O Jornal On Line O PORTA-VOZ surgiu para ser o espaço onde qualquer pessoa possa publicar seu texto, independentemente de ser escritor, jornalista ou poeta profissional. É o espaço dos famosos e dos anônimos. É o espaço de quem tem alguma coisa a dizer.

sábado, 26 de novembro de 2011

ASSUERO GOMES






Assuero Gomes é médico pediatra.


Quem entende as crianças, não pode deixar de entender também a beleza das artes, onde a criatividade, por vezes, leva a divagações e a centenas de conjecturas.

E, gostando tanto de arte, dedica o pouco tempo livre que tem à ela, pintando, desenhando e escrevendo textos que são publicados em jornais e livros, como os quatro que já publicou: Partindo de Emaús, Réquiem para um Bispo, O Profeta e a Serpente e Farol de Solidão, filhos das palavras, frutos da imaginação e do sonho desse poeta contador de histórias.

Cristão católico, seguidor inconteste de Jesus Cristo, Assuero ainda arranja tempo para se dedicar a outras atividades como o restaurante popular O Dom da Partilha que fundou com um grupo de amigos, para fornecer alimentação a preços populares à pessoas carentes.

Nascido em 1º de outubro é casado e pai de três filhos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

EDUARDO HOORNAERT





O historiador e padre casado Eduardo Hoornaert nasceu na Bélgica e reside há vários anos no Brasil. Ensinou História da Igreja nos Seminários de João Pessoa, Fortaleza e no SERENE II do Recife. Foi professor do extinto ITER (Instituto de Teologia do Recife) durante os anos em que morou em Recife. É um dos fundadores do CEHILA (Comissão de Estudos da História da Igreja na América Latina) e ado acessor das CEB's (Comunidades Eclesiais de Base).

É autor de vários artigos e livros sobre História do Cristianismo Antigo, História da Igreja e História da Igreja na América Latina, entre eles ‘História do Cristianismo na América latina e no Caribe', pela editora Paulus, São Paulo.

Coordenou o Projeto: História do Cristianismo no 3º Mundo, através do qual publicou, em 1995, o livro "O Movimento de Jesus". Foi pesquisador no Mestrado de História da Universidade Federal da Bahia.

E-mail: hoornaert@ig.com.br

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

FREI BETTO



Carlos Alberto Libânio Christo, Frei Betto, é frade dominicano, estudou jornalismo, antropologia, filosofia e teologia. Em 1983, ganhou o prêmio "JabutiI", o principal prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasilera dp Livro , por seu livro "Batismo de Sangue". Em 1986, foi eleito "Intelectual do Ano", pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, que deram-lhe o prêmio "Juca Pato". Em 1987 recebeu o prêmio de "Direitos Humanos" da Fundação Bruno Kreisky, em Viena. Na Itália, foi a primeira personalidade brasileira a receber o prêmio "Paolo E. Borselino", por seu trabalho em prol dos direitos humanos, concedido em maio de 1998. Em dezembro de 1998, recebeu o prêmio concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, de melhor obra infanto-juvenil, com o livro "A Noite em que Jesus Nasceu".
Integrou, por cinco anos (1991-1996), o conselho da Fundação Sueca de Direitos Humanos. Foi também membro do Institute for Critical Research, Amsterdã, e diretor da revista "América Libre". É articulista de vários jornais e revistas do Brasil e do exterior.
Foi coordenador da ANAMPOS (Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais), participou da fundação da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da CMP (Central de Movimentos Populares). 
Prestou assessoria à Pastoral Operária do ABC (São Paulo), ao Instituto Cidadania (São Paulo) e às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Foi também consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). 
Em 2003 e 2004 atuou como Assessor Especial do Presidente da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero. 
Com obras editadas em várias países, tem 52 livros publicados, em diversos idiomas .
Entre suas obras, destacam-se na área de ficção: "A Menina e o Elefanate" e "Uala , o Amor", "O Vencedor", "Entre Todos os Homens", "Hotel Brasil" e “Treze Contos diabólicos e um angélico?”. Este último a ser lançado no próximo mês de março.
Na área de Ensaio: Fidel e a Religião, Batismo de Sangue, Cartas da Prisão, Essa Escola Chamada Vida ( Co-autoria com Paulo Freire), Mística e Espiritualidade (co-autoria com Leonardo Boff). O Paraíso Perdido - Nos Bastidores do Socialismo, Alucinado Som de Tuba, Sinfonia Universal - A Cosmovisão de Teilhard de Chardim e A Obra do Artista - Uma Visão Holística do Universo.
Seu primeiro livro publicado foi "Cartas da Prisão". O livro foi publicado em italiano, em Milão, Itália. Preso de 1969 A 1973, recebeu o livro ainda na prisão. Só em 1974 saiu a edição brasileira. Esta obra não se encontra em livrarias.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

