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domingo, 23 de outubro de 2011

O BONSAI E SUA DINÂMICA



por Assuero Gomes






O Bonsai, que quer dizer “árvore na bandeja”, é uma arte milenar, originária da China, e difundida atualmente em todo mundo. Consiste em cultivar árvores e arbustos em vasos, tentando reproduzir em miniatura esses nossos irmãos, como se estivessem livres na natureza em todo seu verde esplendor.


A maior lição de quem cultiva essa arte é o cuidar. O Bonsai traz em si toda a delicadeza e beleza da mãe Terra, com seus requintes e caprichos, seus desejos e segredos mais escondidos. No Bonsai há que se cuidar do solo, das raízes, das folhagens, das florescências quando as houver, do micro clima. No entanto ao cuidar dele na verdade há a descoberta do cuidar de si, do cuidar do outro, da comunidade e do meio ambiente.


Deveria ser matéria obrigatória em todo currículo escolar, especialmente dos alunos e mestres, da área de saúde, dos seminaristas e sacerdotes, dos artistas e poetas e especialmente dos economistas e financistas.


Um dinâmica que imagino, para se avaliar o relacionamento humano: consigo mesmo, entre o casal, entre a família, grupo de fé ou convivência ou até grupo de trabalho, uma forma de avaliar e aprimorar a catarse dos recursos humanos, seria dar um bonsai já com alguns anos de existência (quando mais antigo um bonsai mais valioso, em todos os sentidos ele é), a um membro do grupo e pedir para que ele passe uma semana com a pequena árvore, depois do que ele seria entregue a outro e assim por diante, sem regras pré-determinadas. Se o bonsai sobrevivesse ao final de todo ciclo, esse grupo estaria dando uma prova de sobrevivência. Imagino as reflexões que isso geraria, mesmo se em alguma parte o bonsai perecesse.

O mesmo poderia ser feito no início de cada ano letivo, os alunos levariam um exemplar para casa, livro vivo da natureza e do cuidar, e ficariam de prestar contas a cada período.


Para se ter êxito no cultivo de um bonsai (há registro de bonsais com mais de 1.200 anos na China e quase isso no Japão, vivos e em plena e serena glória), há que se ter dedicação, paciência, observação acurada, há que se apreciar o silêncio e a introspecção, há que se amar o belo e se desprender de alguns valores da sociedade de consumo. Há que aprender com o bonsai a respeitar os limites, a tolerância, o envelhecer, as mudanças de cada estação e seus tempos precisos. Há que se reaprender a pensar no silêncio interior de sua alma e colocar sua alma irmanada aos seres vivos, e reaprender que somos todos interligados, dependentes um do outro, como vários bonsais em uma só bandeja, a Terra.



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