre de avião).

Naquele mesmo ano, os soviéticos invadiram o Afeganistão. Papai George, que coordenava operações da CIA, recorreu a Osama, um dos irmãos de Salem, que aceitou infiltrar-se no Afeganistão para, monitorado pela CIA, fortalecer a resistência afegã contra os invasores comunistas.

Os dados acima são do analista italiano Francesco Piccioni. Mais detalhes no livro A fortunate son: George W. Bush and the making of na American President, de Steve Hatfield.

Em 1979, a pedido de George Bush pai, então diretor da CIA, Osama, já com 23 anos, transferiu-se para o Afeganistão para administrar os recursos financeiros destinados às operações secretas da agência contra a invasão soviética àquele país. Preocupado com a ofensiva de Moscou, o governo dos EUA havia liberado a mais alta soma que a CIA recebeu, em toda a sua história, para atuar em um só país: US$ 2 bilhões.

Quando o presidente George W. Bush, após 11 de setembro, enquadrou, como crime anexo ao terrorismo o “aproveitamento ilícito de informações privilegiadas”, sabia do que falava. Tudo indica que, graças a essas informações, Osama Bin Laden montou a sua rede terrorista mundo afora, movimentando recursos através de paraísos fiscais.

Talvez Freud pudesse explicar um detalhe das armas escolhidas pelos terroristas de 11 de setembro: aviões. O pai e o irmão mais velho de Osama Bin Laden morreram em acidentes aéreos, ambos nos EUA.

Se o escalpe de Jerônimo era falso, quem garante que Bin Laden foi mesmo morto na mansão paquistanesa? Não seria mais útil ao combate ao terrorismo agarrá-lo vivo e obrigá-lo a revelar tudo sobre a Al-Qaeda? Não duvido que, em algum porta-aviões dos EUA, Bin Laden esteja sendo torturado para dizer o que sabe. Depois, basta adotar a “solução argentina”: atirar o corpo ao mar. Caso o encontrem boiando em alguma praia, ficam por conta dos afiados dentes dos peixes as marcas profundas.



Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto


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OS RISCOS E A ARROGÂNCIA DO IMPÉRIO




por LEONARDO BOFF









Conto-me entre os que se entusiasmaram com a eleição de Barack Obama para Presidente dos EUA, especialmente vindo depois de G. Bush Jr, Presidente belicoso, fundamentalsta e de pouqíssimas luzes. Este acreditava da iminência do Armagedon bíblico e seguia à risca a ideologia do Destino Manifesto, um texto inventado pela vontade imperial norteamericana, para justificar a guerra contra o México, segundo o qual os EUA seriam o novo povo escolhido por Deus para levar ao mundo os direitos humanos, a liberdade e a democracia. Esta excepcionalidade se traduziu numa histórica arrogância que fazia os EUA se arrogarem o direito de levar ao mudo inteiro, pela política ou pelas armas, o seu estilo de vida e sua visão do mundo.

Esperava que o novo Presidente não fosse mais refém desta nefasta e jorjada eleição divina, pois anunciava em seu programa o multilateralismo e a não hegemonia. Mas tinha lá minhas desconfianças, pois atrás do Yes, we can (“sim, nós podemos”) podia se esconder a velha arrogância. Face à crise econômico-financeira apregoava que os EUA mostrou em sua história que podia tudo e que ia superar a atual situação. Agora por ocasião do assassinato de Osama bin Laden ordenada por ele ( num Estado de direito que separa os poderes, tem o Executivo o poder de mandar matar ou não cabe isso ao Judiciário que manda prender, julgar e punir?) caiu a máscara. Não teve como esconder .a arrogância atávica.

O Presidente, de extração humilde, afrodescentente, nascido fora do Continente, primeiramente muçulmano e depois convertido evangélico, disse claramente:”O que aconteceu domingo envia uma mensagem a todo o mundo: quando dizemos que nunca vamos esquecer, estamos falando sério”. Em outras palavras: “Terrorristas do mundo inteiro, nós vamos assassinar vocês”. Aqui está revelada, sem meias palavras, toda a arrogância e a atitude imperial de se sobrepor a toda ética.