GORETTI SANTOS



Maria Goretti Santos é pernambucana de São José do Egito.

Fisioterapeuta apaixonada por seu trabalho, tem sempre uma palavra de carinho e ânimo para os seus pacientes.

Sempre engajada em movimentos religiosos ou sociais, acredita que depende de cada um de nós a construção de uma mundo mais justo e mais humano.

Herdou dos pais o dom de fazer poesias, nas quais coloca todo o sentimento e inspiração.


terça-feira, 22 de novembro de 2011

JURACY ANDRADE







Juracy Andrade é jornalista e licenciado em teologia. É colunista do Jornal do Commercio.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LEONARDO BOFF





Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. 

Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heilderberg (Alemanha).
Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade".
Em 1993 prestou concurso e foi aprovado como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

domingo, 20 de novembro de 2011

MARCELO BARROS




Marcelo Barros, monge beneditino da comunidade do Mosteiro da Anunciacao do Senhor, da Cidade de Goiás, e peregrino de Deus, procura testemunhar o seu amor por todas as regiões do Brasil e do mundo onde e chamado para assessorar grupos de base, coordenadores eclesiais e pessoas que buscam viver uma espiritualidade ecumênica ligada à paz, à justiça e à comunhão com a natureza. Nasceu em Camaragibe, cidade do Grande Recife, em uma família católica de operários muito pobres e e o mais velho de três irmãos e seis irmãs, das quais a mais nova é adotiva (seus pais a adotaram com dois dias de nascida).Quando era criança, queria ser veterinário para cuidar de jardins zoológicos e lidar com elefantes, girafas e animais selvagens. Estudou o segundo grau numa escola agricola. Aos 18 anos, apaixonado pela vida comunitária e pela Palavra de Deus e conquistado pelo ideal de viver uma vida radicalmente consagrada, entrou no Mosteiro de Sao Bento de Olinda.Durante 3 anos, morou com irmãos evangélicos (comunidade de Taizé em Olinda) e trabalhou com Dom Hélder Câmara para assuntos ecumênicos. Ingressou na comunidade do Mosteiro da Anunciacao do Senhoronde esta ate hoje, porque precisava de uma comunidade de monges no meio do povo e com a opção da Igreja dos pobres. Trabalhou 14 anos no secretariado nacional da Pastoral da Terra e até hoje do que mais gosta é quando assessora grupos de lavradores e quando e chamado para algum encontro com o MST.Também se realiza quando esta junto com grupos negros e indígenas, mas sua experiência maior tem sido mais ser testemunha da presença de Deus nos terreiros de Candomblé que freqüenta contemplativa e amorosamente.

Vive escrevendo (tem mais de 30 livros escritos e uma porção de artigos), mas descobriu que faz isso como forma de se comunicar e se sentir junto de tanta gente que ama. Diz ser afetivamente carente e precisar dos amigos e amigas que tem como o maior tesouro da sua vida. A eles e elas, procura ser fiel e se consagrar religiosamente, fazendo da amizade um verdadeiro culto, lugar de encontro com Deus.

sábado, 19 de novembro de 2011

MARIA CLARA BINGEMER




Carioca, nascida e criada na Cidade Maravilhosa, e vibradora de suas belezas naturais, de sua gente, de sua música, e da luz do sol que se põe no fim do dia sobre a baía de Guanabara e suas ilhas.

