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quarta-feira, 3 de maio de 2017

NO BRASIL, MASSACRES DE LATIFUNDIÁRIOS CONTRA POSSEIROS. PELO MUNDO, VIOLÊNCIA EM NOME DE DEUS


 por Juracy Andrade



“Nenhum camponês sem terra, nenhuma família sem casa, nenhum trabalhador sem direitos” disse o papa Francisco em sua visita à Bolívia, terra de vários povos indígenas que somente agora estão sendo resgatados de plurissecular omissão e exploração dos que se consideram brancos e cristãos. Do lado de cá da fronteira, o governo golpista de Michel Miguel prepara o bote final nos povos indígenas, desmontando a Funai e seu privilégio constitucional de demarcar e homologar terras indígenas. E os grileiros avançam nas terras indígenas e assentamentos de homens do campo.

Recentemente, nove trabalhadores rurais foram mutilados e assassinados, a mando de fazendeiros, no norte do Mato Grosso. Já são cerca de 60 mil mortes violentas por ano. Um dos assassinados em Taquaruçu do Norte (MT) ainda estava com um machado cravado nas costas quando jornalistas conseguiram chegar à remota localidade. É uma luta longa e violenta que, sob o atual desgoverno, tende a se intensificar, sem nenhum respeito a direitos adquiridos, como no caso dos trabalhadores em geral, que estão perdendo até o direito à aposentadoria. Um escândalo que não repercute muito pelo mundo, pois o que os países ricos querem é um Brasil submisso, como nos tempos de Fernando 2º (FHC) e companhia. E não é que o sociólogo sem alunos saiu do armário golpista?

O tema praticamente desapareceu da imprensa. E o desgoverno pouco está ligando para os desmandos do agronegócio, que incluem roubo de terras, assassinatos, desmatamento ilegal, destruição ambiental. A Comissão Pastoral da Terra, da Igreja Católica, contabiliza os desmandos e atrocidades. Que prosseguirão inevitáveis. Em 2004, 185 famílias que cultivavam terras naquela área foram expulsas e a pressão continua sobre quem ficou, centenas de pessoas. A impunidade faz com que os latifundiários e grileiros continuem sem temor. A polícia não age.

Voltando a Francisco, um papa realmente cristão, mais uma vez condenou, em recente visita ao Egito, a violência cometida “em nome de Deus”. Referia-se a atentados contra a minoria cristã daquele país, que conviveu em paz com os muçulmanos por séculos. O ideal do papa e de muitos muçulmanos pacifistas é que as religiões convivam numa boa, sem atritos, ofensas e principalmente sem a violência que explode ultimamente no terrorismo. Terrorismo, aliás, que começou com os ataques dos Cruzados aos islamitas na Terra Santa, prosseguiu com a colonização e, hoje, com os interesses petrolíferos.



O autor é jornalista com formação em filosofia e teologia

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