Isso me faz lembrar uma frase de um teólogo que serviu por 12 anos como assessor da ex-Inquisição em Roma e que veio me prestar solidariedade por ocasião do processo doutrinário que lá sofri. Confessou-me:”Aprenda da minha experiência: a ex-Inquisição, não esquece nada, não perdoa nada e cobra tudo; prepare-se”. Efetivamente assim foi o que senti. Pior ocorreu com um teólogo moralista, queridíssimo em toda a cristandade, o alemão, Bernhard Hâring, com câncer na garganta a ponto de quase não poder falar. Mesmo assim foi submetido a rigoroso interrogatório na sala escura daquela instância de terror psicológico por causa de algumas afirmações sobre sexualidade. Ao sair confessou:“o interrogatório foi pior do que aquele que sofri com a SS nazista durante a guerra”. O que significa: pouco importa a etiqueta, católico ou nazista, todo sistema autoritário e totalitário obedece à mesma lógica:cobra tudo, não esquece e não perdoa. Assim prometeu Barack Osama e se propõe levar avante o Estado terrorista, criado pelo seu antecessor, mantendo o Ato Patriótico que autoriza a suspensão de certos direitos e a prisão preventiva de suspeitos sem sequer avisar aos familiares, o que configura sequestro. Não sem razão escreveu Johan Galtung, norueguês, o homem da cultura da paz, criador de duas instituições de pesqusa da paz e inventor do método Transcend na mediação dos conflitos (uma espécie de política do ganha-ganha): tais atos aproximam os EUA ao Estado fascista.

O fato é que estamos diante de um Império. Ele é consequência logica e necessária do presumido excepcionalismo É um império singular, não baseado na ocupação territorial ou em colônias mas nas 800 bases militares distribuidas pelo mundo todo, a maioria desnecessária para a segurança americana. Elas estão lá para meter medo e garantir a hegemonia no mundo. Nada disso foi desmontado pelo novo Imperador, nem fechou Guantânamo como prometeu e ainda mais, enviou trinta mil soldados ao Afeganistão para uma guerra de antemão perdida.

Podemos discordar da tese básica de Abraham P. Huntington em seu discutido livro O choque de civilizações. Mas nele há observações, dignas de nota, como esta: “a crença na superioridade da cultura ocidental é falsa, imoral e perigosa”(p.395). Mais ainda:”a intervenção ocidental provavelmente constitui a mais perigosa fonte de instabilidade e de um possível conflito global num mundo multicivilizacional”(p.397). Pois as condições para semelhante tragédia estão sendo criadas pelos EUA e pelos seus súcubos europeus.

Uma coisa é o povo norte-americano, bom, ingenioso, trabalhador e até ingênuo que admiramos, outra é o Governo imperial, que não respeita tratados internacionais que vão contra seus interesses e capaz de todo tipo de violência. Mas não há impérios eternos. Chegará o momento em que ele será um número a mais no cemitério dos impérios mortos.

QUANDO A CONSCIÊNCIA MANDA DESOBEDECER



Por MARCELO BARROS

As escolas e religiões pregam a obediência como virtude importante. Entretanto, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) consagra o 15 de maio como “o dia mundial da objeção de consciência”. Assim, fica claro que toda pessoa tem o direito de desobedecer, quando a ordem dada se opõe à sua consciência. Em Israel, jovens recrutados ao serviço militar obrigatório invocam a objeção de consciência para se negar a combater palestinos ou queimar casa de pessoas pobres, ato comum perpetrado pelas tropas de ocupação israelita. Nos Estados Unidos, por objeção de consciência, muitos jovens se negam a fazer guerra em outros países do mundo. E vários religiosos foram presos por rasgarem em um ato público e diante do Congresso Nacional o seu documento de incorporação militar. É uma atitude oposta a dos generais nazistas que se defenderam das acusações de genocídio, sob o pretexto de que tinham matado inocentes por obediência a seus superiores. Deveriam ter desobedecido. Em vários países do mundo, grupos religiosos e civis se negam a pegar em armas e exigem substituir os treinamentos militares por ações pacíficas. Fazem serviço civil no lugar do serviço militar obrigatório e a lei reconhece este direito.




No Brasil, a Constituição garante aos jovens brasileiros este direito. Entretanto, as leis complementares até agora ainda não foram sancionadas. Por isso, o direito da objeção de consciência ainda não se pode exercer verdadeiramente. Poucos brasileiros têm consciência disso. A ONU consagra toda esta semana para aprofundar este direito e divulgar esta atitude pacifista. Só se reconhece a dignidade humana onde a consciência individual e a fé de cada grupo forem respeitadas.






A espiritualidade ecumênica compreende a obediência não como mera execução mecânica de uma ordem dada, mas como abertura interior que leva a pessoa a escutar e acolher livremente a palavra e as propostas de outro. Esta liberdade interior permite o diálogo e se for o caso o dissenso e a discordância. Há pessoas que executam uma ordem recebida de forma tão mecânica que sua atitude não é humana. Ao contrário alguém pode discordar de uma orientação e não cumpri-la, mantendo-se, entretanto, fiel ao espírito do diálogo. A obediência crítica e amorosa propõe a colaboração mútua no lugar da competição e contém um elemento subversivo à mesquinhez do mundo.