Nasceu a 19 de maio de 1949, filha única, neta única e sobrinha única.

Nasceu Lucchetti, neta de italianos, catalães e portugueses. A 2 de junho de 1969 tornou-se Bingemer pelo casamento com um argentino filho de alemães que há trinta e três anos a faz feliz e que lhe deu os três mais belos presentes de sua vida: seus três filhos: Maria Laura, Carlos Frederico, e Maria Cândida. 
Moça típica de sua geração, trancou a faculdade de Comunicação que havia recém começado para seguir o marido por dois anos de Mestrado na Europa. 
Ao voltar ao Brasil, em 1971, retomou a faculdade. Em 1975 concluiu o bacharelado em Comunicação Social na PUC do Rio. Foi quando, procurando um trabalho que não me tomasse o dia inteiro, por causa das crianças, foi convidada pelo então Padre Alfredo Novak (hoje bispo de Paranaguá, PR) a trabalhar na sede da Conferência dos Bispos do Brasil, que naquele tempo funcionava no Rio de Janeiro. Ali começou a desenvolver a área de Meios de Comunicação audiovisuais.
Em 1976 entrou para a Faculdade de Teologia da PUC-Rio. Seu primeiro professor, o Pe. João Batista Libanio abria diante de seus olhos fascinados os caminhos da Teologia Fundamental, da fé e da revelação. O desejo de permanecer no terreno da Teologia e o estímulo de começar a ser convidada para dar assessorias e palestras sobre temas teológicos, juntamente com a mudança da CNBB do Rio rumo a Brasília a levaram a tomar a decisão. de terminar a graduação, e ingressar no mestrado e depois no doutorado, a fim de servir a Igreja e poder ajudar a fazer crescer o Reino de Deus.


Foi nesta mesma época que se deu em sua vida, um encontro decisivo com Inácio de Loyola. A experiência dos Exercícios Espirituais, método que Inácio deixou como legado à Igreja para buscar e encontrar a Deus em todas as coisas passou a moldar sua maneira de rezar e de viver. Foi sobre Inácio, portanto, e sua teologia trinitária que fez sua tese de mestrado e depois de doutorado. Para a última, desloucou-se até Roma, na Universidade Gregoriana, defendendo-a a 3 de maio de 1989.
Após o doutorado, voltou à PUC , seu lar acadêmico desde sempre. Retomou as aulas, a pesquisa e a orientação de teses de mestrado e doutorado. Começou a escrever para periódicos acadêmicos, a publicar livros e artigos e a assessorar dioceses, congregações religiosas e movimentos leigos sobre temas teológicos específicos.
Entre suas linhas de pesquisa ao longo destes anos, ao lado dos sempre amados e nunca abandonados Santo Inácio e a Santíssima Trindade, estiveram : a Mulher e as relações de gênero, a mística inter-religiosa, a crise da modernidade e o pluralismo religioso. No momento, sua atenção se encontra voltada para o pensamento de uma filósofa que se tornou grande amiga, apesar de nunca tê-la encontrado pessoalmente: Simone Weil. A partir dela, desdobrou novos caminhos de pesquisa, onde a violência, o diálogo inter-religioso e o gênero também estavam presentes.
Finalmente, nos últimos anos, a Comunicação vem voltando à sua vida, imbricando-se com a Teologia. Coordenando há quase 10 anos um Centro de fé e cultura da PUC, que se dedica à formação de leigos, começou a ter oportunidade de maior visibilidade na mídia, em especial na televisão e nos jornais. Em 2002, assumiu uma coluna quinzenal no Jornal do Brasil, desde onde procura testemunhar a fé que a levou em seus caminhos desde criança e a fez assumir como missão o magistério teológico.

