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domingo, 15 de novembro de 2020

O ESTADO DEMOCRÁTICO CONTROLA E O ESTADO AUTORITÁRIO OPRIME

 


Prof. Martinho Condini


 

Nenhuma forma de Estado é capaz de promover a justiça social e a igualdade entre as pessoas.

Elegemos vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidente, para eles decidirem por nós. Como se não soubéssemos o que é melhor para nós. Na maioria das vezes suas decisões e escolhas não nos favorecem. Essa engrenagem se sustenta numa instituição denominada Estado, que no Brasil é composta por uma camarilha de larápios, que estão lá mamando na teta do Estado a serviço daqueles que de fato detém o poder político e econômico nesse país há séculos.

 Nenhum governo da nossa república fez uma reforma tributária para os ricos e instituições religiosas, por exemplo, pagarem impostos. Nesses 131 anos de república, a elite nadou de braçada em todos os governos, eu disse em todos. Penso que o Estado é um aparelho podre na sua essência, origem e organização, ele está sempre a serviço dos poderosos que tem como objetivo a manutenção e aumento do seu poder e riqueza.

Se o Estado for democrático, é para controlar a sociedade e se o Estado for autoritário, é para nos tirar a liberdade.

A polícia é a protetora dessa engrenagem perversa que está a serviço do Estado e daqueles que comandam este Estado, que estão lá para garantir os privilégios da elite corrupta.

 A eficiência da polícia do Estado se destaca quando assassina negros, camponeses e indígenas, nas periferias, no campo e nas reservas indígenas. E na maioria das vezes quando isso ocorre o Estado tem a insensatez de dizer que é bala perdida ou está a serviço da manutenção e da ordem. Ordem essa estabelecida por esse Estado corrupto.

A liberdade, igualdade e fraternidade, cantada em verso e prosa pela burguesia, serviu a ela para garantir um status quo, que já duram mais de 230 anos. Claro que não sou a favor do absolutismo ou regimes autoritários e reacionários. Mas não caio na esparrela que a Revolução Francesa foi popular. Ela teve a participação popular, que apenas serviu para garantiu a ascensão da burguesia ao poder. A partir daí a classe trabalhadora urbana e camponesa se consolidaram os principais instrumentos para acumulo de riqueza para essa burguesia que irá comandar a engrenagem do Estado por meio da democracia. Democracia com o controle do Estado não é democracia, é instrumento de manobra para legitimar uma instituição controladora da sociedade.  Tudo isso compõe o Estado moderno burguês ao qual estamos inseridos. No Brasil, o Estado está a serviço de uma elite que controla os meios de produção e a mão de obra há 520 anos. Lembrando que mais de 350 anos tivemos a vergonhosa escravidão do povo africano. 

Creio que já tivemos experiências suficientes em nossa história colonial, imperial e  republicana  que demonstraram a subserviência do Estado para com a elite econômica, seja este Estado governado pela direita (sempre esteve no poder em nosso país) e mesmo quando tivemos governos que se diziam de esquerda. A velha política do pão e circo se perpetua em nossa história. Transformações profundas se faz de maneira revolucionária na melhor concepção da palavra, isto é, mudança radical na ordem dos valores, no comando e no controle das riquezas de uma nação.    

O Estado brasileiro sempre foi e continuará sendo, perverso, cruel e omisso com sua gente. Os lampejos que tivemos de possibilidades de transformação rapidamente se transformaram em decepções e frustrações. Os ideais de seres humanos e instituições se  esvaíram diante do projeto do poder pelo poder.

Há muitas organizações e movimentos no Brasil conquistando seus espaços, sem a participação do Estado e sua corja de corruptos, salafrarios, usurpadores e ordinários. Penso que será por meio dessas organizações e movimentos populares que alcançaremos nossa redenção social e política, de um  país “que não tem governo e nunca terá”.

Um dia, não sei quando, talvez hoje, amanhã ou daqui centenas de anos o anarquismo nos possibilite construir uma sociedade verdadeiramente igualitária, libertária e solidaria em sua plenitude. 

O Prof. Martinho Condini é historiador, mestre em Ciências da Religião e doutor em Educação. Pesquisador da vida e obra de Dom Helder Camara e Paulo Freire. Publicou pela Paulus Editora os livros 'Dom Helder Camara um modelo de esperança', 'Helder Camara, um nordestino cidadão do mundo', 'Fundamentos para uma Educação Libertadora: Dom Helder Camara e Paulo Freire' e o DVD ' Educar como Prática da Liberdade: Dom Helder Camara e Paulo Freire. Pela Pablo Editorial publicou o livro 'Monsenhor Helder Camara um ejemplo de esperanza'. Contato profcondini@gmail.com 

 

3 comentários:

  1. Excelente artigo professor. Grande abraço.

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  2. Depreendo nitidamente que o Estado, ontem, hoje e sempre, fez-se, faz-se e far-se-a na contramão dos interesses e necessidades da Classe Trabalhadora. Abraço, Condini!

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  3. Quando teremos um Estado com base popular? Voltado para os trabalhadores? Para os pobres? Aproveitemos as experiências que a história já consolidou. Ampliemos essas experiências.

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