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sábado, 13 de agosto de 2022

A saga da Amazônia

 Prof. Martinho Condini


 

Caras amigas e amigos, desde do assassinato de Bruno Pereira e Dom Philips, muito já se falou sobre os problemas na Amazônia, bem como o descaso com que a Carniça desse atual desgoverno trata as questões relacionada ao desmatamento, reservas indígenas, garimpeiros ilegais e grileiros.

Sabemos que estão distantes as resoluções e soluções para os problemas amazônicos, mas devemos acreditar que as mudanças são possíveis, desde que haja vontade política para que isso ocorra, é claro. Não é o caso atualmente, apesar de haver milhares de pessoas do bem imbuídas no processo de preservação de tudo que compõe o ecossistema da imensa região amazônica.   

Diante desse contexto conhecido por vocês, não quero ser repetitivo, mas apenas fazer uma justa homenagem a esses dois ativistas, por meio da letra da belíssima canção composta em 1984, pelo cantor e compositor baiano de Vitória da Conquista, Elomar Figueira Mello, também conhecido como o “Menestrel das Caatingas”.

  Acredito que através das manifestações artísticas, neste caso a poesia e a música, os artistas fazem o seu ativismo, e conseguem atingir os ouvidos e corações de todas as pessoas sensíveis às causas sociais, ambientais e raciais que afligem o nosso país desde sempre. Mas um dia há de mudar, afinal de contas, “Num país como o Brasil, manter a esperança viva é em si um ato revolucionário”, como nos lembra o mestre Paulo Freire.

Espero que essa poesia nos mantenha alerta, porque neste Brasil a luta por justiça e igualdade social e racial é permanente. Estou convencido que cada cidadão está nessa luta a sua maneira, com a sua leitura de mundo e compreensão ética da realidade em que está inserido.

Boa sorte amigas e amigos e “ninguém solta a mão de ninguém”. 

 

Saga da Amazônia

 

Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta

Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta

No fundo d'água as Iaras, caboclo lendas e mágoas

E os rios puxando as águas

Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores

Os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores

Sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir

Era fauna, flora, frutos e flores

Toda mata tem caipora para a mata vigiar

Veio caipora de fora para a mata definhar

E trouxe dragão de ferro, pra comer muita madeira

E trouxe em estilo gigante, pra acabar com a capoeira

Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar

Pra o dragão cortar madeira e toda mata derrubar

Se a floresta meu amigo, tivesse pé pra andar

Eu garanto, meu amigo, que o perigo não tinha ficado lá

O que se corta em segundos gasta tempo pra vingar

E o fruto que dá no cacho pra gente se alimentar?

Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar

Igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar

Mas o dragão continua na floresta a devorar

E quem habita essa mata, pra onde vai se mudar?

Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá

Tartaruga, pé ligeiro, corre, corre tribo dos Kamaiurá

Mas o dragão continua na floresta a devorar

E quem habita essa mata, pra onde vai se mudar?

Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá

Tartaruga, pé ligeiro, corre, corre tribo dos Kamaiurá

No lugar que havia mata, hoje há perseguição

Grileiro mata posseiro só pra lhe roubar seu chão

Castanheiro, seringueiro já viraram até peão

Afora os que já morreram como ave de arribação

Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova

Gente enterrada no chão

Pois mataram o índio que matou grileiro que matou posseiro

Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro

Roubou seu lugar

Pois mataram o índio que matou grileiro que matou posseiro

Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro

Roubou seu lugar

Foi então que um violeiro chegando na região

Ficou tão penalizado e escreveu essa canção

E talvez desesperado com tanta devastação

Pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção

Os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa

Dentro do seu coração

Foi então que um violeiro chegando na região

Ficou tão penalizado e escreveu essa canção

E talvez desesperado com tanta devastação

Pegou a primeira estrada, sem rumo, sem direção

Os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa

Dentro do seu coração

Aqui termina essa história para gente de valor

Pra gente que tem memória, muita crença, muito amor

Pra defender o que ainda resta, sem rodeio, sem aresta

Era uma vez uma floresta na linha do Equador

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