De fato, no decorrer da história, a humanidade têm progredido mais pela ação de pessoas que ousam desafiar as leis e inovar os costumes do que através daquelas que simplesmente seguem caminhos convencionais. Os grandes líderes espirituais da humanidade foram pessoas que romperam com o sistema e, para exercer sua profecia, ousaram desobedecer a autoridades constituídas e a leis vigentes.




A sociedade considera “objeção de consciência” a atitude de quem, por convicção religiosa, social ou política, se nega a pegar em armas e a participar de guerras e atos violentos. Homens e mulheres, admirados no mundo inteiro, alguns até premiados com o Nobel da Paz, em seus países, foram considerados como rebeldes e desobedientes. Para os budistas tibetanos, Sua Santidade, o Dalai Lama, é a 14a reencarnação do Buda da Compaixão, mas, para o governo chinês, é um dissidente, desobediente às leis. O prêmio Nobel da Paz foi dado a dois latino-americanos ilustres: a Rigoberta Menchu, índia maya que viveu anos sem poder voltar à Guatemala para não ser assassinada e a Adolfo Perez Esquivel, advogado que, durante anos, era constantemente ameaçado de prisão na Argentina. No Brasil da ditadura militar, Dom Hélder Câmara, era escutado no mundo inteiro, enquanto, em nosso país, os meios de comunicação não podiam divulgar nada que falasse em seu nome. No passado, Gandhi e Martin Luther King foram presos e condenados como desobedientes às leis oficiais. Para os católicos, os mártires são testemunhas da fé. Muitos foram condenados à morte por se negar a reconhecer o imperador como divino; Outros foram mortos por se negarem a pegar em armas. Do ponto de vista da fé, são heróis, mas a sociedade da época os condenou como desrespeitadores das leis e criminosos.
Objetar é opor-se a cumprir uma lei que fere a nossa consciência. A violência, seja cometida por uma pessoa individual, seja institucional, ou cometida pelo Estado, nunca construirá um mundo de paz e justiça.




Há objeção de consciência quando a pessoa se nega a cumprir ordens antiéticas. Em alguns países, cidadãos exigem saber a destinação exata do pagamento de seus impostos. E não aceitam pagar impostos se o dinheiro for aplicado em sociedades que fabricam armas ou investem em negócios anti-éticos. Em todo o mundo, há consumidores que não compram carne de fazendas que destroem florestas e dizimam a natureza.




Se a objeção de consciência é direito de toda pessoa diante do poder social e político, com maior razão ainda, as religiões e Igrejas deveriam reconhecer um direito à dissidência e à objeção de consciência diante de um poder religioso autoritário ou, por qualquer razão, injusto. Conforme a Bíblia, quando as autoridades de Jerusalém proibiram os apóstolos a falar no nome de Jesus, estes responderam: “Entre obedecer a Deus e aos homens, é melhor obedecer a Deus. Por isso, nós desobedecemos a vocês”(At 5, 29).

AS MULHERES E O RABI DE NAZARÉ



por MARIA CLARA BINGEMER

Qual o segredo daquele homem para que exercesse tal atração sobre as mulheres? O que, nele, lhes chamava a atenção de forma que elas, ao encontrá-lo, mudavam radicalmente de vida e passavam a segui-lo por toda parte com ardor e paixão? Qual o segredo da sedução que sobre elas exercia a ponto de chamar a atenção de todos à sua volta e sua relação com elas destacar-se com indiscutível clareza ao longo de todos os quatro Evangelhos? Em um contexto patriarcal como era o seu, como aquelas mulheres – tantas – se atreveram a sair de seu anonimato, de seu confinamento na esfera do privado para ganhar a esfera pública, as estradas, ruas e caminhos, a fim de seguir o filho do carpinteiro fazedor de milagres e sedutor das multidões?

No mês de maio – mês das mães, das noivas, de Maria, da mulher, enfim – parece oportuno refletir e escrever sobre a mulher. E hoje nosso assunto é a relação da mulher com Jesus, o rabi de Nazaré.

Um olhar para os evangelhos pode levar-nos a vislumbrar um homem que viveu uma especial Aliança e sintonia com as mulheres de seu tempo, que fundou uma comunidade e inaugurou um estilo de vida onde elas eram bem-vindas e tinham seu lugar. O que nos é dado conhecer do Jesus histórico através dos relatos evangélicos o mostra como o iniciador de um movimento itinerante carismático, onde homens e mulheres são admitidos em relações de fraterna amizade.