 

MARTINHO CONDINI



Martinho Condini é doutor em Educação e mestre em Ciências da Religião, ambos pela PUC-SP e graduado em Estudos Sociais e História pela UNICID. Registrado desde 2008 como Jornalista Profissional MTB 54967 SP.

Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Possui experiência na área da educação, com ênfase em Formação de Professores, Didática, Prática Pedagógica e Currículo.

Atua principalmente com os temas: pensamento freireano, ética, direitos humanos e educação libertadora. Integra o grupo de pesquisa do CNPQ (O pensamento de Paulo Freire na educação brasileira), na linha de pesquisa (Pensamento de Paulo Freire - legado e reinvenção) na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Leciona em cursos de graduação e pós graduação e realiza palestras.

É editor assistente da Editora Diálogo Freiriano. Publicou pela Paulus Editora os livros Dom Helder Camara um modelo de esperança (2008), Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo (2011), Fundamentos para uma educação liberadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire (2014) e o DVD Educar para a liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire (2013).

Pela Pablo Editorial, Bogotá, Colômbia, publicou o livro Monsenhor Hélder Câmara um ejemplo de esperanza (2014). Publicou capítulos em livros editados pelo Instituto Paulo Freire e Editora Diálogo Freiriano.

 

Contato: profcondini@gmail.com 

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ROBERTA BARROS




Roberta Barros, nasceu no Morro da Conceição, é pedagoga e fundadora do CAMM, uma organização não governamental que atua há mais de vinte e cinco anos, com crianças e adolescente em situação de risco em Recife.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ROSSANA MENEZES


Rossana Menezes é jornalista, fotógrafa e designer gráfica. Nascida em Recife, reside desde 2010 em Toronto, no Canadá. Lugar pelo qual é apaixonada desde que esteve lá pela primeira vez com 15 anos. 

Apaixonada por cinema, livros e jogos, Rossana escreve para a coluna de O Porta-Voz CINEMANIA, onde publica sua opinião sobre filmes, sejam eles recém - lançados no cinema, DVD e Blu-ray ou não, de maneira mais descontraida.

Rossana também é criadoras dos Blogs There and Back Again sobre imigração para o Canadá e Canada on Demand sobre dicas turísticas e culturais.

sábado, 5 de novembro de 2011

DO CAPITAL AO SOCIAL




por Frei Betto







O economista Raul Velloso, especialista em contas públicas, calcula que, em 2010, através de programas sociais, o governo federal repassou a 31,8 milhões de brasileiros - a maioria, pobres - R$ 114 bilhões. Ao incluir programas de transferência de renda de menor escala, o montante chega a R$ 116 bilhões.



Este valor é mais que o dobro de todo o investimento feito pelo governo no mesmo ano - R$ 44,6 bilhões, incluindo construção de estradas e obras de infraestrutura.



Os R$ 116 bilhões foram destinados à rede de proteção social, que abarca aposentadoria rural, seguro-desemprego, Bolsa Família, abono salarial, Renda Mensal Vitalícia (RMV) e Benefício de Prestação Continuada (BPC). Esses programas abocanharam 3,1% do PIB.


A RMV, criada em 1974, era um benefício previdenciário destinado a maiores de 70 anos ou inválidos, definitivamente incapacitados para o trabalho, que não exerciam atividades remuneradas, nem obtinham rendimento superior a 60% do valor do salário mínimo. Também não poderiam ser mantidos por pessoas de quem dependiam, nem dispunham de outro meio de prover o próprio sustento.



Em janeiro de 1996, a RMV foi extinta ao entrar em vigor a concessão do BPC. Hoje, a RMV é mantida apenas para quem já era beneficiário até 96. Já o BPC é pago a idosos e portadores de deficiências comprovadamente desprovidos de recursos mínimos.



