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terça-feira, 30 de outubro de 2012

POR UMA HUMANIDADE NOVA E INTEGRADA



MARCELO BARROS

Para os habitantes de Goiânia e mesmo para todos os brasileiros, deve ter um significado importante o fato do aniversário de Goiânia coincidir com o mesmo dia da fundação da ONU. Em 24 de outubro de 1933, Pedro Ludovico lançou a pedra fundamental de Goiânia que logo se tornou metrópole, ponto de encontro e convergência para quem vem dos quatro pontos do Brasil. No 24 de outubro de 1945, o mundo ainda fragilizado pelas feridas da guerra que mal acabara, viu nascer a Organização das Nações Unidas (ONU) para velar pela paz entre os povos e pela justiça entre as nações. De lá para cá, a ONU instituiu diversos organismos internacionais para ajudá-la em sua função e hoje reúne 193 países membros, além de diversos organismos internacionais que têm representação na assembleia geral. Atualmente, todos concordam que a ONU parece desprestigiada e carente de uma profunda reforma, principalmente depois que o governo dos Estados Unidos assumiu abertamente que não obedece a leis internacionais e invade países frágeis, de acordo apenas com seus interesses econômicos e militares.

Desde a década de 80, organizações civis da Europa criaram uma “ONU dos Povos”. Era uma iniciativa que não queria se contrapor ou substituir a Organização das Nações Unidas, mas assessorá-la em sua função internacionalista a serviço da paz e da justiça. No começo desse século, o processo dos diversos fóruns sociais criou efetivamente o que o próprio secretário geral da ONU chamou de “protagonismo da sociedade civil internacional como sujeito político”. Cada vez mais a humanidade toma consciência de que a política, diferentemente da politicagem, é uma atividade nobre e diz respeito ao bem comum. Tornou-se também mais claro que quanto mais nos sentimos filhos e filhas de nossa cidade, região e país, mais podemos ser, ao mesmo tempo, cidadãos e cidadãs do mundo inteiro, sem fronteiras e sem nacionalismos. Essa consciência nova de mundialidade é o que nos faz sofrer e chorar com a dor de todas as vítimas de opressão e de guerras e colaborar para uma organização nova e que integre todas as pessoas da terra em uma só família humana e com a consciência de ser membros da grande comunidade da vida. 

Na Europa, economistas e cientistas sociais lançam manifestos contra os dogmas da ditadura do mercado e do individualismo desumano da sociedade neoliberal e seus pressupostos. No mundo inteiro, cresce o movimento para que a ONU declare ilegal a pobreza. Ela é injusta e provocada por um sistema político e econômico que cria desemprego, desequilíbrio social, por visar apenas o lucro fácil e desordenado. O cientista social português Boaventura de Sousa Santos chega a afirmar que “na América Latina está surgindo uma forma nova de integração continental que é o caminho para um novo socialismo para o século XXI”. Ele se refere ao bolivarianismo que emerge em Venezuela, Equador e Bolívia, além de dar sinais de emergência em vários outros países. 

Igrejas e tradições espirituais têm aprendido que a espiritualidade é se deixar conduzir pelo Espírito e é um caminho de amor solidário. Não pode dividir a dimensão interior de cada pessoa e o aspecto social. Por isso quem busca uma espiritualidade mais profunda é chamado a colaborar com essa integração mundial e de paz. Dom Pedro Casaldáliga afirmava: “Quem diz amor e justiça, diz Deus”. Oxalá que todas as pessoas que dizem Deus estejam sim afirmando justiça e amor.

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