Diferente do movimento de João Batista, com marcado acento sobre a ascese e a penitência, diferente também de Qumrân, onde só os homens são admitidos, o movimento que Jesus instaura se caracteriza -ademais da preocupação central da pregação do Reino como projeto histórico concreto- pela alegria, a participação sem preconceitos em festas e refeições às quais são admitidos pecadores e marginalizados em geral, e pela ruptura com uma série de tabus que caracterizavam a sociedade de seu tempo.

Dentre essas rupturas, certamente uma das mais evidentes é aquela que o extraordinário Rabi realiza em sua relação com a mulher. Sua prática com elas, situada em um contexto patriarcal se mostra não só inovadora, mas também chega a ser chocante. Apesar de não haver deixado nenhum ensinamento formal com respeito ao problema, a atitude de Jesus para com as mulheres é tão insólita que chega a surpreender até os mesmos discípulos ( Jo 4,27).

É comum aos quatro evangelhos o fato de que as mulheres formam parte da assembleia do Reino convocada por Jesus, na qual não são simples componentes acidentais, mas ativas e participantes (Lc 10, 38-42) e ainda beneficiárias privilegiadas de seus milagres (cfr. Lc 8,2; Mc 1,29-31; Mc 5,25-34; Mc 7,24-30, etc.)

Em poucas palavras: Jesus confia nas mulheres. Não as teme como portadoras de tentação e perigosa sensualidade. Não se perturba em sua presença com a atitude arrogante e discriminadora de muitos profissionais da religião de seu tempo, que veem sempre na mulher um perigo a evitar e um demônio a exorcizar. Pelo contrário, as acolhe, ensina-lhes os segredos do seu coração, derrama sobre elas seu carinho que cura o corpo e a alma. E lhes confia uma missão, mesmo a mais importante, que é a de anunciar aos discípulos a boa nova da Ressurreição em primeira mão.

A revolucionária e inovadora maneira com que Jesus tratava as mulheres vem a ser, portanto, perfeitamente coerente com o Evangelho no que ele tem de mais essencial: a Boa Nova anunciada aos pobres libertos em prioridade por Jesus: os deserdados, os rejeitados, os pagãos, os pecadores e os marginalizados de toda sorte, entre os quais se incluem as mulheres e as crianças, não consideradas pela sociedade como importantes e válidos em termos de cidadania civil e religiosa. A todos estes, Jesus os faz destinatários privilegiados de seu Reino, integrando-os plenamente na comunidade de filhos de Deus, porque com seu olhar divino, informado constantemente pelos movimentos do Espírito e pela relação filial com o Pai, sabe discernir em todos estes pobres – nos quais está incluída a mulher – valores ignorados: “a vida preciosa do caniço pisoteado ou o fogo não extinto da mecha que ainda fumega.“

Através dessas discípulas, dessas testemunhas, começou o grande movimento que dividiu a história em dois e configurou a cultura e a civilização de toda uma parte do mundo. A aliança das mulheres com o Mestre de Nazaré foi e continua sendo poderosa fonte de vida, e vida em abundância para todos.

Maria Clara Bingemer é autora de "Deus amor: graça que habita em nós” (Editora Paulinas), entre outros livros.


Copyright 2011 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

domingo, 1 de maio de 2011

CINCO BREVES TEXTOS



por EDUARDO HOONAERT









Já passamos um mês sem o 'padre-mestre' José Comblin. Mas temos seus escritos e sua herança espiritual. Como ele manifestou o desejo de ser enterrado ao lado do padre Ibiapina (e efetivamente se executou seu desejo), pensei que fosse de alguma utilidade rememorar aqui alguns dados da vida do padre-mestre do século XIX, modelo de José Comblin. Os pontos de sintonia são impressionantes. Publiquei em meu blog em cinco breves textos:
- Ibiapina 01: o advogado. A vida de Ibiapina antes de 1850. Posicionamentos, problemas, conflitos.
- Ibiapina 02: a virada. Os anos 1850-53. Uma nova decisão. Uma nova espiritualidade.
- Ibiapina 03: o missionário. Um novo tipo de missão. A educação popular.
- Ibiapina 04: intuições de Ibiapina (três viradas na vida)
- Ibiapina 05: literatura (os 3 estudos mais importantes).
Juntei um texto que já circulou na internet e que é igualmente de caráter biográfico: 'O que José Comblin nos contou em 2007'. Para acessar, digite http://www.eduardohoornaert.blogspot.com/ Bondade ler seguindo a numeração (p. ex. Ibiapina 01, 02, etc.), pois o blog nem sempre obedece à numeração.
Espero que esses textos sirvam para aprofundar a herança que José nos deixou.

Eduardo.