Há quem opine que o governo federal “gasta” demais com programas sociais, prejudicando o investimento. Ora, como afirma Lula, quando o governo canaliza recursos para empresas e bancos, isso é considerado “investimento”; quando destina aos pobres, é “gasto”...
O Brasil, por muitas décadas, foi considerado campeão mundial de desigualdade social. Hoje, graças à rede de proteção social, o desenho da pirâmide (ricos na ponta estreita e pobres na ampla base) deu lugar ao losango (cintura proeminente graças à redução do número de ricos e miseráveis, e aumento da classe média).



Segundo o Ipea, entre 2003 e 2009, 28 milhões de brasileiros deixaram a miséria. Resultado do aumento anual do salário mínimo e da redução do desemprego, somados ao Bolsa Família, às aposentadorias e ao BPC.



A lógica capitalista considera investimento o que multiplica o lucro da iniciativa privada, e não o que qualifica o capital humano. Essa lógica gera, em nosso mercado de trabalho, a disparidade entre oferta de empregos e mão de obra qualificada. Devido à baixa qualidade de nossa educação, hoje o Brasil importa profissionais para funções especializadas.



Se o nosso país resiste à crise financeira que, desde 2008, penaliza o hemisfério Norte, isso se deve ao fato de haver mais dinheiro em circulação. Aqueceu-se o mercado interno.
Há queixa de que os nossos aeroportos estão superlotados, com filas intermináveis. É verdade. Se o queixoso mudasse o foco, reconheceria que nossa população dispõe, hoje, de mais recursos para utilizar transporte aéreo, o que até pouco tempo era privilégio da elite.



Há, contudo, 16,2 milhões de brasileiros ainda na miséria. O que representa enorme desafio para o governo Dilma. Minha esperança é que o programa “Brasil sem miséria” venha resgatar propostas do Fome Zero abandonadas com o advento do Bolsa Família, como a reforma agrária.
Não basta promover distribuição de renda e facilitar o consumo dos mais pobres. É preciso erradicar as causas da pobreza, e isso significa mexer nas estruturas arcaicas que ainda perduram em nosso país, como a fundiária, a política, a tributária, e os sistema de educação e saúde.

Frei Betto é escritor, autor de “Sinfonia Universal – a cosmovisão de Teilhard de Chardin” (Vozes), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (
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COMO LIDAR COM OS ANJOS E DEMÔNIOS INTERIORES



Por Leonardo Boff





O ser humano constitui uma unidade complexa: é simultaneamente homem-corpo, homem-psiqué e homem-espírito. Detenhamo-nos no homem-psiqué, vale dizer, no seu mundo interior, urdido de emoções e paixões, luzes e sombras, sonhos e utopias. Como há um universo exterior, feito de ordens-desordens-novas ordens, de devastações medonhas e de emergâncias promissoras, assim há também um mundo interior, habitado por anjos e os demônios. Eles revelam tendências que podem levar à loucura e à morte e energias de generosidade e de amor que nos podem trazer autorealização e felicidade.



Como observava o grande conhecedor dos meandros da psiqué humana C.G. Jung: a viagem rumo ao próprio Centro, devido a estas contradições, pode ser mais perigosa e longa do que a viagem à Lua e às estrelas.



Há uma questão nunca resolvida satisfatoriamente entre os pensadores da condição humana: qual é a estrutura de base de nossa interioridade, de nosso ser psíquico? Muitas são as escolas de intérpretes.



Resumindo, sustentamos a tese de que a razão não comparece como a realidade primeira. Antes dela há todo um universo de paixões e emoções que agitam o ser humano. Acima dela há inteligência pela qual intuimos a totalidade, nossa abertura ao infinito e o êxtase da contemplação do Ser. As razões começam com a razão. A razão mesma é sem razão. Ela simplesmente está aí, indecifrável.



Mas ela remete a dimensões mais primitivas de nossa realidade humana das quais se alimenta e que a perpassam em todas as suas expressões. A razão pura kantiana é uma ilusão. A razão sempre vem impregnada de emoção e de paixão, fato aceito pelo moderna epistemologia. A cosmologia contemporânea inclui na idéia do universo não apenas energias, galáxias e estrelas mas também a presença do espírito e da subjetividade.



