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quarta-feira, 4 de junho de 2014

VAMOS ESPERAR PELO SÍNODO DOS BISPOS





   por  Juracy Andrade

Ao longo da história da Igreja, nunca deixou de haver santos e santas, independente de carimbos do Vaticano, realmente com espírito cristão e seguidores fiéis da mensagem de Jesus Cristo. Mesmo nas épocas mais tenebrosas para as comunidades cristãs, com papas imperadores e bispos príncipes, que tinham seus exércitos e massacravam os inimigos, também cristãos, em nome do Senhor. Se massacravam irmãos na fé, com muitos mais entusiasmo investiam contra muçulmanos, nas infames Cruzadas, e tornavam muito difícil a vidas das comunidades judaicas que habitavam em suas jurisdições. Como hoje faz o governo sionista contra os palestinos, que não são culpados pelo Holocausto. Sempre houve gente como Francisco de Assis, Vicente de Paulo, bem lembrados da partilha do pão dos tempos apostólicos, indissoluvelmente ligada à eucaristia. Uma não pode existir sem a outra e não dá para entender e aceitar que, hoje, haja cristãos com fome e cristãos milionários; que se faça política suja afirmando que é “democracia cristã”, como ocorreu por décadas na Itália; que cristãos de bater no peito e comungar aceitem gostosamente uma disparidade de renda imoral, como a que temos aqui no Brasil e por toda parte.
Quando eu estudava em Roma, vi a posse de uma nova fornada de cardeais. Era inverno brabo e, nas periferias pobres e favelas de Roma Gelsominas e Cabirias tiritavam de frio e fome. Enquanto isso, os cardeais se afogavam em púrpuras e banquetes capitaneados pelo imperial Pio 12. Estou só esperando para ver o Hermano Francisco acabar com essa incabível instituição medieval que rouba o papel do Colégio Apostólico e do Sínodo dos Bispos. Acredito que, em outubro, haverá grandes mudanças no Sínodo convocado pelo papa, ao qual bispos do mundo inteiro comparecerão com os resultados de uma pesquisa encomendada por ele a respeito de celibato, aborto e tantos outros temas controversos.
A recente visita de Francisco à Terra Santa nos mostrou claramente sua face de homem religioso e compassivo. Claro que suas palavras e atitudes tiveram repercussões políticas, mas ele não foi ali para apoiar a política sionista e estadunidense de fingir que está buscando a paz com os palestinos enquanto vai ocupando cada vez mais espaços do que restou aos árabes da Palestina. E o que ele disse, junto com seus gestos, foi no sentido de uma paz ampla e definitiva, que nada tem em comum com a hipocrisia do governo do Estado de Israel.
Faço aqui minhas algumas palavras do jornal Igreja Nova, que acompanho desde que o Vaticano, aconselhado por dom Eugênio Sales, nos enviou para Olinda e Recife um mau pastor que só causou escândalos ao povo de Deus:
“Desde João 23 não se via um pontificado tão esperançoso para os caminhos da Igreja Católica como o do papa Francisco. João 23 foi um divisor de águas entre o Concílio de Trento (1535) e a Igreja atual pós-Concílio Vaticano 2º (1962-65).  Materializando seu ideal de libertação, – ‘Abri as portas do Vaticano para que os ventos da história soprassem a poeira do trono de Pedro’ – João 23 aproximou a Igreja da realidade do mundo numa renovação jamais vista.
Agora temos o papa Francisco, outro divisor de águas, com um pastoreio tão surpreendente que desde a primeira hora de sua sagração tem suscitado constantemente frases do tipo: ‘Viram o que o papa fez?’, ‘Leram o que o papa escreveu?’, ‘Este papa é demais!’. Enfim, Francisco nos aparece como um bom pastor que conduz suas ovelhas com afeto, se preocupa com a que se perdeu e é, para os cristãos comprometidos, um irmão até muito íntimo. Que Deus o proteja!”.
E vamos esperar pelo Sínodo dos Bispos.


Juracy Andrade é jornalista com formação em filosofia e teologia
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