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quarta-feira, 7 de junho de 2017

VERSÍCULOS COM INTERPRETAÇÕES SATÂNICAS, ABERRAÇÕES DO ESTADO ISLÂMICO E DIÁLOGO ENTRE MUÇULMANOS E CRISTÃOS


Por Juracy Andrade



Há poucos dias cristãos coptas, que formam 10% da população egípcia, foram massacrados, tendo o assim dito Estado Islâmico assumido a autoria do crime. Não devemos esquecer que Jesus Cristo e os primeiros cristãos eram judeus e pregaram o Evangelho em Jerusalém, Cesareia, Damasco, enfim no Oriente. São Paulo, um cidadão romano e um fariseu convertido ao cristianismo, é que levou a pregação evangélica ao Ocidente e praticamente se apoderou da condução da Igreja, deixando Pedro e demais velhos apóstolos mais ou menos marginalizados. Até discutiu com Pedro e levou a melhor, pois este achava que os cristãos deveriam ser circuncidados, conforme o rito judaico. Paulo não.

Tradicionalmente, os cristãos conviviam bem com os israelitas, a não ser depois que a Igreja romanizada por Paulo passou a considerar os judeus, como um todo, assassinos de Jesus Cristo. No Oriente, o bom convívio prosseguiu, longe de Roma. Após a criação do Estado de Israel e, sobretudo, depois que este adotou uma política antipalestina, e atiárabe em geral, judeus e cristãos há séculos vivendo em países muçulmanos, como o Iraque, Síria e outros, passaram a ser malvistos e até atacados.

Há por ali uma grande quantidade de igrejas cristãs que, mesmo ligadas a Roma, têm seus rituais e liturgias próprios. São mais de 20, todas integradas no “unam, sanctam, catholicam et apostolicam Ecclesiam” do símbolo de Niceia e à prece de Cristo, às vésperas de morrer, para que “todos sejam um só”. Cito algumas: copta, melquita, greco-católica ucraniana, etíope, eritreia, católica bizantina grega, católica armênia, católica siríaca, católica caldeia.

O Estado Islâmico, criado por fanáticos empedernidos, sai na frente de todo tipo de aberração e barbaridade, como tortura e assassinato de divergentes, destruição de monumentos históricos que consideram antiislamitas. É gente que não conhece o Corão, ou o lê por linhas tortas, inventando “versículos satânicos” (como os do romance de Salman Rushdie).

Mas felizmente, ainda são poucos, existem grupos de muçulmanos que buscam diálogo e entendimento com os cristãos, e vice-versa. O mesmo ocorre entre cristãos e judeus e islamitas e judeus. São pessoas para quem a religião não é motivo de briga, fanatismo, desunião e, sim, um cruzamento na busca e adoração de Deus.



O autor é jornalista com formação em filosofia e teologia

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