Conhecer é sempre um entrar em comunhão interessada e afetiva com o objeto do conhecimento. Apoiado por uma plêiade de outros pensadores, tenho sempre sustentado que o estatuto de base do ser humano não reside no cogito cartesiano (no eu penso, logo sou), mas no sentio platônico-agostiniano (no sinto, logo existo), no sentimento profundo. Este nos põe em contacto vivo com as coisas, percebendo-nos parte de um todo maior, sempre afetando e sendo afetados. Mais que idéias e visões de mundo, são paixões, sentimentos fortes, experiências seminais, o amor e também seus contrários, as rejeições e os ódios avassaladores que nos movem e nos põem marcha.



A razão sensível lança suas raizes no surgimento da vida, há 3,8 bilhões de anos, quando as primeiras bactérias irromperam e começaram a dialogar quimicante com o meio para poder sobreviver. Esse processo se aprofundou a partir do momento em que surgiu o cérebro límbico, dos mamíferos, há mais de 125 milhões de anos, cérebro portador de cuidado, enternecimento, carinho e amor pela cria. É a razão emocional que alcançou o patamar autoconsciente e inteligente com os seres humanos, pois somos também mamíferos.



O pensamento ocidental é logocêntrico e antropocêntrico e sempre colocou sob suspeita a emoção por medo de prejudicar a objetividade da razão. Em alguns setores da cultura, criou-se uma espécie de lobotomia, quer dizer, uma grande insensibilidade face ao sofrimento humano e aos padecimentos pelos quais tem passado a natureza e o planeta Terra.



Nos dias atuais, nos damos conta da urgência de, junto com a razão intelectual irrenunciável, importa incluir fortemente a razão sensível e cordial. Se não voltarmos a sentir com afeto e amor a Terra como nossa Mãe e nós, como a parte consciente e inteligente dela, dificilmente nos moveremos para salvar a vida, sanar feridas e impedir catástrofes.



Um dos méritos inegáveis da tradição psicanalítica, a partir do mestre-fundador Sigmund Freud, foi o de ter estabelecido cientificamente a passsionalidade como a base, em grau zero, da existência humana. O psicanalista trabalha não a partir do que o paciente pensa mas a partir de suas reações afetivas, de seus anjos e demônios, buscando estabelecer certo equilíbrio e uma serenidade interior sustentável.



A questão toda é como nos assenhorear criativamente de nossa passaionalidade de natureza vulcânica. Freud se centra na integração da libido, Jung na busca da individuação, Adler no controle da vontade de poder, Carl Rogers no desenvolvimento da personalidade, Abraham Maslow no esforço de autorealização das potencialidades latentes. Outros nomes poderiam ser citados como Lacan, Reich, Pavlov, Skinner, a psicologia transpessoal e a cognitiva comportamental e outros.



O que nos é permitido afirmar é que, independentemente, das várias escolas psicanalíticas e filosóficas, o homem-psiqué se vê obrigado a integrar criativamente seu universo interior sempre em movimento, com tendências dia-bólicas e sim-bólicas, destrutivas e construtivas. Por acertos e erros vamos, processualmente, descobrindo nosso caminho.
Ninguém nos poderá substituir. Somos condenados a ser mestres e discípulos de nós mesmos.

INDIGNAR-SE:REDESCOBRINDO A VIDA PARA A IDENTIDADE HUMANA




Por Maria Clara Lucchetti Bingemer




Em todas as partes do mundo cresce um movimento: o dos indignados. Saindo às ruas, ao espaço público, em protesto contra injustiças que decidiram não mais tolerar, os indignados protestam com palavras, gestos, atitudes. Pretendem com isso chamar a atenção da sociedade e, sobretudo, de seus dirigentes.




O que move esses grupos que enchem as ruas? O que move essas pessoas que não são bandidos, nem arruaceiros, mas sim cidadãos corretos, que trabalham e pagam seus impostos? Qual o motor de sua cólera, de sua indignação? Indignação quer dizer cólera ou desprezo experimentado diante de uma indignidade, ou injustiça, afronta.



