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sábado, 16 de dezembro de 2017

O SILÊNCIO DO NEGO VEIO



Por Rejane Menezes 

Essa sexta-feira, 15 de dezembro, foi um dia muito triste para o jornalismo em Pernambuco. E, de maneira especial, para o nosso blog O PORTA VOZ.  A partir de hoje as primeiras quartas-feiras do mês nunca mais serão as mesmas.

Desde os tempos em que nem existiam os blogs e o Porta Voz era inserido no site da Edite.Com, que o mês ia terminando e o artigo dele chegando. As únicas poucas vezes que isso não aconteceu foi por motivo de doença, dele ou na família.

Há tantos anos que a primeira quarta-feira tinha um colaborador cativo, que não consigo imaginar como, a partir de hoje, iniciarei o mês sem ter o seu artigo já programado para entrar no blog. Ele era tão pontual que em novembro, quando seu artigo não chegou, eu sabia que alguma coisa estava errada. Foi um dos primeiros e grandes incentivadores do Porta Voz.

Quando enviei um e-mail perguntando o que houve e a resposta não veio, meio coração se apertou. Havia algo de muito errado, que foi confirmado por sua esposa, quando respondeu, dias depois, falando sobre sua cirurgia.

A partir de então ela me dava notícias sobre ele e de sua luta pela vida. Mas a melhora nunca vinha.

Irreverente, polêmico, desafiador, foi uma das poucas vozes denunciava os desmandos de dom José Cardoso, substituto de Dom Helder Camara na Arquidiocese de Olinda e Recife e os equívocos da Igreja Católica. Nos na década de 1990, ao trilharmos esse mesmo caminho de resistência ao desmonte da Arquidiocese.

Nascido em 28 de julho de 1932 em Vitória de Santo Antão, foi seminarista no Seminário Menor de Olinda e Mossoró, estudou filosofia no Seminário Central de São Leopoldo – RS e  teologia em Roma e Lyon, na França.

Trabalhou na UFPE na equipe de Paulo Freire sendo demitido em 1964 e também foi preso.

AO sair da prisão começou  a trabalhar em jornalismo, EM Recife, São Paulo e no Rio. Em Brasília trabalhou a editora UnB. Com a Lei de Anistia foi reintegrado à UFPE, onde trabalhou até a aposentadoria.
E participou do que ele chamava de ressurreição do Jornal de Commercio a partir dos anos 1980, de onde foi colaborador por muitos anos.
Atualmente escrevia para o seu blog – O blog do Nego Veio (http://blogdenegoveio.blogspot.com.br/) e  para o Porta Voz, onde escrevia sobre temas religiosos (http://jornaloporta-voz.blogspot.com.br/.

Em 2006 lançou o livro Padres Comunistas, integrante da coleção Repórter Especial, das editoras Terceiro Nome e Mostarda. No livro uma discussão muito delicada: se o comunismo é ateu fazia sentido ainda existirem padres comunistas? Por que para esses padres o próprio Evangelho é um texto de esquerda?

Nos solidarizamos com a sua esposa e com a sua família nesse momento de dor e saudade.


Vai em paz meu amigo Juracy Andrade. O Porta Voz se sente honrado por você ter sido nosso colaborador por tantos anos, por divulgar o nosso blog e valorizar o nosso trabalho. As primeiras quartas-feiras do mês, com toda certeza, nunca mais serão as mesmas.


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