É repulsa e revolta diante daquilo que fere valores básicos, direitos e princípios que regem a vida dos seres humanos. Ela pode ser meramente uma defesa de interesses privados, domésticos e individuais. De coisas que dizem respeito exclusivamente à própria pessoa, à família ou ao círculo dos mais próximos. Ou ainda o círculo mais largo da empresa, do partido político, ou até da agremiação esportiva. Tudo aquilo que freia, desvia, prejudica os interesses do grupo ou do clã suscita indignação que pode resultar em ações legais, judiciais etc.



Atingir os interesses do grupo suscita imediatamente a reação corporativa e indignada de seus membros. Sem querer minimizar ou mesmo demonizar este tipo de indignação, é necessário constatar, no entanto, que ela toma a defesa de interesses particulares não universalizáveis.



E pode inclusive tomar o aspecto de autodefesa de privilégios, como a defesa a qualquer preço ou custo de um estilo de vida confortável, um protesto contra propostas mais sociais, que beneficiem um leque mais amplo de pessoas e grupos. Assim também a indignação contra certas medidas de mais transparência pelo fato de que podem pôr a nu ou denunciar atitudes escusas de determinadas pessoas ou grupos a quem não interessa que a verdade venha à tona.



O protesto gerado por esse tipo de indignação não visa então prioritariamente o estabelecimento de valores ou do bem comum. A indignação que hoje vemos ganhar as ruas parece fundar-se, no entanto, sobre razões não tanto formais, e certamente mais radicais do que aquelas contra as regras da equidade em nível pessoal ou intragrupal.



Trata-se de uma indignação propriamente ética, que se levanta em nome da proteção ou da defesa do ser mesmo das pessoas, de sua integridade física e moral. Complexa e densa, essa indignação pode inclusive ir de encontro ao direito positivo e conduzir, em consequência, à resistência cidadã. Esse tipo de indignação se refere, então, a valores reconhecidos como fundamentais e não negociáveis, como, por exemplo, aqueles expressos na Declaração dos Direitos Humanos que, ainda que longe de ser perfeitos, representam uma conquista inalienável da humanidade sobre razões universais ou ao menos universalizáveis.



A indignação ética apresenta características que ultrapassam as fronteiras dos interesses próprios, pessoais e corporativistas. E mais: não se fundam no negativo nem na exclusão de inimigos ou de quem quer que seja. Esses, ao contrário, são incluídos nos benefícios dos valores que os atos de indignação ética pretendem promover.



E mesmo os tiranos comprovadamente sanguinários, quando vencidos no bojo de atos que se iniciaram com uma atitude de indignação ética, têm direito a um julgamento e a um procedimento judiciário com tudo que isso implica. Parece-me que o que assistimos hoje em várias partes do mundo se encaixa neste segundo caso de indignação. Desde os protestos dos estudantes no Chile, exigindo mais verbas para educação; passando pelos espanhóis, que enfrentam 20% de desemprego, num processo de deterioração social que pode espalhar-se qual doença contagiosa por todo o continente europeu e por todo o mundo; até Nova York, onde o movimento “Occupy Wall Street” denuncia publicamente um sistema financeiro que sugou os recursos de muitas nações e gerações, e agora dá sinais de exaustão.



No Brasil, o movimento contra a corrupção ainda mostra números tímidos de adesões, se comparado com o que ocorre em outras latitudes. Entretanto, o mero fato de existir já é uma esperança. Perder a capacidade de indignar-se é o pior que pode acontecer a uma pessoa, pois a desumaniza e debilita naquilo que tem de mais nobre e mais fundamental: sua liberdade. Indignar-se pode ser o novo caminho que a humanidade encontra para gritar bem alto sua dignidade de seres humanos, feitos para a vida em plenitude.

Autora de "Simone Weil - A força e a fraqueza do amor” (Ed. Rocco).

Copyright 2011 – MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Contato – MHPAL – Agência Literária (
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A PROFECIA AO ENCONTRO DE ASSIS







por Marcelo Barros


Tanto na nossa experiência cotidiana, quanto na tradição bíblica, comumente a profecia surge de quem está à margem das instituições e não de quem tem a função de governá-las. Por isso mesmo, precisamos valorizar a iniciativa profética do papa Bento XVI em convidar líderes religiosos das mais diversas tradições espirituais e até homens e mulheres não crentes para, nesta quinta-feira, 27, viverem juntos um dia de reflexão e de meditação sobre a paz e a justiça, em Assis. O papa fez isso para recordar os 25 anos do primeiro encontro desse tipo, promovido pelo papa João Paulo II.


No 27 de outubro de 1986, em Assis, o papa reuniu em um encontro de oração mais de 200 representantes das mais diversas tradições espirituais. Na época, João Paulo II enfrentou pressões dentro do próprio Vaticano contra essa iniciativa. Ele a defendeu explicando que era um modo de motivar as religiões para se empenharem mais pela causa da paz e da justiça, que não é um assunto só social e político, mas profundamente espiritual.

Agora, no atual contexto da Igreja e do mundo, retomar essa iniciativa deve ter sido mais difícil ainda para o papa Bento XVI. Em um recente pronunciamento à imprensa, publicado pelo Observatore Romano, o próprio secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Bertone, ao explicar o sentido desse encontro interreligioso em Assis, levou mais tempo em falar dos riscos do relativismo religioso e do sincretismo que esse encontro precisa evitar, do que propriamente dos valores positivos do encontro.

Vamos falar claro: sem dúvida, o ecumenismo e o diálogo entre as religiões dificilmente avançarão a partir apenas de encontros de cúpula, sem participação direta das bases. Também devemos reconhecer: esta forma de encontro proposto pelo papa ainda é muito tímida: os/as representantes das diversas religiões se reúnem no mesmo lugar (a basílica de São Francisco) para orar, mas oram separadamente. Entretanto, seja como for, o gesto do papa em convocar esse encontro e coordenar essa jornada inter-religiosa pela paz e pela justiça é sim uma profecia para as Igrejas e para o mundo atual.

Em primeiro lugar, não teria sentido o papa convidar os líderes de outras religiões para orar, se ele pensasse que essas religiões não valem nada e que sua oração é inútil ou até errada. Ao convidar pastores evangélicos, patriarcas orientais e chefes de outras religiões, como o Dalai Lama, o grande rabino de Jerusalém, sheiks muçulmanos, líderes de tradições africanas e de outras tradições espirituais, para refletir juntos sobre a paz e estar juntos para orar, o papa faz um gesto de reconhecimento do valor espiritual dessas religiões e testemunha que é importante uni-las a serviço da paz e da justiça. Este dia de encontro de oração em Assis revela que, cristãos e não cristãos, são chamados a viver sua fé em um mundo pluralista e na convivência com outras formas de expressar a fé. Essa convivência não põe em risco nossa identidade, mas ao contrário, enriquece nossa espiritualidade. É esta a profecia contida nesse gesto de Assis.

Embora limitado pelas conveniências diplomáticas do poder religioso e ainda tentado pelo medo de ousar mais em nome da fé, esse gesto do papa antecipa a possibilidade de que as tradições espirituais do mundo se unam para trabalhar efetivamente pela paz e pela justiça. Orar pela paz e pela justiça pode levar os religiosos a ajudar a humanidade a compreender que, para vencer as violências, as guerras e as injustiças, precisamos organizar o mundo de outro modo e a partir de outros critérios que não sejam o lucro e a competitividade. A Jornada inter-religiosa pela paz e pela justiça que neste 27 de outubro o papa Bento XVI coordena em Assis nos chama todos nós a sermos, como os líderes religiosos reunidos neste dia, “peregrinos da verdade, peregrinos da paz”.